CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÃO
- centenário.
01 – Quem foi Christina? – 02 – A formação de Christina
nas Artes Visuais -03 – Obra escondida de Christina e dissimulada sob a
vida. 04 – Christina com agente cultural 05 – Discípulos de Christina . 06 – Christina
se finge de velhinha 07 – Memória da
pessoa de Christina , da sua obra e das suas ações
foto de Jorge de Castro em 1949
Acervo de fotos de propriedade de Christina BALBÂO cedidas por ela pontualmente ao autor da tese “Origens do IBA-RS”
Acervo de fotos de propriedade de Christina BALBÂO cedidas por ela pontualmente ao autor da tese “Origens do IBA-RS”
Fig. 01 – A introspectiva CHRISTINA HELFENSTELLER
BALBÂO empenhou-se profundamente no seu autoconhecimento.. . Esta autodescoberta conferiu-lhe conhecimento, vontade e emoção no trato
com o OUTRO não encontrando barreiras no grau intelectual, na profissão ou sentimentos
01 – Quem foi
Christina? –
A artista,
a professora e a estudante CHRISTINA H. BALBÃO foi uma síntese feliz do seu
tempo, das suas vivências e da sua produção
estética possíveis nestas suas circunstâncias da sua cidade de origem. Ela
nasceu em Porto Alegre no dia 07 de fevereiro de 1917, atravessou o século XX e
estava em plena lucidez e ação, quando em 02 de agosto de 2007 foi colhida, na
sua cidade de origem, pelo destino comum dos mortais.
Ao longo dos seus noventa anos de existência, Christina
atingiu uma síntese pessoal a partir da base da cultura lusitana do pai Antônio
Martins BALBÃO (1864 – 1950) e do legado germânico da sua mãe Emília
HELFENSTELLER. Ambos foram hábeis artesões, orgulhando sua família e a si
mesmos com suas atividades criativas realizadas com as suas próprias mãos.
Christina optou pelas “ARTES NOBRES” e sem aplicação e lucros imediatos[1].
Coerente com este projeto percebeu que estas “ARTES NOBRES” só podiam baixar
numa cultura preparada, coerente com as altas esferas do conhecimento, da vontade
cultivada e dos sentimentos estéticos coerentes.
Acervo de fotos de propriedade de Christina
BALBÂO cedidas por ela pontualmente ao
autor da tese “Origens do IBA-RS”
Fig. 02 – A música acompanhou a vida de CHRISTINA
HELFENSTELLER BALBÂO o começo ao fim. Seu último aro foi fazer-se plateia do
Theatro São Pedro e vir para casa e fraturar o fêmur ao descser do ônibus
coletivo.. Na sua formação completa e básica da
sua autodescoberta inclui a presença de
todas as “ARTES NOBRES”. Este vasto horizonte estético permitia-lhe escapar de
qualquer armadilha ideológica, conceitual e redutora.
02
– A formação de Christina nas Artes
Visuais
Inicialmente Christina teve de se preparar para
atingir e viver nestas altas esferas. Buscou aquilo que o meio local lhe
oferecia de mais coerente com seu projeto sem abandonar Porto Alegre, a sua
família e o seu circulo de amizades. Christina tentou semear e retribuir e
consolidar, ao máximo, este seu meio cultivou ao longo de sua existência esta
fidelidade à sua terra, tempo e sociedade de origem. Semeadura realizada, por ela,
ao abrigo das incipientes, frágeis e pouco densas instituições destinadas às
artes visuais em Porto Alegre.
Acervo de fotos de propriedade de Christina
BALBÂO cedidas por ela pontualmente ao
autor da tese “Origens do IBA-RS”
Fig. 03 – A fotografia de um happening da década de
1930 com as máscaras dos modelos de gesso e atrás de uma destas CHRISTINA
HELFENSTELLER BALBÂO está
escondida Ela repassou, esta foto ao autor desta postagem. além de uma série de
outras imagens do seu tempo de ESCOLA de
ARTES do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul
Nesta
árdua e continuada tarefa não é possível falar e escrever em fortuna e avaliar
os resultados destes projetos de Christina BALBÃO, pois estas instituições
estão vivas e convocando cada vez mais pessoas para torná-las projetos por
tempo indeterminado. Em cada agente destas instituições é possível perceber um
fractal da ação, do ânimo e das obras de Christina BALBÃO O grande mérito desta
educadora reside no conhecimento, vontade e sentimento conjugados para se
constituir uma autêntica mediadora do oxigênio cultural que circula nestas
altas esferas das Artes Visuais. Esta preparação, continuidade e reprodução de
sua mediação não foi fácil numa cultura anestesiada pelo colonialismo e
servidão de ambientes hegemônicos. Ambientes estranhos que se valem das artes
para impor as suas mentalidades, seus projetos e colher os lucros simbólicos de
sua própria e exclusiva identidade.
