domingo, 24 de março de 2019

260 – ESTUDOS de ARTE

O IBA-RS em 1954:

ANO da FUNDAÇÃO do MARGS.

01 -  A motivação da presente postagem02 -  NATUREZA do INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do Sul (IBA-RS) no ritmo de uma ESCOLA03 –O IBA-RS OPERANDO num VAZIO de INSTITUIÇÕES CULTURAIS complementares, 04 – O ANO de 1954 como culminância de um PARADIGMA INSTITUCIONAL do IBA-RS. . 05O PROTAGONISMOS doa AGENTES doa IBA-RS no processo da CRIAÇÃO do MUSEU de ATTE do RIO GRANDE do SUL (MARGS).   06 – INICIATIVAS e PROPOSTAS INSTITUCIONAIS que FUGIAM à SUA ALÇADA e COMPETÊNCIA 07SALÕES entre ESTUDANTES e AMIGOS da ARTE mediados pelo IBA-RS  08 -A recepção do IBA-RS no âmbito local e nacional, 09 O sentido da memória do IBA-RS do ANO de 1954 e a necessidade da preservação e do estudo do contínuo institucional do MARGS   10 A POSTERIDADE ao ano de 1954 do IBA-RS e as potencialidades de sua pesquisa. 11  Os AGENTES do IBA-RS e suas OBRAS POSTERIORES, 12 Síntese, conclusões e abertura para outras pesquisas 13   FONTES BIBLIOGRÁFICAS e NUMÉRICAS DIGITAIS.
Gráfico 1  da tese “ORIGENS do INSTITUTO de ARTES das UFRGS”[1] por Círio Simon 

Fig.01 – Uma visão de conjunto das diversas etapas e mentalidades pelas quais evoluiu o INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL. Esta sucessão não escapou ao destino geral da lógica da ERA INDUSTRIAL que necessita evoluir e tornar obsoleta e negativa a etapa anterior. Esta lógica elucida as razões não so dos conflitos internos, mas também as queimas de etapas, a sua redução às cinzas do passado recente e consequentes “esquecimentos”. Nestas condições cada etapa se julga o “FENIX REDIVIVO e SALVADOR” proveniente de um passado redivivo, no entanto altamente mitificado e improvável.  

01 -  A motivação da presente postagem

A motivação imediata da presente postagem é atender o pedido de Arnoldo Walter DOBERSTEIN coordenador do Grupo de Pesquisas da AAMARGS, para elucidar e colocar em pauta e em questão o papel e a função do INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL (IBA-RS) na criação do MUSEU de ARTE do RIO GRANDE do SUL (MARGS).
 No entanto acima disto paira a questão POR QUE, COMO e QUANDO esta interação acontece desta forma e não de outra.
Para colocar luzes sobre esta questão, juntam-se fatos do TEMPO do LUGAR e da SOCIEDADE que se transforma em linguagem escrita, eletrônica e pretendem ser a base de exposição verbal ao GRUPO de PESQUISAS da AAMARGS. 
Para evidenciar a linguagem como primordial vale o referencial ao pensamento Roland Barthes quando ele escreveu (1967, p.9)[2] que;
 Numa sociedade como a nossa, na qual mitos e ritos tomaram a forma de uma razão, que dizer definitivamente - numa palavra -, a linguagem humana não é só o modelo do sentido, mas também o seu fundamento”.
Em contrapartida estes textos, postagens e discursos não possuem o menor sentido sem o receptor, o leitor e o público. É a razão da existência do Grupo de Pesquisas da AAMARGS e as suas sessões públicas. Este grupo propõe-se a descascar o MITO das OBRAS de ARTE[3] até encontrar a semente fecunda capaz de gerar outras OBRAS de ARTE. Enquanto o IBA-RS foi, e continua sendo, o lugar institucional dos produtores das OBRAS de ARTE, o MARGS desempenha o papel de agregar os receptores e formar o público competente para avaliar e dar a resposta fundamentada aos produtores das OBRAS de ARTE



[2] BARTHES, Roland.  Système de la mode. Paris : Seul, 1967. 327p
Projeto João FAHRION execução de  Max OBERMAYER -1945 -Mural azulejos 130 x 197 cm

