WALTER ZANINI
*1925 - +2013
“A
escrita só é possível quando um sujeito a sustenta:
ela e as suas consequências” , Compagnon, 1996, p. 65/9.
Fig. 01 –
Walter Zanini exerceu, ao seu modo, a difícil mediação nas artes visuais e no
âmbito do hábito da integridade intelectual. As instituições, nas quais
trabalhou e orientou, estão aí para contar o quanto ele foi produtivo para as
artes de toda cultura brasileira. O seu hábito de integridade intelectual contrasta
no meio de atravessadores, mediadores que tutelam cargos em cujas funções
revelam-se verdadeiras nulidades. Carecendo de um projeto para as efetivas
funções, para as quais estes cargos foram criados, mais atormentam e atrapalham
do que ajudam. Mesmo com fortes orçamentos, malbaratam fortunas reunidas com a
maior boa vontade.
Se alguém sabia e sustentava “O
QUE é Arte” com as suas circunstâncias históricas brasileiras, este alguém
respondia pelo nome Walter Zanini. Jamais alguém ficará sabendo quem foi Walter Zanini. Sabemos dele é
o que ele foi[1].
No seu modo de SER Zanini abriu generosas portas e janelas para o seu ENTE.
Generosidade visível e materializada nas suas orientações, pesquisas,
curadores, nas palestras e nas suas
aulas nas quais nunca poupou as energias mais profundas com quais fez circular o poder da Arte. Não
foi produtor de obras de Arte. Porém conhecendo os caminhos abertos por outros ENTES
em direção da Arte fez-se guia abalizado daquilo que é mais difícil, improvável
e gratuito para a compreensão humana. A
inteligência estética brasileira perde, com o seu desaparecimento físico, um
dos expoentes em ser companheiro dos menos experientes no caminho que ele havia
realizado. Com o registro desta experiência a memória nacional ganha um incomensurável
acervo de contribuições institucionais, obras e produções pessoais no campo das
forças da Arte no Brasil.
[1] Hannah Arendt registrou (1983: 244) como: “quem é, ou quem foi alguém, não
o sabemos a não ser conhecendo a história da qual ele é o herói- dito de outra
forma - a sua biografia; todo o resto do que sabemos dele, incluindo aí a sua
obra que deixou, nos diz somente o que
ele é ou o que ele era”.
Fig. 02 – Evidente
que as obras gerais, de qualquer área humana ou técnica, são competentes para
enumerar e sumariar algumas tendências importantes para a mentalidade do
momento e de quem as elabora. No momento
seguinte o própria campo de saberes ali enfeixados aponta para outros rumos. A pós-modernidade
enveredou para as extensas e infindáveis enumerações captadas, elaboradas e
reproduzidas pelos meios numéricos digitais. A obra HISTÒRIA GERAL da ARTE no
BRASL coordenada por Walter Zanini é um
elemento indispensável nestas extensas enumerações dos eventos, tendências e obras de Artes
Visuais das quais a pós-modernidade pode incorporar, elaborar e reproduzir.
Constitui uma temeridade criar uma narrativa que tenha por tema o incomensurável
acervo das contribuições de Walter Zanini. Esta narrativa entra na contradição
pela proximidade deste expoente contra
remetê-lo para ao tempo distante. Esta narrativa possui todos os riscos
da mitificação de esquemas mentais laudatórios na proximidade empírica contra
uma escrita mais documentada e impessoal.
De um lado colher a ocasião significa confusão e parcialidade do outro a
imparcialidade e a procrastinação desta narrativa significa a ameaça do esquecimento. Ameaça reforçada pela
falta de arquivos, as sistemáticas destruições e as rupturas e fragmentações. O
meio termo pode ser de um ecletismo atroz e um derradeiro e definitivo
desaparecimento.
Fig. 03 – A
coordenação de Walter Zanini produziu, ajudado por figuras expressivas, textos
e imagens compendiadas nos dois volumes da obra impressa HISTÒRIA GERAL da ARTE
no BRASL. Esta obra marcou época e se
oferece para a pós-modernidade para o seu conteúdo ser incorporado, elaborado,
criticado e desafiar a que produzam enumerações
que caracterizam eventos,
tendências e obras de Artes Visuais sob outros paradigmas concorrentes.