Acervo de fotos de propriedade de Christina
BALBÂO cedidas por ela pontualmente ao
autor da tese “Origens do IBA-RS”
Fig. 04 – CHRISTINA
HELFENSTELLER BALBÂO ressaltava que Libindo Ferrás insistia nas fotos de ESCOLA de ARTES do Instituto de Belas Artes do
Rio Grande do Sul que “ELAS FIZESSEM SORRISOS INTELIGENTES”
recomendação que jamais entendeu o que eram os tais “SORRISOS INTELIGENTES”. .De fato eram grupos minúsculos e que
frequentam a Escola no turno inverso de seus cursos “sérios e
profissionalizantes” em outras instituições de ensino de Porto Alegre. Não
havia vestibular e nem chamada. Apenas BANCAS SEMESTRAIS com professores e
artistas consagrados e de fora do IBA-RS. As aulas coletivas preparavam para
estas BANCAS SEMESTRAIS individualizadas.
Deve-se creditar à
Christina BALBÃO a sua capacidade de distinguir e separar as esferas da
ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA daquela da PESQUISA ESTÉTICA. Para praticar esta
PESQUISA ESTÉTICA ela se submeteu às práticas de dois cursos superiores
distintos e feitos em tempos separados. Com este conhecimento, saber e
habilidades práticas adquiridas colocou no seu devido lugar a ATUALIZAÇÃO da
INTELIGÊNCIA. Assim foi defensora ardorosa da realização das BIENAIS do
MERCOSUL que abriam a possibilidade de a população em geral do Rio Grande do
Sul de ATUALIZAR a sua INTELIGÊNCIA
Fig. 05 – Libindo FERRÀS (1877-1951) foi mestre e
diretor de CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO na ESCOLA de ARTES do IBA-RS Libindo
optou inicialmente pelo estudo de Engenharia no Rio de Janeiro. Insatisfeito
foi estudar arte na Itália. De retorno entregou-se ao esporte e corridas de
bicicleta. Os amigos que conheciam suas capacidades gráficas cogitaram e
prendê-lo para se entregasse à arte. Olinto de Oliveira o escolheu para iniciar
a Escola de Artes do IBA-RS. Nesta tarefa foi provedor do IBA-RS, diretor da
Escola e único professor além de algum eventual ajudante. Christina recordava-se
dele com os seus lápis com finas e longas pontas e que ela quebrava no seu primeiro
traço.. .
Somava-se com intensidade, simpatia e estimulo
positivo na plateia daqueles que resolviam socializar as suas PESQUISAS
ESTÉTICAS LOCAIS. Assim o Teatro, a Música e especialmente as ARTES VISUAS
tinham em CHRISTINA BALBÃO alguém que entendia este esforço de MOSTRAR a
PESQUISA num ambiente pouco denso e ainda carente de um público capaz destes
voos nas ALTAS ESFERAS ESTÉTICAS.
Fig. 06 – Apesar de não existir a cadeira da PINTURA
na ESCOLA de ARTES do IBA-RS CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÃO não fugiu ao
desafio das tintas e pinceis.. Evidente que DESENHO guia a construção desta figura e que ela aprendeu
do seu mestre Libindo FERRÁS.
03
– A obra de Christina escondida e dissimulada sob a sua vida.
A maior parte da obra de Christina BALBÃO permanece
submersa a espera de um resgate competente e com suficiente logística para
levar a bom termo este projeto.
Fig. 07 – CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO reportava-se
aos seu mestra FRANCIS PELICHEK como um severo e austero professor e que não
tolerava nenhum atraso nas suas aula. Esta imanem e concepção contrariava a
opinião geral que tinha no mestre techeco com folgazão, tomador de cervejas e
alegre participantes de rodas de boêmios. Christina explicava esta contradição pela
origem e severa formação europeia de Francis PELICHEK. Formação em relação à
qual os meio impressos de Porto Alegre
se reportavam jocosamente como o “BARÂO da BOHÊMIA.”
