A ARTE e a ARQUITETURA em AUTONOMIA no
RIO GRANDE
do SUL
“Toda a arte está no que produz, e não no que é
produzido”.
01 – ARTE EXPRESSA as SUAS CIRCUNSTÂNCIAS
01-1 Toda arte está no que produz.
01-2 Distinguindo as circunstâncias da Arte de
Arquitetura.
01-3 Classificando para entender.
02 – ACIMA de INTRIGAS e MAL ENTENDIDOS
02-1 A arte torna-se complexa e se subdivide em
campos de forças.
02-2 A arte
na transição ente a ERA INDUSTRIAL e PÓS-INDUSTRIAL.
02-3 A arte e arquitetura em dois campos de forças
distintas
03 – A
CIVILIZAÇÃO como CONSTRUÇÃO HUMANA.
03-1 A arte como construção a partir de expressão
da vida.
03-2 A arte guarda as conexões com as expressões
da vida na construção de uma civilização artificial
03-3 Distinguindo
arte de cultura
04 – TRABALHO e OBRA
04-1 Trabalho como castigo.
04-2 O
trabalho humano pode ser substituído por máquinas
04-3 A arte
como índice do grau de uma civilização
05 – SINGULARIDADES do ARTISTA numa
CIVILIZAÇÃO.
05-1
Projetos temerários e destinados ao fracasso
05.2 Artista
não é profissão
05-3 O
cultivo da arte no plano pessoal e no social.
06 – COMPETÊNCIAS e LIMITES do PRESNTE
TEXTO.
06-1
Competências das artes visuais
06-2 Competência comum no hábito da integridade
intelectual.
Parque MARINHA do BRASIL - obra coletiva do Fórum Social Mundi
Fig. 01 – Vestígio do I Fórum Social Mundial celebrado em Porto Alegre entre os
dias 26 e 30 de Janeiro de 2001. O
circulo de pedras- trazidas de todo o
planeta- remete ao signo universal
presente nas construções megalíticas de Stonehenge como aos norengues das
populações primitivas dos mediterrâneas e a taba indígena brasileira. Nelas a ARQUITETURA
e a ESCULTURA viviam e prosperavam na
mesma pessoa .
01 – ARTE EXPRESSA as SUAS CIRCUNSTÂNCIAS
01-1 Toda arte está no que
produz.
No apogeu da ERA INDUSTRIAL os campos das forças
de ARTE e da ARQUITETURA separam as suas energias no Rio Grande do Sul e
proclamaram as suas próprias competências e limites. Para tanto existem razões
profissionais, econômicas, políticas e especialmente de natureza intrínseca.
Mas acima de tudo propiciam a ocasião para evidenciar - em cada campo estético -
a verdade contida na afirmação de Aristóteles de que “toda a arte está no que produz”.
ESCULTURAS em SÉRIE Exames de junho de 1954 3ª série do CURSO SUPERIOR de ARTES PLÀSTICAS ênfase
ESCULTURA IBA-RS
ESCULTURA
dos ALUNOS do INSTITUTO de BELAS ARTES Álbum
no 1
1938 até 1956
Fig. 02 – As aulas institucionais superiores de ESCULTURA iniciaram no Rio Grande
do Sul no Instituto de Belas Artes no ano de 1938 A foto das obras de exame
desta disciplina escolar orientado po Fernando Corona evidencia a profunda
cultura da linha de montagem e do tipo necessário para a produção e avaliação
(exame) neste modo de produção subjacente para a Era Industrial. O próprio
processo geral do ensino aprendizagem esta submerso neste inconsciente coletivo
taylorista
ESCULTURA
dos ALUNOS do INSTITUTO de BELAS ARTES Álbum
no 1
1938 até 1956
01-2 Distinguindo as
circunstâncias da Arte e da Arquitetura.
Na obra de Arte a liberdade depende basicamente
do seu criador. A Arquitetura supõe sempre outra série de condicionantes e de
exigências externas que escapam às competências e aos limites do seu criador.
Porém ambos são testemunhos de uma época, do lugar de sua criação e sociedade
nas quais firam concebidas. Na medida em que esta tripla circunstância se torna
mais complexa Arte e Arquitetura continuam atarefadas para responder ao seu
TEMPO, LOCAL e SOCIEDADE. Nesta tarefa separam-se e distinguem suas
competências e os limites impostos pelas membranas que as protegem e permite a
sua vida autônoma.