Diante destas três alternativos resta “sustentar esta narrativa e as suas consequências” no conselho de
Compagnon.
Walter Zanini pertenceu ao tempo e conviveu com ele como historiador.
Ele também “situa-se entre o tempo que
continua e ao mesmo tempo muda e gera problemas de investigação” conforme
Marc Bloch (1976: 30, 60). Se o fluxo do tempo terminou para este profissional,
a sua obra dirá dos problemas de investigação irá suscitar.
HILDEBRANDT Adolf von (1847-1921)
- Túmulo família Dreher 1919- Cemitério São José Porto Alegre - RS
Fig. 04 – O
interesse de Walter Zanini não se limitou ao universo estético nacional. A
cultura brasileira não pode se fixar num tipo único e definitivo de interesse
de uma identidade nacional postiça e imposta como no seu período colonial. Uma
Arte cujas fontes estão na soma de tantas etnias, culturas sem fim e de estágios culturais próprias do coletador e
passando por todos os degraus de desenvolvimento técnico até a mais alta
erudição possível pode-se dar ao luxo de contemplar e sentir também ao obra de
Adolph von Hildebrandt que Walter Zanini visitou e estudou em Porto Alegre. Esta iniciativa de Zanini diz da capacidade
incorporá-la sem se confundir com ela e se transformar num ícone.
As contradições, os bretes culturais e excomunhões recíprocas não
surpreendiam este paulista com uma sólida formação erudita. Com uma ampla visão
estética Zanini não entrava nos atoleiros nos quais presas algumas almas
penadas incapazes de exercerem rupturas intelectuais e culturais. Bretes como
os denunciados por Durand quando escreveu (1989: 5) que:
“a partir da conversão ao modernismo dos
intelectuais mais ativos no jornalismo cultural e na crítica de arte, a
história do campo das artes plásticas ficou clivado por uma espécie de
periodização maniqueísta na qual tudo o que se refere à fase acadêmica como que
lembra conformismo, subserviência ao estrangeiro e conservação estética e tudo
o que diz respeito ao advento do modernismo como que se recobre de
criatividade, ousadia e autenticidade nacional”.
Contra esta conservação estética a biografia de
Walter Zanini encontra-se coerente no fluxo do seu tempo. A sua obra é
continuação do seu pensamento. Pensamento que ele formalizou nas instituições destinadas
para um tempo indeterminado, na sua obra escrita documentada que circula e em
parte está impressa.
Fig. 05 – O
administrador cultural Walter Zanini conferiu uma notável estrutura
administrativa ao museu da Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e o
conectou às suas memoráveis curadorias das legendárias Bienais de São Paulo. Agora podem ser avaliadas após o seu desaparecimento
físico enquanto ambas continua. Um dos índices mais seguros dos acertos no meio
de dúvidas, concorrências de alternativas possíveis na época é o fato que ambas
ingressaram no século XXI, aumentaram e
estão em plena fase de reprodução em tempos bem distintos.
Nesta obra documentada há necessidade de visitar, observar e
institucionalizar o que não foi para ser impresso. O seu pensamento seguiu o
caminho do hábito da integridade intelectual onde é possível localizar o
crítico. A sua obra no âmbito institucional teve por centro a identidade da
disciplina de História da Arte.
Os seus estudos, as suas pesquisas, os seus trabalhos e suas obras foram
realizadas num ambiente que sabia carregado de conceitos e hábitos arcaicos
como Zanini registrou (1997: 27)
“a História da Arte no Brasil
recebeu com defasagens notórias a influência dos principais métodos científicos
que assinalaram sua ordenação científica na Europa a partir dos últimos anos do
século XIX. O alargamento de seu interesse, no segundo pós guerra e sobretudo
aquele em nível de carreira universitária – alterará a situação anterior”
Esta esperança universitária é sustentada na cultura ocidental pela
Universidade de Bolonha, até pela sua tardia introdução efetiva para todo
território nacional em 1931.
