sábado, 25 de abril de 2015

ESTUDOS de ARTE 016.

ESTOFO para uma AUTÊNTICA RUPTURA ESTÉTICA.
 “A virtude da arte não tolera que a obra sofra uma intromissão estranha nas leis próprias da construção, nem que seja regulada de perto por uma outra coisa, a não ser a própria virtude da arte. Jacques Maritain (1961, p.53)  
Fig. 01 – A metáfora do doloroso e traumático nascimento da inteligência humana – na figura de Ateneia – desperta também o medo, a resistência a um novo saber. Novo saber que implica em dolorosas, mas necessárias mudanças e deixar no passado fases ultrapassadas por mais saudades que provoquem.
 
O campo de força e das energias da Arte necessitam sacudir, de tempo em tempo,  as capas de heteronomia que estranhos à Arte querem lhe impor. O problema é saber QUEM possui estofo para romper com estes hábitos de heteronomia. Hábitos arcaicos com vantagens reais ou imaginadas. Vantagens aparentes impostas ao campo de força e das  energias da Arte. Vantagens aparentes e que se revelam, depois, como mentiras produzidas por achacadores, dilapidadores e abusados.
Não se trata de um INIMIGO EXTERNO e contra o qual é fácil de mobilizar e jogar a opinião geral CONTRA o INVASOR abusado. O INIMIGO é INTERNO e que desestabiliza defesas intelectuais, de vontade e de sentimentos do artista e do seu público.  INIMIGO INTERNO que se infiltra e mantém ativo por meio do cultivo de caprichos incoerentes, de modas passageiras e sem fundamentos dignos deste nome. INIMIGO INTERNO que se manifesta por palavras de ordem de marketing e propaganda incoerentes com o campo de força e das  energias da Arte.
Fig. 02 – Mesmo o poderoso e imortal Zeus foi profundamente abalado pela imensa dor de cabeça que precedeu o gigantesco estalo do seu crâneo do qual emergiu adulta e guerreira Ateneia. Como tal nascimento não teve a intervenção humana a deusa era denominada PARTENOS ou a nascida virgem. Os atenienses escolheram ATENEIA PARTENOS como sua padroeira e lhe ergueram o magnifico PARTENON na cidade estado que leva o seu nome.

Nestes ataques INTERNOS o invasor se vale de intrigas de toda ordem, força e amplitude. Intrusos que buscam munição na intriga entre antigos e modernos, os regionais contra os estrangeiros, os eruditos contra baixa cultura, os famosos contra desconhecidos, num arsenal sem fim. Valem-se de formas primárias de maniqueismos entre bons e maus, os afortunados contra os malogrados.
Fig. 03 – Apesar da força e energias que os gregos atribuíam à Ateneia Partenos, os habitantes da cidade a elegeram pelo seu gesto de trazer uma muda de oliveira para concorrer com os demais deuses do Olimpo Os sábios atenienses perceberam que  seu real poder e energias estavam fundadas numa sólida sustentação numa economia renovável e coerente com seu meio geográfico. Azeite e azeitonas permitiram um atraente comércio e que sua vez sustentava  uma florescente indústria cerâmica como prova a imagem acima e que ao mesmo tempo divulgava o nascimento virgem de sua padroeira.

Enormes narrativas da História da Arte foram escritas,  divulgadas e tiveram fortuna graças a este expediente maniqueista de jogar bons contra maus, caducos contra novos iluminados e os “degenerados” contra os “sadios”. No fundo são emanações das motivações medievais que sustentava as narrativas dos combates entre o BEM (protagonista) contra o MAL (antagonista). Narrativas que  transferiam e sublimavam nos combates simbólicos do MAU GOSTO e do BOM GOSTO. O juiz de plantão, de QUEM era o BEM ou o MAL, estava na heteronomia, aparente ou oculto, DAQUELE que exercia o PODER político, econômico, militar ou social. 
Fig. 04 – A dolorosa e traumática iniciação dos novos membros de um clã ou tribo passa por provas de toda ordem. Desde a circuncisão, recolhimentos forçados até verdadeiros castigos a que se submetem aqueles que optam pelo pertencimento do grupo de dentro. Na imagem um jovem indígena da selva amazônica suporta picadas e ferroadas de insetos particularmente agressivos. As cicatrizes resultantes desta prova passam a constituir a carteira de identidade do novo membro da tribo

A Era industrial foi hábil neste reducionismo neomedieval.  Ela impor GOSTOS, CONCEITOS e OBRAS que respeitassem a sua lógica interna. Lógica cujo CÂNONE básico é a LINHA de PRODUÇÃO e MONTAGEM. LINHA DE PRODUÇÃO e MONTAGEM. Linha com entrada única, rigorosa seleção, elaboração, descarte, e SAÍDA  de um PRODUTO padronizado, legítimo e com mercado garantido. Para mascarar o seu CÂNONE básico os seus produtos contém o germe da obsolescência. Obsolescência necessária para a continuidade d produto que renova as aparências externas do produto. A Era industrial remete  o obsoleto para os museus que constituem e alimentam a indústria simbólica e do turismo.
Porem a fortuna mais completa e devastadora é quando a  Era industrial consegue impor a sua lógica para a escola. Ali ocorre a reprodução do sistema linear e unívoco da linha de produção e de montagem. Na progressão linear, no controle e descarte sob a supervisão de intelectuais orgânicos experimentados e aprovados pelo sistema.
Fig. 05 – Diversas associações possuem uma hierarquia de poder interno. Os iniciantes possuem um tempo de preparação no final do qual optam em serem admitidos ou não. No caso positivo uma série de rituais passa a marcar o lugar do neófito e se revelam sucessivos segredos comuns a cada degrau deste poder. As guildas medievais tinham os seus mestres e os seus aprendizes. Mestres portadores de segredos profissionais que repassavam aos aprendizes sob severas ameaças caso não os guardassem   Na Arte e no  trabalho os sindicatos se candidataram a exercer este poder simbólico, econômico e social das guildas medievais.