Fig.02 – O mural do bar do INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL. Este mural é coerente com a concepção de “ESCOLA COMO LUGAR e FONTE do OCIO CRIATIVO”. Certamente o funcionamento e a qualidade do BAR, da BIBLIOTECA e do AUDITÒRIO são índices externos da VIDA SOCIAL, INTELECTUAL e CULTURAL de uma instituição de formação superior qualificada
02 -  NATUREZA do INSTITUTO DE BELAS ARTES do RIO GRANDE do Sul (IBA-RS) no ritmo de uma ESCOLA.
 A singularidade do IBA-RS sempre foi o seu projeto e a sua dedicação na direção das ARTES consideradas como “NOBRES” pela MISSÃO FRANCESA no contraste coma as ARTES APLICADAS.
Entende-se aqui “ESCOLA como LUGAR do ÓCIO” em conformidade com a etimologia grega. No entanto este ÓCIO CRIATIVO é diferente de “NE-ÓCIO” ou “SACERD-ÓCIO”
O projeto do “ÓCIO CRIATIVO” exige um FUNDAMENTO de uma EDUCAÇÃO FORMAL nas ARTES NOBRES. O FUNDAMENTO da EDUCAÇÃO e da FORMAÇÃO diferente daquele das ESCOLAS, FACULDADES e INSTITUTOS que possuem uma PROFISSÃO e uma APLICAÇÃO REGULAMENTADA com “NE-ÓCIO” ou “SACERD-ÓCIO”. O FUNDAMENTO da FORMAÇÃO e da EDUCAÇÃO FORMAL nas ARTES NOBRES converge e compartilha o campo fundamental da FILOSOFIA, das CIÊNCIAS PURAS e da METAFÍSICA ARISTOTÉLICA sem se confundir. A arte se  distingue na medida candidatou para um CAMPO ESPECIFICO e AUTÔNOMO na UNIVERSIDADE desde quando Leonardo da VINCI deu forma à concepção que unia PRÁTICA com a ESPECULAÇÃO ao conceituar a “PINTURA com CRIAÇÃO MENTAL”. Após o ILUMINISMO a ARTE encontrou seu campo especifico e autônomo ao se distingue das concepções medievais que entendia também a MEDICINA por ARTE. Esta passou a ser considerada atividade prática e aplicada no vasto campo das ARTES APLICADAS.
Até o presente o ESTATUTO[1] a UNIVERSIDADE FEDERAL do RIO GRANDE do SUL distingue legalmente no:
CAPÍTULO III DAS UNIDADES UNIVERSITÁRIAS Art. 30 - As Unidades Universitárias destinam-se ao exercício das atividades de ensino, de pesquisa e de extensão. §1º - Os Institutos Centrais são Unidades que atuam, predominantemente, no domínio do conhecimento fundamental. §2º - As Faculdades e Escolas são Unidades que atuam nas áreas do conhecimento aplicado”
O IBA-RS nunca renunciou ao seu título máxima de “INSTITUTO”, portanto dedicado predominantemente ao domínio do conhecimento fundamental. De outro lado todo e qualquer artista - consciente de sua escolha pessoal – é humilde e está convicto e sabe, na prática, o que Nietzsche  teve a ousadia de colocar em letra de forma quando afirmou (2000, p.134) [2]  que  a arte não pode ter sua missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais elevado que sobre passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-[3].
Esta contradição entre humildade de sua inutilidade e a consciência de sua temeridade e ousadia, confere - a quem escolhe a arte como projeto de vida -  as características de príncipe ou daquele que principia humildemente, a cada dia, algo novo. Evidente que esta escolha só é possível numa SOCIEDADE, TEMPO e LUGAR com profundos e arraigados fundamentos e instituições voltadas ao cultivo da arte. Neste ponto entra o papel e o sentido do MUSEU da ARTE do RIO GRANDE do SUL como um LUGAR privilegiado o cultivo da arte com profundos e arraigados fundamentos teóricos e práticos.
Esta consciência de sua temeridade, ousadia e inutilidade impõe distinguir ARTES NOBRES distintas do VULGAR, do NATURAL e do já consagrado pelo SENSO COMUM. Tanto a CIVILIZAÇÃO, as INSTITUIÇÕES e como a ARTE são CRIAÇÕES ARTIFICIAIS HUMANAS, portanto, diferentes do NATURAL, do VULGAR, e do já consagrado pelo SENSO COMUM.  Para um estudante de artes realizar esta distinção enfrenta sérias dificuldades, tropeços e gasta um tempo enorme. Especialmente alguém proveniente do SENSO COMUM, do VULGAR, do NATURAL, e de uma SOCIEDADE das NECESSIDADES básicas MAL RESOLVIDAS.
De outra parte a lei precede este tipo de fatos, na medida em que esta criação é humana, artificial e pública. Para a criação do IBA-RS esta lei foi expressa, 1908, pelo ESTATUTO no seu.
Art. 1º - O Instituto de Bellas Artes, com séde na cidade de Porto Alegre capital do Rio Grande do Sul, e organizado de acôrdo com a Lei nº 173, de 10 de setembro de 1893, tem por fim o ensino theórico  e prático das Bellas-Artes.
§ único  - Este ensino será feito mediante cursos systematisados, formando dous grupos, ou secções distinctas: - a ESCOLA ou CONSERVATÓRIO DE MÚSICA, compreendendo a theoria da musica, a composição e a música vocal e instrumental; a ESCOLA de ARTES, compreendendo a pintura, a escultura, architectura e as artes de applicação industrial.
Este Estatuto foi dado ao registro de hipotecas no dia 28 agosto de 1908 sob nº 90 A - FLS. 25. Perceptível que o Rio Grande do Sul só teve as condições de ter uma ESCOLA de ARTES no início de século XX. Esta ESCOLA de ARTE operou, cresceu no vazio ao longo meio século esperando ver ampliadas as suas condições culturais por meio de um MUSEU de ARTE. A preocupação com o MUSEU de ARTE do RIO GRANDE do SUL esteve presente, em 1908,  neste mesmo primeiro Estatuto do IBA-RS no qual constava explicitamente no:
“Art. 41º - No caso de não poder o Instituto preencher os seus fins, uma vez  resolvida a sua liquidação, passará o seu patrimonio ao Estado do Rio Grande do Sul, com a condição de aplical-o, integralmente, a acquisição de obras de arte, para gozo publico, constituindo o nucleo de um museu de arte nesta capital.

§ unico - Si o Estado recusar a doação condicional, será ella offerecida a Intendência Municipal desta cidade, com a mesma obrigação, e, em caso de recusa, por parte desta, passará à propriedade da Escola Nacional de Bellas Artes, da Capital Federal, que dará a esses bens o destino que entender”.
Chega-se a conclusão que o MUSEU de ARTE do RIO GRANDE do SUL estava nas mentes e nos projetos junto com a criação do INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL. Afinal os dois nomes das duas instituições possuem muitas similitudes além de sua perfeita complementariedade



 NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900)  Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.      