Fig. 06 – O
tio artista Mario Zanini mostrou na prática para o mediador de artes Walter
Zanini as exigências das forças estéticas que permitem ao criador de arte de
ser o mais inútil dos temerários. Temeridade que permite extrair e mostrar os
traços do sobre humano que só ele sabe exercer, conforme sentenciou Nietzsche.
Se a Filosofia nasceu do espanto, o crítico de arte, o historiador e cronista
de arte progridem de espanto em espanto diante de alguns seres privilegiados
que exercem esta força de se sobreporem
ao humano e à Natureza. Se for o ente familiar, mais sentida, aprendida e
aplicada será a lição.
A arte possui um caminho particularmente difícil em relação à autêntica instituição
universitária brasileira. Especialmente de uma universidade que reduz, para se
manter, mental e materialmente, aos já debilitados cursos ditos superiores.
Cursos que estão longe de universitário,
apresentam os esquálidos esqueletos que se confessam estritamente
profissionalizantes no seu funcionamento prático. Diante de um campo de saber
como a arte estes cursos superiores profissionalizantes não toleram qualquer intromissão de um paradigma que não
seja utilitário e de retorno monetário imediato.
Walter Zanini estava consciente
dos estragos da tardia introdução das disciplinas da História da Arte, da sua
rala distribuição geográfica e da carência de uma massa crítica qualificada.
Isto sem falar da falta de um apoio
decisivo de um projeto civilizatório compensador da violência, da heteronímia de um pacto social autêntico que nunca
existiu. Consciente de uma cultura que acha mais cômodo importar leis e
bacalhau seco de outras culturas que ele supõe infinitamente superiores, sem se
importar como estas culturas resolveram os seus problemas.
Experiente Zanini escreveu (1997: 21) que:
“a História da Arte é disciplina
sem um claro espaço de desenvolvimento básico na universidade brasileira [...]
uma tal situação não pode ser simplesmente redimida em estágios de
especialização ou pós-graduação. É preciso, portanto, que se transforme esse
quadro assim sedimentado e não mais toleráveis”.
Apesar disto Walter Zanini foi um qualificado medidor, tutelar,
professor e intelectual, no sistema de arte do Brasil. Dificuldades das quais ele
estava consciente das causas e efeitos e que, no contraste, só ressaltam a sua
figura humana, moral e intelectual.
Fez-se mediador qualificado entre o artista produtor e o se potencial
público. Tutelou instituições de Arte, conhecendo as suas competências e
limites muito antes de assumir a função. Foi professor de estudantes a quem não
regateava o seu vasto conhecimento e intelectual resultante de pesquisas e de
interações de toda ordem. Porém isto só era possível na medida em que o seu
ENTE derramava no seu SER estas qualidade. Um ENTE que ninguém conhece quem
foi, mas não deixava dúvidas sobre o seu modo de SER.
Fig. 07 – O
olhar aguçado de Walter Zanini estava
atento para as forças que movem as artes visuais e ao hábito da
integridade intelectual exigidos por quem quiser exercer um cargo uma carreira
universitária. Porém não geraram nenhuma aura acadêmica. Ele podia ser
surpreendido nas mais informais interações com o seu público e estudantes antes
e após as suas rigorosas e documentadas explanações nos ritos acadêmicos. O seu
exemplo arrastava para o seu repertório construído com as mais eruditas e
seguras fontes.
Walter sabia que a Arte seria impossível se todas as representações
totalizantes fossem rigorosos clones das outras. O respeito a estes ciúmes
entre paradigma concorrentes pela hegemonia dos seus respectivo
auditórios, levou o esteta paulista a
estudar os fenômenos da atualidade para extensas e infindáveis enumerações da
pós-modernidade. Formado ainda na era industrial cheias de normativas
totalitárias teve condições de realizar rupturas epistêmicas e estéticas das
quais saiu por cima. No seu modo de SER evidenciava que era portador de uma
cosmovisão estética que busca a integração de tudo e de todos no seu âmbito
transformando contradições em complementariedades. De outra parte sabia que a
cada cosmovisão correspondem numerosas outras que também são globalizantes e
praticam excomunhões daquelas concorrentes.