Contudo é na escola que o sistema corre perigo de ser demonstrado o mostrado a sua teleologia interna. Todos os alarmes soam quando a há um retorno para MAIÊUTICA socrática e cujo autor foi condenado a morte por “PERVERTER a JUVENTUDE” e não aceitar aquilo que lhe era imposto como voz e desígnio dos “deuses” do sistema.

Do cenário acima procede a pergunta:
- Quem possui ESTOFO para uma AUTÊNTICA RUPTURA ESTÉTICA?.
Esta pergunta se impõe especialmente diante de quem rompe com este conhecimento, esta vontade coletiva e sentimentos estandardizados. Mas a preocupação maior é como continuar, alimentar e reproduzir esta ruptura uma vez que ela foi iniciada.
Fig. 06 – As sociedades, tribos, castas e clãs orientais possuem as suas hierarquias internas, seu tempo de iniciação e seus rituais de admissão ao poder interno. Muitas ideologias, empresas, partidas e governos orientais contemporâneos preservaram a lógica interna deste mesmo poder. Na Arte significou um domínio técnico invejável com raros casos de contribuições originais resultantes de rupturas estéticas, epistêmicas ou sociais da lógica interna deste poder. No contraditório a cultura e técnica ocidentais deve reconhecer que a cultura oriental foi a origem primeira da maioria do que afirma serem suas inovações básicas.

Para dissuadir o temerário inútil[1] a era industrial possui no seu arsenal não só os campos de concentração para os que teimam em CULTIVAR a ARTE DEGENERADA, como prisões superlotadas e silenciosos esquadrões da morte que distribuem a “justiça” na ponta das suas armas. Porém a sua arma mais temível é o descarte, a condenação ao “silêncio obsequioso” e á autonomia da favela.
Na ótica do progresso perpétuo, da eficiência econômica e da felicidade sem contraste percebe a Arte como inútil e os seus cultores uns temerários. Foi o que percebeu no auge do período indústria o pensador Nietzsche ao declarar  (2000, p.134)[2] que:
a Arte não pode ter sua missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais elevado que sobre passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É o único inútil, no sentido mais temerário
Esta dominação - do progresso perpétuo, da eficiência econômica e da indústria da felicidade - é subliminar e dificílima para ser percebida e revertida. Ela é adquirida com o leite materno, modelada pelos gestos, gostos e repertório que saturam esta atmosfera existencial.  Impossível revolucioná-la no interior da lógica. A arte, como ação humana, leva ao terreno da ética, pois Kant vinculou a vontade da ação humana com a moralidade e a autonomia, ao afirmar na Crítica da Razão Prática (Livro I, teorema IV), que “a vontade possui moralidade no limite da sua autonomia , o que faz com que a ação  do artista busque a ampliação permanente do limite da sua autonomia. Jacques Maritain  associou a ética com a arte, afirmando (1961: 53) “a virtude da arte não tolera que a obra sofra uma intromissão estranha nas leis próprias da construção, nem que seja regulada de perto por uma outra coisa, a não ser a própria virtude da arte. Essa moralidade pode ser de quem produz (agente) e de quem recebe (público) a ação da arte.



[1] NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900)  Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179
[2] - NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900)  Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.      


Jacek  YERBA_Surrealismo - _1993
Fig. 07 – A erosão - provocada pelo progresso sem freio, por uma eficiência econômica focada apenas no lucro e por uma indústria da  felicidade a qualquer preço - é percebida quando é tarde e a civilização já está em colapso irreversível. O certo é que civilizações, desta natureza e neste estado adiantado de entropia,  anulam qualquer esforço interno á sua lógica corrosiva e suicida. A constatação desta irreversibilidade e do colapso eminente justifica, reforça e exigem rupturas epistêmicas, estéticas, políticas e econômicas. As obras de Arte forneceram, em todos os tempos signos sensórios destas civilizações coerentes com o novo tempo, lugar e sociedade a construir.

A autonomia da arte está nos limites da ética e  fundamenta a possibilidade de usufruir as competências de uma civilização.
Existe possibilidades, na Era Pós-industrial para a RUPTURA ESTÉTICA com este processo de heteronomia intelectual de querer e de sentir.. Potencialmente a  Era Pós-industrial acrescenta maiores meios de informação e possibilidades de vislumbrar outros caminhos. Porém existe um abismo entre a INFORMAÇÃO e a FORMAÇÃO.
Os clãs, as tribos ou os novos sistemas exigem dos seus integrantes uma FORMAÇÃO por meio de um “nascer de novo”, num ritual de aceitação, prova e confirmação em provas objetivas de passagem para a autonomia. A Era INDUSTRIAL levou aos cartórios públicos os contratos que garantem a linearidade e cumprimento unívoco das promessas e com as devidas penas aos tratantes. Porém está cada vez mais débil e atomizada a crença nos Estados Nacionais, que garantiam promessas e impunham as penas previstas em lei.
Claude GENISSON -  Torre de Babel (1963-1974) – 160 x 200 cm
Fig. 08 – A Torre de Babel da era pós-industrial numa metáfora de Claude GENISSON um artista francês tardiamente reconhecido. Fora do mercado de arte ele concebeu e elaborou a sua concepção da acumulação da população humana, das riquezas e saber enciclopédico pós-moderna. Esta concepção parece derivar das utopias e narrativas ao estilo do produzido pelo tratorista abduzido do município de Sarandi-RS. Artista e tratorista foram submetidos a dolorosas dúvidas da opinião pública.  Mantiveram coerentes com algo do qual só poderiam produzir índices e símbolos distantes de quem não realizou a experiência ou manteve este sonho.

