DIVERSAS ONDAS ESTÉTICAS ANTAGÔNICAS.
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Fig. 01 – A Arquitetura gerou o seu próprio campo de
forças. Construiu e emancipou a sua História da ARQUITETURA partir destas
energias. Ela foi cercada por teorias e aportes econômicos. Aportes necessários
para gerir, usar e reaproveitar os recursos físicos indispensáveis para vida
prática humana cada vez mais complexa e exigindo acumulação e circulação de
capitais e suas especulações. Apesar das diferenças entre ARTE e
ARQUITETURA o pensamento criativo, o novo e surpreendente criam sucessivas
ondas de renovação e estímulo recíproco..
Se a autêntica HISTÓRIA da ARTE possui uma vantagem é aquela da sua
competência para surfar sobre uma sequência de ondas e fazer caminhos entre estéticas
diferentes e antagônicas. Os “caminhos se
fazem andando e apenas deixam rastros”
(Machado, 1995: 62). O sentido da HISTÓRIA da ARTE é tentar reconstruir
estas rotas navegadas nas quais deixaram as espumas flutuantes das obras de
arte.
Neste caminho a HISTÓRIA da ARTE se irmana com a DEMOCRACIA e com
todas as disciplinas que possuem a coragem, a competência e sabem por que se
jogam pelos caminhos inexplorados dos campos abertos e sem garantias prévias. A
HISTÓRIA da ARTE se irmana com o ESPORTE como o SURF e tantos outros ou o JOGO
como dos DADOS. Alvin TOFFLER apontava, na década de 1980, esta sequência e
acúmulo de ondas e de energias que se sucedem ininterruptamente e se estimulam
reciprocamente. O mundo empírico seguiu seu rumo e a sua lógica independente
desta abstração teórica. Os instrumentos humanos pertencem ao seu TEMPO e
LUGAR. Como tais estão sujeitos à entropia e a corrosão.
As narrativas autênticas e únicas da HISTÓRIA da ARTE não se rendem ao ecletismo e
aos mecanismo de fuga. Retiram as suas energias, motivações e resultados da
atenção de que a ARTE está em QUEM a PRODUZ conforme Aristóteles (1973:
243 114a 10.). Esta narrativa tira as suas energias da
percepção, da compreensão e do respeito a esta fonte e origem da OBRA de ARTE.
Fig. 02– A era industrial introduziu alguns
instrumentos teóricos que podem avalia a extensões daquilo que é contínuo no
tempo, lugar e cultura. Os eixos cartesianos podem ser aplicados ao principio
da continuidade que segundo Leonardo da Vinci pode ser dividido em infinitas
partes. Trata-se da INTELIGÊNCIA e é um INSTRUMENTO EXTERNO ao mundo e a
fenômeno estético.. INSTRUMENTO EXTERNO útil para as NARRATIVAS HISTÓRICAS nas suas construções teóricas, avaliações e para
o feedback das suas comunicações.
A era industrial criou uma estética especifica para perceber e
compreender o seu TEMPO e o se LUGAR. Nesta visão taylorista a História da
Arte depende dum DESIGN preliminar,
tirânico e uma fôrma padrão escolhida preliminar e antecipadamente que se
replica indefinidamente pela máquina. A História da Arte da era industrial não
vai a campo estético sem o seu metro e o seu método que descarta a tudo e a
todos que não cabem nesta forma unívoca e linear a ser reproduzido pela
máquina.
Esta HISTÓRIA da ARTE da era industrial já nasce pronta e com um
mercado assegurado nas escolas, no turismo e na indústria gráfica. Ela vai ao
campo estético munido de batedores que usam métodos de patrulhamento, de
intimidação e de seleção que pouco ou nada tem a ver com a natureza da
arte.
Fig. 03 – A acumulação e as sedimentações - provocadas pelas sucessivas ondas das
culturas humanas - podem ser medidas e avaliadas tanto na extensão da sua horizontalidade (SINCRONIA) como na
acumulação sucessiva na verticalidade (DIACRONIA) da passagem do tempo. Uma das vantagens
da PÓS-MODERNIDADE é dispor virtualmente deste patrimônio da humanidade. Na era
industrial era necessário o acúmulo físico nos museus, arquivos físicos e a sua
reprodução e multiplicação mecânica.
