O CENTENÁRIO do MONUMENTO a JÚLIO de CASTILHOS
como ÍNDICE de um TEMPO e de suas CIRCUNSTÂNCIAS
http://www.docomomo.org.br/seminario%209%20pdfs/065_M10_RM-OPalacioFarroupilha-ART%20_Andrea_Machado.pdf Foto Henrique Amaral
Fig. 01 – O Monumento a Júlio de Castilhos centro de quatro obras - devidas ao governo Carlos
Barbosa - contidas numa única foto. O monumento constitui o centro de um
círculo de obras que se expandiram pela capital e em todo território do Rio
Grande do Sul. Como em todo círculo o ponto central é o lugar de origem de
irradiação de suas energias e ao mesmo a convergência das atenções. O círculo é
o mais poderoso imã visual para a visão humana e por isto intensa e
reiteradamente usado nas religiões, propaganda e marketing visual.
O monumento a Júlio Prates
de Castilhos (1860-1903) - colocado na Praça da Matriz (Marechal Deodoro) na área
nobre e do prestigio oficial da capital do Rio Grande do Sul - possui múltiplas e
variadas leituras. No presente texto iremos contornar a sua descrição
iconográfica e iconológica. O objetivo é lançar a atenção e olhar de retorno
para o tempo e as circunstâncias de sua concepção, elaboração e entrega ao
público no dia 25 de janeiro de 1913. Este momento carrega, apesar da sua visibilidade,
o seu peso e no seu tamanho, numerosos índices que ultrapassam seu tempo e
lugar. Envereda-se, pois, no que Alves escreveu (2004, p.55) reconhecendo que “esta obra é o marco de uma época do Rio
Grande do Sul”. O presente texto e nas imagens irão explorar o monumento a
Júlio de Castilhos como marco de sua época. Como marco físico ele portador de um
gigantesco universo de significados, índices e símbolos como é da natureza da
obra de Arte. Esta obra também ultrapassa tudo aquilo que é possível perceber
numa visita física, num texto descritivo ou em imagens físicas. Não se renuncia
às palavras e nem as imagens pois estas guiam a mente e olhar de quem quiser conferir fisicamente, num determinado momento,
experimentar fisicamente esta obra e tirar as próprias conclusões.
Foto Círio SIMON
Fig. 02 – A figura de Júlio de Castilhos - colocada no
eixo central do seu Monumento - é a imagem material do autor ausente cuja obra, conceitual e invisível, expande-se muito
além do seu tempo e não encontra limites
físicos ao seu redor. As figuras em bronze expandem - numa intensa
simbologia - as obras conceituais deste líder ausente. Contudo é necessário na memória de cada administração municipal da
época da Carlos Barbosa Gonçalves buscar
as obras conceituais e materiais vivificadas e orientadas pelo
pensamento de Júlio de Castilhos. Pensamento que irá orientar muitos pontos da
política brasileira após 1930.
O Monumento a Júlio de
Castilhos é portador e um dos índices dos portentosos cinco anos que coincidem
e se expressam num período administrativo exemplar do governo de Carlos Barbosa
Gonçalves. Esta administração concebeu, fez executar e entregou esta obra no
último dia do seu quinquênio de governo. A administração estadual do Rio Grande
do Sul incarnou uma época na qual tiveram oportunidades novas mentalidades.
Mentalidades que criaram obras físicas gerando outra imagem física coerentes
com projetos, e expressões de uma nova concepção do exercício do poder. Pode-se
falar mesmo de um período anterior a 1908 e após 1913. O Monumento a Júlio de
Castilhos está colocado neste contexto amplo constituindo um índice físico e
mental abrangente, como sugere o nome deste Estado.
Foto Círio SIMON
Fig. 03 – O ancião em plena forma física e com o livro
aberto diante dos seus olhos busca constituir-se, no âmbito do Monumento a
Júlio de Castilhos, em símbolo da PRUDÊNCIA. Poderia facilmente ser uma metáfora
da distinção entre o FAZER e o AGIR. O Governo Carlos Barbosa foi
concebido muito antes de ações no âmbito de um somatório de projetos nascidos
nos bancos escolares. Bancos escolares frequentados nas mais altas e
prestigiosas da época, tanto pelo seu presidente e pelo seu secretário de Obras
e da Fazenda. Olímpio de Oliveira - um consultor para as ações em diversas
instâncias da sociedade civil - tinha tese defendida em Paralisias Infantis.
