A ACADEMIA de ARTE e a SENZALA
As concepções amadurecidas das competências e
limites das ACADEMIAS de ARTES europeias desembarcaram no Brasil no dia 26 de
março de 1816. Vinham nas mentes e nos projetos acalentados pelos membros artistas
e artífices da Missão Artística Francesa[1].
Esta Missão era comandada por Joaquim LEBRETON (1760 - 1819)[2]
e sob a égide oficial do Conde da Barca ( 1750-1817)[3]
[1] MISSÂO
ARTÌSTICA FRANCESA http://pt.wikipedia.org/wiki/Miss%C3%A3o_Art%C3%ADstica_Francesa
[2] Joaquin
Lebreton http://pt.wikipedia.org/wiki/Joachim_Lebreton
Fig. 01 –Joaquim
Lebreton encarna a figura do EU singular e cidadão egresso do Iluminismo, da Revolução
Francesa e uma das expressões da Razão com todos os benefícios e desgraças que
acompanhava tal projeto. Guindado ao cargo de Secretário Perpétuo do ‘Institut de France’ viu a sua estrela mergulhar em desgraça com a
queda do regime napoleônico. A alternativa pelo exílio no Brasil o jogou de
retorno ao ‘Ancien Régime’ de sua
pátria e que não o poupou em patrulhamentos ideológicos de novo embaixador da
França no Brasil.
Antes de qualquer crítica é necessário evidenciar
e ressaltar no que esta Missão foi vitoriosa e na sua fortuna institucional.
Vitoriosa em contraste com os seus limites que encontraram no Brasil
mergulhado nos hábitos coloniais e escravocratas. Num rápido apanhado é
possível registrar alguns pontos que a Missão Artística Francesa consolidou sua fortuna institucional no Brasil:
Os membros Missão Artística
Francesa trouxeram o hábito da atribuição da obra de arte ao nome do seu autor
artista. Penetraram numa região cultural onde a obra de arte NÃO ERA ASSINADA,
como aconteceu massivamente com a arte colonial brasileira. Antônio Francisco Lisboa – o Aleijadinho[1]
- não assinou uma única obra. O “Aleijadinho”
recebeu um esboço de biografia em 1854, trinta anos após a sua morte. Biografia escrita
pelo deputado
mineiro Rodrigo José Ferreira Bretas e a pedido de Manuel Araújo Porto-Alegre na época, (1854-57),
primeiro brasileiro nomeado como diretor
da Imperial Academia de Belas Artes
Auguste Henri Victor GRANJEAN de MONTIGNY (1776-1850)
Fig. 02 – O retrato
singular do individuo, cidadão e arquiteto GRANDJEAN MONTIGNY rompe com o
anonimato e falta de imagens do artista. Este arquiteto rompeu com o
barroco colonial brasileiro e conferindo o rumo das tendências historicistas
conhecidas como Neoclássico moldando-o como face arquitetônica ao Regime
Imperial Brasileiro.
A Missão Artística Francesa veio acompanhada por
uma equipe de “Artes e Ofícios” para
dar suporte técnico administrativo aos artistas da Missão.
Os membros artistas começaram a realizar retratos
individuais de súditos. Ultrapassaram o
tabu colonial brasileiro de que o retrato individual era reservado para reis e
príncipes da Igreja.
Inauguraram a exibição pública da produção do
artista avulso e com as suas obras assinadas. Evento oficialmente apoiada pelo
governo do Estado Brasileiro.
Nicolas d'ESCRAGNOLLE TAUNAY (1768-1830) Rio de Janeiro
Fig. 03 – A
representação da paisagem urbana - e o
seu sítio geológico, arquitetônico e social - foi retomada, no século XIX, pela Missão Artística Francesa. Reativaram a primeira tentativa realizada no
Brasil, no século XVII, pelos artistas de Maurício de Nassau. A obra de Nicolas d'ESCRAGNOLLE
TAUNAY mostra uma síntese visual
do confuso centro urbano da capital provisória do reino português, as condições
e os agentes predominantes neste meio que ainda
recende as condições coloniais do Rio de Janeiro.