Resta desejar longa vida ao pensamento de Walter Zanini. Pensamento que
permanece na medida do cuidado e da atenção com que foi construído, entregue
aos seus leitores e aos usuários das instituições ás quais dedicou o melhor de
sua existência física. Pensamento a ser preservado, sistematizado e socializado
com suportes institucionais na linha da Coleção Brasiliana da USP.
Na síntese final é possível atribuir ao WALTER ZANINI aquilo que
Compagnon escreveu (1996, p. 65/9) que ele foi “o sujeito que soube sustentar a
sua escrita e as suas consequências”, mesmo quando não está mais
presente fisicamente.
FONTES
IMPRESSAS
BLOCH, Marc
(1886-1944). Introdução à História.
(3ª ed).Lisboa :Europa- América
1976 179 p.
COMPAGNON,
Antoine. O
trabalho da citação. Belo Horizonte : Editora UFMG. 1996. 115p.
DURAND, José Carlos, Arte, Privilégio e Distinção: Artes plásticas, arquitetura e classe
dirigente no Brasil, 1855/1985.São Paulo : Perspectiva: EDUSP 1989. 307p.
ZANINI
Walter (1925-2013) História
Geral da Arte no Brasil (Walter
Zanini Cord) São Paulo : Instituto Walther Moreira Salles, 1983 2 v. il
---------- A Arte no Brasil nas décadas de 1930-1940: O
Grupo Santa Helena São Paulo :
EDUSP, 1991 191 p. il
----------Considerações
preliminares sobre a História da Arte no Brasil - in 180 Anos da Escola de Belas Artes –
Anais do Seminário EBA 180 Rio de Janeiro, UFRJ, 1997, pp.21-32
FONTES NUMÈRICAS DIGITAIS
MAC USP
Bienal
São Paulo 1981
+
OBRAS de WALTER ZANINI
Arte perde um crítico
CORREO do POVO ANO 118 Nº 122 PORTO
ALEGRE, QUARTA-FEIRA,
30 DE JANEIRO DE 2013 arte&agenda
FOLHA de SÂO PAULO
GAZETA
do POVO
UOL
USP
PESQUISA
L’AVENIR de l’ART
GLOBO
Walter sobrinho de Mário Zanini -1907-1971
http://www.slideshare.net/deniselugli2/zanini-mrio
WALTER ZANINI e o MAC- USP
[+ vÍdeo ]
Texto
de:
JAREMTCHUK, Dária - MAC do ZANINI: o museu crítico do museu in
em
INSTITUIÇÔES de ARTE (1ª ed.) Porto
Alegre: ZOUK. 2012 pp.69-86 ISBN: 978-85-8049-026-8
TEXTO DISPONÍVEL na INTERNET em:
Zanini não foi um olhar vazio e fixo apenas nas obras de arte
http://www.telerama.fr/scenes/le-retable-des-sept-sacrements-de-rogier-van-der-weyden-1,92959.php#xtor=RSS-18
in http://www.telerama.fr/tag/le-blog-arts-d-olivier-cena/?xtatc=INT-41
in http://www.telerama.fr/tag/le-blog-arts-d-olivier-cena/?xtatc=INT-41
Temas
paralelos desenvolvidos pelo autor
Natureza dos paradigmas concorrentes:
Glossário e Algumas reflexões do autor deste blog em relação aos campos da
História, Arte e Biologia.
História: os fatos que chegam ao conhecimento coletivo são
aqueles mais dramáticos aos sentidos humanos. Dai a importância da Arte como
índice sensorial dos objetivos e dos objetos de uma civilização dada da cultura
humana. Arte em companhia da História, que Marc Bloch (1976 : 30, 60) “situa-se entre o tempo que continua e ao
mesmo tempo muda gera problemas de investigação”. E que para Hannah Arendt
representa (1983, p. 297) o: “conceito central das duas ciências
verdadeiramente novas da época moderna, a ciência natural e histórica, é o
conceito de processo, que está fundada sobre uma experiência humana: a da ação.