Estas condições permitiram o AGIR aos agentes deste período administrativo.
Neste AGIR governamental era possível perceber as COMPETÊNCIAS e os seus
LIMITES dos seus agentes. Enquanto sem estas PRUDENTES escolhas e administração
das perdas, o FAZER acaba normalmente FAZENDO
besteiras.
Numa cultura, ainda
muito próximo da Natureza, evidencia-se em 2013, que esta obra física e mental do
Monumento a Júlio de Castilhos também se naturalizou, corre para a entropia
universal e até desliza para as depredações as mais grosseiras, abjetas e agressivas. O preço físico e simbólico, destas depredações,
é incalculável e de abrangências devastadoras para qualquer cultura ou
civilização que se deseja ver presente e apreciada no âmbito mundial.
Foto Círio SIMON
Fig. 04 – A figura do jovem gaúcho colocado na face Sul
do Monumento a Júlio de Castilhos busca a vinculação simbólica com o Poder Originário e produção agro pastoril do Rio Grande do Sul.
O historiador Doberstein registra (1999) o tema do “gauchismo” como um dos
temas que perpassam a escultura fachadista deste período. Este detalhe do
monumento é um dos índices favoráveis a esta tese.
O projeto do Monumento a
Júlio de Castilhos é do artista Décio Villares (1851-1931) autor da
reelaboração visual do desenho da bandeira brasileira.
Os bronzes foram
confeccionados e fundidos na França conforme este projeto. Estrutura da elevada pirâmide central e a
plataforma da base e escadarias foram elaboradas com o granito rosa dos morros
de Porto Alegre nas oficinas de escultura de Aloys da capital.
Fig. 05 – Maquete do Monumento a Júlio de Castilhos. O
projeto, aprovado desde 1903 pela Assembleia dos Representantes, com dotação
orçamentaria e com projeto e maquete, só
começou a tomar-se realidade no mudo físico a partir de 1910 dois anos após o
início do Governo de Carlos Barbosa e cuja equipe sob a supervisão constante
Cândido José de Godoy. Sem este secretário que acumulava as pastas das Obras
Públicas e da Fazenda, teria permanecido talvez apenas no mundo virtual como é
habitual na administração pública.
Alguns temerários
generalizam estes símbolos nacionais e todo o Monumento à Júlio da Castilhos,
encobrem todo este período e o monumento com as doutrinas positivistas[1].
Contra a generalização indiscriminada das doutrinas positivistas Olinto de Oliveira médico e doutor em pediatria já
havia escrito dois artigos e publicados em 1898[2].
[1] - Décio Villares foi discípulo, em Florença, de Pedro Américo de Mello Figueiredo (1843-1905). Este escreveu e defendeu publicamente, em 1867, a sua tese de doutorado: “Os Sistemas das Ciências” procurando distância das tendências positivistas que buscavam abrigo na Universidade Livre de Bruxelas. Assim no autor do Monumento a Júlio de Castilhos mais os signos, técnicas e temas da Belle Époque (Art. Nouveau) triunfantes na época da concepção e elaboração formal deste monumento da capital sul-rio-grandense. Para quem tiver dúvidas na conexão entre o monumento a Júlio da Castilhos e a doutrina positivista é bom retornar à fonte original de Isodore Auguste Marie François Xavier Comte (1798-1852) e verificar coincidências e aquelas que não são tão coincidentes assim com o Monumento a Júlio de Castilhos.
[2] Ver Correio do Povo,
20.10.1898 e 05.11.1898. (microfilme Museu Hipólito da Costa).