Silenciosamente impuseram a liberação do uso da tinta a óleo para obras de
arte que antes era só usada na arte sacra.
Os artistas da Missão fixaram os aspectos visuais
e registraram a face do povo brasileiro,
da sua cultura e da paisagem que antes
haviam sido praticada pelos holandeses e depois abandonados a longo de dois
séculos dos quais o Brasil desconhece sua própria imagem
As questões que envolvem a instituição são mais
complexos. Mas podemos distinguir o projeto e sua efetiva implantação.
Adrien TAUNAY (1803-1828) – queimada
Fig. 04 – A
representação da paisagem tropical e o
avanço de uma frente agrícola é uma obra
do jovem Adrien Taunay. Ele se engajou na exploração da vastidão do interior
do território brasileiro e que lhe custou a vida. Filho de um dos integrantes
da Missão Artística Francesa ele acompanhou, como desenhista, a expedição russa
comandada por Langsdorff [1].
O êxito da Missão Artística Francesa foi o de
vincular a Imperial Academia de Belas Artes ao jovem Estado Brasileiro. Antes
de 1816 não havia no Brasil instituições inteiramente voltadas para a arte e
ainda mais como parte do projeto do Estado Brasileiro. A legitimação para este importante e histórico passo é
raramente evidenciado. Este passo consistiu em incluir
ARTE no ESTADO BRASILEIRO. Fundação da Escola
Real de Belas Artes e Ofícios[2]
no dia 12 de agosto de 1816 O dia 12 de agosto é o Dia da Arte e tradicional data de abertura da Exposição
Geral de Belas Artes (Salão Oficial)[3]
[1] - Expedição russa no Brasil 1825-1829 http://www.diamantino.mt.gov.br/langsdorff/index.php?pg=noticia1
[2] - 180 anos de
Escola de Belas Artes: Anais do Seminário EBA 180.- Rio de Janeiro, UFRJ,
1997 pp. 30/1
[3] - Boletim do Ministério de
Educação e Saúde Pública Ano I nºs 1 e 2. Rio de Janeiro. Jun-Jul de 1931 p. 98
Granjean de MONTIGNY (1776-1850) - FACHADA da AIBA de Foto de Marc
FERREZ
Fig. 05 – Apesar de
sua acanhadas dimensões físicas do prédio da Imperial Academia de Belas
Artes - diante do gigantesco império brasileiro cujas dimensões geográficas eram muito maiores
do que o Império Romano no seu apogeu - este
prédio foi o paradigma plástico e visual de prédios públicos imperais,
instituições e arquitetura civil que veio substituir, identificar e se contrapor
ao barroco colonial brasileiro
Este passo supunha que o Estado compensava o
exercício da violência necessária para a segurança do conjunto desta nação. Os
súditos ou cidadãos delegam Estado o exercício individual da violência.
Resumidamente o ESTADO ACEITAVA e OFERECIA, ao súdito ou cidadão, uma ESCOLA como alternativa preliminar de
CONDENAR À PRISÃO. Este oferecimento prévio - na forma de uma ACADEMIA de ARTES
- nunca fora objeto de projeto, verbas e execução ao longo do regime colonial.
Jean Baptiste DEBRET (1768 – 1848) Coroação de Dom João VI no Brasil
Fig. 06 – A concepção
visual que vestia com novas roupagens estilísticas os antigos prédios coloniais
brasileiros. Esta foi uma das atividades de maior visibilidade da Missão
Artística Francesa enquanto seus membros eram mantidos por pensões do erário
público brasileiro, mas distantes da direção da IABA.