A atenção, o respeito e a compreensão de que a competência da ARTE
está em QUEM a PRODUZ coloca o historiador, o cronista e professor em campo
aberto e cheio de perigos ocultos. Campo aberto carente de um trabalho
constante, exigindo permanentes condições de ruptura epistêmica e estética. A
ARTE, a HISTÓRIA e a DEMOCRACIA são entes primitivos de linguagem. A sua
materialização ganha forma perceptível em breves e fugazes momentos de sua
expressão. Expressões variáveis que eclodem com intensidades e ciclos de
manifestações que se entrecruzam. Expressões que confundem o novato até quem se
julga seguro nestas áreas devido a um longo tirocínio e exposição aos mesmos.
O ENTE no seu SER e competente e capaz para tomar
enorme e imponderável poliformia em estruturas das ondas e na intensidade da
sua dinâmica. O SER expressa e projeta
esta dinâmica, intensidade e multiplicidade de forma nas OBRAS de ARTE. A
HISTÒRIA da ARTE consegue perceber, registrar e comunicar - a um público mais
amplo - algumas destas estruturas com maior evidencia e legibilidade. A maior
parte desta energia e forças permanecem na sombra e no desconhecido a espera
que alguém a descubra, evidencie e socialize. Esta potencialidade do SER que expressa o seu ENTE na ARTE é o
seu grande trunfo e vantagem. A natureza da ARTE mostra um futuro de energias e
forças criatividade na busca do novo e do surpreendente.
A prática da DEMOCRACIA cultiva o mesmo potencial
de energias e forças de criatividade. As condições para a EXPRESSÂO da
DEMOCRACIA foram descritas por Mary
Follet (apud CARVALHO, 1979, p.60) como:
“só teremos democracia verdadeira quando os jovens
não mais forem doutrinados, mas formados no caráter da democracia. Portanto o
meu dever como cidadão não se esgotou naquilo que trago para o Estado. Meu
teste como cidadão é quão plenamente o todo é expresso em mim ou através de mim”.
No sentido inverso, por mais que uma mente - dominada pelo centralismo e pela tirania - se esforce
para parecer democrática, aberta e flexível, nela irão transparecer nas suas
narrativas e serão dominadas subliminarmente pelo totalitarismo e pelo
patrulhamento ideológico.
Fig. 04 – O arqueólogo pratica - nas suas escavações
- a separação, a leitura e a descrição
das sucessivas ondas de acumulação e as sedimentações. As sucessivas ondas das culturas humanas na
passagem do tempo - podem ser medidas e avaliadas tanto na extensão da sua horizontalidade (SICRONIA) como na
acumulação sucessiva na verticalidade (DIACRONIA) . Especialmente em culturas ágrafas é
possível verificar a origem da arte ou sua ausência em camadas mais antigas e
profundas..
A audácia e a ação temerária do artista inspiraram diversos profissionais empreendedores que
perceberam na ação, gesto e obras do artista. Nietzsche
resumiu (2000: 134) e desafiou :
“a arte
não pode ter sua missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais
elevado que sobre passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É
o único inútil, no sentido mais temerário”
Sem esta busca - e o cultivo gratuito daquilo que a ultrapasse a
natureza dada - a humanidade ainda se estaria escondendo em cavernas e com medo
de enfrentar um mundo desfavorável e aberto. Esta coragem e temeridade são
essenciais em um sem número de atividades, profissões ou mesmo no esporte.