- PORTO ALEGRE na   REVISTA do GLOBO dia 09.01.1954   p. 52

Fig.03 –  PORTO ALEGRE estava em plena lógica da ERA INDUSTRIAL com o RELÒGIO SOBERANO MARCANDO o TEMPO associado à abundante poluição considerada como índice de progresso sob a lógica das máquinas. Esta lógica exigia a acumulação de insumos, de capital e abundante mão de obra empilhada em altos prédios. Esta acumulação exigia e buscava compensação SOCIAL, INTELECTUAL e CULTURAL no espeço simbólico. O Museu de Arte estava entre uma destas compensações ainda que pouco aparente e perdido entre práticas não tão elevadas
03 –O IBA-RS OPERANDO num VAZIO de INSTITUIÇÕES CULTURAIS complementares
Os conceitos e práticas que regiam o IBA-RS em 1954 eram decorrências institucionais daquelas que foram importados, em 1816, no âmbito da Missão Artística Francesa. Na origem da Missão Artística Francesa a concepção o “INSTTUT de FRANCE” foi criado como culminância da excelência cultural nacional francesa. Esta culminância estava assentada sobre CINCO ACADEMIAS. “INSTTUT de FRANCE” e as CINCO ACADEMIAS não tinham alunos como até hoje a ACADEMIA BRASILEIRA de LETRAS NÃO TEM ALUNOS. AS ESCOLAS de ARTE foram fundadas, em 1816, tanto na FRANÇA como NO BRASIL e começaram a funcionar posteriormente. No entanto sua assimilação e aplicação no mundo prático foram realizadas de uma forma ligeira, parcial, apressada e distorcida. As causas desta superficialidade são múltiplas, porém deixam margem para desvios, equívocos e até corrupção institucional endêmica. Estas circunstâncias são fatais para a excelência, para o criativo e coerência com o tempo, lugar e sociedades. Uma das características que se preservam ao longo do tempo é que até o presente nem a UNIVERSIDADE e nem o INSTITUTO de ARTES possuem alunos. Os alunos estão nos DEPARTAMENTOS
Quando se criou, em 1908, o IBA-RS ele foi criado com a natureza de “INSTITUTO” na concepção da Missão Artística Francesa.  A sua FUNÇÃO e administrado por 25 membros da COMISSÃO CENTRAL para TODO ESTADO de RIO GRANDE do SUL com 64 COMISSÕES MUNICIPAIS. Os 25 membros da COMISSÃO CENTRAL constituem ama “ACADEMIA de NOTÁVEIS” que escolhia um PRESIDENTE e um VICE EFETIVOS e um SECRETÁRIO efetivo e não remunerado. Esta mantenedora criou, em 1910, a “ESCOLA DE ARTES” que recebia estudantes a quem lecionava, examinava os progressos na ARTES.
Com o INSTITUTO fazendo parte da UNIVERSIDADE esta foi assumindo gradativamente a função mantenedoras. O Instituto foi dividido, posteriormente em DEPARTAMENTOS refazendo o paradigma, de 1816, da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA.
No entanto até 1954 O IBA-RS OPEROU num VAZIO de INSTITUIÇÕES CULTURAIS complementares. Antes desta data ele havia feito diversas tentativas para o lado externo promovendo salões de arte, leilões beneficentes[1].  Para seu consumo interno ele construí a sua sede em 1941 que duplicou em 1952 enquanto isto projetara em 1947 um Museu de ARTE e buscava dar forma institucional à sua PINACOTECA visando as sementes de uma UNIVERSIDADE das ARTES.
Numa proposta nacional adiantou o projeto de um MINISTÉRIO NACIONAL das ARTES.
Fig.04 – O LOGO do INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL, da década de 1950, ostentava os louros da vitória materializada no seu prédio construído com a ajuda financeira de 2.000 “LEGIONÁRIOS” ao longo da II GUERRA MUNDIAL e inaugurado no dia 01 de agosto de 1943 junto com o III SALAO de BELAS ARTES do Rio Grande do Sul . Este desafio vencido e materializado abriu uma época propicia para um olhar, projetos e ações do seu próprio meio cultural circunstante. Um destes projetos externos foi o de conferir forma institucional ao MUSEU de ARTE do RIO GRANDE do SUL com o objetivo de ser uma “CRIAÇÃO POR TEMPO INDETERMINADO” como foi o próprio IBA-RS em 1908..

04 – O ANO de 1954 como culminância de um PARADIGMA INSTITUCIONAL.
O ano de 1954 representa para o IBA-RS uma espécie de CULMINÂNCIA e de POTENCIALIDADES.  .Como CULMINÂNCIA  ele é o resultado de um acúmulo de coisas e realizações antigas e mais recentes. Entre as POTENCIALIDADES abria-se um vasto campo de FORÇAS das ARTES VISUAIS para quais está preparando novos agentes. Este projeto é sustentado por um QUADRO DOCENTE que irá se tornar legendário e referência REGIONAL e NACIONAL.
 O ano de 1954 situa-se entre 1939, o ano do desligamento da UNIVERSIDADE do RIO GRANDE do SUL e 1962 data do seu efetivo ingresso definitivo na UNIVERSIDADE FEDERAL. O IBA-RS estava, no ano de 1954 vinculado diretamente ao MINISTÉRIO de EDUCAÇÃO e de CULTURA (MEC). Assim, o seu diretor, tinha acesso direto ao Gabinete do Ministro e ao CONSELHO NACIONAL de EDUCAÇÃO sem passar pela Reitoria da Universidade local.
Na ordem do dia de 16 de janeiro de 1951 consta no Livro de Atas, fl.11,  que:
 “,,,Ordem do Dia, são tratados, pela ordem os seguintes assuntos:  1-Lei nº1.254 de 4-12-50.  O Senhor Presidente, com a palavra, diz que, como todos já tem conhecimento, a Lei nº 1.254, que dispõe sobre o sistema federal de ensino superior, federaliza,  entre os estabelecimentos isolados diretamente  mantidos pela União, os cursos de Música, Pintura e Escultura do Instituto, não estando compreendidos, assim, o Curso de Arquitetura. A lei em apreço dotou aqueles cursos de 2 7(vinte e sete) cargos de professor, padrão O, e 8(oito) padrão K, sem discriminação de cadeiras. Caberá, por isso, ao Conselho Técnico Administrativo...
Já no de 1952 o IBA-RS estava livre da FACULDADE de ARQUITETURA e de URBANISMO. Contava com o seu primeiro prédio próprio pronto, estava construindo a segundo prédio destinado aos Ateliers das Artes Visuais. Um número crescente de estudantes afluía ao se vestibular o que o obrigava a uma severa seleção por meio de um vestibular específico. Assim a suas POTENCIALIDADES permita-lhe dedicar-se ao seu projeto da FORMAÇÃO e EDUCAÇÃO FORMAL nas ARTES NOBRES. Ciente desta autonomia interna podia começar a pensar, apoiar, fornece assessoria do seu pessoal e algum apoio logístico externo para INSTITUIÇÕES COMPLEMENTARES.
Projetos externos não faltavam. O próprio diretor do IBA-RS era, desde 1946, conselheiro nato da Secretaria de Educação e Cultura (SEC). Tasso Corrêa havia sido nomeado membro do Conselho Estadual de Educação e Cultura do Rio Grande do Sul por meio do Decreto no 2.018, de 06.09.1946, pelo Interventor Federal do Rio Grande do Sul, publicado no Diário Oficial do Estado no dia 10.09.1946[1] Esta nomeação ainda era realizada por um agente do Estado Novo, apesar deste regime haver terminado no ano anterior. A Educação e a Cultura permaneceram, no Rio Grande do Sul no âmbito da Secretaria do Interior.
Na eleição federal de outubro de 1954 Tasso Corrêa lançou-se como candidato ao senado devido ao seu prestigio na ação como advogado e as suas atividades de empresário no ramo imobiliário. Foi derrotado por Armando Câmara tendo como suplente Mem de Sá que assumiu em 1956 com a vaga do titular. Tasso Corrêa aposentou-se inesperadamente em 1958 depois de 22 anos na direção do IBA-RS.