1951 - MAQUETES EXAME
FINAL das aulas Fernando CORONA
CURSO
de ARQUITETURA:
Cadeira de MODELAGEM. Documentário fotográfico de 1946 – 47 – 48 – 49 – 50 - 51
Fig. 03 – A As aulas institucionais superiores de ARQUITETURA iniciaram no Rio
Grande do Sul no Instituto de Belas Artes no ano de 1939 com o Curso Técnico de
Arquietura. Em 1945 este curso migrava para o CURSO SUPERIOR de ARQUITETURA,
seguido em 1947 com o com SUPEREIOR de URBANISMO A foto das obras de exame da disciplina
escolar de MAQUETE destes curso também orientado por Fernando Corona mstram
profunda cultura da linha de montagem e do tipo necessário para a produção e
avaliação (exame) neste modo de produção subjacente para a Era Industrial.
01-3 Classificando para
entender.
As manifestações estéticas podem serem
codificadas, percebidas, e respondidas a
partir dos signos e sinais destinados aos sentidos humanos envolvidas na
emissão e recepção de concepções expressas em formas materiais. Para este
processo de emissão, codificação e emissão há uma evidente especialização de
acuidade sensorial e mental. Basicamente supõe uma aprendizagem do que é
importante e acessório neste processo. O desenvolvimento desta acuidade,
destreza no uso e na recepção, codificação e resposta supõe uma longa e difícil
aprendizagem. Cada cultura ou civilização é diferente e necessita educar os que
desejam interagir no espaço estético.
Fig. 04 – Entre
as numerosas possibilidades de racionalização dos diversos campos de criação
artísticas humanas, com o objetivo de sus compreensão intelectual, parte-se, ne eixo vertical da maior
complexidade de signos e de sentidos humanos envolvidos na construção e
apreciação das obras em direção aos mais elementares, universais e abstratas. No
eixo horizontal parte-se da gratuidade destas manifestações humanas em direção
às suas aplicações utilitárias
[ clique sobre o gráfico para ler]
02 – ACIMA de INTRIGAS e MAL ENTENDIDOS
02-1 A arte torna-se
complexa e se subdivide em campos de forças.
Estas subdivisões, autonomias e soberanias dos
diversos campos estéticos não são frutos de intrigas, de mal entendidos ou
excomunhões recíprocas. Apenas seguem a lei geral dos organismos e concepções
quando eles se tornam mais complexos. Separam suas competências em membranas[1]
e limites que os distinguem de sua origem comum. Na medida em as diversas manifestações ARTÍSTICAS
se tornam mais complexas e carregadas de elementos elas distinguem suas funções
e suas organizações, tornam-se autônomas umas das outras. Estes limites e
membranas divisórias, além de guardar sua vida própria, permitem e facilitam a
sua apreciação de quem vem do lado de fora.
Esta apreciação seria difícil e,
mesmo impraticável. na medida em que a
ARTE permanecesse como um TODO uno e homogêneo. Como também seria um passo para
a NATUREZA pura e entrópica.
[1] MATURANA R., Humberto
(1928-)e VARELA. Francisco(1946-).El árbol del conocimiento: las bases
biológicas del conocimiento humano. Madrid: Unigraf. 1996, 219p
Fig. 05 – As aulas institucionais superiores de ESCULTURA, iniciadas no Instituto
de Belas Artes, foram acompanhas por Fernando Corona nas carreiras individuas
dos seus discípulos No ano de 1970
ele foi uma voz ativa e firme na defesa do projeto e execução do MONUMENTO dos
AÇORIANOS do seu discípulo Carlos Tenius.
No seu entorno uma equipe de arquitetos e urbanistas criou umas obras públicas
e urbanísticas coerentes no seu todo e no seu uso viário. Entre eles o Viaduto da continuidade da
Avenida Borges de Medeiros sobre a PRIMEIRA PERIMETRAL do mestre arquiteto
Roberto Py está colocado de numa maneira irretocável no seu devido
contexto.
02-2 A arte na transição ente a ERA INDUSTRIAL
e
PÓS-INDUSTRIAL.