Contudo a própria artista era avessa a remexer,
estudar e especialmente socializar a sua produção. Uma das frases favoritas era
a pergunta “¿ qual a razão para eu
contribuir para atulhar, ainda mais, este planeta com meus objetos?”. Assim
foi competente para fugir de todo plágio e cópia de si mesma. Esta liberdade
intelectual e física não era expressão de nenhuma superioridade ou desprezo.
Antes, ao contrário, deixavam-na numa liberdade intelectual, numa autonomia da
vontade e com a sensibilidade ativa quando encontrava um objeto, uma obra de
arte coerente o qual expressava no mínimo de sua forma física o máximo do
universo mental de sua origem. Estes objeto estéticos mereciam, da parte de
Christina, o máximo de sua atenção,
carinho e cuidados físicos, como aqueles que constituem hoje a base física do
acervo do MARGS. Christina era, no início desta instituição, ao mesmo tempo, responsável pelo acervo,
mediadora das socializações das exposições,
guarda do Museu, secretária, museóloga e arquivista. Estas atividades
ela continuou a exercer muito após a sua aposentadoria. A sua presença no MARGS
continuou constante, recheada de sabedoria, de benevolência e orientações
seguras e experimentadas por ela na sua prática como estudante, professora e
agente qualificada dos primórdios desta instituição.
Fig. 08 – Nesta imagem é bem visível a influência de
PELICHEK na obra de CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO. O trabalho que
evidencia os volumes do corpo a conduziu para a área da MODELAGEM e da ESCULTURA como
pode-se notar na figura 13
A sua presença no MARGS, em dias fim de semana, de folga
e de lazer da população, era discreta e silenciosa, mas apta e pronta quando a
sua voz, os seus gestos e seus pensamentos se somavam com as mensagens
civilizatórias das obras de arte. Ela sabia que as obras de arte não falam e
não se defendem por si mesmas. Estas obras de artes visuais necessitam da voz,
da palavra e do gesto para entregar um pouco do seu imenso e inesgotável
conteúdo que encerram nos seus pequenos frágeis corpos físicos.
Álbum no 1 Aulas de
ESCULTURA do Curso Superior de Artes Plásticas do Instituto de Artes do Rio
Grande do Sul:-
Fig. 09 – CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO modelando no
porão do antigo sobrado do IBA-RS no nº
248 da Rua Senhor dos Passos. O seu modelo é um veterano da Guerra do Paraguai .
A presente imagem além do resultado final foram preservados pela foto identificada no
1º álbum dos ESTUDANTES de ESCULTURAS do Professor Fernando Corona (Iig.
10)
Creio que todas
e todos, que estão nesta sala, podem considerar-se um pouco filhas e filhos da
Cristina Balbão. Mesmo aqueles que não sabem disto, devem algo desta relação
filial com ela. Dificilmente alguém aqui presente deixou de ter, na hora de
socializar a sua obra de arte, o estímulo da Cristina. Atenta, carinhosa como
verdadeira mãe, era publico no teatro, nas artes visuais e na música. E sabe-se
que arte se completa na recepção da obra.
Álbum no 1 Aulas de
ESCULTURA do Curso Superior de Artes Plásticas do Instituto de Artes do Rio
Grande do Sul:-
Fig. 10 – O resultado da obra de CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO preservado pela PINACOTECA BARÂO de SANTO ÂNGELO do IA_UFRGS. introspectiva empenhou-se profundamente no seu
autoconhecimento. .
Esta autodescoberta conferiu-lhe conhecimento,
vontade e emoção no trato com o OUTRO não encontrando barreiras no grau
intelectual, na profissão ou sentimentos
A sua presença
constante, ouvinte fiel e pelos seus sinceros aplausos, Cristina multiplicava
aspirações civilizadas constituindo-se em suporte invisível, para muitos
músicos de primeira viagem pelo mundo da erudição
Álbum no 1 Aulas de
ESCULTURA do Curso Superior de Artes Plásticas do Instituto de Artes do Rio
Grande do Sul:-
Fig. 11 – CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO não
permaneceu indiferente à “GENTE de RUA” como a esmoleira. Era também a fonte de inspiração do su mestre
Francis PELICHEK que registrou em porto Alegre toda uma sociedade que vivia os
cânone sociais e econômicos da era
colonial lusitana. Esta obra foi preservada pela PINACOTECA BARÂO de
SANTO ÂNGELO do IA_UFRGS além do registro no ALBUM Nº 1 das
Aulas e Escultura do IBA-RS
A Cristina
Balbão não teve uma única e simples vida. Ela se multiplicou. Somou-se com todas
as nossas aspirações civilizadas de um mundo de arte e de uma vida digna.
