sábado, 23 de agosto de 2014

091 – ISTO é ARTE

   ¿ - JOVENS SEM SONHOS e 
       SEM SENTIDO de VIDA ?

A arte não pode ter sua missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais elevado que sobre-passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É o único inútil, no sentido mais temerário” Nittzsche 2000, p.1341

Fig. 01 – O artista anônimo que se adotou o heteronômio “BANSKI”, aderiu`ARTE PÙBLICA de RUA cultivada por um legião de grafiteiros e de artistas visuais que buscam formas de visibilidade, interação e de comunicação que são índices de uma civilização que impõea passividade, o consumo e a heteronomia.
http://en.wikipedia.org/wiki/Banksy

   Na passagem do bastão das conquistas - acumuladas por uma civilização para a próxima geração - impõe-se atenção e cuidado em garantir o êxito deste projeto. Esta passagem exige investimento de inteligência, de vontade de trabalho e sentimentos coerentes para não significar uma catástrofe irreversível. Muitas civilizações já naufragaram nesta passagem geracional.
   Para tanto é necessário admitir que a vida e a existência humana não possuem sentido por si mesmos. Eles pertencem à Natureza. Natureza que: “não possui alma por dentro” conforme Fernando Pessoa. No sentido contrário, a civilização confere sentido unívoco e linear que provocam sonhos e sentidos unívocos e linerares. Sonhos e sentidos que se originam do conflito com a Natureza entrópica enfrentando a criação artificial, novo e original. Nesta tarefa confitante a Arte resolve fecundar e transformar a Natureza por meio do projeto que “coloca algo no interior da Natureza”.
Fig. 02 – Os jovens da foto descendo a ladeira da Av.Dom Pedro II de Porto Alegre, certamente hoje estão motorizados e subindo, com facilidade, as ladeiras nas quais tinha de carregar os seus “veículos faz de conta”. Este “faz-de-conto” permitia sonhar e buscasentido na vida além de demonstrar o seupertencimento à uma geração admirada e estiimulada pelo adultos e especial osseus pais e antepassados diretos. Para estas culturas o s jovens e as crianças não são uma categoria seprada na sociedade

     A Arte é capaz de romper algo que pertence aos ciclos intermináveis, onipotentes e onipresentes da Natureza dada.
Evidente que esta ruptura é ameaçadora, e insegura. Ruptura, epistêmica, estética e sentimental que necessita a convocação de energias novas a serem aplicadas no tempo preciso e no lugar exato. A arte sempre lidou com esta perigosa e alta tensão produzida pelos poderosos polos opostos NATUREZA e CIVILIZAÇÂO. As mães temem esta mesma energia ao imporem aos seu  filhos “NÃO FAÇAM ARTES”.
Keith HARRING (1958-1990) Desenho Colorido.
Fig. 03 – Os signos icônicos deste artista jogam com um repertório infantil. De outra parte a leitura designos complexos e de lenta assimilação e interpretação estão sendo contornados nesta comunicação no interior de uma indústria cultural que se deseja livrar de códigos falados e escrito de civilizações anteriores.

    Por sua parte um jovem informado, como o contemporâneo, certamente evitará contrariar o preceito de sua mãe. Sabe deste risco da Arte, do alto investimento de energias e a exposição pública em consequẽncia de qualquer eventual fracasso. Poderosas forças morais, legais e reliogiosas encorajam a observãncia estrita deste tabu em relação à arte. Torna-se comprensivel a obediência a este preceito materno. Porém este temor do novo não estanca o probema da rápida entropia, esclorose provodos pela falta de renovação de algo queéarticial como a civilização humana. Não resolve o problema pelo simples fato aplacar os impulsos necessários para uma civilização perceber-se autônoma, capaz de se reproduzir. A Natueza impõe, a esta civilização, como circulos de ferro as suas forças entópicas. O primeiro discriminado e excluido é sempre o jóvem e as suas energias renovadoras.
Desenho de um índio kusiwa - Brasil
Fig. 04 – O mundo simbólico primitivo vincula-se estreitamente unido com os ciclos da Natureza A representação do bando multicolorido de pássaros - sob a proteção vegetal- realizada pelo indígena brasileiro - empresta um corpo visual para estas concepções imateriais. Empresta um corpo visual parao seu próprio sentimente de pertencimento ao clã e tribo.