Para quem busca ESTOFO, ENERGIAS e FORÇAS para uma AUTÊNTICA RUPTURA ESTÉTICA a nova era pós-industrial impõe na sua FORMAÇÃO um conhecimento coerente com seu tempo e lugar. Impõe uma vontade flexível e um sentimento coerente com o seu ENTE no seu modo de SER. Neste MODO de SER o ENTE do artista reafirma que a ARTE ESTÁ EM QUEM PRODUZ e NÃO NO QUE PRODUZ na esteira do caminho de Aristóteles e de Sócrates. Quem assume a AUTÊNTICA RUPTURA ESTÉTICA chama para si mesmo a responsabilidade, com todas as consequências morais  e as SANÇÕES dos seus atos e obras conforme Emanuel Kant evidenciou na sua Razão Prático. Estas obras e ações são modeladas e previstas  num projeto  que está e é um motor produzindo muito além de qualquer impulso volúvel ou capricho passageiro.
Brian ROGERS  - Memória Seletiva - in  NYT em 11.01.2011
Fig. 09 – A era Pós-industrial foi profundamente afetada pelos resultados das pesquisas numérica-digitais, pelas viagens espaciais e pela biotecnologia molecular.  A forma de conceber, produzir e fazer circular as imagens, os sons e as narrativas. Formas novas que afetaram as mais sólidas manifestações do modo de morar, de se alimentar, de se vestir, de circular e de trocas econômicas.  Formas novas que tendem cada vez mais a serem mais seletivas e se comportarem como simbólicas, abstratas e distantes do seu referente concreto.

As artes deixaram para trás a esteira das BELAS ARTES. A arte incorporou a VERDADE, a JUSTIÇA e munida com elas explora os mistérios dos SENTIMENTOS provenientes e destinados aos SENTIDOS humanos com suas  novas potencialidades biológicas
Sigmund Freud demonstrou que o sofrido parto humano afasta todos aqueles que passaram por este experiência evitam qualquer ameaça da mudança do útero materno reconstruído com muito esforço e perdas consideráveis e constantes. 
Fig. 10 – A conexão entre “conhecimento e interesse” é uma preocupação de vários pensadora como Georg Habermas. Repercute com as busca Foucault da microfísica da circulação do poder ou acompanha as investigações de Paul Ricoeur em relação ás duvidas, impasses e contradições que os agentes da História humana enfrentam em todos os tempos. Estas dúvidas, micro caminhos do poder e as determinações que um novo saber sofre com antigos interesses ou hábitos ultrapassados abrem novas possibilidades Ao contrário de constranger e entrar em contradições elas  transformam em potencialidade de inéditas complementariedades. Elas estão na contramão  do caminho das verdades fixas e eternas. A arte o artista só possuem motivo para agradecer, romper com o passado e lançar-se por estas dúvidas, explorar e expor nas suas obras algo inédito e significativo.

Uma estética agradável e pouco questionadora, contribui para a reconstrução da segurança e do conforto do útero materno da origem do ser humano. Porém para QUEM está na busca do novo e da exploração do seu próprio potencial necessita enfrentar mudanças. Uma obra de arte sem desafios, agradável aos sentidos e para a mente humana reforça apenas um repertório velho com sentido apenas de “acumular dados e fatos” no pior sentido freudiano. Para escapar a esta armadilha impõe-se enfrenar mudança significa também abandonar uma cultura  útil apenas para “matar o tempo” e se livrar de uma carga desproporcional à competências e os limites de uma vida humana. O retorno à exploração dos índices sensóriais de cada arte produziu obras de arte fundamentais. Para exemplificar basta olhar o quadro da MONA LISA de Leonardo da Vinci que não passa materialmente de tinta, quase monocromática, sobre uma pequena superfície. 
RUPTURA ESTÉTICA PÓS-INDUSTRIAL: instalação do coreano JUNE PAIK
Fig. 11 – A metáfora do doloroso e traumático nascimento da inteligência humana – na figura de Ateneia – desperta também o medo, a resistência a um novo saber. Novo saber que implica em dolorosas, mas necessárias mudanças e deixar no passado fases ultrapassadas por mais saudades que provoquem.

O presente texto pode ser comparado a uma estreita e rústica “coivara” praticado na nova floresta que tomou conta  do ambiente da Arte com o fim da era industrial. Também não é possível se rende e aceitar um estreitamento genético e cultural praticado por transgênicos vivos e simbólicos da Era Pós-industrial.
Contra este estreitamento genético e simbólico é necessário acreditar no potencial humano com os seus bilhões de neurônios Acreditar e trabalhar com a sua carga simbólica de fracassos e fortunas que um passado recente ou remoto lhe ensinou e se revoltar com os comportamentos e mentiras impostas por achacadores, dilapidadores e os abusados campo de força e das  energias da Arte. 
Frank WILLINGER (1959- ) - Ecce Homo – junho de1999
Fig. 12 – As angustias, a intimidade humana e a identidade do indivíduo singular ficaram cada vez mais expostos e tornaram-se produtos para exploração e disseminação praticadas impessoalmente pelos instrumentos e técnicas da Era Pós-industrial que são manipulados por agentes anônimos Esta realidade implica em necessárias mudanças na cultura, na ética, na legislação e em contratos.

Acreditar e trabalhar e revolta-se contra campos de concentração, prisões nas quais os crimes e virtudes são expostas ao olhar apavorado de uma nova geração. Heróis, gênios ou delinquentes com um alfinete nas costas para gosto de uma indústria simbólica ou real de filas de turistas. Acreditar e trabalhar na perspectiva de mudanças mesmo que elas sejam diferentes como as fases existenciais de uma libélula ou borboleta
Fig. 13 – No esporte, na política como na arte não há como pedir desculpas por uma derrota, um plano que dá errado ou uma obras falha.
 O genial e incorruptível jogador Garrincha sintetizou a verdade que ocorre num campo de esportes. “Não é concebível combinar um resultado preliminar com o adversário”.  Porém pior é a manipulação e a subtração da  autonomia para o atleta para  si mesmo revelar a sua potencialidade e mostrar novos recordes do desempeno da mente  humana num corpo sadio.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS
ARENDT, Hannah (1907-1975) Condition de l’homme moderne. Londres: Calmann-Lévy 1983.
FREUD, Sigmund.(1858-1939).O mal estar na civilização (1930). Rio de Janeiro: Imago, 1974. pp. 66-150.  (Edição standard brasileira de obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v.13)
 ____.  Totem e tabu (1913).  2.ed. Rio de Janeiro : Imago 1995, pp. 13-193  (Edição standard brasileira de obras psicológicas completas de Sigmund Freud ,volume 13)

____.  Algumas reflexões sobre a psicologia escolar  (1914).  2.ed. Rio de Janeiro : Imago 1995. pp. 243-250.  (Edição standard brasileira de obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v.13).