No momento da passagem da era industrial para a pós-industrial é necessário elucidar e fixar alguns conceitos que distinguem
estas duas infraestruturas. A corrida espacial, a informática e os transgênicos
exigiram uma nova estética, vontade e compreensão. A explosão da bomba atômica,
no dia 06 de agosto de 1945, inaugurou esta nova era. As suas ondas de choque foram demais intensos
para serem assimilados
na arte local e
produzir algo diferente, criativa e coerente com este novo tempo e suas
circunstâncias técnicas, sociais e políticas. O triunfo da Era Industrial
corresponde ao apogeu das concepções escandalizadas, unívocas lineares
adequadas ao processo da linha de montagem unívoca, linear e que trabalha com a
estandardização taylorista e de Fayol. A era pós-industrial permite diversas
concepções variadas e com múltiplas entradas e saídas.
MAQUETE do projeto “ MEU GRUPO ESCOLAR” das aulas
CORONA ano de 1951 –
Fig. 06 – A concepção, criação e construção dos espaços físicos e dos prédios
escolares influem poderosamente para a valorização, apreciação e educação
formal do estudante. De fora para dentro a
concepção criação, construção dos prédios escolares é um signos presente e destacado do seu meio
urbano. Este prédio constitui um recado claro para a sociedade do valor ou
menosprezo que uma administração publica possui da educação A foto das obras de
exame da disciplina escolar de MAQUETE deste curso também orientado por
Fernando Corona. .
02-3 A arte e arquitetura
em dois campos de forças distintas
A complexidade e o acúmulo de informações contraditórias e não
amadurecidas, não seletivas são características era pós-industrial. Diante desta complexidade
e acúmulo as Artes e a Arquitetura separaram estes dois campos. Eles passaram a
ter conexões acoplagens distintas da
linha de montagem na qual um ou outro campo de forças era hegemônico. Se a era PÓS-INDUSTRIAL permitiu esta multiplicidades tona-se muito difícil mover-se no interior deste labirinto.
O cenário piora se forem consideradas as múltiplas conexões, conceitos e infraestruturas
nas quais elas operam e se reproduzem.
ARTISTAS PLÁSTICOS – R Revista - MANCHETE - nº 966 de 24.10.1970 - p. 148
Fig. 07 – As manifestações artísticas do ano de 1970 mostram a contradição entre
os “anos de chumbo” do Regime Militar
que não interveio diretamente no campo estético na medida em que este não tocavam
nas questões do poder do Estado Brasileiro De outra parte demonstra a pouca
consistência deste regime em simplesmente “TOLERAR” as manifestações estéticas
das quais não tinham a menor competência, entendimento e vontade de interagir.
Para o artista foi a condenação à sua “AUTONOMIA
de FEVELA” na qual sempre viveu no Brasil.
03 – A
CIVILIZAÇÃO como CONSTRUÇÃO HUMANA.
03-1 A arte como construção
a partir de expressão da vida.
Uma civilização constitui-se
sempre numa construção artificial e humana. A ideia, o pensamento, o projeto e
a lei precedem os fatos no âmbito desta
civilização artificial. No entanto esta civilização se esteriliza - e está
condenada a desaparecer da face da Terra - na medida em que interrompe o fluxo
com a vida e com a Natureza.
A Arte sempre foi a expressão da vida e o primeiro passo humano para o
mundo das ideias. Cabe à Arte realizar,
manter e reproduzir a conexão entre os polos da natureza dada e bruta para o
mundo artificial e construído do pensamento formal. Pensamento formal e
transmissível aos semelhantes humanos por intermédio dos sentidos e das
percepções sensoriais.