Álbum no 1 Aulas de
ESCULTURA do Curso Superior de Artes Plásticas do Instituto de Artes do Rio
Grande do Sul:-
Fig. 12 – O
exame final (TCC) do curso superior de Escultura de CHRISTIA HELFENSTELLER
BALBÂO e de HELGA VOLMER ( da
família do arquiteto ALBANO VOLKMER[1]). .
A sala do atelier improvisado de
Escultura é a cozinha do prédio da Rua da PRAIA nº
1.511 , 1º andar . Enquanto isto se construía o
prédio da Rua Senhor dos Passos João Fahrion faz parte da banca e que aperece
na porta. Outro membro da Banca foi Maristany de Trias que nã aparece na foto
Existe uma
unanimidade entre todos aqueles são portadores da memória feliz de Christina
como uma pessoa atenta, civilizada e agradável. Tenho a impressão que ela está
aqui. Escondida no grupo, silenciosa, e que, de repente, ela irá confidenciar-nos
uma orientação precisa e lúcida, em voz baixa e meiga
[1] José Albano VOLKMER https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Albano_Volkmer
Álbum no 1 Aulas de
ESCULTURA do Curso Superior de Artes Plásticas do Instituto de Artes do Rio
Grande do Sul:-
Fig. 13 – A obra escultórica plena de CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO são
respostas plásticas aos estímulos sensoriais provenientes dos modelos vivos que posavam para os estudantes.
Esta obra é culminância dos exercícios práticos do Curso Superior de Escultura..
No contraditório esta série de obras
de Christina constituem obras escolares.
Como tais eram vistas na perspectiva de QUE ESTDANTE NÂO FAZ ARTE pois ainda está na heteronomia dos
mestres e dos cânones do sistema de
ENSINO-APRENDIZAGEM
04 – Christina como agente cultural.
Em todas as
manifestações das artes no Rio Grande do Sul ela foi uma das mais notáveis
expressões das circunstâncias nas quais estas artes se desenvolveram no Sul do
Brasil.
Acervo de fotos de propriedade de Christina
BALBÂO cedidas por ela pontualmente ao
autor da tese “Origens do IBA-RS”
Fig. 14 – CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO e ALICE ARDOHAIN
SOARES ( 1917-2005) num passeio pela Rua da Praia. As duas nasceram no ano de
1917 e completam em 2017 os seus respectivos CENTENÁRIOS. Duas aristas que estudaram juntas e
enfrentaram a tarefa do magistério além do pioneirismo em se constituírem em
ativas agentes culturais a favor do reconhecimento do estatuto de artistas com
obra pessoal. Ambas enfrentaram ao seu modo e personalidade a expressão
estética de sua obra por meio de uma produção que ultrapassava a heteronomia dos mestres e dos cânones do sistema de ENSINO-APRENDIZAGEM. O mesmo ano
de 2017 é também o ano do centenário de
nascimento de Alice Esther BRUEGGEMANN (1917-2001).e cuja obra e caminhada nas
artes foram realizadas em conjunto harmonioso e produtivo
.
.
Cristina
realizou o seu trabalho através das instituições. A sua presença foi consequente
e, assim, não foi um mero “gostar” ou não-gostar” pessoais. Com o seu exemplo e
sua dedicação, até os últimos dias e das forças dos seus bem vividos 90 anos,
congregou e apoiou o caminho da institucionalização continuada das artes no Rio
Grande do Sul.
Acervo de fotos de propriedade de Christina
BALBÂO cedidas por ela pontualmente ao
autor da tese “Origens do IBA-RS”
Fig. 15 – CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO ( 1ª a direita
de quem olha a foto) na socialização da sua obra.. . Presente na mostra Fernando CORONA (1º à esquerda da foto). Ao centro
Tasso Corrêa (terno claro e gravata escura). Foram poucas as mostras de
Christina guiada pelo seu projeto de não poluir o mundo com obras físicas.