Fig. 06 – O cenário do Monumento a Júlio de Castilhos pouco
após a sua inauguração e antes da demolição da
matriz colonial e que emprestou o seu nome popular à Praça até os dias
presentes. Os nomes de Praça Dom Pedro II e de Marechal Deodoro mostram o Poder
Originário em ação e que ultrapassa, age e se reproduz muito acima de qualquer
período administrativo. O que um período
governamental como o de Carlos Barbosa é interpretar e agir coerentemente com
estas energias em ação no âmbito da História da Longa Duração.Foto in LAGEMAN N 2010 p.46 .
É verdade
que o positivismo para efeito de propaganda e marketing era um prato popular,
pronto e disponível para qualquer orador, político ou jornalista quisesse
agradar o público e principalmente mostrar o seu vínculo com a França e com
toda a sua cultura. Isto era outro equívoco, pois a cultura, a arte e pensamento
francês nunca se reduziram e nem se pautaram pelo pensamento do seu cidadão Isodore
Auguste Marie François Xavier Comte
(1798-1852).
Fig. 07 – A
figura da República - encimando o Monumento a Júlio de Castilhos - não deixa de
ser uma apologia ao Partido Republicano Sul Rio-Grandense (PRR) cuja fundação
oficial completaria 31 anos no dia 23 de fevereiro de 1913 e no exercício do
poder a 24 anos. Esta figura culminante também deixa margem para que a
ideologia republicana supra a elevação e transcendência anteriormente ocupada
pela religião e pelo culto prestado à realeza. Também suscitava o caminho e
história percorrida pela Revolução Francesa e por Robespierre ao instalarem, em
praça pública, o culto coletivo da Deusa Razão e materializado na figura da
Mariana.
O Vice Presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Juvenal Otaviano Miller, escreveu no dia 22 de abril de 1908, primeiros dias do governo Carlos Barbosa.
“Tinhamos já a escola de engenharia,
a faculdade de medicina e mais a de direito. Quer dizer: sem possuirmos
felizmente uma sciencia official, onde os conhecimentos humanos se debatem na
estreiteza de programmas que os deformam e desfiguram, entretanto dispunhamos,
graças a iniciativas benemeritas - de todas as academias scientíficas
indispensaveis as expansões sadias e fecundas de um meio culto como o
nosso. E o complemento necessário das
sciencias, como é sabido, são as lettras e as bellas artes”.
Esta forma desassombrada
de se expressar e declarar publicamente os seus ideias, em 1908, era lastreado
e provinha do âmbito das energias de um Estado Regional que havia sido declarado
“SOBERANO” pelo artigo 3º do Decreto nº 1, que instituía ao Regime Republicano
no dia 15 de novembro de 1889[1].
A revolução de 1930 e depois o Estado Novo irão reagir a expansão destas
energias das mentalidades provenientes da “SOBERANIA” estadual e restringi-las para
a “AUTONOMIA”, nomeado o seu interventor
e queimando publicamente a bandeira sul-rio-grandense entre aquelas do demais
estados.
[1] Decreto nº.1 de 15.11.1889 do Governo Provisório “proclama a republica e dá outras
providências”,
Fig. 08 – O Monumento foi inaugurado dez meses antes da
celebração da primeira década do falecimento ade Júlio de Castilhos ocorrida no
dia 24 de outubro de 1903. Um verdadeiro índice da propaganda e marketing de um
ESTADO declarado SOBERANO. Propaganda e marketing proveniente de uma ideologia,
de um partido hegemônico e de uma carta constitucional unipessoal. Um apogeu da
concepção de um Estado que irá produzir, ao redor do planeta, numerosas expressões totalitárias e cujas
energias estão extremamente ativas nos dias atuais. Além das Revoluções
Norte-americanas (1776). Francesa (1789) recebeu os reforços conceituais de
Hegel e de Fichte antes de chegar às concepções de Isodore Auguste Marie François Xavier Comte (1798-1852) e tantos outros que se
debruçaram sobre esta verticalização e concentração do Poder Originário num
único agente político.