Estes pontos foram continuados no
mundo empírico e cultural brasileiro pela IMPERIAL ACADEMIA de BELAS ARTES. Pontos distintos do projeto Missão
Artística Francesa no Brasil e distantes limites de um projeto de que ela era portadora. Na
implementação efetiva da ACADEMIA de ARTES havia mil e um obstáculos provenientes
das resistências dos hábitos coloniais e escravocrata a minar este projeto no mundo
prático. A própria natureza da Missão Artística Francesa militava contra a sua
aceitação no paradigma em que o ESTADO BRASILEIRO mitificado[1] queria, e impunha, aos artista franceses em desgraça na sua terra
de origem. A corte estava no Rio de Janeiro devido à invasão de Portugal pelo
exército francês. O imperador Napoleão, apesar de já neutralizado havia sido o
mentor deste grupo e que construíra o seu mundo simbólico. Além disto tanto
imperador como a Missão Artística estavam em águas doa Atlântico Sul. Ele
exilado na Ilha de Santa Helena e Missão no Rio de Janeiro vis a vis.
[1] - MITIFICAÇÃO do ESTADO NACIONAL http://naofoinogrito.blogspot.com.br/2012/09/nao-foi-no-grito-048.html
Jean Baptiste DEBRET (1768 – 1848)
Chegada de Dona Leopoldina
Fig. 07 – Os membros
da Missão Artística Francesa registraram
com os olhos habituados com a concentração do poder imperial em Paris motivaram
vários registros de momentos culminantes desta corte europeia sediada no Novo
Mundo. Tarefa destinada aos pintores, desenhistas e impressores pouco antes
da invenção da fotografia.
O patrulhamento político e ideológico sobre os
membros desta Missão Francesa foi amenizado pela permanência até dia 12
de fevereiro de 1821 de Dom João VI e da sua corte no Rio de
Janeiro. Assim Dom João VI teve oportunidade de mandar funcionar a Escola Real
de Ciências, Artes e Ofícios no dia 23 de novembro de 1820 Neste meio tempo faleceram o Conde da Barca em 1817, o líder Le Breton ,
em 1819, Napoleão Bonaparte desapareceria em 5 de maio de 1821.
Porém a confusão, a
precipitação e a temeridade não permitiram entender a pergunta:
Quem tinha alunos era
a ‘ÉCOLE des BEAUX ARTS’[3]. Esta só foi constituída e começou a
funcionar a partir de 1816 e após o embarque da Missão Artística Francesa rumo
ao Brasil. Época em que a Sorbonne[4] também voltou a funcionar.
[1] - INSTITUT de FRANCE http://www.institut-de-france.fr/
[2] Academie des Beaux Arts do Institut de France http://www.academie-des-beaux-arts.fr/actualites/
[3] - Ecole Narionale
de Beaux Artes de Paris http://www.beauxartsparis.com/fr/
[4] - SORBONNE de PARIS http://www.paris-sorbonne.fr/
CONDE da BARCA - 1752-1817 - intermediou a vinda da Missão
Artística Francesa
Fig. 08 – O conflito
interno lusitano das correntes a favor da França, das Luzes e da Razão defrontaram-se com a lógica britânica, da sua
indústria e comércio. Antônio de Araújo e Azevedo (1754-1817) o CONDE da
BARCA admirava a cultura e as instituições francesas. Tirou vantagem do retorno
dos Bourbons que desmontaram o governo napoleônico. Negociou a vinda de
profissionais de 1ª linha para o Rio de Janeiro enquanto Napoleão era desterrado
numa ilha isolada do Atlântico Sul. A situação geográfica os laços culturais e
profissionais não deixaram de levantar suspeitas e o consequente patrulhamentos
dos ingleses e do novo governador francês.
Seria um absurdo
pensar, ou exigir, que a Academia Real das Ciências da Suécia[1] ou Academia de Artes e Ciência
Cinematográfica[2] norte-americana fossem obrigadas a terem
alunos num sistema industrial escolar por uma norma legal e justificativa de
suas existências institucionais.
Mas a confusão
prosperou no Brasil. Na avalanche legalista foram aprovados os
estatutos a IMPERIAL ACADEMIA
de BELAS ARTES (IABA) no dia 30 de setembro de 1826. Estatutos que formatavam os equívocos desta instituição
de artes e oficializava a razão de sua manutenção pelo Estado Brasileiro. Com
este estatuto legal - equivocado em relação a aos objetivos da Missão Artística
Francesa – promovido pelo trono a IMPERIAL ACADEMIA de BELAS ARTES, inaugurou
a sua sede em 05 de novembro de 1826[3].