A jovem discípula
de Libindo Ferras e de Francis Pelichek, realizou uma formação esmerada na
Escola de Artes do Instituto Livre de Belas Artes do Rio Grande do Sul. Pessoa
adulta compreendeu o sentido da proposta de Ado Malagoli de um Museu de Arte
para o Rio Grande do Sul já nos primeiros momentos desta instituição. Christina
deu ânimo e sentido consequente a esta proposta até os últimos dias de sua
vida.
Fig. 16 – A presença de CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO (1ª a
esquerda de quem olha a foto), a lado de
Idalina Pires da Silveira Rocha, Victor Neves, Ruth Malagoli ( ao fundo) e
Waldemar Lübke (1ª a direita) nas
comemorações dos 20 anos se administração de Tasso Bolívar Dias CORRÊA do
IBA-RS[1].
Este evento reuniu os principais colaboradores, professores e estudantes
que reergueram o IBA-RS depois d e su 6ª expulsão da URGS e antes de sua
reincorporação federal via Brasília.
Como pessoa
experimentada, foi docente ativa e sensível. Na sua sensibilidade adivinhava,
no íntimo, a potencialidade de cada nova vocação para as artes. Como professora
nunca sonegou os seus conselhos, no momento oportuno, preciso e crítico. O
estudante sabia que estes conselhos eram provenientes de quem sabia cultivar,
no campo das artes, o hábito da integridade intelectual.
A Hora.
Porto Alegre, dias 12.0.1956, 13.06.1956 e 15.06.1956
Correio do Povo. Porto Alegre,
23.06.1956, p.4
O
Jornal. Rio de Janeiro, Sábado, 23.06.1956 (Recortes dos periódicos sem noe
página da pasta de Tasso Corrêa
{148bCURR}
Acervo de fotos de propriedade de Christina
BALBÂO cedidas por ela pontualmente ao
autor da tese “Origens do IBA-RS”
Fig. 17 – Maria José CARDOSO, uma aluna de CHRISTIA HELFENSTELLER BALBÂO foi a MIS BRASIL
de 1956[1].
No centro da foto a estudante do IBA-RS está ao lado de Ângelo Guido professor
de História da Arte do IBA-RS, organizador do concurso pelos Diários
Associados. Aparecem - além da
Christina -, os professores do
IBA-RS João Fahrion(1º a esquerda de
quem olha a foto),, Ado Malagoli e Alice Soares. O mural ao fundo é do professor
João Fahrion
É necessário
considerar que Cristina Balbão instaurou uma tradição, uma memória
institucional. Para aqueles que de fato permanecem vivos, é crucial cultivar
esta tradição, se a intenção é contrapor a arte e a civilização a tanta
banalidade, interesses espúrios e a criminalidade sem imites e fronteiras. Sem
a presença física de Cristina é necessário que este seu espírito institucional
seja cultivado e continuado. É necessário multiplicar a memória da Cristina em
milhares de outros agentes institucionais, que se espelhem nesta mediadora, que
se colocara perigosamente entre a civilização e a barbárie.
Ciente disto,
Cristina nunca se concedeu, a si mesma, um fim-de-semana livre, férias ou
aposentadoria desta atividade institucional.
05 – Discípulos de Christina
A vida e a obra
de Cristina Balbão continuam presente na dedicação dos mediadores e dos amigos
do MARGS, dos docentes de arte, dos administradores culturais, dos estudantes
de artes e das ciências humanas, dos comunicadores, dos economistas culturais,
dos atores, dos músicos e dos artistas profissionais.
Acervo de fotos de propriedade de Christina
BALBÂO cedidas por ela pontualmente ao
autor da tese “Origens do IBA-RS”
Fig. 18 – CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO (1ª sentada
a esquerda de quem olha a foto), a
frente de professores e estudantes do CURSO de ARTES PLATICAS do IBA-RS. . Ao fundo o mural de Aldo Locatelli que aparece com a metade do rosto Época de apogeu e de
autonomia do projeto do IBA-RS graças à
intensa integração de estadantes e professores que sabem das dificuldades e
deixam de lado qualquer intriga, superioridade e conflito menos nobre o daquele
de construir uma civilização pela e por meio da Arte
Com sua própria experiência, conhecimentos
adquiridos e com sua sensibilidade cultivada Cristina BALBÃO abriu caminhos
para uma legião de novos artistas. A fortuna destes novos artistas jamais dependeu
do proselitismo ou de imposições estéticas a favor ou contra qualquer corrente
estética específica. Jamais praticou qualquer maniqueísmo em relação às suas
posições estéticas pessoais contra as posições de outros. A intriga estava fora
de seu vocabulário, da sua didática e do seu modo de vida. Onde percebia este
componente, contornava este campo minado
e se refugiava no seu atelier para se ela mesma.
