COLÉGIO SÃO
JOÃO - POA-RS - na década de 1960.
...entre o
trabalho e a obra.
Um ambiente escolar
educa, ou deseduca, por si mesmo. Além de lugar de ENSINO-APRENDIZAGEM é
ambiente destinado, e preparado, com o objetivo de iniciar, de continuar e de fortalecer
a FORMAÇÃO HUMANA nos princípios cidadãos e civilizatórios. Isto não se
consegue por mera ESTETIZAÇÃO, de vulgar MARKETING e de um VOLUNTARISMO cego,
surdo e mudo.
A OBRA de ARTE educa por si mesma, apesar de
silenciosa, pois ela é humanizadora e expressa materialmente. No mínimo de sua
forma o imenso repertório necessário para um autêntico AMBIENTE escolar continuado.
De outra parte as OBRAS
de ARTE NÃO FALAM por si MESMAS. Elas impõem a necessidade de a PALAVRA
orientar o OLHAR em sua direção e seu sentido. O presente texto se destina a
GUIAR o OLHAR e a ATENÇÃO em direção do
AMBIENTE FORMATIVO do COLÉGIO SÃO JOÃO de PORTO ALEGRE com os índices de OBRAS
de ARTE que permaneceram da década de 1960.
A década de 1960 se
caracterizou por mudanças da ERA INDUSTRIAL em direção da ERA PÓS-INDUSTRIAL. As
fábricas desaparecem do QUARTO DISTRITO, no final da década de 1960 e após o
seu apogeu na ERA INDUSTRIAL, ou, então, migram para a periferia da região
metropolitana de PORTO ALEGRE.
Fig. 01 – Localização do COLÉGIO SÃO JOÃO de Porto
Alegre. O Bairro São João pertence ao
tradicional QUARTO DISTRITO. A Rua Dona Sebastiana e a sua continuação com o
nome de Rua Honório Silveira Dias marcam
no seu entroncamento com as perpendiculares Av. Benjamin Constant e Av. Assis
Brasil que neste ponto constituem uma espécie de centro urbano e geográfico. Ambas começam a
sua numeração neste entroncamento. Atualmente o bairro é residencial, de serviços
e de intenso trânsito com conexões cidades da Região Metropolitana.
[Clique sobre a imagem para ler as indicações ]
O COLÉGIO SÃO JOÃO
situa-se no QUARTO DISTRITO de PORTO ALEGRE. A acelerada urbanização do QUARTO DISTRITO acompanhou
a sua transição entre o mundo rural e o urbano. O próprio QUARTO DISTRITO era área
rural da capital e conhecida pela sua produção leiteira e hortigranjeira. A
atual Rua Dona Sebastiana - nome de rua cujo traçado continua na Rua Honório Silveira Dias - homenageia
uma das proprietárias de terras cujo produto era destinado ao abastecimento de
Porto Alegre. A atual Rua Honório
Silveira Dias conhecida como Rua HORTÍCOLA. Rua Honório Silveira Dias e Rua
Dona Sebastiana marcam um espécie de centro, pois nelas que iniciam as
numerações tanto da Av. Benjamin Consta como da Av. Assis Brasil.
A Floricultura Frida
Schoenewald foi uma das últimas propriedades particulares destinadas ao cultivo
de plantas. A atual sede da Casa Provincial e da Casa da Estrela da ordem
Lassalista está localizada no terreno adquirido desta floricultura.
De outra parte o próprio QUARTO DISTRITO se
caracteriza mais com um grande estacionamento aeroviário, férreo e rodoviário. Membros
natos da mantenedora do COLÉGIO SÃO JOÃO são de origem e com formação rural.
A década de 1960 marcou o
final da educação separada por gênero, no COLÉGIO SÃO JOÃO, e que se preparou o
ensino misto. No conjunto brasileiro ocorreu - ao logo desta década - o aumentou
da pressão em direção ao ensino superior. No início de 1960 apenas 0.0019%, da
população brasileira estava matriculada num CURSO SUPERIOR. No final de 1960
situa-se a origem de mantenedoras de cursos superiores. Muitos deles surgiram
em antigos colégios. O COLÉGIO SÃO JOÃO manteve as suas tradicionais
qualificações e graus de ensino apesar das mudanças nominais que ocorrem nas
denominações e currículos nacionais.