   De outra parte os maiores revolucionários da Arte e da Ciências conceberam suas descobertas antes dos 40 anos de idade. Foi o caso de Albert Einsteisn (1879-1955) que propôsa teoria da relatividadea os 36a ano de idade. Porém não é a idade cronológica que está em jogo e em questão. A maioria dos jovens de civilizações - paradas no Tempo e na Natureza – não conseguem mudar as suas culturas se origem ou são silenciados e neutralizados pelos seus sistemas entrópicos. Os que já estão cobertos de cãs e com uma razoável idade em geral cultiram dese a infância este amadurecimentos. Como nas teorias pedagogicas de Comênius, na sua Didpatica Magna, as suas descobertas são florescentos e frutificações preparadas em longos invernos que as civilizações os mantiveram antesdeserem aceitos, Muita vezesisto ocorre depoisde seu desaparecimento físico
KEITH HARRING (1958-1990) Desenho Colorido.
Fig. 05 – Muitos artístas se apropriaram dos arquétipos dos codigos visuais de das culturas primitivas. Códigos que passaram da representação naturalista para os abstratos da escrita. O preço a pagar é a necessidade de uma iniciação e combinação de códigos entre emissor e receptor. Esta iniciação leva ao reducionismo semântico. A perda dos referenciais sensórios enseja a falsificação e obscurecimento deste código.

    Assim os sistemas adotados - por estas civilizações - são os responsáveis pelo silêncio e abulia dos jovens. Estes podem ser esmagados pela superbundância, obesidade ou por sistemas subliminares de controle de mentes, de corações e expressão do contraditório do qua acredita esta pseudo civilização. A liberdade – na concepção romana – era algo CONCEDIDO a uma certa classe, depois de certa idade, quando eram considerados patricios romanos e aptos para gerar outros patrícios. O resto da população eram escravos que não deliberavam ou decidiam nada para esta sociedade e muito menos geravam cidadãos romanos. Na concepção contemporânea são muito raros os artistas romanos dignos do estatuto deste nome. Meios materiais não lhes faltavam para tanto.
LÚDICA INFANTIL SUL-RIO-GRANDENSE Pesquisa de Glaucus SARAIVA de FONSECA (1921-1983)
Fig. 06 – O mundo do “faz-de-conta” infantil se materializa em gestos, palavras e objetos por meio dos quais a criança expressa o seu pertencimento à uma determindad cultura ou civilização. Por meio deste mundo “do faz-de-conta” a criança busca a sua própria interação e os primórdios de uma comunicação com a sua civilização. A correta percepção deste processo evita a passividade, o consumo e a heteronomia do jovem que busca o seu lugar.

   O acúmulo necessário - para uma civilização funcionar -  facilmente provoca mal entendidos sem fim e que desestimulam um jovem inexperiente. Esta civilização amadurecida reage e esmaga todas energias apesar destas buscarem apenas busca meios de atingir o seu próprio pertencimento. Nesta busca ainda não compreende e não aceita que a sua cultura antiga e cumulativa é extremamente vigilante e ciosa dos seus próprios valores. O jovem não compreende a extensão de qualquer gesto, palavra ou ação do jovem. De sua parte a civilização não é capaz de ter meios para compreender que este jovem apenas busca o pertencimento. Esta civilização na sua arrogância, tradição e poder acumulado interpreta esta busca do jovem como irreverente, agressivo e, assim, passa a considerá-lo como perigoso, como herético e digno de punições passivas ou ativas.
Tadeu MARTINS - Anjo da Guarda
Fig. 07 – As sociedades primitivas são comandadas pelo clã, pelos rituais e pelas forças onipresentes da Natureza Estas sociedades - e suas organizações a partir dos seus jovens - são uma garantia para a humanidade inteira no caso da ruina das sociedades tecficadas. Sociedades que possuem sentido semelhante ao potencial das florestas em manter o equilíbrio homeostático entre a civilização e Natureza.