A OBRA de ARTE possui por competência a campo da EXPRESSÃO. A HISTÓRIA da ARTE está sob o império do campo da COMUNICAÇÃO. Esta terá maio garantia de êxito
quanto mais unívoco, linear e ponderável forem as formas das suas narrativas. A
COMUNICAÇÃO paga o preço de estar situada no TEMPO. Como tal cada geração,
cultura ou local necessita reescrevê-la. A ARTE como EXPRESSÃO HUMANA - ao contrário
- - busca o mundo aberto, o universal e flerta continuamente com o caos e o
imponderável. Esta OBRA de ARTE é universal na medida em atinge,
com êxito, o mundo aberto, o universal e se equilibra sobre o caos e o
imponderável. Esta OBRA de ARTE carregada - no seu mínimo das formas físicas, com
estas energias - transmite o mundo de sua origem para todas as épocas e
gerações humanas e espaços onde ela peregrinar.
Reunião com Conde de SAINT SIMON
Fig. 05 – A RAZÃO ganhou evidência nos discursos e
nos escritos que se pautaram pelos paradigmas cartesianos. As máquinas de
impressão da era industrial multiplicavam estes textos e os divulgava por meios
de comunicação cada vez mais intensos e em rotas confiáveis. A formação de público
era o feedback daqulo que se constituía
ao redor dos pensadores que davam origem aos discursos e aos escritos. Novas
ideologias proliferavam por todos os recantos e que buscavam na arte a sua
materialização para os sentidos humanos.
A OBRA de ARTE precede o campo
a COMUNICAÇÃO na medida em que ela for aberta, constante e universal. Assim a
HISTORIA da ARTE exige o trabalho de profissionais experimentados e
qualificados. Estes profissionais sabem dos seus condicionamentos unívocos,
lineares e ponderáveis do campo da COMUNICAÇÃO. Qualificações que supõem um arsenal de
metodologias, de recursos logísticos e de comunicação pública. Qualificações da
COMUNICAÇÃO que supões constantes predisposições para realizar efetivamente
frequentes e profundas rupturas epistêmicas e estéticas. Os lampejos da OBRA de
ARTE são captados, sistematizados e socializados pela HISTÓRIA da ARTE e coloca
este arsenal ao seu serviço da humanidade como algo diferente e profundamente
civilizador. Assim a OBRA de ARTE ganha relevo, recebe institucionalização e circulação
segura. A HISTÓRIA da ARTE usa o campo da COMUNICAÇÃO como ferramenta conceitual
ou material que não aprisiona, corrompe ou ofusca a natureza da OBRA de ARTE.
A HISTÓRIA da ARTE não trata a OBRA de ARTE como temeridade pela
temeridade, a anarquia pela anarquia ou agressão aos valores pelo simples
prazer de destruir. A ARTE possui também componentes agressivos, forças ainda
não legíveis e evidentes energias negativas e autodestrutivas tanto para o
próprio artista como para o seu público. A HISTÓRIA da ARTE exerce o seu papel
civilizatório, na medida em que é competente para distinguir, entender e
socializar, destacando e comunicando aquilo que é socialmente aceito na OBRA de
ARTE e capaz de enobrecer a criatura humana.
Fig. 06 – A improvisação, a busca de surpreender e
provocar o improvável encontra em todas as gerações humanas formas de se
expressar. Em época de solipsismo e o
refúgio em veículos hermeticamente fechados não desalenta os improvisados
saltimbancos de 2014 ao estilo daqueles captados por Picasso no início do
século XX.
Cabe à HISTÓRIA da ARTE a tarefa de selecionar, neste vasto e
incomensurável repertório dos gestos e obras que se querem arte, aquelas que são construtivas, as
socialmente aceitas e enobrecem a humanidade como um todo.
Cabe, porém o aviso de que a HISTÓRIA da ARTE materializa a sua
própria expressão em narrativas, orais, escritas ou icônicas. Marc Bloch avisava (1976: 60/1) que
nestas narrativas:
“..a investigação histórica
admite, desde os primeiros passos, que o inquérito tenha já uma direção. De
início está o espírito. Nunca, em ciência alguma, foi fecunda a observação
passiva. Supondo, aliás, que seja possível”.
Evidente que a direção deste
inquérito pode estar errada desde o início. Como no ESPORTE, POLÍTICA ou ARTE a
HISTÓRIA da ARTE não pode pedir desculpas por esta precipitação, este erro e deslize.