HABERMAS,  Jorge.  Conhecimento e interesse. Rio de Janeiro: ZAHAR,1982.  367p.

KANT, Emmanuel (1742-1804). Crítica da razão prática. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d.  255p.
MARITAIN, Jacques (1882-1973). La responsabilité de l’artiste.  Paris: Arthème Fayard, 1961.121p
NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900)  Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179
Fig. 14 – A  Trienal de Milão, de maio de 2015, está sob o lema “NUTRIRE IL PLANETA: ENERGIA PER LA VITA”. Esta imagem evidencia os instrumentos e técnicas da Era Pós-Industrial para gerenciar e distribuir as séries de produtos elaborados acumulados pela Era Industrial a partir da Era Agrícola. A formação e manutenção dos agentes competentes para pensar, programar e controlar o fluxo das forças e energias necessárias para a coerência destas três eras supõem-se competentes  rupturas epistêmicas, técnicas e econômicas em serie e sem perceber ou fixar num início ou num final.

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
NASCIMENTO de ATENAS

RITUAL de INICIAÇÃO INDÍGENA

RITUAL de INICIAÇÃO ACADÊMICA

RITUAL de INICIAÇÂO  ao BUDISMO

RITUAL de INICIAÇÂO à MAÇONARIA

RUPTURA ESTÈTICA À BRASILEIRA

RUPTURA INTERROMPIDA
RUPTURA ESTÉTICA PÓS-INDUSTRIAL

Tratorista Artur BARLET abduzido do município de Sarandi-RS.  

TRIENAL de MILÃO 2015

VOLTA À VELHA ORDEM imposto pelas CLASSES DOMINANTES
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Referências para Círio SIMON








sábado, 18 de abril de 2015

ESTUDOS de ARTE 015

ARTE e a POSSE da INFORMAÇÃO MEDIADA.
Uti possidetis, ita possideatis,
Núcleo da tese de ALEXANDRE GUSMÃO para a posse lusitana do Rio Grande do Sul 

Fig. 01 – Desde as remotas eras da cultura humana as manifestações, do hoje de denomina ARTE, foram  usadas como sinal humano de posse ou de simples marcas de seus trânsito pelo local. Os primeiros transeuntes pelo território do atual Brasil marcaram as rochas com sinais de sua passagem. Nestas marcas evidenciam os seus interesses e necessidades inclusive poéticas.

Na medida em que o fenômeno da Arte gera, acumula e faz circular informações  cresce o número de mediadores, atravessadores e falsos tutelares. Falsos tutelares atravessadores e mediadores que corrompem o próprio poder político[1] do campo das forças do agir artístico. Corrupção fundada sobre as torrentes ideológicas, econômicas e técnicas sobre as quais estes mediadores, atravessadores e falsos tutelares alegam ter o domínio conceitual e prático. Esta nojenta enxurrada  arrasta torrentes incontroláveis de mediadores e de público desavisado. Mediadores seu publico  que se julga onisciente, onipotente, eterna e onipresente nos maiores ou menores instrumentos de divulgação, de produção e nos tribunais das causas estéticas[2]



[1] ESPINOZA, Benedictus. (1632 – 1677).   Tratado político. São Paulo: Abril Cultural (Col. Os pensadores), 1983.

[2] GRAMSCI, Antônio (1891 – 1937) Os Intelectuais e a Organização da Cultura. São Paulo : Círculo do Livro, 1980.

Fig. 02 – A apropriação dos meios de mediação contemporâneos pelo descendente dos primeiros humanos a transitar   pelo atual Brasil revalidam os seus suportes da forme de posse  território que um dia esteve sob o seu inteiro controle para ir e vir.  Os primeiros transeuntes continuam a  marcar presença por meio de sinais estéticos. Signos que marcam e evidenciam os seus interesses e necessidades inclusive poéticas.

O resultado é um descrédito generalizado ou um sorriso complacente dos artistas quando ouvem, leem ou veem o que falam, escrevem ou produzem estes mediadores, atravessadores e falsos tutelares. Público que encontra nas obras de arte concretas algo completamente diferente desta metafísica pseudo mediadora. Evidente que existem honrosas exceções com aquela de Diderot[1] cujo objetivo dos seus textos era provocar a ida do observador a ele mesmo fazer a experiência física da visita da obra de arte. A obra de arte é sempre primordial neste encontro com um vestígio físico da Arte que está em QUEM produz e não no QUE produz[2]. Nesta produção é necessário distinguir PESQUISA estética autônoma de ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA.



[2] ARISTÓTELES (384-322). Ética a Nicômano. São Paulo: Abril Cultural1973. 329p.
 ____. Tópicos:  dos argumentos sofísticos (2ª ed.) São Paulo : Abril Cultural. 1983, 197 p.
---------Retórica tradução se Albero Bernabé Espanha:  Alianza Editorial S.A 1998 – 316 p.  ISNB 8420636428, 9788420636429

Fig. 03 – Os lusitanos -  movidos pela cobiça e posse fica e simbólica da nova terra americana. Impondo a ferro e fogo os seus contratos unilaterais foram empurrando as populações para o interior do vasto continente. Como sinal de sua posse valeu-se dos pelourinhos físicos e sobre os quais afixava suas iconografia, leis e aplicava sanções físicas a quemdsafiasse a posse ou infringisse algumas das suas leis

Quando se trata da identidade da arte que o artista produz num pais como o Brasil esta mediação é implacável, monstruosa  e avassaladora de contingência de reforços[1] externos `autonomia da Arte. Avassalamento que inicia com a vassalagem conceitual, técnica  e mediática a que estão submetidos o artista e os seus potenciais apreciadores. Heteronomia subliminar que possui as suas raízes no colonialismo e na escravidão voluntária[2] ou física, econômica e social.



[1] SKINNER, Burrhus Frederico(1904 –1990. Contingências do reforço: uma análise teórica. São        Paulo  :  Abril Cultural, 1980, pp.167/394.
-------------.  As Utopias. Barcelona : Salvat.  Col. Os Grandes Temas. n.37, 1979. 142p.