Da parte do jovem não se trata de avançar o sinal, atropelar e demolir o que vier pela frente. Em cada jovem residem energias, novidades e diferenças necessárias para uma civilização antiga se preservar e reproduzir. A esclerose gera conflitos irremidiáveis quando não se entende suficientemente e se canaliza adequadamente este potencial do novo e do diferente em cada jovem. As ruinas e os efeitos catastróficos - para ambos os lados- estão por toda parte. As mudanças são necessŕias tanto para o jovem como para a civilização.
FÁBRICA de ARTISTAS - Central SAINT-MARTINS in Le Monde 14.01.2012
Fig. 08 – A massificação, provocada pelo indústria cultural, submete o artista a um processo de treinamento e eficácia em sociedades motivadas pelo consumo de massa. O jovem - candidato à artista - perdeu o sentido da busca do seu autoconhecimento. Os seus paradigmas são externo a ele impostos por uma civilização que aceita apenas passividade diante  padrões estéticos, de conhecimento e de vontade moldados pelas forças e a coerção coletiva, de consumo e da heteronomia


A complementariedade e a coerência entre estas energias evitam choques desnecessários na medida em que tiverem flexibilidade para atingirem nova coerência interna e externa. Toda a aprendizagem supõe, dos dois lados, a reorganização interna e externa. Mudança que perpassa toda estrutura, o sistema e o mesmo a própria civilização humana inteira. Esta nova complementariedade, coerência interna e externa emergem da revisão dos valores de ambos os lados.
Giuseppe GAUDENZI (1875-1966) - modelando no Instituto Técnico da Escola de Engenharia com ajuda de estudantes.
Fig. 09 – A guilda profissional - derivada da organização do artesanato- permitia ao jovem uma interação na qual ele iniciava como aprendizados de  técnicas manuais artesanais. Dali ele evoluía para constituir-se em mestre. Neste estágio o jovem mestre abria a sua própria empresa e admitir novos aprendizes. Com a especialização - e o design preliminar e abstrato - perdeu-se este processo natural de aprendizagem e sua reprodução. Na linha de montagem repetitiva o proletário perdeu a visão de conjunto do processo produtivo e assim a possibilidade da sua reprodução geracional.

     Poucos possuem o privilégio de ultrapassar e acrescentar algum sentido novo para a sua própria vida e dos demais. Esta ultrapassagem e acréscimo exigem imensas energias, a vontade de um projeto e o necessário discernimento de tempo e de lugar de sua aplicação prática. Estes poucos concretizam efetivamente o desafio de Nietzsche para atingir o sobre-humano e ulapassar aquilo que a Natureza fornece. Fornecimento que não está isento da cobrança que a Natureza impõe a todos e indiscriminadamente.
CULTURA ITALIANA Comunidade- In Rovilio COSTA et alii 2005 p. 129a
Fig. 10 – Nas culturas tradicionais o jovem e a criança não eram categorias separadas. Eles usufruím, não só a segurança, o pertencimento e o lugar próprio, mas ganhavam sentido e motivação no seu pertencimento pleno. As rígidas estrutura tribais ou do clã eram funcionais eram inclusivas e aceitas como tais. Estuturas derivadas de um modo de produção artesanal na qual todos aprendiam de tudo de todos. Com a especialização, na modo de produção industrial e empresarial, perderam estes vínculos culturais, afetivos e tradicionais. Raras culturas, como a japonesa, souberam transferir estes laços e processos para a empresa.

