A ARTE de AGIR
SEM AGIR
“Toda a arte está no que produz,
e não no que é produzido”.
Aristóteles (1973: 243 114a 10 )
Artistas, filósofos,
cientistas, religiosos e políticos praticaram a ARTE sobre humana do AGIR sem
AGIR e continuam a praticar este paradoxo. Os grandes ícones da humanidade
sempre expressaram, em todos os tempos, formas renovadas de AGIR sem AGIR. Para
perceber esta difícil ARTE basta percorrer algumas biografias. Estas biografias
evidenciam a continuidade deste projeto em Mahatma Gandhi (Mohandas Karamchand
Gandhi), em Leonardo da Vinci, em Maomé, em Cristo, em Sócrates, em
Buda ou em Lao-Tse entre tantos outros.
O seu aparente paradoxal
AGIR sem AGIR não é inanição,
entropia ou uma força da Natureza. O AGIR sem AGIR constitui uma árdua
conquista de algo que potencialmente está ao alcance de todos. Destas figuras que cultivaram o AGIR sem AGIR
emanava uma energia que se transforma em ação coletiva. Energia que, em pleno
século XXI, ainda move civilizações inteiras.
Sintonia fina que imanta milhões de seres humanos. Multidões que se identificam
com este AGIR sem AGIR. AGIR sem AGIR que
imanta e impulsiona as energias brutas e as impulsiona para formas civilizadas.
Multidões imantadas e competentes para ultrapassar aquilo que a Natureza lhes
impõe - como ao restante dos reinos vivo
e inanimado - mas que esta energia do AGIR sem AGIR transfigura em civilização.
Vidas e civilizações que já possuem este desígnio primordial como o possuem as
narrativas das suas biografias, no dizer de Marc Bloch.
Fig 01 – A deusa Atenas enfrentando o turbulento Netuno AGE como
uma sagaz orientadora ao apontar a oliveira como a sua fonte continuada
da agricultura, indústria e comércio sem falar do alimento e bálsamo para as feridas representado pelo azeite.
Este projeto supera pela inteligência e sabedoria muito
mais do que consegue a força bruta dos deuses ou do
humanos.
A silenciosa Atenas
venceu os barulhentos deuses do Olimpo
que, na mitologia grega, se candidatavam com raios, trovões e berros a
serem os titulares e protetores da cidade. A deusa, nascida da inteligência de
Zeus, apresentou uma muda de oliveira como argumento a seu favor e dizer uma
palavra. O atenienses compreenderam a mensagem e com o azeite e as olivas
tornam a sua cidade um exemplo para o
mundo.
DAVID
Jaques Louis 1748-1825 - A morte de
Sócrates - óleo em
1787 mede 130 x 196 cm
Museu Metropolitanp NY
Fig 02 – Sócrates foi o grande mestre da ARTE da atenção fina e
continuada ao nascimento, ao desenvolvimento e à reprodução da Inteligência
humana por meio de maiêutica. Levou esta ARTE até as últimas consequências a um
ser humano. O seu AGIR sem AGIR desesperou os seus juízes que o condenaram à
ingerir a cicuta mortal. Estes juízes
alegavam a corrupção da juventude. Corrupçao que era de fato o perigo que
representa uma inteligência e uma sabedoria que encontra meio próprios par se evadir da escravidão coletiva
e da colonização das mentes das novas
gerações com antigas e obsoletas formas de civilização. A simples sugestão
deste caminho da liberdade consegue muito mais
do que a força bruta dos deuses ou dos humanos.
Toda obra que pretende
ser de Arte - se for incapaz sua origem de demonstrar no pensamento ao seu
observador - ela remetida ao mundo do artesanato, da obsolescência. O trabalho
do fazer pelo fazer - carente de um pensamento único e original - está destina e
perecer no lixo descartado pelo consumo.
A simplicidade e a
coerência com os seus próprios meios permite esta transparência das ideias de
sua origem. Assim o observador não se distrai com artifícios que não pertencem
à natureza formal da obra nem ao conceito. A sobrecarga formal ou conceitual poderá
divertir num primeiro momento. Porém quando estas necessidades lúdicas
abandonarem os seus praticantes e observadores será apenas ruído que remete os
brinquedos velhos para o mundo do descarte.
Fig 03 – A obra Mona Lisa é constituída pelo mínimo das formas
materiais. Estas são competentes para serem índices suficientes para
materializar a mente do artista aos sentidos humanos. Material que revela o
imenso e original mundo mental de Leonardo da Vinci. Este foi plenamente
competente para unir mente e a matéria do quadro. Competência comprovada para
unir a matéria dos pigmentos sobre uma superfície ao projeto de que “uma
pintura é uma obra mental”. Pintura que dispensou o traço da linha. A obra Mona
Lisa é constituída por milhões de pontos que geram mundos de luzes e de sombras
que constroem a figura da modelo.
Clique sobre imagem e busque alguma linha, desenho ou traço
Uma obra como a Mona
Lisa poderá não agradar um repertório infantil. Repertório e reduzido ao fazer
e ao reagir a estímulos primários e ao condicionamento de percepções, de juízos
e comportamentos próximos das espécies vivas que se regulam pelo comando da
Natureza. O sentido de uma obra destas só se revela na sua passagem pelo tempo, por gerações
sucessivas e por repertórios tão variados como a ocidental e oriental. Sentido
testado por milhares de outras mãos de artistas guiadas pela sua capacidade de
formar na sua mente um projeto. Projeto que necessita exercer a ascese para
AGIREM sem AGIREM no âmbito de milhões de escolhas. Escolhas que necessitam
deixar fora da obra definitiva tudo aquilo que poderia comprometer a sua
coerência entre a matéria sensível e o pensamento que comanda o projeto.