03-2 A arte guarda as conexões com as expressões
da vida na construção de uma civilização artificial
Este papel da Arte foi percebido por Platão. Assim ele se preocupou
com as potenciais desconexões que uma lei artificial pode provocar entre a
natureza das percepções dos sentidos humanos com o mundo das ideias. Estes
curtos-circuitos são reais conforme escreveu nos seus Diálogos onde consta
(1991, p.417)[1]
que
“veríamos desaparecer completamente todas
as artes, sem esperança alguma de retorno, sufocada por esta lei que proíbe
toda pesquisa. E a vida que já é bastante penosa, tornar-se-ia então totalmente
insuportável”
O desaparecimento de uma civilização pode ocorrer tanto pela entropia
e pelo consequente retorno para a Natureza. No polo oposto o efeito letal é
comandado pela cristalização em meros rituais comandadas por leis desconectadas
do seu Tempo, Lugar ou Sociedade
SÃO LEOPOLDO monumento do sesquicentenário da
imigração 21.12.1974 Luís Carlos XAVIER, e Vasco PRADO
Fig. 08 – A obra que celebra os 150 anos
da Imigração Alemã - em São Leopoldo
no Rio Grande do Sul, e inaugurada em
plena vigência do Regime Militar - não
tocava nas questões do poder do Estado Brasileiro Antes, ao contrário, era um monumento de um discurso por cima e por fora
do PODER ORIGINÁRIO dando lugar para a ênfase na unidade nacional e de
segurança coletiva sem entrar em méritos, individualidades ou possibilidade de
interação com este poder externo.
03-3
Distinguindo arte de cultura
Numa civilização pragmática e cada vez mais diferenciada e
especializada há necessidade de distinguir ARTE e CULTURA. A ARTE distingue-se
da CULTURA na medida em que o universo
criativo e estético é um estado crítico de permanente vigilante e apto para
praticar a qualquer momento uma ruptura com o seu próprio passado morto e sem
sentido para seu TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE. A CULTURA, ao contrário, não possui
este escrúpulo e busca reforçar e construir um contínuo
“a arte
não pode ter sua missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais
elevado que sobre passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É
o único inútil, no sentido mais temerário”
Poucos seres humanos possuem esta percepção. Muito menos aqueles que
tomam isto como um projeto de vida. Estes que fazem esta opção sejam notados
por aqueles mergulhados nas necessidades
básicas da sobrevivência num mundo
concorrencial e pragmático. Assim aproximam-se do mundo sobre-humano que os
diferencia, eleva sobre a massa comum e especializa.
[1]
NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900)
Sobre
el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.
Cláudio Afonso MARTINS COSTA (1932-2005) –
Maternidade – Pequeno Broze
Fig. 09 – Cláudio Martins Costa buscava nas suas esculturas o “ARQUÉTIPO”
plástico característico de todas as culturas básicas das civilizações humanas.
Este artista estava em permanente interação com as populações indígenas do Rio
Grande do Sul. Desta interação
emanava a sua linguagem de sua obra escultórica.
04 – TRABALHO e OBRA
04-1 Trabalho como castigo.
O mundo da arte busca expressar-se em OBRAS.
Estes OBRAS ultrapassam o mundo do TRABALHO. Na concepção de Hannah ARENDT o
mundo do TRABALHO está associado ao esforço, ao penoso e perecível Ao contrário
a OBRA é o que permanece, ao prazeroso e a fluência coerente com o pensamento e
ao mundo das ideias. O artista possui a recompensa da permanência no TEMPO na
medida da fortuna em associar as suas IDEIAS ao mundo FÍSICO das suas OBRAS. Diante desta recompensa o artista não possui fim de semana, férias ou
aposentadoria.
Enquanto isto o TRABALHADOR penaliza, sofre e se esgota no seu fazer
repetitivo. Para Arendt, (1983: 41) o TRABALHO “segundo a mitologia ponos saiu da caixa de
Pândora, castigo de Zeus contra Prometeu, «o supliciado», que o havia enganado”.
04-2 O trabalho humano pode ser substituído por
máquinas
Enquanto Aristóteles afirma (1973: 243 114a 10) em “toda a arte está no que produz, e não no que é
produzido” no TRABALHO, ao contrario
interessa “o que é produzido”. O produtor confunde-se com o seu produto
e , as tecnologias e métodos. Confusão que segundo Maturana (1996: p. 15) decorre do fato de que
“o trabalho
resulta como acordos de produção nos quais o central é produto e não os seres
humanos que p produzem.. Por isso as relações de trabalho não são relações
sociais o que possibilita substituir o trabalho pelas máquinas. O
desconhecimento do processo é vivido como exploração”.