Seria um erro a fixação
da atenção apenas sobre o monumento a Júlio de Castilhos ou sobre as obras realizadas na capital do
Estado da administração Carlos Barbosa. Ela projetou e esteve ativa em todo
território sul-rio-grandense. Haveria necessidade de buscar os índices e
escrever o que significou o período de 1908 até 1913 em cada uma das
administrações municipais das comunidades espalhadas pelo território do Rio
Grande do Sul. Porém ali reside outro equívoco e tabu. A História dos
municípios e as comunidades, espalhadas pelo território do Rio Grande do Sul, é
considerada menor. Se por acaso ganha
algum vulto é esquecida. Os seus documentos e arquivos considerados velharias,
coisas esquisitas e coisa de quem nada tem a fazer. Ou então são mitificados e
fonte de fantásticos lucros que nunca se confirmam. É necessário recorrer aos
arquivos norte-americanos para ter acesso aos relatórios anuais dos presidentes
da Província e do Estado do Rio Grande do Sul.
Fig. 09 – O prédio
da Biblioteca Púbica do Rio Grande do Sul foi construído ao longo dos quatro anos
do Governo Carlos Barbosa e simultaneamente ao Monumento a Júlio de Castilhos.
Se de um lado alguns a consideram uma enciclopédia positivista, de outro se
forem abstraídos os medalhões internos e externos não há muitos outros
elementos que sustentem esta pretendida enciclopédia. Até pelo fato destes
bustos em medalhões ser algo para iniciados e que o povo dificilmente associa á
doutrina positivista.http://pt.wikipedia.org/wiki/Biblioteca_P%C3%BAblica_do_Estado_(Rio_Grande_do_Sul)
Os agentes mais
significativos dos municípios do Rio Grande do Sul foram nomeados no Correio do Povo no dia 11 de abril de
1908 .
“Alegrete, Coronel Ortiz, cel Freitas Valle Filho, dr. Lauro
Dornelles e dr João Benício da Silva; Alfredo
Chaves, cel Peregrino Guzzo; Antonio
Prado, Innocencio Müller; Arroio
Grande, Manoel Antonio Maciel; Bagé, cel José Octavio Gonçalves,
visconde Ribeiro Magalhães, Emilio Guillayan e dr. Figueiredo Teixeira; Bento
Gonçalves.cel.Balthazar de Bem ;
Cachoeira, tte, cel. Isidoro Neves da Fontoura, cap. Antunes Araujo e dr.
Balthazar de Bem; Cacimbinhas, cel Avelino
Goulart; Cangussu, coronel Genes G. Bento e dr. Cezar Dias;Caxias,
tte, cel. Vicente Rovêa e cap. Abreu Lima; Conceição do Arroio, cel. Manoel Marques Rosa; Cruz Alta, Gen. Firmino Paula, drs. Cândido Machado e Augusto
Guarita ; Dom Pedrito,Cel Longuinho
Costa; Dores do Camaquam, cel.
Manoel da Cunha Vasconcellos ; Encruzilhada,dr.
Ulisses de Carvalho e tte cel Juvencio Fontoura; Estrella, cel. Francisco
Brito, Manoel Pontos Filho, Antonio Porto;
Garibaldi,cel. Jacob Ely e
padre Franchetti ; Gravatahy, cel. Horacio
Gomes ; Guaporé, Lucano Conero ; Herval, Luiz Avila Siqueira; Itaquy,
cel Euclides Aranha, drs Tito Lopes e Galdino Santiago; Jaguarão, barão de Tavares Leite, dr, Fautino Corrêa, cel. Gabriel
Gonçalves e cel. João B. Machado; Julio de Castilhos, cel Azevedo ; Lageado, cel Oscar Karnal, tte cel. J.
M. Mello, João Oliveira e Fritz Jaeger; Lagoa
Vermelha, cel. Heleodoro Branco, dr. Antonino Machado; Lavras, cel. Galvão José de Souza, intendente Samuel
Souza; Livramento, cel João Francisco,
dr. Moyses Vianna e Dr. Augusto Pereira; Montenegro, cel. Alvaro Moraes e Frederico Lampert; Palmeira, cel Julio Pereira dos Santos
e major Nabuco; Passo Fundo, cel. Gervasio Annes e dr. Dario de Vasconcellos; Pelotas,
cel. Pedro Osório, dr. Joaquim Osorio, Joaquim Assumpção,
Edmundo Berchom e cel. Alberto Rosa; Piratiny, Francisco Spindola; Quarahy, cel. Miguel Correia, cel Olavo Saldanha, cel.João
Maximo dos Santos e major Bento Lima;
Rio Grande, dr. Juvenal Müller, cel.