Pesquisa da Arnoldo W. DOBEBERSTEIN e entrevista comProfessor Luiz Osvaldo  Leite em 14.04.2019
Fig.05 – A candidatura de Tasso Corrêa ao senado, fornece um quadro das forças ideológicas e os suas expressões no âmbito das forças políticas do RIO GRANDE do SUL da segunda metade do ano 1954. . O fato da candidatura de TASSO CORRÊA, a um cargo politico, não afetou a vida institucional nem do IBA-RS e nem do MARGS. Certamente a habilidade e e alto padrão profissional de Ado MALAGOLI conseguiram evitar qualquer reflexo menos abonador para as duas instituições
[Clique sobre o gráfico para centralizar e poder ler]
 O instituto retornou para a UNIVERSIDADE, no dia 30 de novembro de 1962, via Brasília na época do breve período do Parlamentarismo Brasileiro e após árdua e demorada tramitação na Câmara e no Senado Federal[3]. Com o respaldo desta condição de instituição federal, alcançada pelo IA-UFRGS, os seus docentes redobram a sua ação no plano estadual apoiando e interagindo com outras congêneres emergentes no Rio Grande do Sul por meio da formação de docentes qualificados com graduação, mestrado e doutorado específicos nas artes visuais. Cresceu também a procura do MARGS tanto como lugar qualificado de socialização de suas obras e de suas pesquisas, como centro logístico de investigação do que de melhor se produz no Rio Grande do Sul em Artes Visuais.



[1] - Decreto no 2.018,  de 06.09.1946,  do Interventor Federal do Rio Grande do Sul, publicado no Diário Oficial do Estado no dia  10.09.1946
[3] CORONA Fernando “COISAS MINHAS: 1962 1965 Brasília e outros alpistes”             06.08. 1962    26.11.1965. Manuscrito inédito 85 folhas sem linhas caderno simples:  210 mm X 149 mm.



De esquerda para direita:  João Fahrion (autor do desenho), Benito Castañeda, Tasso Corrêa,  Fernando Corona. Ângelo Guido, Joseph Lutzenberger (no alto), Maristany de Trias e Ernani Corrêa – Do acervo da Pinacoteca do IA-UFRGS.
Fig.05
06 – O legendário corpo docente do INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL no início da década de 1950 e agora são nomes das salas do MARGS. A este núcleo vieram somar-se Ado Malagoli e Aldo Locatelli além daqueles da Música que não eram indiferentes ao qualificado e diversificado corpo docente e discente das ARTES VISUAIS, O próprio Tasso Corrêa era professor de Piano.
05 – O PROTAGONISMOS dos AGENTES doa IBA-RS no processo da CRIAÇÃO do MUSEU de ARTE do RIO GRANDE do SUL (MARGS).

A massa crítica que se acumulava no BA-RS, no ano de 1954, estava voltada para as funções primordiais da FORMAÇÃO ESCOLAR de NOVOS agentes nas ARTES.
O docente de MODELAGEM e ESCULTURA, Fernando Corona era enfático neste projeto:
-Deixei de ser ESCULTOR para formar ESCULTORES.
Num olhar retrospectivo sobre a carreira artística destes estudantes de ESCULTURA do Professor Corona maioria cumpriu este objetivo do seu mestre. No contraditório a grande maioria dos demais  formandos abandonaram o projeto de realizar uma carreira solo de artista visual. Abraçaram o magistério, criaram outras escolas de arte ou se dedicam de corpo e de alma as funções do campo das artes ainda carentes de profissionais de alta qualidade e formação superior.
Para exemplificar basta acompanhar a carreira de Iberê Camargo e de sua esposa Maria Cousirat. Esta tinha formação superior em Artes Plásticas pelo IBA-RS. Enquanto Iberê cursou e conclui o Curso Técnico de Arquitetura pelo mesmo IBA-RS. Num contrato doméstico Maria assumiu gerenciar, apoiar e documentar a profissão de artista de Iberê que assim pode se entregar de corpo e alma à sua carreira solo e integral de artista visual.
Tanto Maria como Iberê tiveram a mesma massa crítica que se acumulava no IBA-RS, voltada para as funções primordiais da FORMAÇÃO ESCOLAR de NOVOS agentes nas ARTES. Estes docentes atuavam tanto no CURSO SUPERIOR como no CURSO TÉCNICO (noturno).
O termo pejorativo “ACADÊMICOS” não poupou a massa crítica do IBA-RS. Se este termo não possui carga menos negativa e não tão pejorativa para os membros da ACADEMIA BRASILEIRA de LETRAS, na opinião pública das artes visuais foi devastador. Poucos, muito poucos, entenderam, e muito menos assimilaram, o projeto da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA de 1816, do INSTITUTO, ACADEMIA e ESCOLA de ARTES. Na realidade PARIS ainda mantém, subsidia e prestigia estas instituições fundamentais de sua cultura erudita e fora da universidade
O pragmático norte-americano não fez esperar a sua reação especialmente na época da “Guerra Fria” na qual o esplendor dos museus de arte eram uma arma simbólica com alcance muito maior do que estes pruridos e intrigas conceituais. Assim, em 1954, consta no livro de Atas do CONSELHO TÉCNICO ADMINISTRATIVO (C.T.A.) uma da sessão extraordinária na qual um dos temas era a vinda a Porto Alegre do diretor do Instituto Interamericano de Museologia e sua contratação e efetiva instalação no novo prédio do IBA-RS:

     “Aos dezessete dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e cinquenta e quatro, às 10,30 horas, no Gabinete da Direção, teve lugar uma sessão extraordinária do  Conselho Técnico Administrativo deste Instituto ,sob a presidência do Exmo Sr. Professor Diretor e presentes os o Diretor do Instituto  Interamericano de Museologia desejando transferir suas atividades para o Brasil, submete à apreciação  deste estabelecimento uma série de questões julgadas indispensáveis para ser efetuada a referida transferência. Deliberado o caso pelo plenário resolveu este fosse feita, oficiando à direção daquele Instituto estabelecendo o seguinte: a) O Instituto de Bela Artes   indicaria ao Ministério de Educação e Cultura o nome do Dr. Francisco Curt Lange - Diretor daquele Instituto - , para prover, como contrato, pelo prazo de três anos e com os vencimentos correspondentes ao padrão “O” , a cadeira de “Folclore”,  do Curso de Música deste Instituto, atualmente vaga; b) Seria colocada à disposição daquele Instituto uma das salas deste estabelecimento, com uma área total de 102 m2 ,  c) O Instituto de Belas Artes daria toda a liberdade de ação ao Diretor daquele Instituto, no sentido de animar e desenvolver os serviços a seu cargo, bem como destinaria parte da verba de publicações para início de despesas com a Revista que seria organizada. Livro de ATAS do CTA em  17  de  fevereiro  de  1.954, fls.44  v 45f
Não se encontrou evidências da efetiva contratação deste museólogo e muito menos de sua instalação no novo prédio do IBA-RS. No entanto é índice das preocupações de oferecer um efetivo suporte profissional a um Museu de Arte que estava sendo concebido no âmbito do IBA-RS  
Fig.07 – O vasto círculo social, jurídico e econômico de TASSO BOLIVAR DIAS CORRÊA o qualificava para agente ativo, respeitado e seus projetos acatados no campo das forças das Artes. Este respaldo ele usava pata atingir  as raias da temeridade como no episódio em que foi expulso do IBA-RS devido à  crítica à Comissão Central no seu discurso de paraninfo pronunciado em pleno Theatro São PEDRO [1]. Esta mesma energia estava presente ao longo dos seus 22 anos de administração do IBA_RS, nas suas concepções no Conselho Estadual de EDUCAÇÃO e CULTURA e sua firme posição no contrato de Ado Malagoli e nas iniciativas legais e práticas para que o museu de Arte do Rio Grande do Sul viesse a mundo prático por TEMPO INDETERMINADO.