[2] BOÉTIE, Etienne La (1530-1563).  Discurso da Servidão Voluntária (1549).  Tradução de Laymert G. dos Santos.  Comentários de Claude Lefort e Marilena Chauí.  São Paulo : Brasiliense, 1982. 239 p.
Fig. 04 – As atuais nações indígenas valem-se dos meios políticos do intruso que tomou  posse física   território que um dia esteve sob o seu inteiro controle. Cientes da mediação dos veículos de comunicação não temem em se  apropriar dos meios de mediação contemporâneos pelo descendente dos primeiros habitantes do atual Brasil Na qualidade de nações mantém a coerência interna pelo seu imaginário de uma posse  simbólica e coletiva por meio da tribo e do seu clã e subsequentes hierarquias . Externamente os rituais, modos de vestir e ornar o corpo completa esta mediação interna e externa a esta nação

A redenção desta secular heteronomia pode iniciar pela distinção entre PESQUISA e INFORMAÇÃO. Distinção tão clara em Mario de Andrade[1].
Evidente que conjunto da pesquisa, levada a efeito no Brasil,  foi profundamente contaminado pelas noções de NAÇÃO, RAÇA ou de CLIMA físico ou social[2]. Num percurso rápido podemos alinhavar aqueles que de fato produziram noções de “uti possidetis, ita possideatis”[3] e que permaneceram no tempo . Entre tantos pode-se enunciar Alexandre Gusmão para desenhar o mapa físico do Brasil. Ele foi antecedido por Antônio Vieira. Ambos filhos do Brasil entenderam os mecanismo da dominação física, mental e econômica do colonizador europeu.  O Romantismo tardio, apesar de possuir este projeto nacionalista acabou - de fato - projetando para o interior da cultura brasileira outra forma de heteronomia, mediação europeia. Romantismo que transformou o indígena brasileiro numa figura folclórica e de façanhas muito distantes da taba. Façanhas desencadeadas pelas buscas da era industrial que necessita deste reducionismo conceitual[4]. Os reduz numa tipificação apropriada para o sistema comandada pelo taylorismos das linhas de montagem de múltiplos culturais onipresentes ao longo do Estado Novo brasileiro[5]. Múltiplos que culminam no próprio kitsch de “algo que nasce consumido[6]. Montanhas e ondas de produtos kitsch anularam e poluíram todo esforço de “exportação da poesia brasileira”
Nunca como antes o reducionismo para conceitos lineares e unívocos da arte impediram a autêntica pesquisa estética[7].



[1] ANDRADE, Mário(1893-1945).. O movimento modernista. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do  Brasil, 1942, 81 p..
--------- Curso de Filosofia e História da Arte. São Paulo: Centro de Estudos Folclóricos,1955.119 f.

[2] SIMMEL, Georg  Sociología y estudios sobre las formas de socialización. Madrid : Alianza. 1986,  817.  2v

[3] UTI POSSEDETIS ou uti possidetis, ita possideatis,  http://pt.wikipedia.org/wiki/Uti_possidetis  ALEXANDRE GUSMÃO irmão de

[4] ARENDT, Hannah (1906-1975). Condition de l’homme moderne. Londres  :  Calmann-Lévy, 1983. Em Português:  A Condição humana – The human condition (2ªed) Rio de Janeiro: Forense Universitária 1983,  338 p

[5] GOMES, Ângela de Castro.(org)  Capanema: o Ministro e seu ministério. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2000. 269 .

[7] FREUD, Sigmund.(1858-1939).O mal estar na civilização (1930). Rio de Janeiro : Imago, 1974. pp. 66-150.  (Edição standard brasileira de obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v.13)

Plumária indígena brasileira exposta na Bienal de SP em 1983

Fig. 05 – A ARTE dos mais antigos habitantes do Brasil é coerente com a sua existência.  Como nômades em permanentes deslocamentos continuados ou cíclicos a arte plumária possui função como sinal de hierarquia na nação, clã ou tribo. . Arte plumária e confeccionada e  portada como continuidade da tatuagem do corpo. Esta tatuagem - além da função estética -  busca o mimetismo com o animal do qual herdam o nome e cobre seus corpos cotra as irradiações do Sol., 

A memória dos primeiros habitantes do atual território do Brasil foi mediada pelas mais variadas ideologias. Ideologias carregadas de espanto e estranheza dos primeiros europeus, passando pelas teorias da Contra-Reforma e dos jesuítas. O Iluminismo viu no indígena a redenção do homem decaído europeu pelo bom selvagem[1] do novo continente. O romantismo produziu mitos fundantes de um nacionalismo na qual este índio brasileiro virou tema de novelas, óperas e pinturas que não tinham nada a ver com as tribos, toldos e hordas de migrantes que queriam distância do “civilizado”.



[1] ROUSSEAU Jean Jaques – EMÍLIO, ou
Fig. 06 – O pelourinho lusitano era sinal físico da posse lusitana. O conquistador valeu-se dos pelourinhos físicos e sobre os quais afixava sua iconografia, suas leis e aplicavam sanções físicas a quem ignorasse,  desafiasse a posse o poder  português ou infringisse algumas das suas leis. A derrubada e o desmantelamento dos pelourinhos lusitanos ocorreram como ato contínuo da proclamação da soberania brasileira[1]. O de Alcântara, no Maranhão, foi recuperado do entulho e colocado no seu primitivo lugar graças a uma testemunha qu tinha visto esta ação, Salvador preservou apenas o nome da praça na qual ficava este odiado sinal físico da posse portuguesa.