Desenha-se, para
a humanidade, um período e um cenário de ócio criativo com o triunfo da
aplicação da tecnologia e do conhecimento no qual a arte possui um papel
primordial. Contudo há necessidade de multiplicar o exemplo e a obra da
Cristina Balbão, se quisermos que, esta tecnologia e este conhecimento
aplicado, tenham algum sentido civilizado e do qual a humanidade possa se
orgulhar positivamente. A ciência, a tecnologia, a economia, a política e a
própria cultura, como todas as
ferramentas e criações humanas, podem ser usadas como instrumentos de
dominação, derivar para a exploração sem ética e para a simples barbárie.
A Cristina nunca
foi pregar e reivindicar isto nas praças públicas. Ao contrário ajudou a institucionalizar
a arte, construindo sólidas bases da nova civilização imbuída da austeridade
republicana, pelo exemplo doméstico do atelier, pela continuada e a silenciosa
presença nas salas de arte.
Nesta vida
civilizada da Cristina não há registro de polêmicas, nas quais ela tenha
perdido o seu tempo e as suas energias. Não há testemunho de queixas relativas
às fraquezas humanas, nem sobre traições, sobre oponentes e sobre inimigos
pessoais.
Acervo de fotos de propriedade de Christina
BALBÂO cedidas por ela pontualmente ao
autor da tese “Origens do IBA-RS”
Fig. 19 – CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO sabia, por si
mesma, as dificuldades, inconstâncias e contratempos presentes em cada passo
das “CAMINHADA nas ARTES”. Assim era presença constate o Bar do
IBA-RS onde congregava a professores e estudantes para troca de informações
para tornar viva, desafiadora e solidária esta marcha pelo CAMPO das ARTES.
Após Cristina
nos deixar fisicamente, é possível deixar fluir livremente e aumentar as
melhores aspirações aprovadas tacitamente por ela. Com estas aspirações,
aumentadas e livres, é possível cultivar os hábitos da integridade intelectual
da mestra, com o objetivo de construir uma obra de arte com a nossa vida e da
cultura da nossa cidade.
Nos diálogos
pessoais, quando questionada sobre a sua obra física, ela respondia: - “Não faço mais objetos. O mundo já está
atulhado deles. Trato de transformar a minha vida em obra de arte”. Com
este ensinamento ela alcançou os pontos mais elevados do mundo no qual
Aristóteles distinguia (1973: 343 114a 10 ) “toda a arte está no que produz, e não no que é produzido”. Agora
Cristina colocou a pincelada final nesta obra maior.
Acervo de fotos de propriedade de Christina
BALBÂO cedidas por ela pontualmente ao
autor da tese “Origens do IBA-RS”
Fig. 20 – CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO sempre cultivou
a sua imagem a partir do seu exemplo materno. Na imagem, acima, com um modelo de Ruy Spohr. Flavio Spohr foi
estudante do Curso de Artes Plásticas do IBA-RS. Mas se decidiu cedo pela MODA.
Para tanto foi para Paris. Ali encontrou a vertente da ” MODA como COISA MENTAL”.
Para tanto frequentou o pensamento de Roland Barthes auferindo preciosas
lições da sua obra “Systtème de la Mode”.Criou a marca RUY ESTILISTAS Estilística proveniente do pensamento mas que
necessita de um corpo adequado pela MANIPULAÇÃO do CORTE e da COSTURA, da TESIOURA
e da LINHA.
.
06 – Christina se finge de velhinha.
Na vida da
Cristina Balbão existem raras fotos oficiais, os seus discursos são coloquiais
e mínimos ou com raros textos impressos de sua autoria. O seu ensino foi sem
textos pessoais ou autorais, imitando Sócrates, Cristo ou Buda. Sem discursos
ela era livre para viver os seus próprios paradigmas e de julgar, de forma
autônoma, as criaturas humanas nas maneiras de se apresentarem e na coerência
com as suas obras.
Fruto desta
renúncia ela podia ensinar com autoridade a arte. Fazia isto de forma verbal,
apropriada e coerente com o seu tempo e seu local.
A vida de
Cristina Balbão foi uma presença feminina civilizada, uma testemunha constante
e um apoio qualificado para a institucionalização do sistema de artes visuais
no Rio Grande do Sul.