Não se trata da revolta contra esta fatalidade e tirania da Natureza. Trata-se de perceber adequadamente este imenso processo histórico. Trata-se de maximizar tudo aquilo que é competente para vencer aspectos deste processo entrópico universal. A vitória está com quem compreende muito cedo, na juventude, este processo. Este jovem, não perde o TEMPO que lhe é dado pela Natureza. Ele soma as suas energias com aquelas da civilização a qual pertence. Este processo fará fortuna na medida que esta civilização tiver um comportamento aberto e produtivo. Abertura competente para programar os seus próprios condicionamentos na direção da felicidade coletiva e individual.
Fig. 11 – A vivência do espetáculo da Natureza ofereceu para Claudio Martins Costa (1932-205) oportunidade para criar formas plásticas que expressam esta capacidade de abstração do que é essencial neste tropel de cavalos indomodos. O artsita estava profundamente interessado e vinculado às concepções indígenas do pampa sul-rio-grandense. Escolheu os arquétipos plásticos característicos destas culturas ancestral sem deixar de imprimir o seu interesse no movimento coletivo destes animais convivendo tão próximos com a criatura humana e interagindo com ele.

Condicionamentos aceitos num contrato coletivo, flexível e coerente. Com esta interação esta sociedade caminha para um processo democrático nas balizamentos que Mary Follet estudou e elucidou para a funcionamento de um autẽntico e produtivo regime democrático.
Fig. 12 – O pintor Carlos Alberto Oliveira (1951-2013) expressou na arte assus profundas vivẽncias sociais da sociedade a que servia como carteiro. Encontrou na arte assuas próprias formas para conferir visibilidade, interação e de comunicação como índices de uma civilização que evoca assuas buscas de pertencimento.

    Em conclusão é necessário admitir que a desmotivação e a falta de sentido do jovem acontece na medida em que alguém força sentido e função para ele. Para entender esta corrupção - da função e do sentido deste jovem aqui e agora - impõe-se admitir que a Natureza não possui nada por dentro. A inteligência, a vontade e os sentimentos do jovem perecem, ou se corrompem, na medida em que a Natureza é forçada por uma civilização que se aferra aos instrumentos unívocos, lineares e imutáveis. O equilíbrio coerente homeostática - entre estas duas forças antagônicas - só pode ser avaliado, conduzido e produzir frutos saudáveis na medida em que este projeto for atento flexível. e coerente com os extremos sobre os quais se apoia, equilibra e se desenvolve.
Além disso permanecem dúvidas inquietantes como aquelas das duas perguntas:
¿ - o jovem é o único culpado por não ter SONHOS e nem SENTIDO e VIDA ?
¿ - valeu a pena pagar o preço pela criação, o cultivo e a ênfase da categoria separada de CRIANÇA e de JOVEM ?


FONTES BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Maria Lúcia R.D. Escola e Democracia. Subsídios para Um Modelo de Administração segundo as Idéias de Mary Parquer Follet (1868-1933). São Paulo: E.P.U. Campinas, 1979. 102p.

COMÊNIO, João Amós (1592-1670) - DIDÀTICA MAGNA (1638) - São Paulo: Martins Fontes, 2002, 390 p. - ISBN 8533616236

FOUCAULT, Michel (1926-1984). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1995. 295.

OLIVEIRA LIMA, Lauro de (1921 - 2013). Os Mecanismos da Liberdade. Microsociologia. São Paulo : Polis, S/d. 376p.

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS

ABULIA dos JOVENS http://spp-sociedadedospedagogospensantes.blogspot.com.br/2011/05/abulia-resistir-ou-morrer.html

DIDÁTICA MAGNA
htp://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CB0QFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.ebooksbrasil.org%2Fadobeebookt%2Fdidaticamagna.pdf&ei=bYn3U4_cHYH_yQSV4ICoCw&usg=AFQjCNHXXRSLiMn1lgalbzmsESR0H3M40w&bvm=bv.73612305,d.aWw


KEITH HARING (1958-1990)
http://www.biography.com/people/keith-haring-246006#synopsis

JOVENS SEM SONHOS e SEM SENTIDO de VIDA
http://www.diarioconcepcion.cl/2014/08/21/#16/z

LI HOJE QUASDUAS PÁGINAS – A NATUREZA e FERNANDO PESSOA
http://www.citador.pt/poemas/li-hoje-quase-duas-paginas-alberto-caeirobrheteronimo-de-fernando-pessoa