Ao considerar o fator “POSSE da TERRA” - desenvolvido pelos primeiros habitantes do atual território do Brasil ao longo das suas milenares migrações – percebem-se claras distinções não só em relação aos europeus como aqueles povos que disputaram a posse das terras nos vales da cordilheira dos Antes ou no final das suas migrações da América do Norte para o Sul.
A criatura humana se moveu e que atravessou as enormes e férteis terras e águas do atual Brasil produziu uma arte típica do homem nômade. Toda a sua criatividade estava voltada para o seu próprio corpo e para objetos manuais que podia transportar facilmente.
Fig. 07 – O gigantesco investimento dos colonizadores em cercar as fronteiras marítimas e terrestres do Brasil com fortes e fortalezas e guarnições permanentes é um índice dos lucros que os lusitanos arrancaram de sua posse americana[1]. Índice material do investimento na mediação  e em amostras do sentido que o atual território do atual Brasil  evidencia os seus interesses e necessidades de Portugal metropolino esperava como retorno. O fluxo unilateral do pau-brasil, do açúcar e dos produtos das minas enriqueceu lusitanos,  espertos negociantes e banqueiros europeus

 O europeu migrou ao atual território do Brasil movido por alguma necessidade, sobra social e econômica humana. Ia com a cabeça feita por longas e milenares ideologias repetidas oralmente. Mantido durante trezentos anos num colonialismo monocrático e centralizado na metrópole não tinha acesso[2] a qualquer outra cultura além daquela do dominador e filtrada pelo Santo Ofício e Inquisição[3]. A mediação só podia ser realizada por eventos carnavalizados e regulamentados por uma moral que não contestasse o poder estatal e eclesiástico. A Arte, praticada ao longo do período colonial brasileiro, voltou-se para espetaculares sessões carnavalizadas culminando em fogueiras da inquisição, flagelação e enforcamentos exemplares. As manifestações de arte e a criação eram vedados na vida privada. A alternativa era a contribuição induzida pelo poder colonial para manifestações de Arte coletiva, controlada e orientada para o viés do Barroco como instrumento da Contra Reforma e do poder metropolitano[4].



[1] - O BRASIL e o  MILITARISMO e as INSTITUIÇÕES POLÍTICAS.  http://naofoinogrito.blogspot.com.br/2014/07/099-nao-foi-no-grito.html
[2] FOUCAULT, Michel(1926-1984).  Microfísica do poder. Rio de Janeiro : Graal, 1995. 295

[3] CHOMSKY Noam Os caminhos do poder: reflexões sobre a natureza humana e a ordem social. Porto Alegre : ARTMED 1998, 255 p

[4] HOBBES, Thomas (1588-1679).Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico ou Civil.  Col. Os Pensadores.  3ed.  São Paulo : Abril Cultural, 1983. 420p.        
MACHIAVELLI Nicolo (1469-1527) O Príncipe São Paulo: Martin Claret 2003, 189 p. ISBN
8572322671

Wilson TIBÉRIO (1923-2005) - Cena de Candomblé - Grafite e aquarela
Fig. 08 – O afro-brasileiro foi reduzido aos seus gestos e sons do seu próprio corpo. Neste condicionamento servil soube  evidenciar o seu mundo imaterial, material e a necessidade de pertencimento.
Privado da liberdade mais elementar, sem a mínima condição de deliberar pela sua Inteligência e decidir por sua vontade e cultivar seus sentimentos próprios o banzo e a saudade de terra de origem encontrava nas manifestações de sua Arte ludibriar o seu dominador colonial

As diversificadas e tradicionais culturas africanas foram “despejadas no solo brasileiro” pelos navios negreiros. com o objetivo de romper com suas tradições tribais e dos seus clã estes passageiros forçados foram disseminados espertamente na vastidão continental do Novo Mundo. Como cativos foi lhes impedido de deliberar e decidir sobre o seu corpo e qualquer pertence físico. Culturas africanas que resistiram à escravidão pelo ritmo codificado do corpo e pelo som que produzia com este corpo e com som de qualquer objeto que lhe caísse nas mãos[1]. O seu número e a sua rápida propagação colocaram em cheque a autoridade ultramarina europeia. Esta reagiu com mais violência, fechamento absoluto ao olhar estrangeiro e intensificação da exploração do trabalho servil.
Adrien TAUNAY (1803-1828) - buritis
Fig. 09 – O colonizador lusitano estabeleceu a estratégia de se fixar a beira mar e na segurança e defesa dos fortes ao redor dos quais criou os seus núcleos urbanos. Protegido por esa tripla segurança iniciou a conquistas das terras onde estabeleceu precárias culturas. Culturas agrícolas  que sei inspiravam na coivara indígena que era abandonada no ano seguinte. Após a Abertura dos Portos, em 1808, diversas missões cientificas europeias se aprofundaram no território do atual Brasil. Uma delas foi uma missão (1825-1829)  do império russo - comandada por Langdsdorff - a qual se engajou o jovem artista Taunay que morreu ao longo de uma destas travessias. Adrien Taunay era filho de um membro da Missão Artística Francesa[1] que aportou no Brasil em 1816.

As potenciais mediações realizadas pelo Regime Imperial brasileiro foram informadas e formatadas internamente pelo lastro das mediações indígenas somadas com as fortes e dominadoras mediações coloniais e dominação, segregação e exploração do trabalho de afro-brasileiros. Mediações unilaterais que passavam distantes de qualquer autêntico contrato social[2] que discute perdas e ganhos  antes, durante e após qualquer ação coletiva.



[2] ROUSSEAU, Jean Jacques (1712 -1778).  Do Contrato Social.  São Paulo : Abril Cultural. Col. Os Pensadores, 1979. 192p.
Manuel ARAÚJO PORTO-ALEGRE  -  (1809 – 1879) - Bandeira do Divino
Fig. 10 – A permanência das manifestações culturais e religiosas provenientes dos arcanos da cultura do Brasil Colonial se mantém até o presente. O artista Manuel Araújo Porto-alegre fornece uma imagem destas manifestações coletivas de  ARTE em meados do período imperial. Manifestações que mediam as demonstrações do poder interno do grupo e a hierarquia social e evidenciam os seus interesses e necessidades imateriais inclusive poéticas.

As potenciais mediações realizadas pelo Regime Imperial brasileiro foram informadas e formatadas externamente pela nova era industrial.  O território da nova nação “soberana” um campo de forças e energias favoráveis para o mercado do produto das máquinas das nações hegemônicas no século XIX.  Regime Imperial brasileiro  facilitou ao máximo possível a colonização para estes produtos e gente. Cada cultura de um pais - na fase de industrialização - não só disputou palmo a palmo este quintal[1] - com enviou migrantes como suas sobras de mão de obra agrícola obsoleta mas com a secreta esperança de uma colônia no interior de outra colônia maior. Para estes países exportadores dos “migrantes voluntários”  e de mão de obra que - além de carga pesada para as suas novas leis sociais[2] - era resistente á logica e mediação da era industrial aferrada aos traços persistentes do feudalismo agrícola medieval europeu.