Virgilio Porciuncula Junior e dr. Trajano Lopes; Rio Pardo, cel. Francisco Alves de Azambuja; Rosário dr. Arnaldo Ferreira e cel. Belarmino Franco; Santa Cruz, coroneis Galvão Costa e Vsco de Azevedo e
Souza; Santa Maria, dr. Vauthier e cel Dutra Villa; Santa Vitória, coroneis Manoel de Deus Dias, Francisco
Azambuja e dr. Manoel Vicente do Amaral; Santo
Amaro, Cel. Camilo Pereira;
Fig. 10 – O interior do prédio da Biblioteca Púbica do
Rio Grande do Sul construído ao longo
dos quatro anos do Governo Carlos Barbosa serviu de palácio governamental para
o governo de Borges de Medeiros enquanto continuavam as obras daquele que seria
denominado depois Palácio Piratini . As
decorações pictóricas de Ferdinand Schlatter. Contudo os objetos, móveis,
molduras e lustres e tapetes inscrevem nas tendências estéticas que regem as formas plásticas
do Monumento a Júlio de Castilhos
Santo
Angelo, cel Braulio Oliveira ; Santo
Antonio, cel. José Maciel ; São
Borja, general Vargas e Lima, coronel Trois, Antonio Sarmanho e dr.
Florêncio Abreu; São Francisco de Assis,
cel. Manoel Pereira Vianna ; São
Francisco de Paula, cel José de
Moraes Serrano; São Gabriel, intendente Menna Barreto, cel Francisco
Hermenegildo, capitão Zozimo e dr. Diocleciano Azambuja; São Jerônimo, dr. Francisco
Flores e cel. Antonio Carvalho; São João do Camaquam, dr. Donario Lopes e Ludgero Ferreira; São José do Norte, Alberto de Sá e Francisco Pereira; São Leopoldo, cel Goelzer Netto,
Ernesto Silva e padre Lutzen; São
Lourenço, cel Crespo; São Luis Gonzaga, gen. Salvador Pinheiro; São Sebastião do Cahy, Pedro Carvalho, Orestes Lucas e Arthur
Candal Junior; São Sepé, Virgílio
Silva, Antonio Manoel e Emiliano Brum; São
Thiago do Boqueirão, coroneis Eloy
Tuca e Jeronimo Oliveira; São Vicente, cel. Severiano, José João e dr. Armando
Prates; Soledade, cel Antonil Ferreira e major Julio Cardoso; Taquara, coroneis Diniz Rangel e Julio Petersen; Taquary, cel João Pereira e cap. Franklin Praia; Torres, cel Julio Pacheco; Triunpho,
cel Bibiano Castro e Ribeiro Tacques; Uruguaiana, drs. Sergio de Oliveira,
Romaguera Correa e Rego Lima e Segismundo Kraemer; Vacaria, cel Abelino Paim,
dr, Firmino Paim e cel. Theodoro Camargo; Venancio
Ayres, cel. Thoman Pereira ; Viamão,intendente
e cel. Marcos de Andrade” .
Fig. 11 – O prédio do Arquivo Público do Rio Grande dos
sul reflete a preocupação profissional do
Governo Carlos Barbosa com o trato da “coisa pública” e com a responsabilidade fiscal. O secretário
simultâneo das Obras Públicas e da Fazenda Cândido José de Godoy tinha por
princípio o equilíbrio financeiro entre o projeto da receita aprovada pela Assembleia dos
Representes do Estado e as despesas sem manter estoques. Este fluxo tinha de
possuir um rígido controle profissional, mas permitia empreender obras de toda natureza
pelo Estado afora. Godoy, com experiência teórica e prática na construção e
manutenção das conexões ferroviárias, tinha empenho para que as locomotivas
chegassem aos pontos mais dinâmicos do território e fizessem fluir as riquezas
do Rio Grande do Sul. GODOY, Relatórioda Secretaria de Estado dos Negócios das Obras Públicas –RS 1911,
A administração da
presidência do Estado delegava a sua autoridade para estes sessenta e cinco
nomes e como representantes para a constituição das comissões municipais como
bases locais para a criação e manutenção do Instituto Livre de Belas Artes do Rio Grande do Sul. Cada nome acima possui
profundo significado em cada município atual. Muitos deles são nomes públicos e
cultivados pela memória local.