06 – INICIATIVAS e PROPOSTAS INSTITUCIONAIS que FUGIAM à ALÇADA e COMPETÊNCIA do IBA-RS.
 A competência do IBA-RS sempre foi a da sua dedicação ao seu projeto primordial da FORMAÇÃO ESCOLAR das ARTES consideradas como “NOBRES” pela MISSÃO FRANCESA[2]. Se este projeto era um severo limite de outro a tentação do múltiplo o colocava na iminência de não te sucesso nem num e nem no outro, sendo perda de tempo, investimentos e frustração de esperanças jovens e velhas.
No contraditório, a massa crítica dos docentes do Curso de Artes Plásticas continuava, na maioria, o exercício das práticas artísticas, do atelier e do mercado de arte fora do IBA-RS. Esta prática estava vedada, apenas, em sala de aula com o objetivo de não influenciar diretamente as decisões estéticas dos estudantes.
Esta proibição acendia ainda mais a vontade e o interesse, destes docentes, a terem espaços institucionais como o do MUSEU de ARTE, para socializar estas suas pesquisas estéticas autônomas. Assim muitos deles foram fundadores, colaboradores da primeira hora a dar apoio, dedicação ao MARGS. No correr do tempo,  quem se tornou produtor de arte, encontrou no MARGS lugar especial para socializar as suas obras com o devido prestígio social, político e cultural.  



[1] Discurso de Tasso Corrêa no Thaetro São Pedro no dia 24 de outubro de 1933 http://profciriosimon.blogspot.com.br/2016/04/165-o-pensamento-de-tasso-correa.html

[2] Carta de Joaquim  LEBRETON ao CONDE da BARCA http://www.dezenovevinte.net/txt_artistas/lebreton.pdf

Fig.08 – A iniciativa da promoção da série anual do CONCURSOS de MISS RIO GRANDE do SUL – BRASIL e MUNDIAL partiu dos Diário Associados com significativos retornos financeiros na propaganda e marketing dos produtos estéticos femininos.  No Rio grande do Sul Ângelo Guido era articulista dos Diários de Notícias e coube a ele a tarefa de organizar os primeiros certames esta natureza. Evidente pesou o fato de ele se docente do IBA-RS desde 1936. No certame de 1957 a estudante de artes visuais, Maria José Cardoso, foi eleita Miss Brasil. Este fato conferiu uma enorme visibilidade ao IBA-RS. Esta visibilidade se refletiu no vestibular de 1958 quando houve 300 candidatos para o vestibular com 30 vagas no Curso de Artes Plásticas.


07–SALÕES entre ESTUDANTES e AMIGOS da ARTE, mediados pelo IBA-RS
Competia à ESCOLA de ARTES a exposição anual dos trabalhos do seus estudante como promover, com apoio do IBA-RS, o  SALÃO ESTADUAL de BELAS ARTES, Para tanto o REGULAMENTO do IBA-RS de 1927 previa  no seu Art. 89 – Ao Director da Escola de Artes, cabe, organisar, antes dos exames finaes, uma exposição dos trabalhos executados na Escola durante o anno, franqueand-a á apreciação publica, depois de approvada pelo Presidente”.
Dois anos depois o Diretor da Escola, Libindo Ferrás, foi um pouca além dos trabalhos escolares e promoveu no Theatro São Pedro um Salão de Artes[1] que abriu no dia 15 de novembro de 1929 sendo suas repercussões ofuscada pela QUEBRA da BOLSA da Nova York.
O desalento e a frustração posterior se refletiu na revolta maior de Pelichek, em 1935, diante dos seus superiores hierárquicos que não compreendiam as suas motivações e dos seus estudantes ao verem  descumpridas, de  novo, as exigências explicitas do Art°. 89 do Regulamento do Instituto.
EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS – Por motivo desconhecido, deixou de figurar na Exposição, como é do REGULAMENTO DESTE INSTITUTO (sic: em caixa alta), varios dos trabalhos executados pelos alumnos que frequentaram o curso no corrente anno de 1935, tal facto já ocorreu no ultimo anno, sendo que com este é o segundo anno em que o Instituto não realiza a Exposição dos trabalhos executados durante o anno pelos alumnos[2]
O IBAS-RS retomou tanto a exposição de estudantes como o Salão de Belas Artes que consta no seu ESTATUTO, aprovado no dia 26 de janeiro de 1939. Este previa:
Exposição de trabalhos e Salão Anual

Art. 21º - O Instituto realizará  anualmente uma exposição de trabalhos escolares do Curso de Artes Plásticas, na qual serão apresentados os melhores trabalhos dos alunos desse curso, escolhidos por uma comissão de professores designada pelo Diretor.

Art. 22º - Será promovido, também anualmente, um salão Estadual de Belas Artes, que se regerá por um regulamento especial, organizado pelo C.T.A.

§ único – Os prêmios que forem conferidos e as demais despesas serão atendidas pela verba que for consignada em orçamento.
Esta iniciativa autônoma foi possível graças ao fato de  IBAS-RS estar livre da Comissão Central como do controle da UNIVERSIDADE PORTO ALEGRE. Estes dois artigos do ESTATUTO foram regulamentados no extenso e detalhado REGULAMENTO do IBA-RS e que foi aprovado, pela Congregação, no dia 24 de março de 1939. Neste REGULAMENTO  constava, no CAPITULO XVIII, Exposição de trabalhos e Salão Anual

Art. 130 – As exposições de trabalhos serão realizadas anualmente, quando julgadas convenientes, e constarão de trabalhos escolares do Curso de Artes Plásticas, escolhidos entre os melhores, a juizo de uma comissão de professores, para esse fim designada pelo diretor.

Art. 131 – O Instituto promoverá anualmente um Salão Estadual de Belas Artes, que se realizará de conformidade com o regimento interno elaborado pelo C.T. A .
Paragrafo único – Os premios que forem conferidos pelo Instituto, bem como as demais despesas ocasionadas pela realização do Salão, serão atendidas pela verba que fôr designada em orçamento.