O trabalho intuitivo e
tradicional cedeu lugar para a erudição
e a qualificação tecnológica. Na ERA IDUSTRIAL as instituições escolares formais acolhiam e
buscavam formar além de profissionalizar para a tecnologia por meio do
conhecimento e saber erudito. Na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL as profissões tradicionais
desapareceram e novo ambiente educativo exige criatividade, formação continuada
fazendo com que escolas criadas na ERA IONDUSTRIAL se transformam num ponto de
passagem. Na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL é cada vez mais tênue e precária a
distinção entre o TRABALHO e OBRA, entre
A FORMAÇÃO e A INFORMAÇÃO e entre o APRENDIZ e o MESTRE. Por esta razão a
FORMAÇÃO da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL supõe mais exercícios a criatividade, de arte
e de cultivo do pensamento de alto nível e de alcance no imenso acumulado deste
TEMPO.
Um
prédio digno para a década de 1960.
Fig. 02 – A fachada do prédio do COLÉGIO SÂO JOÂO com
a formação da BANDA MARCILAL .. A tipologia deste prédio foi concebida e materializada com a mão de
obra qualificada nas técnicas construtivas em prédios industriais, comerciais e
residenciais na arquitetura dominante no QUARTO DISTRITO na década de 1960. A parte visível da Rua Honório Silveira
Dias sempre foi da recepção, administração e serviços especializados. Este
pavilhão é perpendicular ao prédio das salas de aula, edificado sobre pilotis cujo térreo e
livre e serve de pátio coberto.
O prédio do COLÉGIO SÃO JOÃO é o
resultado de decisivas campanhas da ASSOCIAÇÂO de PAIS e MESTRES. Foi concebido
por um arquiteto recém-formado. O mestre de obras havia atuado com uma boa
equipe vinda de construções de fábricas e prédio comerciais de QUARTO DISTRITO.
Os dois cantuários eram originários da Espanha da costa do mar Cantábrico. Há
necessidade de recuperar os nomes de todos estes profissionais que entregaram
uma obra que resiste ao tempo e ao mesmo tempo é objeto de diversas mudanças
que acompanham a evolução da educação.
Enquanto isto o DIAMANTINO - um ex-pracinha da Força
Expedicionária Brasileira (FEB) - desmontava, a dinamite, a rocha de granito
cinza dando lugar ao atual Ginásio coberto do Colégio São João.
Recuo
com jardim e um muro baixo.
Fig. 03 – O acesso ao prédio do COLÉGIO SÃO JOÃO é
realizado num espaço em forma de ferradura delimitado por muro baixo e
convergente para a porta principal. Tanto o acesso como a porta principal é protegida
por uma marquise ondulada em concreto. A porta principal foi elaborada em ferro e
cromo dourado. O desenho do cromo é em forma pirâmides entremeado de estrelas.
Este projeto concebido de Círio Simon é resultado de uma aplicação de um
exercício da Aula de Modelagem de Fernando Corona no IBA-RS.
No recuo determinado pelo Decreto Municipal de
nº 3013 de 04.02.1944[1]
foi implantado um acesso, uma entrada pavimentada em ferradura, coberto por uma
marquise em forma de corte de uma concha, um jardim delimitado por muro baixo e
mural em mosaico. Não fazem parte do prédio propriamente dito e serviram para
abrigo, orientação e identificação do local.
A
marquise em concha.
Fig. 04 – A marquise do prédio do COLÉGIO SÂO JOÃO
foi concebida por Círio Simon na forma do corte uma concha estilizada, que constitui
um dos atributos de São João Batista e orago da Paróquia. Esta concha é um dos
elementos do escudo da instituição que
se encontra no vitral colocada num óculo ao fundo e sobre esta marquise. Para garantir a segurança e estabilidade desta marquise ela é ampara por
duas colunas finas de ferra e inclinadas para fora com o objetivo de amparar o
peso maior desta estrutura. Além disto, ela é firmemente presa ao prédio por meio de
tirantes de aço estriado e não visíveis ao transeunte,
A marquise é um elemento
identificador do prédio do COLÉGIO SÃO JOÃO além da função de abrigo tanto dos
usuários como para proteger a porta das intempéries. Não se conhece, em Porto
Alegre, outra com idêntico desenho e função. Quanto à estabilidade não se
conhece nenhuma ameaça de colapso desta marquise. Isto se deve ao cuidado de
sua concepção e as garantias técnicas e materiais de sua elaboração. Também não
se conhece nenhuma notificação de autoridade competente que descreva qualquer
perigo nesta marquise.
Luminárias
serralheria artística e serralheria das janelas
O trabalho de serralheria
do prédio do COLÉGIO SÃO JOÃO é um capitulo a parte e merece a devida atenção.
Evidente que é artesanato e como tal um trabalho utilitário com fim específico.