Da relação destes nomes,
de comunidades e de encargos é possível perceber as concepções que a administração
Carlos Barbosa possuía da verticalização e concentração do Poder Originário num
único agente político. Na mão contrária são índices da imediata e prudente
delegação deste poder central para nomes, comunidades e encargos com vínculos
diretos e próximos com o poder Originário. Delegação de autoridades e de
competências que permitiram realizar -
num único período administrativo e sem reeleição - esta soma de obras em todo território
sul-rio-grandense. Obras entre as quais o Monumento a Júlio de Castilhos é um
dos índices.
Foto in LAGEMAN N 2010 p.142 Fig . 12 – O Projeto e o início da obras do Palácio do
Governo (Piratini) foi aprovado e
iniciado no mesmo Governo Carlos Barbosa que conduziu o projeto, a execução e a
conclusão do Monumento a Júlio de Castilhos. Com tendências estéticas
contemporâneas entre si, as duas obras enfatizam o mesmo índice da propaganda e
marketing de um ESTADO declarado SOBERANO. Propaganda e marketing proveniente
de uma ideologia, de um partido hegemônico e de uma carta constitucional
presidencial e que necessitavam uma casa de governo digna destes projetos.
Carlos Barbosa era
originário de Jaguarão e para onde retornou após a sua administração.
Manteve-se neutro após este período e as sua memória é cultivada por uma
fundação. No conjunto é possível perceber uma preocupação é um respeito
continuado com o Poder Originário. Evidente que seguia a Carta Constitucional de 14 de julho de 1891 de Júlio de Castilhos.
No entanto foi muito cuidadoso e coerente na delegação da sua autoridade para
competências competentes com o objetivo de expressar as sentimentos e colocar
em obras as vontades da sociedade organizada. Assim escolheu e delegou par uma
Comissão Central que iria dirigir o
Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul. Nesta escolha da delegação da
sua autoridade presidencial teve por referência nomes significativos e
lideranças reconhecidas das profissões e legitimadas pelo Estado.
Foto
in LAGEMAN N 2010 p.143 Fig. 13 – A face Sul do Palácio do Governo com os seus
jardins abriram um enorme espaço urbano para as padrões da primitiva cidade
açoriana ocupando toda uma quadra.
Espaço urbano conquistado por este projeto impede de ignorar a propaganda
e o marketing de uma ideologia, de um partido hegemônico e de uma carta
constitucional presidencial. Neste aspecto é possível ignorar o Monumento a
Júlio de Castilhos em relação à Praça da
Matriz. Nas obras do Governo Carlos
Barbosa como no Monumento e no Palácio do Piratini paira a imagem do poder estatal acima de qualquer agente individual e
passageiro e preparadas para cumprirem o se papal simbólico por tempo
indeterminado.
O jornal A Federação, no dia 10 de abril de 1908
e no dia seguinte o Correio do Povo publicavam
a lista dos agentes centrais na fundação, organização e reprodução do Instituto
Livre de Belas Artes do Rio Grande do Sul.
“As
comissões que o dr. Carlos Barbosa escolheu para, na capital, fazerem parte da
fundação da academia, ficaram assim constituídas: pelo sexo gentil, dd. Olinta Braga, Amalia Iracema e Julieta Felizardo;
pelos médicos, Drs. Olinto de
Oliveira e João Birnefeld; pelos engenheiros, Rodolpho Ahrons; pelos advogados Plinio Alvim pelos dentistas
e pharmaceuticos, Cirne Lima; pelo município, dr. Montaury; pelos industriais, dr. Possidonio Cunha; pela
magistratura, dr. Joaquim Birnfeld;
pela imprensa,Gonçalves de Almeida e
Caldas Junior; pelo exército, Cel
Carlos Campos; pela brigada, cel
Carlos Pinto; pela armada,cap.tte.