Por mais inteligente que seja a máquina sempre haverá que a programou
para tal. Nesta maquina prevalece ainda a sua origem no pensamento de Leonardo
da Vinci de que a “a Pintura é uma coisa
mental”
PASSO FUNDO - Monumento ao ferroviário- Paulo
SIQUEIRA[1]
Fig. 10 – A fundição e a cópia múltiplas da era industrial permaneceu no passado quando a solda, a sucata
e estruturas de metal levaram para a confecção de peças únicas. O passo
seguinte foi a era pós-industrial com a intervenção do laser nos cortes de
metais. Cortes comandados por programas de informática. Cabe ao artista criador comandar este
processo
04-3 A arte como índice do grau de uma civilização
O artista e a arte na medida em que possuem e cultivam ativamente o
projeto de não pertence à cultura e, sim, ao sobre-humano elevam sua SOCIEDADE,
TEMPO e LUGAR geográfico para a mesma condição. Ou ao contrario são abatidos
neste voo e ferreamente enjaulados nas necessidades básicas humanas. Esta
condição Miguel Ângelo percebeu comparando as condições da arte em Portugal e
Itália. Francisco de Holanda anotou nos
seus Diálogos de Roma (1955, p. 66)[2]
a sentença de Miguel Ângelo de que:
“nesta nossa terra [Itália]
até os que não estimam muito a pintura a pagam muito melhor que em Espanha e
Portugal os que muito a festejam, por onde vos aconselho, como a filho, que não
vos devíeis partir dela, por que hei medo que, não o fazendo, vos arrependereis”
O mestre italiano estava bem informado das
condições lusitanas de arte por meio de um dos seus ajudantes portugueses que
integrava a sua equipe de assistentes.
[2] HOLANDA,
Francisco de (1517-1584) Diálogos de Roma: da pintura antiga.
Prefácio de Manuel Mendes. Lisboa : Livraria Sá da Costa, 1955, 158 p.
Álvaro SIZA Vieira
1933 - MUSEU IBERÊ Porto Alegre - Correio do Povo 28.05.200
Fig. 11 – O arquiteto Álvaro Siza mantém
estreito contato com a arquitetura ínsita lusitana. Ele criou e encontrou
em Porto Alegre um ambiente estético, social e econômico adequado e disposto a
levar adiante seu projeto e com resultados adequados para a obra de Iberê
Camargo. Esta obra resulta de uma perfeita integração entre escultura,
arquitetura e meio ambiente.
05 – SINGULARIDADES do ARTISTA
numa
CIVILIZAÇÃO.
05-1 Projetos temerários e destinados ao fracasso
Não basta
a um indivíduo singular e separado de sua SOCIEDADE (Volksgeist), de seu TEMPO
(Zeitgeist) ou LUGAR (Weltgeist) forjar um projeto temerário e pessoal de se
NOMEAR ARTISTA. Isto não impede que a sua explosão solitária se transforme em
luz, aviso e desafio. Para Marcel Duchamp o artista deve, hoje, procurar a
universidade e interagir ao nível dos demais. Segundo ele (1991, pp 236-239)[1]
“sob a
aparência, estou tentado dizer sobre o disfarce, de um dos membros da raça
humana, o indivíduo é de fato sozinho e único e no qual as características
comuns a todos os indivíduos, tomados no conjunto, não possuem nenhuma relação
com a explosão solitária de um indivíduo entregue a si mesmo”.
Esta “explosão solitária” daqueles que fazem a
opção consciente, motivada e consequente pelo mundo gratuito da arte constitui
um índice ao mundo concorrencial e pragmático. Este mundo concorrencial e
pragmático possui no artista um índice que o eleva sobre a massa comum o
aproxima do mundo sobre-humano. Encontram no artista um PROJETO CIVILIZADOR
COMPENSADOR de sua ganância e estreiteza do AQUI e AGORA e passam PAGAR a OBRA
de ARTE que este mundo pragmático não pode produzir na medida que esta submerso
no MUNDO do TRABALHO.
[1] DUCHAMP. Marcel
“O artista deve ir à universidade?”[1]
in SANOULLET,
Michel. DUCHAMP DU SIGNE réunis et présentés par Michel Sanouillet
Paris: Flammarrion, 1991, pp. 236-239
Parque MARINHA do
BRASIL - obra de Xico STOCKINGER 1919-2009
in ALVES 2004 p.192 - Foto dez. 2010
Fig. 12 – A obra escultórica, gráfica e o pensamento de Francisco Stockinger
[Xico] associam o universo ecológico,
humano e conceitual num todo harmônico e
com profundos diálogos recíprocos. O tema da flora na escultura ganhou na sua
obra um sentido e uma coerência impossível de não ser percebida.