No entanto chega às raias de uma obra de arte quando transcende ao mundo do
trabalho e se transforma em obra única que contém e transmite um pensamento
próprio. Especialmente o par de luminárias que foram projetadas e desenhadas em
função de um profissional que realizara a sua formação na Escola Técnica Parobé
ao tempo em que os conhecimentos e habilidades ainda estavam vinculadas à
Escola de Engenharia da URGS.
Fig. 05 – O
trabalho em serralheria do prédio do COLÉGIO SÂO JOÃO foi realizado por um
profissional qualificado nesta área pelo antigo Instituto Técnico Parobé da
Escola de Engenharia de Porto Alegre..
O par de lustres se destaca neste
trabalho de arte. Desenhados por Círio Simon a sua execução foi rigorosa e
tecnicamente perfeito deste serralheiro qualificado, São peças únicas e originais tanto na forma
como na sua colocação funcional..
Mural
de Nª Sr.ª de LOURDES
Fig. 06 – O mural externo ocupa o final da parede do
jardim de recuo entre a rua e o prédio do COLÉGIO SÂO JOÃO. O se tema se
inspira nas tradicionais grutinhas de Nossa Senhora de Lourdes e que figuravam,
na época, em numerosas casas e prédios do Quarto Distrito. O seu material é
vidro colocado sobre cimento branco com pó de mármore..
O vidro colorido eram sobras de
fábricas de vitrais de porto Alegre e que era destinado à fundição. Assim está
vinculado ao final e apogeu da ERA INDUSTRIAL. As fábricas de vitral de Poro
Alegre foram estudadas por Mariana Wertheim[1]
A parede cega que divide o terreno
da escola com a residência vizinha recebeu um mosaico de vidro de vitral sobre massa aglutinada de cimento branco com
pó de mármore. Este mural completa mais de meio século. em 2017, de exposição
continuada tanto ao sol, calor, frio e chuvas e sem abrigo. Existem pequenas amostras de eventuais falhas
e que são fáceis de corrigir. A sua limpeza pode ser realizada com aplicação de
ácido muriático dissolvido em água.
HALL
Mural
com vidro de vitral.
O mural na técnica de mosaico em
vidro - colocado na parede frontal à porta principal da entrada Colégio São
João - se inspira na obra lassalista – ESCOLAS CRISTÃS - mantenedora da
instituição escolar espalhada pelo mundo.
Esta obra foi concebida numa
composição em balança na qual o fiel é a figura do fundador da ordem na pessoa
de São João Batista de La Salle. O branco da luz - que esta figura aponta -
constitui uma pirâmide que envolve o globo terrestre e ilumina as obras
humanas. As duas gigantescas asas protegem estudantes e professores que se
encontram representados no primeiro plano e aos pés da composição e da figura
central de pé.
O projeto ainda teve tempo para ser
orientado por Ado Locatelli, antes deste falecer, repentinamente, no início de
setembro de 1962
[1] WERTHEIMER, Mariana [Coordenação] - ESTUDO do PATRIMÔNIO de VITRAIS produzidos
em Porto Alegre no período de 1920-1980. Porto Alegre: DVD- Patrocínio
PETROBRAS [2009] -Indexação na Biblioteca da USP – julho 2009
Mariana Wertheim no Face
Book https://www.facebook.com/mariana.wertheimer
Foto
do dia 02.01.2013
Fig. 07 – O artista plástico, arquiteto e
professor Selso dal BELLO[1]
diante do mural do qual foi coautor com Círio Simon. Ambos foram estudantes das
aulas de Aldo Locatelli. Este artista orientou a concepção e o projeto
gráfico deste mural. A técnica do
suporte em massa formado por cimento branco e pó de mármore branco foi uma
orientação do artista Danúbio Gonçalves na qualidade de diretor do Atelier
Livre da Prefeitura de Porto Alegre e autor de diversos mosaicos do Rio Grande
do Sul.
Mural
de Pedras
Este tema - da sala de entrada Colégio São João - se
inspira na lenda do Negrinho do Pastorei e a sua “MADRINHA CELESTIAL”. Lenda
registrada por Simões Lopes Neto e magistralmente levada para as tintas e
pinceis por Aldo Locatelli na sua Via- Sacra do Negrinho do Pastoreio pintada
no Palácio Piratini[2].
De outra parte foi tema constante de aristas plásticos sul-rio-grandeasses como o escultor Vasco Prado a quem se deve a
motivação da obra. O tema, além de suas
motivações educacionais destinadas à infância desamparada, possui muitos
elementos característicos da cultura intuitiva da população desfavorecida do
Rio Grande do Sul.