Otávio de Lima e Silva; pelo commércio,
José Gertum; pelos operários, João
Petersen; pelos estrangeiros,
Ambrosio Archer, José Morini, G. Pfeifer; pelos maestros, Araújo Vianna ; pelos pintores, Libindo Ferrás, pelos funccionarios, tte-cel Aurelio Bittencourt e pelos acadêmicos, Ezequiel Ubatuba.
Nesta lista de nomes percebem-se
as lideranças dos segmentos do Poder Originário e partir dos quais se erguia a
administração do Rio Grande do Sul pelo governo de Carlos Barbosa entre os anos
de 1908 e 1913.
Esta duas listam são
índices das esperanças para dar apoio moral, simbólico e material para colocar
no mundo prático também o monumento a Júlio de Castilhos, Em cada nome e cada
local há necessidade de descobrir a origem e as obras e memória cultivada de
cada destes agentes. Comunidades e lideranças, não só dedicadas à este governo
passageiro, mas agentes ativos para bem coletivo do município e das corporações.
Este universo imaterial soma-se ao mundo material onde ganhava corpo esta obra
de arte. Universos solidamente moldados num projeto civilizatório coletivo e
que buscava também formas para financiá-lo. Projeto que permitia num primeiro
momento este projeto permitia o acompanhamento de sua elaboração a sua colocação
no mundo físico e depois garantia a sua conservação. Nesta conservação este
mesmo PROJETO permite, acima de tudo, constituir
e manter uma PAUTA permanente e final de
sua AVALIAÇÃO.
Foto Círio SIMONFig. 14 – O Monumento a Júlio de Castilhos cola-se como
ponto de equilíbrio homeostático entre os Poderes Legislativos, Executivo e do
Judiciário do Rio Grande do Sul que cercam a Praça da Matriz de Porto Alegre. A
figura do jovem gaúcho busca a vinculação
simbólica que estes três poderes formais e consagrados do Estado possuem com o Poder Originário. A
produção agra pastoril continuava, ao longo do Governo de Carlos Barbosa, uma
longa tradição de ocupação e desenvolvimento rural e urbano do território do
Rio Grande do Sul e que continua a projetar-se até o presente.
Diante de alguns destes
poucos dados chega-se à conclusão de que
o Monumento a Júlio de Castilhos é um índice de uma amplo leque conexões políticas, econômicas e culturais.
Ele não se basta a si mesmo e constitui uma peça isolada e cujo sentido se
esgota no seu próprio sentido. Ele cria
forma legível para uma época onde mentalidades e obras físicas criaram uma
outra imagem e um nova concepção de governar.
Fig. 15 – A figura do jovem gaúcho colocado na face Sul
do Monumento a Júlio de Castilhos vestido a caráter traz para o bronze a mesma
ênfase literária da obras Contos Gauchescos (1912) e Lendas do Sul (1913)
de João Simões Lopes Neto (1865-1916) ou do
republicano João Cezimbra Jaques (1848-1922). Esta figura é uma primeira obra
em bronze desta figura do gaúcho. Representação que será contornada e seus
símbolos banidos durante o Estado Novo. A reação posterior e contrária a esta
tabu do totalitarismo estatal e nacionalista unitário irá transforma esta representação em totem e
divulgado no Brasil e mundo pelos Centros de Tradições Gaúchas e cuja matriz foi apropriada novamente do
Uruguai.
A inauguração do
Monumento a Júlio da Castilhos no dia 25 de janeiro de 1913 marcava não só o
fim de uma administração e de um modo de governar. Na atmosfera cultural da
humanidade se acumulavam mais uma vez as altas energias da destruição, da morte
e da entropia. A centelha do tiro deflagrado em Saravejo, no verão de 1914 no dia 28 de
junho, que vitimava o Arquiduque
da Áustria, foi a senha, há muito aguardada, para devastar uma civilização
pelos fogos, sangue derrado e mortes industrialmente planejadas e executadas como
jamais a humanidade sonhara ou tinha visto até aquele momento. O que sobrou em
Porto Alegre - do período de 1908 até 1913 - perdeu as suas raízes culturais
europeias e passou a significar muito pouco diante da barbárie da qual a
humanidade s e mostrou capaz de 1914 até 1918. O esquecimento, a naturalização
e as agressões físicas que o Monumento a Júlio de Castilhos sofre é um índice
desta barbárie, deste esquecimento e deste desprezo por uma época, pela sua
mentalidade e por suas obras.