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Círio SIMON
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domingo, 17 de agosto de 2014

090 – ISTO é ARTE

  O IDEAL e o EMPÍRICO em ARTE 

“Veríamos desaparecer completamente todas as artes, sem esperança alguma de retorno, sufocada por esta lei que proíbe toda pesquisa. E a vida que já é bastante penosa, tornar-se-ia então totalmente insuportável” ( Platão, Diálogos, 1991, p.417)"

Luis Carlos XAVIER, e Vasco PRADO - SÃO LEOPOLDO monumento do sesqucentenário da imigração inaugurado em 21.12.1974
Fig. 01- Monumento dedicado a lembrar o Sequicentenário da Imigração em São Leopoldo-RS. O seu autor o concebeu e usou formas e elementos plásticos que sugerem o mundo ideal, teórico e dos projetos perfeitos em contrate com mundo concreto, empírico e da realidade dada ao imigrante.

    O artista encontra-se exprimido entre o IDEAL e o mundo EMPÍRICO. Ele é esmigalhado entre mó rodante do ideal da ARTE e a mó fixa estática da realidade. Ele luta permanentemente entre o IDEAL ILIMITADO e IMPONDERÁVEL enquanto sofre, se revolta e vence os LIMITES concretos e empíricos da realidade na qual vive.
    Este Ideal, esdrúxulo à arte, ganha corpo em textos de leis monstruosas escritas, promulgadas e executadas por cima e por fora do campo estético. O artista é chicoteado por este poder esdrúxulo por meio de discursos do “DEVE SER”. Ele "DEVE" levar vida de aparências, de eventos bem concretos na forma de pessoas agindo como seus atravessadores, mediadores e seus tuteladores interesseiros.
Bruno GIORGI 1903-1993 - Teorema 1987-88 - Mármore - Porto Alegre – RS
Fig. 02- As formas dos arqétipos  propiciam ao artista- e ao receptor da obra - uma grande liberdade intelectual, enquanto priva ambos do mundo figurativo. No presente texto pode refenciar a leitura dos dois mundo (ideal x empírico) gerando um vazio para ser ocupado por uma mandala perfeita.
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         Não se trata de racionalizar, estetizar e simplificar. A obra de arte, por mais física e concreta que seja, é índice do modo de o SER evidenciar o seu ENTE. É o que nos ensina Platão:
“O bom discurso, a boa harmonia, a graça e a eurritmia dependem da simplicidade do caráter, não desta tolice que gentilmente denominamos simplicidade, mas da verdadeira simplicidade de um espírito que alia a bondade à beleza” (1991, p.173)
        Em arte a obra precede o filosofar. Porém raríssimos momentos em que ENTE e SER dialogam e interagem em sintonia perfeita.
                                                                    Cildo MEIRELLES (1948- ) - Zero cruzeiro
Fig. 03- O artista brasileiro Cildo Meireles usa toda a sua liberdade intelectual e extrai matéria para a sua obra do mundo figurativo, da economia e da tradição indígena brasileira. O mundo ideal que gera espectativas econômicas confronta-se com a anulação deste mesmo valor diante um mundo empírico indigena ainda sujeito ao escambo e distante da monetarização

   O poeta Paul Valéry tornou-se testemunho de preciosos fragmentos de afirmações do artista, pintor e desenhista Edgar Degas. Num estes fragmentos Degas disse que “um artista só é um artista em poucos momentos, por um esforço da vontade”. Em outro “o Desenho não é a forma, é a maneira de ver a forma”. O artista não tolerava discursos por cima e fora da Pintura “Degas gostava de falar sobre pintura e não suportava que se falasse sobre ela". Diante destes discursos “por cima e por fora de estranhos ao campo da arte” não poupava nem os amigos mais próximos. "Valéry dizia não compreender o que ele falava. Degas gritava, berrava que o poeta não entendia de nada e se metia em coisas que não eram de sua alçada"...
             Iberê Camargo preparando-se no seu atelier para intervir no movimento das DIRETAS JÁ
Fig. 04- Iberê Bassani Camargo partiu de sua realidade de menino do interior do Rio Grande do Sul e filho de ferroviário para criar, administrar e perpetuar uma das carreiras de um dos artista dos mais conhecidos, admirados e preservados na História das Artes Plásticas brasileiras. Soube entender o mundo ideal sem deixar de entregar-se  ao mundo empírico da atelier, do diólogo  com seus discípulos e compradores de sua intensa produção plástica e bem documentada obra visual por obra de Maria Coussirat Camargo.