[2] -  Pelichek – Relatório de 1935
Arquivo de Francisco BELLANCA com assinatura por extenso de Tasso Bolívar Dias Corrêa

Fig.09 – A realização do 1º Salão de Belas Artes do Rio Grande de Sul constitui uma afirmação e expressão de autonomia o IBA-RS além de cumprir o artigo 131 do Regulamento aprovado pela Congregação no dia 24 de março de 1939.  . O BA-RS estava livre da tutela da sua COMISSÃO CENTRAL que foi extinta no dia 06 de janeiro de 1939 e estava fora da Universidade do Rio Grande do Sul devido a sua exclusão no dia anterior de dissolução desta sua mantenedora. A data da realização do EXPOSIÇÃO de TRABALHOS como do SALÃO continuava sendo o dia 15 de novembro tanto pelo final obrigatório do ano escolar como ser o aniversário do Regime e feriado da República brasileira

Pelo  DECRETO Nº 561, de 23 de JUNHO de 1942, a Interventoria Federal[1] oficializou e regulamentou o Salão Anual de Belas Artes a ser organizado pelo Instituto de Belas Artes, inaugurar-se-á no mês de novembro, em Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul.
A prática, destes salões, era herança do Missão Artística Francesa. Eles foram implementados na Imperial Academia de Belas Artes (IABA) e depois Escola Nacional de Belas Artes (ENBA). Deixaram de ser praticados no IBA-RS logo após a sua integração e da perda de sua autonomia para a UFRGS.  

RS  08 -A recepção do IBA-RS no âmbito local e nacional.

O IBA-RS cumpriu o seu objetivo de ESCOLA na medida em que a massa crítica que ele formou penetraram desde as mais humildes e desamparadas camadas da população local e nacional
Ente as formandas do IBA-RS do CURSO de ARTES PLÁSTICAS do ano de 1954  estavam os nomes de  Alba Coelho Monteiro, Benie  Vasconcellos Caminha  Muniz, Clara  Maria Fischer de Souza, Giocanda Maria Chitão Nery, Cleomarina Maciél Mendes, Daisy Sarzetto Vargas, Dalva Therezunha de Jesus Pippi, Gizah Nogueira Tavares, Helena Maria da Rocha, Ione de Abreu Veronese, Leda Christina de Quiroz Prestes.Margarida Corrêa Reif.(ESCULTURA), Marina Pires Abrahão dos Santos, Maria Margarida Brasil Lemos, Marília Thereza Denovaro, Miréia Gimenes Alves, Rosa Therezinha Stringuini de Oliveira (ESCULTURA), Teresinha Maria Siqueira.(ESCULTURA), Therezinha de Jesus Piava de Souza, Wilma Corrêa da Silva, Vera Miriam Scherer e Wilma Pansiera,
O número de 22 concluintes de 1954 é alto numa turma de 30 estudantes que ingressou em 1951. O índice de 73,3% de formandos numa turma de 30 estudantes de um curso superior brasileiro é alto. É alto em especial quando todos saberem da temeridade de optar pelo campo das artes, pela inexistência de profissão regulamentada de artista e pela flagrante inutilidade numa cultura embrionária



[1] - Publicado no Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Sul na data de 24 de junho de 1942
     Conserva-se a ortografia da época
Fig.10 – A presença de Ângelo GUIDO no MARGS representava o acerto de Ado Malagoli e Tasso Corrêa em dotar no ano de 1954 Rio Grande de Sul no ano de sua instalação foi uma das expressões mais significativas do Instituto  de Belas Artes do. Além do seu prestigio como cronista e crítico da Artes Visuais constitui uma afirmação e expressão de autonomia o IBA-RS


Na aparente falta de nomes de projeção posterior à sua passagem pelo IBA-RS e de destaque publica de algum nome - nas ARTES VISUAIS - deve ser semelhante à projeção dos egressos da BAUHAUS ALEMÃ. Eles se espalharam pelo mundo tornando-se verdadeiros “VÍRUS da ARTE” na sua ação silenciosa e consequente com os formação e ensinamentos recebidos na instituição.
De outra parte mesmo os artistas visuais que expõe ou expuseram no MARGS não há garantia de figurarem na lista das referências obrigatórias nas ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL. No entanto não deixam de cumprir o papel da continuidade cultural e estética do meio social, cultural e civilizatório que ARTE DESEMPENHA na política, educação e, mesmo, na economia simbólica. Na história de longa duração são frequentes as descoberta,  os renascimentos e a valorização de nomes que passaram séculos na penumbra mas cujas obras e documentos repousavam em MUSEUS de ARTES comum arquivo atento e pronto para revelar estes nomes esquecidos,
Não se fez ainda a contabilidade destes artistas que expuseram, foram curadores, orientaram o dirigiram os destinos do MARGS.
Fig.11– O reconhecimento público do MARGS legendário ao corpo docente do INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SU e ao seu diretor quando inaugurou a sua primeira sede no Theatro São Pedro.  Ado Malagoli agiu no âmbito de um PROJETO CIVILIZATÒRIO COMPENSADOR da VIOLÊNCIA do GOVERNO do RIO GRANDE do SUL envolvendo a autoridade máximo do Estado e o núcleo superior do seu governo além das expressões maiores da sociedade civil


09 O sentido da memória do IBA-RS do ANO de 1954 e a necessidade da preservação e do estudo do contínuo institucional do MARGS.  

 O ano de 1954 é um pequeno fractal do tempo que expressa muito do que acontece ao longo da primeira metade do século XX. Em 1954 existe testemunhas vivas, por todos os lados, a memória das feridas das duas guerras mundiais, rupturas com a ordem antiga, crises recentes. Como um fractal do tempo entre os seus 356 dias estava o luto nacional do suicídio de Getúlio Vargas. No lado compensador do campo compensador da arte acendiam-se e se alimentavam esperanças inauditas ganhavam forma e expressão na preparação e nos festejos do QUARTO CENTENÁRIO de SÃO PAULO. Na preparação as artes visuais a I BIENAL de 1951 precedeu esta esperança para a qual o IBA-RS foi convidada e compareceu com a visita pessoal e o convide do próprio “Cecilo” Matarazzo. Nesta I BIENAL também compareceu e expôs Ado Malagoli fato que ensejou o convite que foi aceito sob a condição da efetiva criação do MARGS.
 A II Bienal de São Paulo, da ano de 1954, propiciou para a INTELIGÊNCIA ESTÉTICA BRASILEIRA  uma janela arte mundial. A II Bienal ganhou corpo e projeção maior  por meio do 4º CENTENÁRIO de SÃO PAULO. Para o Rio Grande do Sul foi a oportunidade de ocupar um pavilhão emblemático do Parque Ibirapuera[1] e exibir o monumento do Laçador de Antônio Caringi