As suas aulas começaram efetivamente no dia 15 de novembro de 1826. O caminho
era irreversível e prosperava ao sabor dos humores e tropeços dos diversos regimes
e dos seus governos instalados no Estado Brasileiro.
[1] - Academia Real
das Ciências da Suécia http://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_Real_das_Ci%C3%AAncias_da_Su%C3%A9cia
[2] - Academia de
Artes e Ciências Cinematográficas http://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_de_Artes_e_Ci%C3%AAncias_Cinematogr%C3%A1ficas
[3] - TAUNAY, 1956, p. 299
Simplício RODRIGUES de SÁ[1]
1785-1839 - Marques Inahmbuque - óleo -
198 x 131 cm – 1825
Fig. 09 – O artista Simplício Rodrigues de Sá[2] - lusitano de
nascimento - sucedeu, em 1834, a Henrique José da Silva neste cargo na direção
da Imperial Academia de Belas Artes de 1819 até 1834. Apesar de se dizerem discípulos da Missão
Artística Francesa os dois distantes intelectual estética e politicamente dos
seus mestres. Mas
como qualquer arma pode-se voltar contra a instituição e aquele que se diz o
seu dono. Tiveram força para barrar
qualquer MUDANÇA contra o exercício do
poder colonial despótico e subliminar que se arrastou Império Brasileiro afora.
Poder colonial despótico reforçado pelo analfabetismo e pela escravidão legal
de uma parcela significativa da população
A naturalização do paradigma tradicional europeu por
este passe de magica prevaleceu e foi repetido mecanicamente. Prosperou no âmbito da cultura colonial
brasileira da CASA GRANDE e da sua respectiva SENZALA transferida para o campo
das ARTES. Esta monstruosidade eclética migrou depois para a universidade brasileira.
Qual praga de pardais continua a predar e a se reproduzir desordenadamente ao sabor do “OUVI DIZER” mal
assimilado.
Assim são compreensivas as duras provas e os limites
que o Estado Brasileiro impôs para a
Missão Artística Francesa durante uma década de sua permanência no
Brasil. Não lhe foi confiada a direção da IMPERIAL ACADEMIA de BELAS ARTES. Assim em
tempos contemporâneos esta Missão Artrítica Francesa teve a função reduzida
para consultorias e supervisões esporádicas dos eventos da corte do príncipe e
depois rei Dom João VI cercado dos rituais adaptados aos parcos recursos da
ex-colônia. A montagem simbólica da figura imperial - assumida pelo Imperador
Dom Pedro I, em 1822 - seguia o figurino da titulação do monarca francês e sob
a supervisão da Missão Artística Francesa.
Porém o pior ainda
estava para vir. Os velhos hábitos coloniais - tanto de quem mandava como de
quem obedecia - empurraram a IMPERIAL ACADEMIA de BELAS ARTES para uma espécie
de senzala de luxo mantido pelo Estado Brasileiro. Assim o lusitano Henrique
José da Silva (1772-1834)[3] ocupou e administrou a Escola - depois
Imperial Academia de Belas Artes de 1819 até 1834. Ele foi sucedido, neste
cargo, por outro lusitano Simplício Rodrigues de Sá. Estes estavam distantes
intelectual estética e politicamente apesar de se dizerem discípulos da Missão
Artística Francesa. Queriam o cargo de
prestigio. Pouco lhes importava as exigências funcionais deste mesmo cargo.
O desconforto com
esta situação fez com que Jean-Baptiste Debret retorna-se para a França em 1831.
Levava consigo o seu discípulo
brasileiro Manuel Araújo Porto-alegre. Partiam para a Europa no ano em que Dom
Pedro I renunciava ao trono brasileiro.