O máximo que lhe permitido é a reparação do erro do prejulgamento, do erro ou
dos danos. Como no surf é necessário procurar e subir sobre outra onda para
chegar mais alto e longe.
Pegada Africana _ Vinicius Vieira _ Museu de
Percurso do Negro em Porto Alegre _ Praça da Alfândega 2
Fig. 07 – As ondas migratórias humanas estão em pleno
curso na época pós-industrial. No entanto o continente africano parece ter as
primeiras pegadas da transição entre os hominídeos até chegar aos seus
descendentes atuais. As ondas de uma
das calçadas da Praça da Alfândega de Porto Alegre mostram um dos lugares de
ingresso das sucessivas ondas de
ingresso africano em território sul-rio-grandense.
A renúncia de passar
imediatamente ao mundo dos projetos sem se arvorar como juiz e sem exercer uma
atenção redobrada a cada obra de arte, artista devidamente colocado na sua
época (ZEITGEIST), no seu lugar geográfico (WELTGEIST) e na sua sociedade
(VOLKSGEIST).
A HISTÓRIA da ARTE exerce um papel inequívoco de mediação entre o
PÚBLICO e a OBRA de ARTE. Consciente do seu papel mediador primordial, as
narrativas constituem, de fato, EDIÇÕES limitadas e limitantes. Porém, por mais
breves o equivocadas que sem estas
EDIÇÕES, o seu objetivo básico é
levar o seu público a circular no roteiro de sua elaboração. As autênticas
narrativas da HISTÓRIA da ARTE contém mecanismo de reversibilidade para a sua
origem. O desafio de Diderot - ao seu público - para que os seus leitores procurem
os museus e as exposições dos salões de arte para se defrontar com as OBRAS de
ARTE e realizar as suas próprias avaliações. O texto de Diderot a partir dos
SALÔES é exemplar e produz uma das essências de qualquer sistema que é a
CIRCULAÇÃO. Como tal um SISTEMA de ARTE forma ONDAS de público e de meios de
comunicação com entrada, elaboração e saída com avaliação.
A maioria desta centena de postagens, do presente blog, não seria
possível sem esta flexibilidade conceitual estética.
PAINEL AFROBRASILEIRO _ Pelópidas Thebano e
Vinicius Vieira 2
Fig. 08 – Em 2014, o artista de Poro Alegre, Pelópidas
THEBANO, criou a sua obra comandada
plasticamente por grandes ondas gráficas. Ondas que comandam o ritmo das cores, figuras
e formas estabelecendo provocações e orientações visuais qu rimam com os sons
conduzindo o seu tempo, intensidade e duração Uma narrativa universal e que
prescinde as palavras do presente texto para quem se defronta fisicamente com
esta obra.
No centro e no núcleo de qualquer rigidez estética encontram-se as
questões e problemas que se erguem e impedem o caminho do PODER ORIGINÁRIO. Em
qualquer narrativa histórica a LUTA PELO PODER ganha visibilidade e a primazia.
A LUTA PELO PODER está presente na escolha, nas palavras e no ato de evidenciar a obra prima. A LUTA física ou
simbólica pelo PODER é denunciado nos termos de “a mais cara”, “gênio” e do “modelo”. Nações hegemônicas
impõem - sem contrato ou negociação - a sua própria estética como “incontornável, única e verdadeira”. Luta
pelo poder que se desenha inclusive nas mentes melhor intencionadas e benévolas
como percebeu e escreveu o diplomata e escritor Guimarães Rosa (1963: 18)
“Querer o bem com demais força e de incerto jeito, pode já estar sendo
se querendo o mal por principiar. Esses homens ! Todos puxavam o mundo para si,
para concertar consertando. Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo”
É inegável que a DEMOCRACIA é um condicionamento, algo construído,
artificial e contrário à Natureza humana primária. A vantagem da DEMOCRACIA é que
ela trabalha com os resultados de uma deliberação e uma decisão. Como tal este
regime se coloca no âmbito dos CONTRATOS HUMANOS nos quais é possível saber,
controlar e cobrar os esforços e gastas ANTES, DURANTE e APÒS toda a ação
coletiva. Não é possível qualquer AVALIAÇÂO onde não existe um projeto unívoco
e linear anterior e que comanda os contratos coletivos.