[1] PAVILHÃO do Rio Grande do Sul 1954 Parque Ibirapuera – 1954

Arquivo do Instituto de Artes da UFRGS inundado em 05.03.1997 – Foto de Círio SIMON do material logístico da sua  tese

Fig.12 – O calamitoso estado do Arquivo do IA-UFRS, em 05 de março de 1997,  com os documentos  de 90 anos do INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL salvos e suspensos. Este quadro foi revertido a parir de 1999com a firme decidida intervenção arquivista Medianeira GOULART com formação superior em Arquivologia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

10 A POSTERIDADE ao ano de 1954 do IBA-RS e as potencialidades de sua pesquisa.

Os documentos originais e públicos disponíveis no que concerne as relações institucionais entre MARGS e IBA-RS além de raros periódicos tratam avaramente desta relação institucional. Estes parcos documentos necessitam serem ampliados em outros intuídos, supostos e sondados por meio dos vestígios que deixaram no fluxo da História posterior.
O IBA-RS havia se antecipado à esta entropia documental  por meio do seu REGULAMENTO aprovado pela sua Congregação em 20 de dezembro de 1951[1]. Neste regulamento constava no
Capítulo  VII  Do Arquivo

Art. 122º – O Arquivo será destinado à guarda e conservação dos papeis e documentos findos, competindo ao servidor designado para este serviço:
a)    Organizar sistematicamente a catalogação do que estiver sob sua guarda, de modo que, com rapidez, se encontrem os documentos procurados;
b)    Informar a parte que lhe couber nas certidões que devam ser expedidas pela Secretaria;
c)     Fornecer à Secretaria, os elementos necessários ao levantamento do histórico escolar dos alunos e ex-alunos;
O Regulamento do IBA, que continha este artigo, tramitou no MEC e pelo CONSELHO NACIONAL de EDUCAÇÃO por meio Processo de nº75.335/54 e recebeu parecer favorável de nº 325 no dia 29 de setembro de 1954.  A lei sempre precede os fatos na medida que estes fatos são artificiais e criações humanas. Nesta condição não é estranhar os lapsos, os silêncios e os vazios documentais. De outro lado existe a prioridade que prescreve organizar a coleção de leis que interessem ao Instituto e verificar no Diário Oficial os atos referentes ao ensino e ao Instituto. A tentação burocrática não poupa o arquivo e consegue lugar privilegiado senão único. Assim mesmo numa instituição de arte  a documentação que trata meramente da arte e da cultura está num segundo plano .
Felizmente a progressivo reconhecimento e a ampliação do público tanto do MARGS como do atual IA-UFRGS alimenta e recompensa esta busca. De outra parte é necessário reconhecer que este progressivo reconhecimento e a ampliação trouxe a autonomia de cada um destes entes públicos. Apesar de dois estarem sólida e juridicamente ancorados no ESTADO NACIONAL cumprem funções próprias e distintas, mas sempre complementares. De um lado o MARGS necessita da massa crítica vinda do IA como o IA-UFRGS necessita do MARGS para socializar a sua produção estética e conceitual



[1] Este regulamento tramitou no MEC e pelo CONSELHO NACIONAL de EDUCAÇÂO por meio Processo de nº75.335/54 e recebeu parecer  favorável de nº 325 no dia 29 de setembro de 1954.

Fig.13 –  Exposição de Yeddo TITZE (1935-2016) no MARGS, em 2004, foi uma das numerosas interações visíveis entre o  IA-UFTGS e o MARGS resultante do legendário corpo docente do início da década de 1950 do INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL. Corpo docente da década de 50, professora de Yeddo representado pela presença de Christina Balbão (1917-2007) na extrema direita de quem olha a foto. No MARGS Christina Balbão foi técnica administrativa desde a 1954 e era presença constante e colaborativa no MARGS após a sua jubilação na UFRGS


11  Os AGENTES do IBA-RS e as suas OBRAS POSTERIORES.

Os artistas visuais que empreenderam CARREIRA SOLO são raros. Porém constituem ima expressiva QUALIDADE que fez com que   Fernando[1] Corona[8], ciente da riqueza dessa massa documental, resumiu a carência de agentes no Rio Grande do Sul que se dedicam ao seu conhecimento e à sua reflexão, afirmasse (1977, p.166) que :
nunca tantos deverão ficar ignorantes de tão poucos, pois a história na seara das Artes, ainda está para ser contada desde Araújo Porto-alegre e Pedro Weingärtner até os últimos talentos que despertam nas artes plásticas e na arquitetura”. 
Tanto o MARGS como o atual IA-UFRGS foram plataformas públicas desta visibilidade. No entanto o potencial submerso no anonimato e não visível constitui um contingente ainda incomensurável para novos pesquisadores, outros paradigmas estéticos e outros tantos MUSEUS da ARTE. As cidades - com uma população superior a 100.00 habitantes em países adiantados – possuem o seu MUSEU de ARTE. Atualmente  Rio Grande do Sul possui 17 cidades com esta ou maior população[2]. Porto Alegre possuía 400.000 habitantes na época em que foi criado o MARGS.
 Mas foi no âmbito de REPRODUÇÃO INSTITUCIONAL que os agentes, formados por ele, criaram ou integraram quadros docentes de instituições similares no Brasil e no Rio Grande do Sul.
Fig.14 – O primeiro prédio construído especificamente para INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL foi concluído em 1943. Em 1952 começou a ser construído a parte dos atelieres do CURSO de ARTES PLASTICAD que firam ocupados a partir de 1954. Conforme o 1º Estatuto do IBA-RS se por acaso tivesses ele se tornado inviável este prédio, mais um terreeno da rua Riachuelo nº 1285[1] e um terreno no centro da cidade de Farroupilha teria formado o patrimônio do Museu de arte do Rio Grande do Sul-