[1] Selso DAL BELO
é VERBETE em ROSA, Renato et
PRESSER, Décio .Dicionário das Artes Plásticas no Rio Grande
do Sul. (2ª ed r) Porto Alegre : UFRGS, 2000, 527 p. ISBN 85-7025-522-5
FACEBOOK SELSO DAL BELLO
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10202638417797295&set=ecnf.1703211104&type=3&theater
Fig. 08– O mural de pedras do COLÉGIO SÂO JOÃO deve-se
à técnica de dois cantuários espanhóis provenientes da antiga tradição
cultivada nas margens do Mar Cantábrico. . As pedras de calcário branco, de granito rosa e o basalto negro do Rio
Grande do Sul obedecem ao desenho, em cartão, de 1:1 fornecido por Círio Simon.
A dificuldade, que uma obra destas apresenta, é que cada linha possui duas
margens e que necessita ser obedecido duplamente. Tanto a pedra formadora como
aquela do fundo devem repetir com a maior exatidão possível. Selso dal
BELLO acompanhou a execução desta obra e
aqui num visita ao mural no dia 02 de janeiro de 2013,
Mesa
com mosaico
O centro da sala
quadrada do hall de entrada Colégio São João recebeu ima mesa com estrutura de
ferro e recoberta com um mosaico de vidro e cerâmica. O tema consiste no escudo
da instituição. O suporte é uma placa de amianto plano. Os vidros de vitral
eram das mesmas fábricas que forneceram as sobras dos recortes. A cerâmica
dourada foi fornecida por ceramista e vitralista Hans Veit, proprietário da
Escola Uaboi e executor dos escudos nacionais, em cerâmica, que identificam
vários prédios da atual UFRGS.
HANS VEIT e e ESCOLA UABOI http://artestirpe.blogspot.com.br/2012/05/escola-uaboi.html
Mesa
de reuniões
A sala de reunião do
prédio Colégio São João recebeu uma mesa em forma ferradura. Esta mesa destina-se
para reuniões de até 10 pessoas ou então se constitui em mesa presidencial
quando da realização de reuniões ampliadas.
O desenho em ferradura
replica a forma de ferradura da entrada do prédio (fig.03)
Cavaletes
de exposição da 1ª Galeria Didática de PORTO ALEGRE.
Os cavaletes para a
exposição de obras foram elaboradas especificamente para a 1ª GALERIA DIDÁTICA
de PORTO ALEGRE com sede no COLÉGIO SÃO JOÃO.
Formada por um retângulo
de chapa de madeira compensada, cercado de um reforço de uma moldura em madeira,
Estes quadros eram pintados de azul escuro. O seu suporte móvel e destacável
com dois apoios perpendiculares e giratórios para serem guardados se, ocupar
muito espaço.
Posteriormente foram
usados como quadro de avisos e eventualmente como quadros negros.
Fig. 09 – Os cavaletes d exposição da 1ª GALERIA
DIDÁTICA do COLÉGIO SÂO JOÃO foram desenhados por Círio Simon e executados em
marcenaria especializada. . Na parte superior um par de lâmpadas
elétricas, com anteparos, iluminava as duas faces destes quadros de
exposição
Fig. 10 – As exposições e os eventos da 1ª GALERIA DIDÁTICA eram preferencialmente
para o público interno do COLÉGIO SÂO JOÃO. .
No entanto servia também para
congregar os pais, amigos, autoridades interessadas em arte.
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texto e ver a imagem ]
.
Fig. 11 – Na imagem acima uma inauguração de uma das exposições e os eventos da 1ª GALERIA DIDÁTICA foi presidida pelo Diretor, Irmão Arnaldo Isidoro (fatiota escura), tendo
ao seu lado direito Clóvis Peretti o expositor e ao fundo Engenheiro Edmundo
Gardolinsky. No lado esquerdo do diretor esta Yunes Jorge o presidente da
Associação de Pais e Mestres o Vereador Aloisio Filho, Paulo Peres, Roberto
Cidade e Círio Simon.
12 – A primeira exposição da 1ª GALERIA DIDÁTICA do COLÉGIO SÂO JOÃO foi realizada por Clovis PERETTI[1] no dia 14 de novembro de 1967.
Este artista, residente, na época no QUARTO DISTRITO, realizou uma
intervenção radical ao introduzir a arte cinética na vizinha Igreja de São
João. Com um objeto de acrílico com 11 metros da altura e com um núcleo
giratório e reagindo com o som por meio
de luzes de diversas cores.
Fig. 13 – A
última exposição da 1ª GALERIA DIDÁTICA do COLÉGIO SÃO JOÃO ocorreu
em abril de 1970 .