Este descalabro
institucional evidentemente se refletiu nos cargos, nas funções e nas obras de
arte produzidas nesta academia desviada dos seus objetivos ideais. De nada
adiantou a posterior enérgica
intervenção, entre 1854 a 1857, de Manuel Araújo Porto-alegre. Ele teve de
renunciar ao seu cargo de diretor da IMPERIAL ACADEMIA de BELAS ARTES, após
todas as tentativas. Fracassou mais uma
parte do PROJETO CIVILIZATÓRIO na sua
inserção na lógica coerente com o pacto COMPENSADOR da VIOLÊNCIA inerente ao
EXERCÍCIO do PODER de todo Estado e em todos tempos. VIOLÊNCIA que o cidadão
delega ao ESTADO em VEZ de FAZER a JUSTIÇA com as suas próprias mãos e meios.
CARICATURA 17 contra
Manuel ARAÚJO PORTO-ALEGRE –(1809-1879)
Fig. 10 – Manuel
Araújo Porto-alegre vítima da critica corrosiva e desqualificadora. O deboche de tudo e de todos é uma das armas
do escravo. Este tenta puxar tudo aos se próprio nível e repertório, pois não
possui mais nada a perder de uma vida miserável. Mais uma razão para não
levar ninguém a este extremo de desqualificação humana. Além do mais como
qualquer arma pode-se voltar contra o seu dono e barrar qualquer MUDANÇA.
Este descalabro não
pode ser atribuído à instituição e aos esforçados agentes que ali foram
sacrificados. Os velhos hábitos coloniais - tanto de quem mandava como obedecia
- se reproduziam na IMPERIAL ACADEMIA de BELAS ARTES coerentes com o que
acontecia na relação entre a CASA GRANDE e SENZALA[1].
Seria um absurdo
esperar que a criação de órgão governamental – como tantas vezes se tentou no
Brasil – iria ser capaz de ser uma ilha de progresso, beleza e verdade num mar
de escravidão e da reprodução dos hábitos de três séculos de colonialismo
predatório vindo do além mar. Personagens isolados são transitórios[2]. Sevem para mitificar e estetizar uma
célula morta ou engessada em si mesma. Pior: servem de tabique atrás da qual se
dissimula o colonialismo, a mediocridade e uma escravidão voluntária sem fim.
GONÇALVES DIAS -
ARAÙJO PORTO-ALEGRE GONÇALVES MAGALHÃES foto 1858
Fig. 11 – Deve-se à
Missão Artística Francesa os resultados da interação das Artes com as Ciências
brasileiras nos seu nascedouro. Os autores da Revista Niteroy reunidos em
Paris. Mais tarde Araújo-Porto-alegre Manuel Araújo interrogava e desafiava,
como diretor do IABA (1854-1857)
colocando o artista frente ao uso da fotografia nas artes visuais e
prevendo o uso da cor.
A inclusão pioneira
do campo das artes na Universidade Estatal Brasileira, em 1931, não solucionou
este problema[1]. Ao contrário o agravou. O Estado Novo
Brasileiro teve de fechar-se sobre si mesmo , em 1937, e passar a administrar
estas instituições por meio de seus interventores.
[1]
A ARTE na UNIVERSIDADE http://profciriosimon.blogspot.com.br/2012/11/054-isto-e-arte.html
UNIVERSIDADE das ARTES do RIO GRANDE do SUL.
ENBA projeto em 1906
de Moralles de los Rios
Fig. 12 – Com o Regime
Republicano houve tentativas de adaptação da antiga IABA para a ESCOLA
NACIONJAL de BELAS ARTES (ENBA). O projeto Morales de los Rios da ENBA é um
índice desta intenção. Para tanto confere à fachada do prédio nobreza e
prestigio na Avenida Central (Rio Branco).
Neste caso é necessário ressaltar
a conquistado termo NACIONAL que irá ser subsumido quando esta
instituição foi incorporada no âmbito da UNIVERSIDADE BRASILEIRA. O caminho da
autonomia do campo das ARTES VISUAIS sucumbiu gradativamente para o poder
centralista da Reitoria da Universidade e que se multiplicou Brasil afora e nos
núcleos urbanos mais densos.