Fig 04 – Com os braços
cruzados e inativos e com o cérebro em plena função o artista norte-americano
John Cage praticou até os limites a ARTE
de AGIR sem AGIR. Depois e passar das fontes orientais da filosofia do AGIR sem
AGIR criou obras musicais capazes de dar corpo este principio. Nela o artista
percebe que no centro da Arte da Música encontra-se a passagem do Tempo em
movimento. Assim a sua peça 4’33’resume-se no silêncio absoluto ao longo de
quatro minutos e trinta e três segundos sem qualquer som u nota musical ou de
qualquer instrumento musical
Platão nos ensina (in
1985, 2º vol, 221) que existem três camas. Uma é a cama única, concreta e física
que possui todas as dimensões dos sentidos humanos. A outra é aquela que é da
imagem. A terceira é aquela que está no dicionário. A primeira é do pensamento
concreto do aqui e do agora. A segunda corresponde concepções do “homo faber”, e
que poder ser multiplicada e modificada ao infinito pelo sistema fabril. A
terceira domina as duas anteriores e cujo conceito serve para todas as camas
possíveis e improváveis. O AGIR sem AGIR pertence a este último universo
mental. Universo mental que é inteiramente competente para irromper nos dois estágios anteriores e
modificá-los completa e definitivamente.
Fig 05 – A longa e atenta observação das
formas plásticas que os seres vivas tomam nas piores condições do terreno
rochosos para viver e se reproduzir, realizada
pelo escultor Francisco STOCKINGER (1919 -2009) serviu a este artista de
orientação nas escolhas dos materiais, das formas plásticas e daquilo que ele
poderia transmitir ao seu observador. Apesar de privado da audição o “XICO” animava
as suas esculturas, os seus desenhos e as suas sábias e ponderadas intervenções
com o seu saber do AGIR sem AGIR.
A artista e professora Christina
Hellfensteller BALBÃO (1917-2007) afirmava que o mundo atual está atulhado e
saturado de objetos destinados ao consumo, à obsolescência e ao lixo. Coerente
com esta verificação enveredava pelo AGIR sem AGIR. Expressava e justificava
esta sua vereda que não iria colaborar neste entulho criando mais objetos. O
seu AGIR sem AGIR é relembrado pelos seus estudantes. Estudantes de todas as
idades, tendências estéticas e repertórios que eram tocados e sensibilizados pelas
suas sábias e oportunas observações. O seu AGIR sem AGIR se aproximava da
maiêutica socrática. AGIR sem AGIR que se traduzia para aqueles que a queriam
ou a podiam ouvir e receber dela uma orientação. Orientações para perceber,
configurar e sair de eventuais bloqueios, de percepção de reais problemas
estéticos e ou ainda orientar-se na política cultural concreta do seu ambiente.
Fig 06 – A mestra Christina Hellfensteller Balbão (1ª
a esquerda) exercendo função de colocar o cérebro, o coração e sensibilidade a favor da ARTE no seu AGIR sem AGIR no magistério e na sua mediação
no mundo da Arte . Christina interagiu
com o seu saber, suas práticas, os seus juízos compreensivos e sempre
construtivos, colocando-os ao alcance de quem a queria ouvir e seguir mesmo
depois e muito além de sua sala de aula.
O AGIR sem AGIR não conhece fim de semanas, férias, ou aposentadoria.
Assim o “AGIR sem AGIR” não é inanição, entropia ou uma força da Natureza.
Esta atitude resulta de árdua conquista humana. Conquista de algo que está ao
alcance de todos. Entendimento do “sobre-humano”
de Nietzsche ou o “ENTE no SER” de
Heidegger. Entendimento de Aristóteles quando afirma que “toda a arte está no que produz, e não no que é produzido”. Esta
arte se projeta para além do tempo do seu autor na medida em que considerarmos
Le Corbusier quando afirma (in
Boesiger, 1970, p.168) que “nada é transmissível a não ser o
pensamento”. Porém
sempre atentos à concepção de Kant em relação “valor moral resultante da autonomia da vontade” de quem “AGE sem AGIR” e não singela inanição,
entropia ou força irrestível da Natureza.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
ARISTÓTELES (384-322).
Ética a Nicômano. São Paulo:
Abril Cultural1973. 329p.
BLOCH, Marc (1886-1944) .
Introdução à História [3ª ed] Conclusão de Lucian FEBVRE - .Lisboa: Europa-
América 1976 179 p.
BOESIGER, Willy . Le Corbusier Les Derniers œuvres Zurich : Artemis, œuvres complètes 1970, ,
v.8, 208
KANT, Emmanuel (1742-1804). Crítica da razão
prática.
Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d. 255p.
NIETZSCHE, Frederico
Guillermo (1844-1900) Sobre
el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.
PLATÃO ( 427-347) – A REPÚBLICA – Tradução di J.
Guinsburg 2º volume . São Paulo :
Difusão Européia do Livro, 1985, 281 p.
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
LAO
TZÈ
ATENAS
VENCE com A OLIVEIRA
http://www.obagastronomia.com.br/os-deuses-e-o-azeite/
QUANDO
O SOM e a PALAVRA se tornam INUTEIS e até ESTORVAM:
Um
DIALOGO SILENCIOSO entre MIGUEL ÂNGELO
(1475-1564) e MIGUELÂNGELO ANTONIONI
(1912-2007)
Diretores e fotógrafos tinham de serem mais
criativos com um filme mudo e se esforçarem mais: de luz, sombras, formas e
imagens em 17 minutos de movimento
(2004).
A
peça e performance da obra 4’33’’ de
John Cage como expressão do tem em movimente sem feri-lo.
PAULO PERES – o ENTE
no SER
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