Este evento foi registrado numa
crônica do jornalista, professor, vereador e ex vice governador Antônio
HOHFELD. A acelerada e já decadente ERA INDUSTRIAL fez com que toda formação
institucional se concentrasse em projetos pedagógicos profissionalizantes e
utilitários imediatos. Neste projeto não existe espaço e meios para a
criatividade individual e o diferente
ATELIER
LIVRE – ESCOLA de ARTES
A pesquisa estética
livre é uma possibilidade que necessita a ser iniciada desde cedo, pois a ARTE
é LONGA e a VIDA é BREVE. As atividades eram realizadas por estudantes da
escola e outros interessados no turno inverso das aulas. O que de fato
interessava era um espaço e a camaradagem entre aqueles que de tato gostavam
trabalhar, do feedback imediato recebido dos colegas e eventual pessoa mais
experimentada no caminho da arte. Muitos estes estudantes aproveitavam a 1ª GALERIA DIDÁTICA do COLÉGIO para socializar os seus primeiros
passos num publico mais heterogêneo.
Fig. 14 – Um grupo de estudantes do
Atelier Livre do COLÉGIO SÂO JOÃO atualizando a sua inteligência, socializando
experimentos e buscando pertencimento ao grupo de colegas da mesma idade. . Fixados na parede dois
desenhos de Elton MANGANELLI que seguiu a carreira artística a partir desta
experiência, passando para a Escolinha do IBA-RS e depois realizando a sua
graduação superior em Artes Visuais no IA-UFRGS. Elton MANGANELLI trazia a
visita do senador Guido Mondin, cronista do Quarto Distrito e pintor de grande
sensibilidade cultivada desde os seus sete anos de idade
Fig. 15 – Outra imagem de um grupo de estudantes do
Atelier Livre e um texto impresso no
Relatório do COLÉGIO SÂO JOÃO de 1969. Este Atelier Livre foi concebido
como uma semente de uma sala
especializada em Artes Visuais Ao mesmo tempo se abria parao Quarto Distrito que até o ano de 2017 não
possui uma sala publica e aberta para este tipo de atualização e experimentação
estética livre e adequada para todas as idades e avanços culturais
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O
DESIGN de RECURSOS e MATERIAS ESCOLARES
A vasta gama de objetos escolares
necessita de uma identidade e uma unidade coerente de formas, cores e letras.
Destacam-se aqui o
uniforme da banda marcial, a fivela do cinto deste uniforme e o uniforme do
diário escolar.
Uniforme da banda
Fig. 16 – O
uniforme dos integrantes da BANDA MARCIAL do COLÉGIO SÂO JOÃO foi desenhado
por Círio Simon no interior do visual de equipamentos destinados à
aparência visual desta manifestação rítmica e sonora e específica desta banda. Além do
uniforme, talabartes, escudo, quepe e fivela do cinto, as flâmulas e os bombos
também receberam o escudo estilizado e os dizeres relativos a esta manifestação
estética.
Fivela do cinto
Fig. 17 – A fivela do uniforme dos integrantes da BANDA
MARCIAL COLÉGIO SÂO JOÃO desenhado por
Círio Simon e executado pela metalúrgica Eberle de Caxias do Sul
Fig. 18 – O
uniforme do diário dos estudantes COLÉGIO SÂO JOÃO desenhado por Círio Simon servia tanto para identificação
para os colegiais ao mesmo tempo que a sua ostentação individual significava
algo diferente dos demais vestuários além dos prestigio da instituição
Escudo
Fig. 19 – A identidade visual que acompanhava papeis,
uniformes e locais do COLÉGIO SÃO JOÃO na
década de 1960. .
A mantenedora da rede mundial deste
estabelecimento lassalista uniformizou e estandardizou, no plano mundial, as
suas franquias regionais e na lógica da época PÓS-INDUSTRIAL
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as indicações ]
O escudo do Colégio São
João é encimado pela cruz. Esta cruz é índice da NATUREZA das ESCOLAS CRISTÃS. O
lema “IN HOC SIGNO VINCES”[1]
induz ao lema “SIGNUM FIDEI” representado pela estrela pitagórica. Esta estrela
pitagórica [2]
branca é representada no interior da concha azul. Concha que remete ao ofício
de SÃO JOÃO BATISTA de fazer nascer e renascer a FÉ no transcendente
representada pela estrela. Esta concha e a estrela estão sobre um campo amarelo
que na heráldica é o metal ouro.
Num campo vermelho
(esmalte em heráldica) está representado quem SÃO JOÃO BATISTA veio anunciar, ou seja, o “CORDEIRO de DEUS”. O vermelho é o SIGNO do sacrifício deste
CORDEIRO.