05.2 Artista não é profissão
O artista paga alto preço por esta sua “explosão solitária”. Ele não
possui PROFISSÃO REGULAMENTADA, CONSELHO
ou ORDEM que lhe assinem o CARTEIRA de TRABALHO. Seria um contrassenso na
medida em que seu mundo é a OBRA que pode durar uma vida inteira ou ocupar
décadas de dedicação sem que seu “EMPREGADOR” notasse algo digno de uma
recompensa econômica ou monetária. Estaria sujeito e condicionado e a OBRA do
ARTISTA seria creditada a quem a encomenda.
Vasco PRADO 1914-1998 -Mural do Palácio
Farroupilha – Foto no solstício de verão de Porto Alegre
Fig. 13 – Os escultor Vasco Prado explorou um vasto laque das possibilidades
materiais e conceituais que esta linguagem plástica permite. Na obra da
Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul dialoga com a luz e as sombras Porem é necessário conhecer e estar atento
à sua produção gráfica na qual mostra a sua capacidade de “de-signar”
mentalmente o que lhe interessa e calar aquilo
que poderia atrapalhar o seu pensamento e a sua obra
05-3 O cultivo da arte no plano pessoal e no
social.
No plano
pessoal a criação, a permanência e a reprodução propiciam a ocasião para
evidenciar - em cada campo estético - a verdade contida na afirmação de
Aristóteles de que “toda a arte está no que produz” .
No plano social a OBRA de ARTE é um índice do projeto civilizatório de
uma nação, estado ou sociedade. Os gritos de guerra, o sangue derramado e as
injustiças mais clamorosas já silenciaram, secaram ou foram esquecidas. As
grandes civilizações se projetaram TEMPO afora por meio de sua ARTE.
06 – COMPETÊNCIAS e LIMITES do PRESNTE
TEXTO.
06-1 Competências das artes visuais
A presente postagem parte do CAMPO das ARTES VISUAIS. Com este limite
é necessário relevar, ao seu autor, qualquer intromissão indevida no CAMPO da
ARQUITETURA e URBANISMO.
06-2 Competência comum no hábito da integridade
intelectual.
Porém ARTES e ARQUITETURA possuem em comum o recurso à erudição e ao
espaço do SABER UNIVERSITÁRIO. Este saber possui validade e eficiente na medida
em que cultiva de forma continuada e sólida o fundamento do HABITO da
INTEGRIDADE INTELECTUAL, MORAL e ESTÉTICA, na concepção Weberiana[1]
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
ARENDT,
Hannah (1907-1975) Condition de l’homme moderne. Londres: Calmann-Lévy 1983
BLOCH, Marc (1886-1944) Introdução à História.[3ª ed] Conclusão de Lucian FEBVRE -
.Lisboa :Europa- América 1976 179 p.
BOÉTIE, Etienne
1a. Discurso
da Servidão Voluntária. Tradução de Laymert G. dos Santos. Comentários de Claude Lefort e Marilena Chauí. São Paulo : Brasiliense, 1982. 239p
HABERMAS,
Jürgen. Conhecimento e Interesse.
Trad. José Heck. Rio de Janeiro : Zahar,
1982. 367p.
HEIDEGGER, Martin (1889-1979) SER e
TEMPO edição em alemão e português tradução e organização de
Fausto Castilho (1929- ). – Campinas SP:
Editora da Unicamp; Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2012, 1199 p.
HOLANDA, Francisco de (1517-1584) Diálogos
de Roma: da pintura antiga. Prefácio de Manuel Mendes. Lisboa :
Livraria Sá da Costa, 1955, 158 p.
MATURANA R., Humberto
(1928-)e VARELA. Francisco(1946-).El árbol del conocimiento: las bases
biológicas del conocimiento humano. Madrid: Unigraf. 1996, 219p
READ,
Herbert. A Redenção do Robô. Meu Encontro
com a Educação através da Arte.
Summus, 1986. 158p.
TOFFLER, Alvin. The
third wave. New York. William Marrow & Compagny, 1980.