    Assim a pesquisa estética precede a atualização da inteligência. Porém ambos convergem para formação de uma cultura ou um inconsciente coletivo.
“O direito permanente à pesquisa estética; a atualização da inteligência artística brasileira; e a estabilização de uma consciência nacional [..] A novidade fundamental, imposta pelo movimento, foi a conjugação dessas três normas num todo orgânico da consciência coletiva”
Mário de Andrade1 para a UNE, em 1942, p. 45.

      Inverter esta ordem significa preguiça mental, falta de vondade e ausência de um projeto próprio e fecundo. Inverter esta ordem significa o puro e ingênuo neo-colonialismo de uma consciẽncia importada de uma cultura alheia e alienante. Nesta cultura alheia importa o seu CONHECIMENTO e nada mais.
IA-UFRGS - Fundamentos da Cor - 2001 - Foto de Myra GONÇALVES
Fig. 05- Os meios para o artista contemporâneo pode mostrar o seu projeto, intenções e conhecimentos o leva para o território no qual brotam problemas inéditos permitem a pesquisa estética num grau nunca conhecido antes. Porém este mesmo mundo empírico e técnico sem coerência com o ideal, projeto e problema o podem jogar completamente a margem da arte, para o consumismo compulsivo e sua atividade num FAZER de mais um trabalho destinado à obsolẽncsia imediata e definitiva.

    Uma cultura alheia não pode servir de isca aos interesses não declarados dos detentores da hegemonia planetártia. Para além das fronteiras - destas culturas - elas tornam-se apenas conhecimento de suas origens, de sua fortuna, dos seus limites e das suas competências. Podem servir, no máximo, de matéria no ritual da antropofagia. Antropofagia da qual ninguém necessita prestar conta, sentir-se inferior ou individado com o seu consumo.
               Wenzel FOLBERGER .(..+ 24.06.1915) -ATLAS - Prédio Correios e Telégrafos POA-RS  
Fig. 06- O artista Wenzel FOLBERGER interpretou, na sua obra, o mundo figurativo do ATLAS da comunicação. Neste tema confere imagem ao pesado repertório que a criatura humana carrega no mundo da informação proveniente de todas as latitudes e tempos.

     O artista, ao lidar com a tradição, com o acúmulo do saber alheio e de poderosas e fundamentadas culturas hegemônicas,  sucumbe definitivamente diante de textos de leis monstruosas escritas, promulgadas e executadas por cima e por fora. O mero grito de indignação, destas vítimas ,que ostentam corações sangrando e mentes devastadas, constituem troféus eloquentes para esta saber estético alheio. O neo-colonialismo e os mentores da escravidão estética estão no triunfo ao abater os seus concorrentes e reduzi-los à servidão e à dependência.
Ruth SCHNEIDER (1943-2003) - obra da artista no Museu de Passo Fundo RS
Fig. 07- O olhar da artista passofundense parte de suas vivências imaginárias para criar instalações de sentido universal. O tema proveniente do repertório originário da vida boêmia imaginada.