Num campo azul (também esmalte, em heráldica)
está a heráldica da CASA NOBRE dos LA SALLE. Estilização de um guerreiro caído
de cabeça para baixo, num campo de honra
de uma batalha e com as pernas quebradas. O branco, desta figura, é a prata na
heráldica sobre o esmalte. O que importa, num campo heráldico, é separar metais
e esmaltes. Nunca um esmalte pode ficar ao lado de outro esmalte ou um metal
(ouro ou prata) ao lado de outro metal.
Outro campo em amarelo
(ouro) contém as três primeiras letras do alfabeto, um globo e um sinal de raiz
quadrada matemática. Representam os três graus que o COLÉGIO SÃO JOÃO mantinha,
na década de 1960, no seu processo de ensino-aprendizagem. Na época este
processo de ensino-aprendizagem era dividido em “PRIMÁRIO” (três primeiras
letras do alfabeto), “GINÁSIO” (um globo terrestre) e “CIENTÍFICO” (raiz
quadrada).
CAPELA
Numa instituição
religiosa a capela é o local no qual, não só se desenvolvem ofícios sacros, mas
também é um espaço separado e identificado para a formação religiosa. Assim no
COLÉGIO SÃO JOÃO este ambiente foi identificado com objetos, obras de arte e
equipamentos apropriados para esta formação.
Mural.
Entre as obras de arte figura
um grande mural em mosaico removível e que ocupa toda a parede do fundo.
Dividido em segmentos que no seu conjunto formam as coordenadas do globo
terrestre que figura no Escudo do Colégio. O centro é ocupado pela
representação do CRISTO em GLÓRIA (PANTOCRATOR[3]
a partir da arte bizantina) sustentando o cálice e o pão.
Assim remete também à
imagem protocristã da Última Ceia na qual se representa os seus doze
discípulos. Discípulos espalhados em TODO GLOBO TERRESTRE (CATÓLICO)
Bancos.
Os bancos foram
desenhados por Círio Simon e rigorosamente executados nas oficinas da
marcenaria lassalista do atual Centro La Salle de Canoas. Moveis e leves podem
ser agrupados em diversas formações destinadas para as diversas as aulas,
exercícios e práticas que se desenrolam num ambiente desta natureza
[1] IN HOC
SIGNO VINCES http://www.filhosdoarquiteto.com/aneis-templarios/anel-medieval-in-hoc-signo-vinces-fam128
[2] A ESTRELA PITAGÒRICA contem numerosas secções áureas https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_pitag%C3%B3rica
[3] - CRISTO PANTOCRATOR
http://www.wondersofsicily.com/sicily-christ-pantocrator.htm
CALAGE,
Eloi – Capelinha
de São João: Escola e Museu de Arte – Porto Alegre: Correio do Povo –
Domingo 13.12.1964
Fig. 20 – O mosaico ocupa na parede do
fundo da capela do COLÉGIO SÂO JOÃO. O tema é centralizado na figura do
CRISTO PANTOCRATOR cercado pela elipse geométrica. O altar circular, colocado
frente ao mural remete ao sentido da
Última Ceia. As figuras dos apóstolos
convergem para o Cristo que ostenta o
Cálice e o Pão. Na busca icônica
projeta-se este tema sobre as coordenadas do globo terrestres. Ao mesmo tempo
estas linhas das coordenadas são as emendas visíveis das placas de fibrocimento
recortadas e parafusadas na parede com este propósito.
Via
Sacra
A série de imagens da Via Sacra foram criadas com
suporte placas de amianto plano retangulares verticais alongadas. Sobre
esta placa foi aplicada a massa de cimento branco e o pó de mármore sobre o
qual foram fixados os cacos de vidro
colorido. São os vidros de vitral das mesmas fábricas que forneceram as sobras
dos recortes.
As suas molduras são placas brancas
e lisas de fórmica. A sua verticalidade
destinava-se a receber a proporção da figura humana isolada. Na década e 1960
uma serie de artistas de Porto Alegre produziram Via
Sacra Foi o caso de Ado Malagoli, de Guido Mondin. De Danúbio Gonçalves e
de Emílio Sessa, entre outros. O que chamou particular atenção do publico e do
autor desta série do Colégio São João, foi a séria de obras da Via Sacra pintadas por Aldo Locatelli
exposta no Mata Borrão e destinados a Igreja de São Peregrino de Caxias do Sul
Esta via Sacra foi
exposta na SEMANA SANTA de 1964 no Instituto Brasileiro Norte-Americano entre
os dias 18 a 31 de março este ano e dia do Golpe de militar de 1964.
Fig. 21 – Uma da imagens da via- sacra da capela do COLÉGIO SÃO JOÃO. . A intencional verticalidade se
inspira nanas proporções do corpo humano. A cor e
as formas segmentadas e pontiagudas, dos cacos de vidro, reforçam o espaço
simbólico deste sacrifício a que é
submetido este corpo humano..