Ela era uma das
mais conscientes de que na arte no Rio Grande do Sul pairam constantes ameaças.
Ele percebia elaborava e vivia a arte apesar desta estar sujeita às mais
agressivas queimas de etapas sem deixar nada em seu lugar, senão desertos de
indiferença. Ela sabia que a arte, deixada ao natural, sofre a rápida e a
permanente entropia cultural da sua identidade cultural e fruto do retorno a
esta Natureza, sem nada por dentro.
Christina Hellfensteller BALBÃO 1917-2007 - Autorretrato -28-06-1944 Pinacoteca Aldo LOCATELL
Fig. 21 – CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO foi mestra no
desenho. Desenho como “COISA MENTAL” ou como queria Miguel Ângelo “un Dio in
noi”[1]
que ela transferiu para a Pintura como
para a escultura. No seu autorretrato demonstra este virtuosismo empenhou-se
profundamente no seu autoconhecimento. .
Esta autodescoberta conferiu-lhe
conhecimento, vontade e emoção no trato com o OUTRO não encontrando barreiras
no grau intelectual, na profissão ou
sentimentos
Em síntese,
permanece a sua lição de abertura para a vida mediada pela arte. Para ela não
importava o que o outro estivesse fazendo, pensando ou acreditando. Não
importava profissão, grau de instrução ou ideologia. Com o seu projeto ancorado
nas altas esferas das “ARTES NOBRES”, nunca se deixou arrastar para o meio de um
torvelinho de intriga, de interesses menores, passageiros ou pessoais.
[1] MIGUEL ÂNGELO e FRANCISCO de
HOLANDA http://profciriosimon.blogspot.com.br/2014/12/estudos-de-arte-002.html
Grupo de PESQUISA da AAMARGS
Fig. 22 – A presença de CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO o MUSEU de ARTE do Rio Grande do Sul ADO
MALAGOLI. A alegria era redobrada quandoo encontrava ali Ruth MALAGOLI. A imagem
é do 05 de dezembro de 2002 na conclusão de um semestre de encontros promovidos
pela Associação de Amigos do MARGS. Da esquerda para a direita de quem observa
a foto LENIR PERONDI - CHRISTINA – RUTH MALAGOLI e CÌRIO SIMON
07 – A memória
da pessoa de Christina, da sua obra e das suas ações.
A escolha de Cristina Balbão pelo tom
coloquial, sem grandes discursos, impõe algum projeto e uma forma para
preservar as preciosas e frágeis lições deste ente.
Felizmente a memória
oral da Cristina Balbão ainda possui condições favoráveis de migrar para
memória escrita e visual. A renúncia, aos textos e aos discursos públicos, da
mestra necessita a compensação de cronistas, críticos, museólogos, arquivistas
e jornalistas.
Estes profissionais dispõe vasto material para recolher para editar em periódicos, livros e audiovisuais.
Com a edição deste material lucrariam, não só a pessoa da primeira mediadora
oficial das artes no Rio Grande do Sul, mas seria um índice preciso da cultura
de sua época e de todas das manifestações locais de arte. As preciosas lições
da Cristina Balbão foram recolhidas ao longo dos últimos cinco anos da vida da
mestra, e já foram registradas de uma forma sistemática
Fig. 23 – CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO e RUTH
MALAGOLI constuíram o ânimo do MUSEU DE
ARTE do RIO GRANDE do SUL. Christina como primeira funcionaria e Ruth MALAGOLI
que obteve o título do marido para a instituição que ele de fato iniciou com a
transferência do casal da capital federal para iniciar na pratica esta missão.
A criação do MARGS tinha sido aprovado no dia 02 de junho de 1946 pelo IBA-RS e
foi implementado por Tasso Corrêa com Conselheiro da SECRETARIA de EDUCAÇÂO e
CULTURA do Rio Grande do Sul..
O cultivo desta
memória cabe aos vivos e que a conheceram física ou por outro meio. Contudo
este papel, não pode ser confiado a seres isolados, limitados e que agem por sua própria iniciativa e risco. Este papel
necessita ser ancorado e ser secundado por instituições. As cerimônias de
memória não podem ser resumidas em cortejos de enterros definitivos da mestra e
a abertura da porta do descarte definitivo do saber extraordinário desta
professora, artista e estudante continuada.