[1] CHOMSKY Noam Os caminhos do poder: reflexões sobre a natureza humana e a ordem social. Porto Alegre : ARTMED 1998, 255 p

[2] COMTE, Isodore Auguste Marie François Xavier (1789-1857).  Opúsculos de Filosofia Social.  Trad. Ivan Martins. Porto Alegre : Globo. São Paulo : USP, 1972. 230p.

Pedro AMÉRICO de Figueiredo e Mello 1843-1905  Paz e Concórdia 1895
Fig. 11 – A profunda necessidade de demonstrar, materializar e mediar os sonhos da nascente republica brasileira fez com que o pintor e cnstitinte republicano, pela Paraíba,  pintasse um esboço e depois o quadro definitivo (1895) denominado “PAZ e CONCÓRDIA”. Sete anos antes este mesmo artista pintou o Grito do Ipiranga e que a di0plomacia brasileira imperial fizera percorrer a Europa Assim coube ao mesmo artista exaltar o início do período imperial e a  seguir encontrar uma imagem que mediasse e cobrisse o luto pelo imperador deposto e  fornecer um orojeto que poderia ser usado par encobrir os violentos de 1893 e depois a fidelidade de Antônio Conselheiro ao regime imperial e violenta e mortalmente reprimido palas aramas da República

   As potenciais mediações realizadas pelo Regime Republicano brasileiro renderam-se inteiramente ao triunfo e da era industrial europeia e a capitulação de solidas culturas tradicionais como foi o caso do Japão em 19 de novembro de 1867[1]. As mediações industriais, econômicas e sociais foram estreitadas pelo taylorismo e fordismo com linguagens cada vez mais unívocas e lineares[2]. O sistema industrial reduziu as mediações a uma única entrada, um desenvolvimento que descarta todo que não lhe interessa e uma saída de produtos prontos para o mercado e já consumidos em cultura alheia.



[2] TAYLOR , Frederick Winslow (1856-1915).  Princípios de administração científica. 7ª. ed.  São Paulo : Atlas, 1980, 134 p.

Pavilhão de exposições - Rio de Janeiro 1908
Fig. 12 –  O triunfo e o apogeu da 1ª era industrial mundial fou marcada e mediada por uma série de feiras mundiais onde se perfilavam e desafiam as nações que tinham acumulado fortuna e êxitos. As manifestações de ARTE forneceram meios, motivos e técnicas que foram ousadas para mediar esta ostentação industrial. O Rio de Janeiro foi sede de algumas estas manifestações. Para tanto reformulou o seu urbanismo. . Os motivos destas feiras industriais foram transferidas para o campo das artes plásricas nas quais os diversos SALÔES ACADÊMICOS BIENAIS, foram sendo reduzidos gradativamente aos termo “BIENAL”

O mercado de arte não resistiu à tentação das normas deste sistema. Submeteu a Arte a entradas cada vez mais unívocas e lineares Rejeitou qualquer temerário que discordasse desta estreiteza. Na saída dos seus  elaborou listas de “gênios” de “estilos” e “cânones” de tendências estéticas aceitáveis como “arte”.  Sistema industrial que gerou profetas e sacerdotes auto legitimados ou pela mediação de instituições[1]. Instituições que se renderam, em grande parte, ao sistema industrial da “profissionalização” convertendo-se em  pseudo eruditas ou singelos carimbadores de diplomas.



[1]  GAUER, Ruth Maria Chittó. A construção do Estado-nação no Brasil: a contribuição dos egressos de Coimbra . Curitiba : Juruá. 2001. 336 p

Artur BISPO do ROSÁRIO (1909-1989) - foto
Fig. 13 – A permanência e o culto da memória dos esplendores físicos, conceituais e rituais, do período colonial, emergem no inconsciente coletivo e individual e se materializam em eventos, em objetos e em textos  Apesar de sua anacronia não podem ser ignorados ou pio recalcados de retorno a esta inconsciente coletivo e individual. O sábio trabalho da psiquiatra  Nisia Silveira oportunizou esta emergência no paciente Bispo do Rosário. Uma mediadora das manifestações de Arte em todas as condições humanas que mercê respeito, estudo e divulgação. Distante do mercado, da propaganda e do marketing conduziu uma existência humana a fazer as pazes consigo mesmo.

As atuais narrativas e mediações - que se querem HISTÓRIA[1] – são facilitadas pela informática. Esta  multiplica ao infinito a logística para registrar, apreciar, estudar e multiplica cópias de DOCUMENTOS de forma nunca vista antes.
Esta mediação numérica digital está seriamente comprometida no Brasil por ser mero usuário, dependente licenças e de matrizes formais de informática cuja propriedade esta fora do seu território físico, econômico e cultural. Sem recursos espaciais é esquadrinhado a cada momento e consome produtos sobre os quais não possui domínio jurídico, técnico e cultural. Em outros termos chegam e impõe seu poder[2] ao brasileiro como produtos já consumidos por outras culturas.



[1] BLOCH, Marc (1886-1944). Introdução à História. (3ª ed).Lisboa :Europa- América  1976  179 p.

[2] FAORO, Raymundo (1928-2003). Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. Porto Alegre – São Paulo : Globo e USP, 1975.  2v.

Rubem GRILLO 1946 -  Gula 1984
Fig. 14 – O ecletismo da ‘devoração’ das culturas alheias – empurradas pelas culturas hegemônicas  goela abaixo do brasileiro -  encontrou expressão nas gravuras de Rubem Grillo. Produção gráfica focada no regime militar (1964-1979) percebeu esta complacência da tirania em relação a tudo aquilo que não atingisse diretamente o PODER CENTRAL hegemônico e discricionário. As manifestações de arte, as suas  mediações estapafúrdias e o seu mercado eram toleradas inclusive subsidiadas para seu esvaziamento e oportunizar as suas contradições e afastamento do poder político.