Fig. 22 – Selso dal BELLO foi o autor de uma Via-Sacra destinado à capela do Colégio La
Salle Santo Antônio de Porto Alegre Esta obra e os seus estudos foram expostos
na Faculdade de Arquitetura da UFRGS . Nesta imagem é do dia 02 de janeiro de
2013 na visita de Selso ao COLÉGIO SÂO
JOÃO Cada cena possui uma cruz de madeira
que o símbolo maio da Via Crucis
Fig. 23 – O
sacrário da CAPELA do COLÉGIO SÂO JOÃO é uma esfera de bronze dourado. A
materialização desta esfera perfeita é o
centro e núcleo das linhas das coordenadas geográficas do globo terrestre que figura
no mural que ocupa toda a parede do se fundo De outra
parte esta esfera retoma o tema que
consta no escudo do Colégio.
Altar
O altar circular é a
projeção plana da esfera do sacrário da capela. Colocado sobre um estrado
também circular permitiu a passagem do celebrante colocado de costas para os
fieis para o seu deslocamento para o lado oposto e voltado para o público.
Sacrário
esfera de bronze polido
A esfera de bronze
polido foi produzida numa indústria de fundição de metais do Quarto Distrito.
Integrado no altar e no mural
Esta esfera constava com
central da reforma e atualização da Igreja da paróquia São João Batista
Fig. 24 – A
igreja da Paróquia SÃO JOÃO BATISTA do
QUARTO DISTRITO teve uma reforma para adequar
este lugar aos ofícios religiosos apontados pelo Concílio Vaticano II. Esta
reforma inspirava-se nas últimas tendências da ARTE CINÉTICA e nas numerosas
reformas e construções de igrejas
europeias privilegiava a a presença dos fieis. Enquanto isto a figuração era substituída
por objetos evocadores da transcendência. A esfera de bronze dourado parte da
sugestão daquela da capela do vizinho do
Colégio São João. No caso da igreja paroquial São
João esta esfera também é o sacrário suspenso e rima com o circulo giratório
superior cercado de barra de acrílico translúcido e que irradiam as três cores
fundamentais da luz.
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Na
conclusão desta postagem
O grande problema do
processo ensino- aprendizagem é a busca desmedida dos meios para classificar
conforme um padrão e um tipo ideal adequado para a lógica das máquinas. Neste
condicionamento os seus agentes o
submetem condicionantes da ERA
INDUSTRIAL e seus educandos seguem obedientes aos rituais da LUNHA de MONTAGEM.
Esta lógica, das máquinas, busca todos os pretextos para cravar um alfinete
classificatório em todas as pessoas, processos e obras que caem, por
acaso, sob o seu campo de forças. Ato
contínuo busca um espaço para exibi pessoas, processos e obras em quadros
cartesianos guardados nos museus ou nos muquifos escolares.
A ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL
acelerou e transformou as condicionantes deste processo dominador,
classificatório e reificador num tremendo volume insustentável para a criatura
humana.
Fig. 25 – Quadro
docente do COLÉGIO SÃO JOÃO de Porto Alegre no
dia 01 de março de 1967
Da esquerda para
direita: Pedro SILVEIRA. Eimor
BÍSSIGO., Ivo LORO, Maurílio ARTICO, Victor STUMVELL. Ir, Hilário ARALDI,
Felicio LUNKES, Ir. Arnaldo HILLEBRAND (diretor). José Otmar SCHWAB., Geni
KARLINSKI, Ademir AGOSTINI, Alzira S, SANTOS, Hermes P.SOUZA, Sueli S. da LUZ,. Linis SCHUSTER, Ir Benjamim(Ermínio DECÓ),
Norberto L. GIEHL, Edwino HECKLER, Círio SIMON, e João Caetenao FREITAS
(prefeito)
A resposta silenciosa e
individual - a esta incomensurabilidade
- é a abatia desta criatura humana, a fuga desta realidade concreta ou, então, a mais rasa heteronímia assumida e a escravidão
voluntária e perpetua.
Fig. 26 – Quadro docente do Curso Primário do COLÉGIO
SÃO JOÃO de Porto Alegre em 1968. (Da
esquerda para direita do observador) 1 –
Círio Simon; 2 – Ivo Loro ; 3- Schuster; 4 – Alzira ; 5 Geni Karlinsky; 6 –
Jussara; 7 - Suelcy da Luz; 8 - Júlio ;
9 - Eimor F. Bíssigo; 10 - Felipe Pereira ; 11- Armênio Coutinho ; 12 – Júlio Cesar Coutinho13 - Celso Fortes.