Evidenciaríamos
que este mundo, certamente, ficou melhor e mais civilizado em consequência da
passagem da Cristina Balbão por ele. Para a geração subsequente a recompensa,
do trabalho do cultivo desta memória, é de manter vivos estes altos ideais, aos
olhos e aos corações de todos como um patrimônio simbólico da arte possível no
Rio Grande do Sul ao longo de um século. Todos os testemunhos convergem para o
ponto de que Christina foi agente dedicada das instituições de arte e que ela
ajudou a se tornarem melhores, mais sólidas e mais humanas, devido a esta
dedicação.
Fig. 24 – A presença de CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO (1ª a
direit de quem olha a foto), no dia 14
de junho de 2004 na exposição de YEDDO
TITZE no MARGS. Yeddo não foi só discípulo de CHRISTINA. Na sua
maneira de viver a arte, o seu imenso idealismo e pelo perfeccionismo técnico
combinavam com a falta de ambições pessoais de tornar a sua arte uma empresa ou
negócio.
Conclui-se
afirmando que a vida da Cristina confunde-se com a vida da cultura
sul-rio-grandense por meio do MARGS e do Instituto de Artes da UFRGS. Nada mais
justo, que os sul-rio-grandenses que permanecem ativos, não só se prestem estas
homenagens, mas que todos os interessados neste projeto civilizatório
compensador da violência, abracem a missão que o MARGS e o Instituto possuem. A
Cristina viverá enquanto durarem as ações beneméritas que ela apontou como
dever de todos os que desejam e buscam um mundo melhor.
Fig. 25 – CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO foi sepultada
no jazigo da Família BALBÂO no Cemitério Evangélico do Porto Alegre à direita
de que desce a quadra 3 .. Esta autodescoberta conferiu-lhe conhecimento, vontade e emoção no trato
com o OUTRO não encontrando barreiras no grau intelectual, na profissão ou sentimentos
Esta certeza de um
mundo melhor decorre do fato de que Christina BALBÃO já viveu e praticou os
pressupostos teóricos e físicos da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL. O maior tesouro e os recursos desta ÉPOCA
pertencem ao mundo simbólico. Mundo simbólico do qual a Arte é uma das
expressões vivas. Expressão viva para o PRESENTE e GARANTIA de um FUTURO para
as CIVILIZAÇÕES. Civilizações competentes e que SABEM, INVESTEM e PRESERVAM o
melhor de sua identidade. Identidade materializada nestes frágeis e enigmáticos
suportes físicos que Christina cultivou como “ARTES NOBRES”.
Fig. 26 – Na medida em que CHRISTINA HELFENSTELLER BALBÂO atravessou os principais acontecimentos do século XX (na DIACRONIA) ocorridos em Porto Alegre, na (SINCRONIA) a sua vida é índice do que era possível em ARTE neste TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE. A fidelidade à sua terra de origem torna maís intima e atêntica esta percepção dos limites que estas circunstâncias lhe impiunham. Ao mesmo tempo explorava todas e as mínimas competências que este meio oferecia para poraticar as suas “ARTES NOBRES”. Assim a sua didática funcionava mais pelo exemplo do que discurso . .
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clique sobre o gráfico para ler]
FONTES
BIBLIOGRÁFICAS
BARTHES, Roland (1915-1980) Système
de la Mode- Paris: Éditions du Seuil, 1967, 327 p.
CORONA, Fernando (1895-1979) Palácios do Governo do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre: CORAG, 1973, 44 p.. Il.
Col.
--------Álbum no 1 Aulas de ESCULTURA do Curso
Superior de Artes Plásticas do Instituto de Artes do Rio Grande do Sul:-
contém fotos e escritos de 1938 até
1956 em 99 folhas de arquivo: 297 mm X 210 mm
com 332 fotos coladas. Arquivo do Instituto de Artes da UFRGS
FONTES
NUMÉRICAS DIGITAIS
BIOGRAFIA
e OBRA na PINACOTECA BARÂO de SANTO ÂNGEL
JORNAL da UNIVERSIDADE UFRGS JULHO de 2011 p. 17
Comenda
Pedro WEINGÄRTNER Processo nº 00104 – de 01.04.2004 aprovado em 06.09.2005
PENSAMENTO
de TASSO CORRÊA
PRÊMIO
1º AÇORIANOS de ARTES PLÁSTICAS 2007
O FEMININO na ARTE do RIO GRANDE do SUL
ORIGENS
do INSTITUTO de ARTES da UFRGS
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