Logo após este
tratamento de choque institucional o ministro Clemente Mariani informava e elucidava, em 1947, ao reitor da
Universidade da Bahia que
“no conceito de autonomia há dois
elementos essenciais: um é o das raias que limitam a ação; o outro, é o poder de agir livremente dentro
dessas raias. Sem raias limitadoras, estaríamos em face, não da autonomia, mas
da soberania ou do arbítrio. Assim entendido, seria ilógico falar-se em autonomia
‘absoluta’: o conceito é sempre relativo e a amplitude do círculo de liberdade
pode sofrer infinitas variações” (in Nóbrega, 1952, p. 329). Este conceito de autonomia supõe as
propriedades de uma célula viva que seleciona - no meio em que nasce, vive e se reproduz -
através dos seus limites da sua membrana o que lhe interessa (Maturana). Em
compensação, na medida em que esta célula não é cancerosa, retribui ao ser vivo
com elementos específicos aproveitáveis por todo organismo que assim continua
saudável.
Lúcio COSTA 1902-1998
Fig. 13 – Lúcio COSTA
(1902-1998) foi estudante e
professor da Escola Nacional de Belas Artes. Foi diretor da ENBA no momento de
seu ingresso oficial na Universidade brasileira. Lúcio Costa foi uma das
primeiras vítimas das resistências coloniais e escravocratas nas quais ainda se
debatia uma instituição que pleiteava coerência com seu tempo e local Porém não é possível esquecer a oportuna
intervenção de Lúcio Costa no Rio Grande do Sul nas edificações das Missões Jesuíticas
no âmbito do SPHAN em formação na época
A corrupção de uma
instituição estatal de arte pode provir do seu interior como poder ser do
exterior.
O público externo
por ser mantido distante da posse das competências efetivas e os limites desta
instituição, raramente ele conhece, aprecia e julga adequadamente uma ACADEMIA
ou ESCOLA de ARTE. Porém o mais grave é que poucos agentes internos do campo
das artes moldam sua conduta às
competências funcionais dos seus cargos por estas competências e limites que
deveriam conhecer, mas NÃO apreciam. Para
desespero geral prometem, para si mesmos, o que não podem cumprir, condenam
aqueles que não concordam com eles. Estes
buscam desmantelar tudo e a todo devido
à sua própria ignorância, a sua vontade distorcida e sentimentos incompatíveis qualquer
projeto civilizatório compensador da violência.
A única alternativa que resta ao Estado é silenciar e assim os excluir
do processo o remetê-los para o almoxarifado geral.
Para estas
onipotências, onisciências, onipresenças e eternidades resta o caminho de se constituírem os mentores da veemente condenação da ACADEMIA ou
ESCOLA de ARTES como ARTE DEGENERADA. Jogam
fora a criança com a água do banho. Certamente os ardores dos juízos
adolescentes ainda não encontraram o grão de sal do contraditório, a possibilidade
e as condições de uma ruptura epistêmica, estética e humana.
Fig. 14 – Uma imagem do prédio do antigo Ministério da
Educação e Saúde Pública (MESP), erguido ao longo do Estado Novo. Obra
concebida por três ex-estudantes da Escola Nacional
de Belas Artes (ENBA) quando
ainda estava vinculada diretamente ao Estado Brasileiro e como expressão do
PROJETO CIVILIZATÓRIO COMPENSADOR da violência inerente ao exercício do poder.
Mário de Andrade ao
apontar o caminho do “DIREITO à PESQUISA ESTÉTICA" distinguindo-a da “ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA BRASILEIRA”[1] lança uma luz sobre o PROJETO
CIVILIZATÓRIO COMPENSATÓRIO da VIOLÊNCIA
do ESTADO trazido pela MISSÃO ARTÍSTICA BRASILEIRA. O núcleo deste PROJETO é o
ILUMINISMO expresso pela RAZÃO e materializada entre 1789 até 1815 nas ruidosas
e radicais formas de um ESTADO NACIONAL FRANCÊS se conduzir no âmbito da
PRIMEIRA ERA INDUSTRIAL.