É apenas porque nós sabemos capazes de agir, de nos destacar do processo, que
nós podemos conceber, e a História e a natureza como sistemas de um processo”. Arte e História que produzem, recolhem e
divulgam informações provenientes no atrito dos incontáveis objetos na sua
tensão com os objetivos humanos. Informações fidedignas e coerentes com o aqui
e agora constituindo uma fonte da luz que orienta para o funcionamento do
Estado. Este atrito alimenta-se das energias provenientes das tensões
resultantes das percepções históricas entre a diacronia e a sincronia. Na
simultaneidade e do acúmulo do presente (sincronia) interferem poderosamente as
lembranças e heranças de um passado imutável e os receios, incertezas de um
porvir sem garantias (diacronia). O arquiteto e historiador de Arte e prefeito
comunista de Giulio Argan escreveu (1977:
7) que “o pensamento histórico nos leva a
emitir juízos que nos permitem enfrentar o tumultuoso presente com a força que
nos dão as experiências racionalizadas; ainda que o juízo enquanto tal, dando o
fato passado como totalmente acabado, o fixa no seu tempo e seu espaço,
diferente do aqui e do agora do presente. A história é «catárquica» na medida
em que nos assegura que o passado é o passado e não pode repetir-se ou
retornar, não existindo razão alguma para refazer seu espírito, dando-nos a
experiência, contudo liberta-nos da complexidade do passado, confirma a
plenitude da nossa responsabilidade para com o presente”. Este distanciamento também esta
presente em Hannah Arendt quando escreveu (1983: 297) que “pelo fato de sabermos capazes de agir, separar-nos do processo, nos
podemos conceber, a história e natureza como sistemas de um processo”. Para
Chartier a História não é uma mera contemplação
externa do passado do outro lado de um cristal, pois, segundo ele (1998:
104) “a história produz um discurso, mas
ao mesmo tempo possibilidade de estabelecer regras permitindo controlar
operações proporcionais à produção de objetos determinados”.
ARENDT, Hannah
(1907-1975). Condition de l’homme moderne.
Londres
: Calmann-Lévy, 1983.
ARGAN,
Giulio Carlo (1909-1992) . História
da arte como história da cidade. São Paulo :
Martins Fontes. 1977.
BLOCH, Marc (1886-1944). Introdução à História. (3ª ed).Lisboa
:Europa- América 1976 179 p.
CHARTIER, Roger. Au bord de la falaise: l´histoire entre certitudes et inquiétude.
Paris : Albin Michel, 1998. 293p.
História da Arte: O universo das severas prescrições da era agrícola
e industrial é compatível com o universo as exaustivas descrições da era
numérica digital informatizada. Exaustivas descrições que sempre formaram as
narrativas da História da Arte.
Heidegger esclarece (1992: 62) “como
instauração, a arte é essencialmente histórica. Isto não significa apenas: a
arte tem uma história, no sentido exterior de ela ocorrer também nas mudanças
dos tempos, ao lado de muitos outros fenômenos, e de aí se ver sujeito a
transformações e perecer, oferecendo à história aspectos mutáveis. A arte é
histórica, no sentido essencial de que funda a História e, mais propriamente,
no sentido indicado” Estes dois universos mentais são complementares com os
seus respectivos universos empíricos nos quais os seus poderes micro e macro
potencialmente podem celebrar alianças, contratos e pacto. Neste Giulio Argan
percebe (1992: 40) que “a História da Arte e a única história do
agir humano tanto no aspecto da contemplação como no do trabalho” . Esta
contemplação aliada e complementar do trabalho. Contemplação e trabalho que se
reforçam- na era informatizada. Contemplação
e trabalho complementares que potencializam e são o conteúdo das
potencialidades e dos vínculos que ligam às células micros (municípios) ao
macro da cabeça nacional e internacional (Brasília- Blocos - ONU).