WEBER, Max. Sobre a universidade. São Paulo:
Cortez, 1989. 152 p.
FONTES MANUSCRITAS
CORONA, Fernando
(1895-1979) ALBUNS dos ALUNOS do INSTITUTO de BELAS ARTES.
ESCULTURA dos
ALUNOS do INSTITUTO de BELAS ARTES
-------------Álbum
no 1
contém fotos e escritos de 1938 até 1956
99 folhas de arquivo: 297 mm X 210 mm
com 332 fotos coladas
---------------Álbum
no 2 contém fotos e escritos de 1957 até 1965
71 folhas de arquivo: 297 mm X 210 mm
com 167 fotos coladas
---------------CURSO
de ARQUITETURA:
Cadeira de MODELAGEM.
Documentário
fotográfico de 1946 – 47 – 48 – 49 – 50 - 51
Folhas de
arquivo: 297 mm X 210 mm como fotos coladas.
Os três álbuns
disponíveis no Arquivo do Instituto de Artes da UFRGS
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS.
AGIR e FAZER
ARQUITETO
como ARTISTA na AUTONOMIA no BRASIL
ARTE,
ESTÉTICA e METAFÍSICA.
FAZER NÂO
é ARTE
OBRA
diferente de TRABALHAR
PASSO
FUNDO - Monumento ao ferroviário- Paulo SIQUEIRA
POIESIS
RIO
GRANDE do SUL
TRABALHO
– OBRA – AÇÂO em Hannah ARENDT
SÉRIE de POSTAGENS ARTE no RIO GRANDE do
SUL
[esta série desenvolve o tema “ARTE no RIO
GRANDE do SUL” disponível em http://www.ciriosimon.pro.br/his/his.html ]
INTRODUÇÃO
123 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 01
GUARDIÕES das SEMENTES das ARTES
VISUAIS do RIO GRANDE do SUL
124 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 02
DIACRONIA e SINCRONIA das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL nos seus
ESTÁGIOS PRODUTIVOS.
PRIMEIRA
PARTE
125 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 03
Artes visuais indígenas
sul-rio-grandenses
126 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 04
O projeto civilizatório
jesuítico e a Contrarreforma no Rio Grande do Sul
127 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 05
Artes visuais
afro--sul-rio-grandenses
128 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 06
O projeto iluminista
contrapõe-se ao projeto da Contrarreforma no Rio Grande do Sul.
129 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 07
A província
sul-rio-grandense diante do projeto
imperial brasileiro
130 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 08
A arte no Rio Grande do Sul
diante de projeto republicano
131 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 09
Dos
primórdios do ILBA-RS e a sua
Escola de Artes até a Revolução de 1930
132 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 10
A ARTE no RIO GRANDE
do SUL entre 1930 e 1945
133 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 11
O projeto da democratização da arte após 1945.
SEGUNDA PARTE
Iconografia e Iconologia das artes visuais de diferentes projetos políticos do
Rio Grande do Sul.
134– ARTE no RIO GRANDE do SUL - 12
As obras das artes visuais
indígena do atual território do o Rio Grande do Sul.
135 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 13
Obras das artes visuais
afro-sul-rio-grandense
136 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 14
Obras de arte dos Sete Povos
das Missões Jesuíticas como metáfora da Contrarreforma
137 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 15
A
“casa do cachorro-sentado” como
índice açoriano no meio cultural do Rio
Grande do Sul .
138 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 16
Obras de Manuel Araújo
Porto-alegre
139 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 17
Obras de Pedro Weingärtner
140 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 18
Obras
de Libindo Ferrás
141 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 19
Obras
de Francis Pelichek
142 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 20
Obras
de Fernando Corona
143 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 21
Obras
de Ado Malagoli
144 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 22
Obras
de Iberê Camargo
[1] “o único elemento, entre todos os
“autênticos” pontos de vista essenciais que elas (as universidades) podem, legitimamente, oferecer aos seus
estudantes, para ajudá-los em seu caminho pela vida afora, é o hábito de
assumir o dever da integridade intelectual; isso acarreta necessariamente uma
inexorável lucidez a respeito de si mesmo” WEBER, 1989. p.70
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restrito ao apoio do processo continuado de ensino-aprendizagem
Não há pretensão de lucro ou
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