Projeto de Jorge
Machado Moreira[1] professor do Curso
de Urbanismo do IBA-RS e projetou Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Fig. 15 – A reitoria
como CASA GRANDE e lugar de prestígio e onde todos querem estar. Os departamentos,
as unidades, e centros do quais todos fogem na
primeira oportunidade, pois são
os lugares do trabalho e da heteronomia à reitoria. Nos centros, nas unidades e
nos departamentos se evidenciam o colonialismo e o servilismo em relação à
reitoria. A Escola de Belas Artes (EBA) da está alojada no prédio da Reitoria
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)..
Porém o Brasil continuava
a ser mero consumidor destes produtos materiais e simbólicos em troca do saque
de suas matérias primas[2].
Os positivistas
vaticinavam para universidade brasileira a concretização da “PEDANTOCRACIA”[3]. A forma legal, em que a universidade
brasileira foi concebida, aprovada e funciona, expressam e materializam alguns
dos piores traços do neocolonialismo e trabalho servil. Para a PESQUISA
ESTÉTICA autêntica e produtiva este é certamente o pior clima econômico,
cultural e politico possível. Neste cenário a que são submetidos os seus estudantes
e técnicos administrativos o máximo que
pode acontecer é a ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA e CONSUMIDOR de algo alheio e já
ultrapassado.
[1] Jorge
Macchado Moreira ( 1907-1992) http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_Machado_Moreira
[2] A
PILHAGEM do BRASIL NÃO FOI NO GRITO http://naofoinogrito.blogspot.com.br/2015/03/nao-foi-no-grito-114.html
[3] Miguel Lemos, em 1881,
-sobre projeto de Universidade Brasileira:
FÁBRICA de ARTISTAS
Central SAINT-MARTINS in Le Monde
14.01.2012
Fig. 16 – A cultura
oriental absorveu a era industrial e lhe conferiu um impulso e lhe conferiu uma
atualização propícia para a lógica da era pós-industrial A partir desta
pós-industrialização a formação das novas gerações buscou e reencontrou as motivações e operacionalizações nas suas
profundas raízes culturais de um passado oriental na qual a arte e vida se
enriqueciam reciprocamente. Estes conceitos, projetos e operacionalizações do
processo ensino-aprendizagem estão fluindo para as culturas ocidentais.
Continuam assim a longa tradição a ROTA da SEDA. ROTA pela qual fluíram as
técnicas básicas da cultura ocidental provenientes desta sabedoria milenar viva.
Os conceitos de Arte
necessitam de uma revisão ampla tendo em vista mudanças
significativas e coerentes com seu TEMPO,
seu LUGAR e a SOCIEDADE na qual é praticada. No TEMPO impõe-se escapar da intriga maniqueísta da CASA GRANDE
e SENZALA colonial brasileira. Neste TEMPO é necessário ter um panorama da
infraestrutura industrial que se desloca vertiginosamente para uma era pós-industrial.
A era industrial impôs um conceito unívoco e linear para Arte, como poucos
períodos anteriores haviam logrado. A era pós-industrial incorporou este
conceito unívoco e linear da arte.
Ecole Nationale des Beaus Artes de TOURS
http://fr.famedpages.com/images/Ecole+Nationale+des+Beaux+Arts+de+Tours#_=_
Fig. 17 – A aprendizagem
de arte sempre conjugou o “PERTENCIMENTO” a um determinado grupo com atuação
coletiva com a responsabilidade “INDIVIDUAL”. A elaboração da OBRA profundamente
“INDIVIDUAL”. A aprendizagem para administrar a contradição entre o
“PERTENCIMENTO” X “INDIVIDUALIDADE” e transformá-la em “COMPLEMENTARIEDADE” pela arte é altamente salutar para uma
civilização. Constitui a prática de
uma poderosa aprendizagem de interação positiva entre a multidão e a solidão.
Ni meio virtual ( pós-industrial) constitui-se num poderoso exercício de
aprendizagem da circulação do poder entre o coletivo e o individual.
Ao mesmo tempo o
colocou ao lado de correntes estéticas proveniente de variadas SOCIEDADE na
qual a Arte foi praticada. Na evolução
da sua vida os conceitos da Arte podem se espelhar na metáfora da lagarta viva
que se transveste em na forma de crisálida para atingir a borboleta e desta
retornar ao ciclo da pulpa e se reproduzir por tempo indeterminado, de uma
forma e maneira continuada.