FONTES BIBLIOGRÀFICAS
ALVES de Almeida, José Francisco (1964). A Escultura
pública de Porto Alegre – História, contexto e significado – Porto
Alegre : Artfólio, 2004 246 p.
COMTE,
Augusto (1789-1857). Opúsculos de Filosofia Social. Trad. Ivan Martins. Porto Alegre : Globo. São
Paulo : USP, 1972. 230p
Decreto nº.1 de 15.11.1889 do Governo Provisório “proclama a republica e dá outras providências”,
Composto de 11 artigos. in Decretos do Governo Provisório. Rio
de Janeiro : Imprensa Nacional, 1889, pp. 612 - 613.
DOBERSTEIN, Arnoldo Walter. Rio
Grande do Sul (1920-1940): estatuária, catolicismo e gauchismo. Porto
Alegre : PUC-Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 1999, Tese 377 f.
GODOY, Cândido José de - Relatório da Secretaria de Estado dos
Negócios das Obras Públicas - Rio Grande do Sul - Porto Alegre:
Livraria do Globo 1911, 380 p. il.
LAGEMANN Eugênio et BONI Flávia – Palácio Piratini - Porto Alegre: IEL, 2010, 144 p. il, col
MILLER,
Juvenal Octaviano ( 1866 -1909)[1]
“O
Rio Grande do Sul vae ter o seu Instituto de Bellas Artes” Porto Alegre: Correio do Povo de 22 de abril de 1908 TOPICOS
DO DIA
ADMINISTRAÇÃO (15.01.1908-14.01.1913) CARLOS BARBOSA GONÇALVES
CAIS de PORTO
ALEGRE
Ao
longo da administração Carlos Barbosa e sob a supervisão de Cândido José de
Godói – formado pela École de Ponts et
Chaussées com especialização em rios e canais -
a empresa de engenharia de Rodolfo Ahrons iniciou em 1911 as obras do
cais do porto capital e que em 1913 atingiu 146 metros com uma profundidade de
4 metros. Cândido
José de Godói era formado pela École de
Ponts et Chaussées da França
CAMPUS HISTÓRICO
UFRGS
Ao
longo da administração Carlos Barbosa foram construídos o Chateau – Faculdade
de Direito e iniciada a construção da Faculdade de Medicina (1911)
CENTRO HISTÒRICO
de PORTO ALEGRE
Décio VILLARES
CÂNDIDO JOSÈ de
GODOY (1858-1946)
CARTAS de PEDRO
AMÉRICO FIGUEIREDO
“Mais do que isto: [os artistas
italianos] são os benfeitores da patria,
a qual sem a gloria do nome d’elles, e sem os magnificos monumentos sahidos do
seu engenho, nunca passaria, talvez, de uma grande peça de retalhos, destinada
a pertencer a muitos despotas poderosos, e cégos diante de uma simples
expressão geographica”, Pedro Américo - Milão 24.07.1884.
MARCHIORI
BAKOS Margaret – Marcas do positivismo no governo
municipal de Porto Alegre in Estudos Avançados 12(33) 1998 pp.213-226)
MONUMENTO a JÙLIO
de CASTILHOS
PARTIDO
REPUBLICANO SULRIOGRANDENSE
O jornal A Federação[2]
1º número do 01.01.1884 criado ,em
21.03.1883, pelo 2º Congresso
Republicano
[1] Vice Presidente do Estado do Rio Grande do Sul no dia da
fundação do Instituto de Bellas Artes do Rio Grande do Sul
[2] - «A Federação» In Letras
& Livros Correio do Povo ano III, n.121,
Porto Alegre 07.01.1984
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