PICASSO Pablo 1881-1973 - Guenon e o seu filho -
1951 - bronze 52.7 x 33 cm x 60. cm
Fig. 09 – O artista Pablo PICASSO submeteu a sua obra ao improvável, buscou fontes desprezadas por
muitos e conseguiu realizar RUPTURAS ESTÈTICAS consigo mesmo e com a sua obra
de períodos anteriores. Picasso esteve sincronizado permanente com a sua
própria onda por meio desta coragem, lucidez e trabalho diário. Esta onda
foi construída com um lúcido projeto a partir dos olhares atentos, sensíveis e
eficazes de Daniel-Henry Kahnweiller, seu galerista e jornalista.
Na falta de um projeto unívoco e linear anterior o historiador - de
uma cultura denominada de periférica- é surpreendido e engolfado por ondas
estéticas provocadas por culturas alheias. Todo historiador possui três
recursos, apontados por Nietzsche (2000: 27) para se livrar desta hegemonia e
não perecer. A primeira é prestar atenção a esta nova onda. A segunda é
não misturar as suas energias com estas
novas energias. Em terceiro é tratar de não construir um projeto determinado e
condicionado por estas forças estranham à sua praia. O cavalo de troia é uma
metáfora valida no passado como no presente da era numérica digital.
Katsushika HOKUSAI 1760 - 1849 -a onda
Fig. 10 – A experiência de uma única obra de arte
pode ser um fractal ou uma porção mínima de uma longa e penosa onda de
pesquisas estéticas autônomas e singulares da passagem do tempo. A obra de
HOKUSAI traduz um dos experimentos estéticos cujo tema era a série de vistas do
Monte Fugi.
Estas vista pertencem a
uma longa tradição nipônica cujas raízes mergulham na milenar cultura chinesa.
.
Mário de Andrade distingue (1942:45) a PESQUISA ESTÉTICA da ATUALIZAÇÃO da
INTELIGÊNCIA. Esta INTELIGÊNCIA
ATUALIZADA não é a razão de ser e o móvel da PESQUISA ESTÉTICA e da PRÁTICA ARTÍSTICA.
A INTELIGÊNCIA exercita a atenção, suspende juízos extemporâneos e mede o distanciamento necessário diante da cultura
alheia. A INTELIGÊNCIA ATUALIZADA mede e avalia as sucessivas ondas de modas
estéticas, que se querem hegemônicas, tentam colonizar novas praias e
estabelecer pontos de desembarque de interesses alheios. Estas ondas podem
e devem ser contempladas por meio da ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA. Porém estas ondas não substituem o AQUI e o AGORA da PESQUISA
ESTÉTICA e da PRÁTICA ARTÍSTICA. Ao contrário corroem, enfraquecem e falsificam
o presente o local de uma cultura que as energias hegemônicas querem colonizar
e por isto as denominam de “periféricas”.
Fig. 11 – As sociedades e as culturas mais
contemplativas preferem a visualidade do PADRÂO INFINITO. Descobrem o
movimento para o interior de si mesmo.
Neste movimento - para o interior de si mesmo - descobrem e evidenciam, na sua
arte, as proporções matemáticas, as metáforas da álgebra e da física quântica.
As sociedades e as culturas mais contemplativas descobrem nesta visão interna a
confirmação nas estruturas em fractais que no micro estruturas replicam a
partir das macroestruturas do universo e da matéria. Nesta representação a
criatura humana se distingue do antropomorfismo e da sua própria figuração. É
um dos fundamentos e uma justificativa do “Espiritual
na Arte” do advogado e artista russo Wassili Kandinsky. .
.
há necessidade de concordar com Sêneca que escreveu no texto “Da
Tranquilidade do Ânimo”,
(p. 08):
“Penso
que
muitos poderiam ter atingido a sabedoria, se não se tivessem imaginado ter
chegado até ela, se não se tivessem fingido certas coisas em si mesmos, se não
passassem por outras com os olhos fechados”
Estes olhos fechados, este fingimento e uma imaginação acesa
evidenciam que a criatura humana prefere
se distrair da atenção ao seu próprio ENTE no seu modo de SER.