Na
institucionalização do ensino aprendizagem da Arte a era pós-industrial oferece
uma serie incomensurável de recursos para ATUALIZAR a sua inteligência. Para o
artista - que busca a PESQUISA e a inovação este imenso acervo informativo
significa a possibilidade de fugir da heteronomia voluntária ou involuntária
deste rico patrimônio de outro TEMPO e LUGAR. Este aprendiz e instituição
dedicada à Arte jamais pode esquecer que operam no campo dos sentidos humanos
tanto na produção como na recepção da obra de Arte.
John GERRARD -Reserva Solar Tonpa Nevada 2014 inauguração em
NY em 03.10.201
Fig. 18 – A obra
física de estação de energia solar do interior
(rural) norte-americano
apresentada ao publico de Nova York (urbano). Esta PESQUISA desta
instalação física é tributária da era
industrias expende a suas INFORMAÇÔES relativas a ela que circulam no meio virtual (
pós-industrial).
Os recursos
numéricos digitais - da era pós-industrial - possibilitam o retorno da
orientação individual e personalizado do estudante de Artes. Isto é possível
mesmo nos graus mais baixos e próximos do aprendiz. Este possui menos
necessidade de ser submetido ao taylorismo das linhas de montagem da indústria
do sistema de ensino-aprendizagem da era industrial. De um lado recupera esta
autonomia da PESQUISA pessoal por meio dos
grupos, das associações e mesmo das guildas de profissionais das Artes
escolhidos por ele. Do outro estas membranas institucionais permitem- na era
pós-industrial – interações altamente
produtivas e estimulante provenientes do meio econômico, político e social no
qual se insere o novo produtor de Artes Visuais.
Diante de uma obra
de arte nunca é possível ignorar é que ela resulta de um imponderável número
de deliberações e decisões humanas tomadas arbitraria e voluntariamente no
âmbito de uma cultura ou civilização. No sentido inverso ela se torna um riquíssimo repertório e um documento destas deliberações e decisões tomadas na
mesma civilização que lhe deu origem. Em consequência esta obra de arte torna-se
impossível de ser produzida em outro TEMPO e LUGAR do que aqueles da sua origem e de seu autor ou autores..
FONTES
BIBLIOGRÁFICAS
MARQUES dos SANTOS, Afonso Carlos «A Academia Imperial de Belas Artes e o projeto Civilizatório do Império» in 180 anos de Escola de Belas Artes Anais do
Seminário EBA 180. Rio de Janeiro : UFRJ, 1997, pp. 127/146.
OLIVEIRA Myriam Andrade Ribeiro et PEREIRA Sônia Gomes (coordenadoras) Catálogo
do acervo de artes visuais do Museu D. João VI – Rio de Janeiro: EBA-UFRJ-
CNPQ 1996 – 300 p.
NOBREGA, Vandick Londres. Enciclopédia
da legislação do Ensino. Rio de Janeiro;
Revista dos Tribunais. 1952.
PEREIRA
Sônia Gomes (coordenação) . 180
anos de Escola de Belas Artes. Anais do Seminário EBA -UFRJ Rio de
Janeiro: EBA-UFRJ, 1997. 498 p..
PEREIRA
Sônia Gomes (organizadora) 185
anos de Escola de Belas Artes. Rio de Janeiro: EBA-UFRJ, 2001/2002. 224 p..
FONTES
NUMÉRICAS DIGITAIS
SIMON, Cirio
- Origens do Instituto de Artes da UFRGS: etapas entre 1908-1962 e
contribuições nas constituição de expressões de autonomia dos sistema de artes
visuais no Rio Grande do Sul Porto Alegre : Orientação KERN, Maria
Lúcia Bastos .PUC - RS, 2003—570 p..- versão 2012. em DVD
Disponível digitalmente
REPOSITÓRIO UFRGS
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TAUNAY,
Nicolas-Antoine (1755-1830)
Este material possui uso restrito ao apoio do processo
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Este material é editado e divulgado em língua nacional
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Referências para Círio SIMON
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