HEIDEGGER, Martin (189-1976). Origem da obra de arte. Lisboa: Edições
70, 1992. 73 p
História e biologia: Primordialmente insiste-se para que as energias
diferenciadoras e libertárias tenham condições para fazer fluir as suas
energias coletivas, inclusive para constituírem um grande organismo nacional,
sem se confundir com ele. Estas energias primordiais mostram uma unidade
espantosa quando aceitamos as observações dos biólogos Maturana e Varela quando
escreveram (1996: 48) que “nós, como seres vivos temos uma história:
somos descendentes, por reprodução, não só dos nossos antepassados humanos, mas
de antepassados muitos diferentes que se estendem no passado até três milhões
de anos. A outra é que, como organismos, somos seres multicelulares e todas as
nossas células são descendentes por reprodução da célula particular que se
formou ao unir-se um óvulo com um espermatozoide e nos originou. A reprodução
está, por tanto, intrometida na nossa história em relação a nós como seres
humanos e em relação a nossos componentes celulares individuais, o que curiosamente,
faz de nós e nossa células seres da mesma idade ancestral. Mais ainda, desde um
ponto de vista histórico, o anterior é válido para todos os seres vivos e todas
as células contemporâneas: compartilhamos a mesma idade ancestral”. A
espécie humana possui uma origem, um rumo e uma possível ancoragem num
patrimônio comum nesta mesma idade ancestral comum. Apesar de todo o aparente
caos e desorientação que o individuo, entregue a si mesmo, tenha condições para
perceber as competências e os limites do mundo pontual que o cerca aqui e
agora. Inclusive o organismo nacional no
qual este ser humano aparentemente isolado e único, tenha maestria para sentir,
conviver, modificar e qualificar o seu pertencimento esta História da
espécie.
MATURANA R., Humberto
(1928-) e VARELA. Francisco (1946-). El árbol del conocimiento:
las bases biológicas del conocimiento humano. Madrid : Unigraf. 1996a,
219p.
Historiador: Aristóteles
advertia (1972: 211) a quem busca a ciência para compreender o espaço empírico.
Nesta busca dialética “é absurdo procurar
ao mesmo tempo a ciência e o método da ciência. Nenhum deles é fácil de
aprender, pois, nem o rigor matemático se deve exigir em todas as coisas, mas
somente naquelas que não tem matéria”. O Poder Originário possui matéria e
circula nas ações dos seus agentes. Ao apresentar matérias e ações este autor
vale-se do pensamento de Marc Bloch quando ele
afirma (1976: 29) que “o
historiador pensa tanto o humano como o tempo”. Neste
pensar, tanto o humano como o tempo, Cabral
de Melo distingue (1995:14) “os amadores
discutem estratégia, mas os profissionais preferem falar de logística, bem se
poderia dizer que os historiadores preferem falar de documentos, deixando a
outros o cuidado de descobrir o sentido da história”. Sem discutir ou
avaliar, se o autor é amador ou profissional, ele busca, nos seus limites e
parcas competências, um conhecimento e uma vontade para que ele como cidadão
usufrua também o seu direito ao seu poder, sem subterfúgios ou corrupções. Nietzsche
solicitou (2000: 27) ao leitores do seu
texto ‘o futuro das nossas escolas “espero do leitor três qualidades: 1) - deve
ser tranquilo e ler sem pressa; 2) - não deve fazer intervir constantemente sua
pessoa e a sua cultura, e 3) - não tem direito de esperar –
quase como resultado – projetos”.
ARISTÓTELES
(384-322).
Tópicos.
; dos argumentos sofísticos
(2ª ed.) São Paulo : Abril Cultural. 1972, 197 p.
CABRAL DE MELLO, Evaldo. A fronda dos mazombos. São Paulo : Companhia
das Letras, 1995. 530p.
NIETZSCHE,
Frederico Guillermo (1844-1900). Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.
Este
material possui uso restrito ao apoio do processo continuado de
ensino-aprendizagem
Não
há pretensão de lucro ou de apoio financeiro nem ao autor e nem aos seus
eventuais usuários
Este
blog é editado e divulgado em língua nacional brasileira e respeita a sua
formação histórica. ...
e-mail ciriosimon@cpovo.net
1º blog :
2º blog
3º blog
SUMÁRIO do 1º ANO de postagens
do blog NÃO FOI no GRITO
4º
blog + site a partir de 24.01.2013
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