É mais fácil e intuitiva a atenção e o encantamento com o movimento e a
ação. Ação e movimento que são uma tendência geral dos seres vivos. Em arte não
é diferente. Assim a imagem em movimento da sétima arte e o TEMPO em MOVIMENTO
na Música retiram desta tendência que se acentua na espécie humana. A
transposição deste encantamento e atenção resultante recebem a sua metáfora nas DIFERENTES ONDAS ESTÉTICAS e sua
ANTAGÔNICAS que resultam da atenção quieta e contemplativa do próprio ENTE no
seu modo de SER.
Otto-DIX -Triptychon-A GUERRA-Triptico
Fig. 12 – As ondas das guerras parece seguirem e estabeleceram um ciclo que vai da
aprendizagem dos horrores de uma guerra par o seu esquecimento e apagamento da
memória para renascer numa geração humana que não teve desta experiência direta.
A memória real da guerra é umas das primeiras coisas que a humanidade busca
apagar. Esta Guerra real é substituída pela sua MITIFICAÇÂO HERÓICA. Se isto
não é possível, ela é remetida diretamente para a naturalização das coisas
ruins e adversas que lhe aconteceram no passado.
Numa conclusão provisória e parcial é possível afirmar que as RUPTURAS
EPISTÊMICAS, ESTÉTICAS e SOCIAIS indicam as possibilidades, as competências e a
amplidão (ou estreiteza) da cultura de uma pessoa ou de uma sociedade. Este
processo inicia com as RUPTURAS EPISTÊMICAS, ESTÉTICAS e SOCIAIS, realizadas
pela pessoa consigo mesmo. Esta energia renovadora se propaga em ondas que
solapam constantemente os mais sólidos castelos da hegemonia alienante da
essência da ARTE. Cabe também a distinção de que o processo destas RUPTURAS EPISTÊMICAS, ESTÉTICAS e SOCIAIS apenas distrai a criatura humana da sua
essência do seu SER no TEMPO na concepção de Heidegger. E nesta essência que a
ARTE revela que ela está em QUEM a produz e não que produz.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
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KANDINSKY
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MACHADO, Antonio (1875-1939). «De Campos de Castilla» in .Antología
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pp.31 – 70.
NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900). Sobre
el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179
TOFFLER, Alvin. The
third wave. New York. William Marrow & Compagny, 1980.
Tambor _ Vinicius Vieira de Souza
Fig. 13 – Um dos objetivos civilizatórios de toda
cultura humana é reunir, congregar e criar energias coletivas. Um totem possui
esta capacidade. Uma obra de arte pública autêntica possui também o papel de substituir e denunciar o pelourinho
do Brasil Colônia que lembrava e coagia pela força bruta da dominação
implacável . Os monumentos públicos são
erguidos por governos dissociados do PODER ORIGINÀRIO e logo desrespeitados e
vandalizados a semelhança do tratamento que os pelourinhos lusitanos que derrubados e escondidos logo após a
Independência do Brasil em 1822.
FONTES NUMÈRICAS DIGITAIS
ARTE & OBSOLESCÊNCIA INDUSTRIAL PROGRAMADA
Conde de SAINT SIMON e socialismo utópico
DIX
Otto (1891-1969) A GUERRA - tríptico
ESTÈTICA AFRO em PORTO ALEGRE
KAHNWEILER
Daniel-Henry (1884-1979)
-
MACHADO,
Antonio (1875-1939) Antología poética. Madrid : Alianza, 1995, p.66
POLIFORMIA
SÂO PAULO: Arquitetura: HOTEL UNIQUE
SAMBAQUI: – 1 leitura diacrônica: camadas de baixo par cima-
2 leitura sincrônica: na mesma camada
SUASSURE
SÊNECA : Da Tranquilidade do Ânimo
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Referências para Círio SIMON