12 – Síntese, conclusões e abertura para outras pesquisas.
Na síntese é possível afirmar que o MUSEU de ARTE do RIO GRANDE do SUL estava nas mentes dos fundadores do INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL. Enquanto o INSTITUTO ganhou o mundo prático, no ano de 1908, ele nunca abdicou do potencial de colocar também na realidade o MUSEU de ARTE. Esta potencialidade ganhou forma jurídica no ano de 1954.  A IMPLEMENTAÇÂO prática, desta forma jurídica, foi praticamente sustentada pelos agentes do legendário quadro docente do IBA-RS do ano de 1954. Esta ação experimental e exploratória foi realizada com tal eficácia de modo que na efetiva IMPLANTAÇÃO somaram-se administradores, servidores, públicos, artistas e público que não pararam de crescer e se fortalecer.
 Nas conclusões há necessidade afastar qualquer mito, jogo de otimismo inconsequente reduzir o MARGS ao patrimonialismo do seu acervo ou se deitar sobre os louros de vitórias pontuais. Como qualquer organismo vivo ele possui necessidades básicas de sobrevivência e buscar a sua reprodução especialmente no âmbito dos limites geográficos do RIO GRANDE do SUL que consta no seu nome. Se de um lado são indispensáveis as concepções de Mário de Andrade[2] dar atenção para a ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA ESTÉTICA LOCAL e MUNDIAL, do outro a PESQUISA ARTÍSTICA converge para a formação de uma MEMÓRIA COLETIVA
Fig 15 – O professor e doutor Arnoldo Walter DOBERSTEIN -Coordenador do Grupo de Pesquisas do MARGS-  numa aula pública discorre em relação à estatuária da fachada do MARGS.  O conhecimento e a preservação da memória dos estágios culturais anteriores de Porto Alegre está sendo pauta nos cursos de História, da Museologia, da Arquivologia, da Arquitetura e da Economia Simbólica no âmbito das preocupações e dos recursos da Época Pós-Industrial.

No campo da PESQUISA ESTÉTICA o MARGS  se constitui num MUNDO ABERTO para a concepção de MARC BLOCH  (1976, p.42.)[1]. pela qual :
é tal a força da solidariedade das épocas que os laços da inteligibilidade entre elas se tecem verdadeiramente nos dois sentidos. A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado. Mas talvez não seja mais útil esforçar-nos por compreender o passado se nada sabemos do presente.

Esta solidariedade, entre épocas, está bem presente na proposta de Arnoldo Walter DOBERSTEIN coordenador do Grupo de Pesquisas da AAMARGS. Ele ao PESQUISAR e se debruçar e prestar atenção máxima ao ano de 1954 -  na criação do MUSEU de ARTE do RIO GRANDE do SUL - localizou energias latentes, tomadas de decisões e leis que sustentam jurídica, administrativa e potencialmente o MARGS nos dias atuais.

13 –   FONTES BIBLIOGRÁFICAS e DIGITAIS

ANDRADE, Mario O movimento modernista: Conferência lida no salão de Conferências da Biblioteca do Ministério das Relações Exteriores do Brasil no dia 3 de abril de 1942. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1942,  81 p.
BARTHES, Roland.  Système de la mode. Paris : Seul, 1967. 327p.
CORONA Fernando (1895-1979 “ CAMINHADA de FERNANDO CORONA”: Tomo I. 01 de janeiro de 1911 até dezembro de 1949 – donde se conta de como saí de casa e aqui  fiquei para sempre: nasci num lugar e renasci em outro onde encontrei amo Tomo I  604 folhas de arquivo:  210 mm X 149 mm.
--------------“CAMINHADA de FERNANDO CORONA”. Tomo II 1945/49-1953. um homem como qualquer: renascer em um lugar e renascer em outro Tomo II  220 folhas de arquivo:  210 mm X 149 mm
-------------“COISAS MINHAS: 1962 1965 Brasília e outros alpistes” crônicas do dia 06.08. 1962 até   26.11.1965. Manuscrito inédito 85 folhas sem linhas caderno simples:  210 mm X 149 mm
----------Caminhada nas Artes (1940-1977). Porto Alegre : UFRGS/ IEL/ DAC/ SEC 1977, 241

KRAWCZYK, Flavio. O espetáculo da legitimidade: os salões de artes plásticas em Porto Alegre. Porto Alegre: Programa de Pós Graduação em Artes Visuais . dissertação 1997 526 fls. (dissertação)
-
NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900)  Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS.

Carta de Joaquim  LEBRETON ao CONDE da BARCA

Origens do Instituto de Artes da UFRGS

O MAIS INUTIL dos TEMERÁRIOS

Descascar o MITO das OBRAS de ARTE

ÍNDICES do SALÃO de 1929

Discurso de Tasso Corrêa no Thaetro São Pedro no dia 24 de outubro de 1933

Populações das cidades do Rio Grande do Sul em 2019

PAVILHÃO do Rio Grande do Sul 1954 Parque Ibirapuera – 1954

MATA BORRÂO – Porto Alegre



[1]              BLOCH, Marc (1886-1944)  . Introdução à História.[3ª ed] Conclusão de Lucian FEBVRE - .Lisboa :Europa- América  1976  179 p.

Fernando CORONA e a “BATUQUEIRA” 1954 Acervo da família -  Foto de Eduardo Viera da Cunha -

Fig 16 – O Fernando CORONA posa ao lado da sua oba “A BATUQUEIRA”, do ano de 1954, para uma reportagem fotográfica para o MARGS, realizada pelo fotógrafo Eduardo VIEIRA da CUNHA [1] como técnico administrativo do MARGS e atualmente professor do Departamento de Artes Visuais do IA-UFRGS.  Corona como professor conselheiro do IBA-RS, um dos agentes mais ativos pela volta do IBA-RS á UFRGS, um dos seus professores eméritos, cronista e orientado seguro dos seus estudantes manteve um ativo contato com MARGS após ao seu jubilamento da UFRGS.   

Eduardo VIEIRA da CUNHA
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CURRICULO   LATTES

2 comentários:

  1. Como bem acentua o prof. Cirio,

    "Os documentos originais e públicos
    disponíveis no que concerne as rela-
    ções institucionais entre MARGS e IBA-
    RS além de raros periódicos tratam
    avaramente desta relação institucio-
    nal. Estes parcos documentos neces-
    sitam serem ampliados em outros intuí-
    dos, supostos e sondados por meio dos
    vestígios que deixaram no fluxo da
    História posterior".

    Por isso mesmo é importante lembrarmos aquilo que Pierre Nora acentua, ao constatar que vivemos uma época de aceleração da his-tória e de obliteração da memória. Ou seja,

    "Quando a memória não está mais em
    todo o lugar, ela não estaria em
    lugar nenhum se uma consciência in-
    dividual, numa decisão solitária,
    não decidisse dela se encarregar.
    Menos a memória é vivida coletiva-
    mente, mais ela tem necessidade de
    homens particulares que fazem de
    si mesmos homens-memória.

    O PROF. CÍRIO SIMON É UM DESSES HOMENS-MEMÓRIA.
    Por: Arnoldo W. Doberstein

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  2. A IMAGEM sempre está no LUGAR de ALGO que NÃO EXISTE MAIS...

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