A iniciar pelos docentes este quadro realizou
a transição entre a escola exclusivamente
masculina para o ensino misto.
.
Entre o trabalho e a obra.
Como síntese foi
possível verificar que, na década de
1960, no COLÉGIO SÃO JOÃO importava o
processo, o trabalho e o ambiente
destinado, preparado para ENSINO-APRENDIZAGEM. Processo, o trabalho e o
ambiente humanizado com o objetivo de iniciar, de continuar e de fortalecer os
princípios cidadãos e civilizatórios a FORMAÇÃO HUMANA.
Os vestígios presentes
nas OBRAS de ARTE, deste período, parecem materializar índices deste processo.
OBRAS de ARTE que carecem da palavra e do verbo para apontar e evidenciar o
máximo de conteúdo e repertório que estas OBRAS de ARTE querem dizer no mínimo
de sua forma sensível aos sentidos humanos.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
CALAGE,
Eloi – Capelinha de São João: Escola e Museu de Arte – Porto Alegre:
Correio do Povo – Domingo 13.12.1964.
CORONA,
Fernando (1895-1979). Caminhada nas
artes: 1940-1976. Porto Alegre: UFRGS- IEL/DAC/SEC-RS, 1977, 241 p.
CAVALCANTI,
Carlos, AYALA, Walmir (Coordenação) DICIONÁRIO BRASILEIRO de ARTISTAS PLÁSTICOS.
Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973, 4º vol , Il, p.286
MEMORIAL
do ANO de 1969 do COLÉGIO SÃO JOÃO. Porto Alegre: edição do Colégio São João textos e
ilustrações.
MONDIN,
Guido Fernando (1921-2000) Burgo sem água- reminiscências do 4°
Distrito - Porto Alegre:
FEPLAN,1987, 187 p.
ROSA, Renato et PRESSER, Décio .Dicionário das Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. (2ª ed r) Porto
Alegre : UFRGS, 2000, 527 p. ISBN 85-7025-522-5 - http://archive.li/ptAjA
WERTHEIMER,
Mariana [Coordenação] - ESTUDO do
PATRIMÔNIO de VITRAIS produzidos em Porto Alegre no período de 1920-1980.
Porto Alegre: DVD- Patrocínio PETROBRAS [2009] -Indexação na Biblioteca da USP
– julho 2009
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
ESTÉTICA do QUARTO DISTRITO de PORTO ALEGRE
ESTÉTICA do QUARTO DISTRITO de PORTO ALEGRE
A ESTÉTICA do 4º
DISTRITO: sumário do mês de fevereiro de 2014 em:
A FESTA das ÁGUAS de NAVEGANTES e de VENEZA
QUARTO DISTRITO
QUARTO DISTRITO de PORTO ALEGRE: ¿ o que é isto?
SOLAR
COLONIAL do 4º DISTRITO ARRASADO
VIA SACRA do NEGRINHO do PASTOREIO de Aldo Locatelli
no Palácio do Governo
2017
COLÉGIO
SÂO JOÃO - PORTO ALEGRE - RS
http://lasalle.edu.br/saojoao
http://saojoao80.blogspot.com.br/2013/10/historia-escultura-em-vidro-de-sao-joao.html
http://saojoao80.blogspot.com.br/2013/10/historia-escultura-em-vidro-de-sao-joao.html
https://www.youtube.com/watch?v=tvhmsvRazAU
[Video]
COLÉGIO
SÂO JOÃO de PORTO ALEGRE na DÉCADA de
1960 – outra versão eletrônica
https://profciriosimon.blogspot.com/2017/03/198-estudos-de-arte.html?m=1&fbclid=IwAR03tN_S9ucH2pLzWSEBnLTsv2LOWuZ5ipC496Pt5DiImCxKZfrekNkI_QE
EX-ALUNOS
COLÈGIO SÂO JOÃO
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Fig. 27 – Num
olhar retrospectivo faltam muitas narrativas e elementos do que foi o trabalho e as obras de arte da
década de 1960 no COLÉGIO SÂO JOÃO de Porto Alegre .
Carente destas narrativas as obras
visuais permanecem mudas e a espera das picaretas para reduzir todas elas à
poeira da qual vieram.
Fig. 28– Cirio SIMON como verbete de CAVALCANTI, Carlos, AYALA, Walmir
(Coordenação) DICIONÁRIO BRASILEIRO de
ARTISTAS PLÁSTICOS. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973, 4º vol,
p.286
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Referências para Círio SIMON
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DISSERTAÇÃO: A Prática Democrática
TESE: Origens do Instituto de Artes da
UFRGS
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