A situação de heteronomia jurídica, técnica e cultural brasileira é redutora e não favorece nem mesmo ao contraditório e muito menos a soma com outras culturas hegemônicas. A ‘exportação da poesia brasileira”[1] é mera curiosidade de “feira internacional” inaugurado pela era industrial e tornado permanente pela informática e corrida espacial de povos hegemônicos e que possuem e cultivam  profundos pactos sociais, políticos e econômicos.
Cildo MEIRELLES – Missões - 1985
Fig. 15 – O significado da instalação de Cildo Meireles - inspirada nas Missões jesuíticas - pode ser ampliada para muitos outros aspectos das mediações europeias nas três Américas.   A ARTE foi  usada como sinal de posse e para escamotear o feroz regime colonial. Autores e mediadores anglos saxões buscam s ignorar ou então condenar severamente todas as manifestações do que se pretende como ARTE COLONIAL BRASILEIRA>

Uma das criticas que cabem ao presente texto é que  ele acumula ainda mais informações do fenômeno da Arte e das suas diversas formas da circulação de sua mediação. Permanece o desafio ao leitor desta postagem verificar na bibliografia fundante do presente texto se estes poucos autores referenciados também podem serem incluídos entre  os falsos tutelares, atravessadores interesseiros e mediadores ineptos do fenômeno da Arte.


FONTES BIBLIOGRÁFICAS MEDIADORES do PRESENTE TEXTO

ANDRADE, Mário (1893-1945).. O movimento modernista. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do  Brasil, 1942, 81 p..
--------- Curso de Filosofia e História da Arte. São Paulo: Centro de Estudos Folclóricos,1955.119 f.

ARENDT, Hannah (1906-1975). Condition de l’homme moderne. Londres  :  Calmann-Lévy, 1983. Em Português:  A Condição humana – The human condition (2ªed) Rio de Janeiro: Forense Universitária 1983,  338 p

ARISTÓTELES (384-322). Ética a Nicômano. São Paulo: Abril Cultural1973. 329p.
 ____. Tópicos:  dos argumentos sofísticos (2ª ed.) São Paulo : Abril Cultural. 1983, 197 p.
---------Retórica tradução se Albero Bernabé Espanha:  Alianza Editorial S.A 1998 – 316 p.
                                                                            ISNB 8420636428, 9788420636429

BLOCH, Marc (1886-1944). Introdução à História. (3ª ed).Lisboa :Europa- América  1976  179 p.

BOÉTIE, Etienne La (1530-1563).  Discurso da Servidão Voluntária (1549).  Tradução de Laymert G. dos Santos.  Comentários de Claude Lefort e Marilena Chauí.  São Paulo : Brasiliense, 1982. 239p
CHOMSKY Noam Os caminhos do poder: reflexões sobre a natureza humana e a ordem social. Porto Alegre : ARTMED 1998, 255 p

COMTE, Isodore Auguste Marie François Xavier (1789-1857).  Opúsculos de Filosofia Social.  Trad. Ivan Martins. Porto Alegre : Globo. São Paulo : USP, 1972. 230p.
ESPINOZA, Benedictus. (1632 – 1677).   Tratado político. São Paulo: Abril Cultural (Col. Os pensadores), 1983.

FAORO, Raymundo (1928-2003). Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. Porto Alegre – São Paulo : Globo e USP, 1975.  2v.
FOUCAULT, Michel(1926-1984).  Microfísica do poder. Rio de Janeiro : Graal, 1995. 295

FREUD, Sigmund.(1858-1939).O mal estar na civilização (1930). Rio de Janeiro : Imago, 1974. pp. 66-150.  (Edição standard brasileira de obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v.13)

GAUER, Ruth Maria Chittó. A construção do Estado-nação no Brasil: a contribuição dos egressos de Coimbra . Curitiba : Juruá. 2001. 336 p

GOMES, Ângela de Castro.(org)  Capanema: o Ministro e seu ministério. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2000. 269 .

GRAMSCI, Antônio (1891 – 1937) Os Intelectuais e a Organização da Cultura. São Paulo : Círculo do Livro, 1980.
HOBBES, Thomas (1588-1679).Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico ou Civil.  Col. Os Pensadores.  3ed.  São Paulo : Abril Cultural, 1983. 420p.        

MACHIAVELLI Nicolo (1469-1527) O Príncipe São Paulo: Martin Claret 2003, 189 p. ISBN  8572322671

ROUSSEAU, Jean Jacques (1712 -1778).  Do Contrato Social.  São Paulo : Abril Cultural. Col. Os Pensadores, 1979. 192p.
SIMMEL, Georg  Sociología y estudios sobre las formas de socialización. Madrid : Alianza. 1986,  817.  2v

SKINNER, Burrhus Frederico(1904 –1990. Contingências do reforço: uma análise teórica. São        Paulo  :  Abril Cultural, 1980, pp.167/394.
-------------.  As Utopias. Barcelona : Salvat.  Col. Os Grandes Temas. n.37, 1979. 142p.

TAYLOR, Frederick Winslow (1856-1915).  Princípios de administração científica.           7. ed.  São Paulo : Atlas, 1980, 134 p.

FONTES NUMÈRICAS DIGITAIS
ACADEMIA de ARTE e a SENZALA  

ANGOLA: etnografia 1934 na ótica do colonizador lusitano e francês

DERRUBADA dos PELOURINHOS

KITSCH
NASCE CONSUMISTA

MILITARISMO BRASILEIRO

POESIA BRASILEIRA de EXPORTAÇÃO  de Oswald de Andrade

SALÕES de DENIS DIDEROT (1713-1784)

ROUSSEAU Jean Jaques – EMÍLIO, ou DA EDUCAÇÂO 1762

UTI POSSEDETIS ou uti possidetis, ita possideatis,  http://pt.wikipedia.org/wiki/Uti_possidetis
ALEXANDRE GUSMÃO irmão de BARTOLOMEU GUSMÃO o padre voador http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_de_Gusm%C3%A3o
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Referências para Círio SIMON