     O ideal joga a criatura para o imponderável. O artista é vitima frequente da perigosa carga do poder simbólico da arte e motivado pela própria de sua fama. Poucos resistem a esta perigosa e alta tensão gerada pelos poderosos polos opostos.
A arte não pode ter sua missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais elevado que sobre-passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É o único inútil, no sentido mais temerário
Nitzsche 2000, p.134
    O próprio autor desta frase foi vítima das altas descargas destas forças simbólicas da arte. Assim teve de ser internado - no início do século XX-  como alienado mental. Entrou no cortejo de artistas como Van Gogh, Camile Claudel e, mais recentemente, Francis Bacon sofreu esta mesma compulsão. Além deles existem aqueles que descobriram possuídos destas forças subliminares da arte como Artur Bispo do Rosário sob o cuidados de Nise Silveira
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Parque MARINHA do BRASIL - obra de STOCKINGER (Xico 1919-2009) foto dez. 2010
Fig. 08- Um dos raros monumentos escultóricos com temática da flora. A obra é do artista de origem austríaca e com profunda admiração, vivência da flora brasileira e colecionador de cactus O estrangeiro possui este potencial de ver o diferente -de sua pátria de origem - e torna-se competente para carregar conscientemente o novo reprtório adulto proveniente do potencial da sua pátria de eleição. 

    De outra parte não bastam estas altas tensões e nem os discursos metafísicos “SOBRE a ARTE”. Contra este salto temerário para a METAFISICA – antes de pagar o tributo para o mundo EMPÍRICO da obra de arte - Valéry escrevia, como um artífice da linguagem, que “a linguagem do país das Artes é turvada com toda uma metafísica que se mescla de maneira muito íntima às puras noções da prática”. Uma interação saudável entre o SER e o SEU TEMPO - vivido no mundo empírico – não tolera o atalho, o ruído do ECLETISMO forçado e a racionalização entre o IDEAL e o EMPÍRICO em ARTE. Apesar de Leon Battista Alberti reconhecer que “a recompensa do artista é a fama”, esta fechou o horizonte de muitos artistas que foram abatidos, e imediatamente esquecidos, após o seu nome constar em todos os noticiários de sua época e terem acumulado fortunas.
Valeri registrou que:
Uma noite Degas fazia troça de Forain, que corria, chamado por um timbre imperioso, para atender o telefone. ‘É isso, o telefone?... Tocam um sinete e você acorre...’ Seria fácil generalizar essa expressão sarcástica. ‘É isso a Glória?... Você é citado, e acha que é alguém!...
     O pintor e professor Ado Malagoli foi mais sintético ao ser interrogado se 'um pintor poderia ficar rico'. A sua resposta fulminou muito delírio, capricho e ilusão. Respondeu que “SIM”.mas não deixou de acrescentar o preço desta nova condição: “ELE será apenas MAIS UM RICO”...


                                     FONTES BIBLIOGRÁFICAS:

ALBERTI, Leon Battista (1404-1472). Da pintura. Campinas: Unicamp, 1992. 161p.

PLATÃO ( 427-347a.C) DIÁLOGOS – (5ª ed.) São Paulo : Nova Cultural, 1991 – (Os pensadores)
------------ Diálogos: a República. 23.ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.

VALÉRY, Paul (1871-1945) Introdução ao método de Leonardo da Vinci (Ed. Bilíngüe) São Paulo : Editora 34, 1998 256 p.

                                     FONTES NUMÈRICO DIGITAIS
Artur Bispo do Rosário (1911-1989)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bispo_do_Ros%C3%A1rio

BACON Francis (1909-1992)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Bacon_%28artista%29

Edgar DEGAS (1834-1917)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Edgar_Degas
DEGAS e a MANEIRA
http://artemazeh.blogspot.com.br/2014/07/a-maneira-de-degas-ii.html

PLATÃO A República
http://pt.scribd.com/doc/36631268/A-Republica-Platao-Vol-I

RAFAEL SANZIO (1483-1520) Escola de ATENAS
http://fr.wikipedia.org/wiki/L%27%C3%89cole_d%27Ath%C3%A8nes.

SILVEIRA Nise (1905-1999)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nise_da_Silveira
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http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/

Círio SIMON

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http://profciriosimon.blogspot.com.br/

http://mathiassimon1829.blogspot.com.br/

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http://poder-originario.webnode.com/

http://prof-cirio-simon.webnode.com/

 http://www.youtube.com/watch?v=qdqXEg7ugxA