domingo, 30 de maio de 2010

ARTE em PORTO ALEGRE – 02


A BUSCA de FORMAS do ESTUDO e da COMPREENSÃO da


ARTE INDÍGENA em PORTO ALEGRE.


Foto de Círio SIMON – maio 2010

Fig. 01 – Artesanato plumário de projeção da arte indígena exposta no Brique da Redenção de Porto Alegre 2010



As manifestações artísticas, de qualquer cultura, estudadas a partir do repertório do nosso tempo e cultura, corre o sério perigo de incompreensão e falsificação. As manifestações humanas, que ocuparam o atual território de Porto Alegre, a serem submetidas aos paradigmas ocidentais nos quais predominam a onisciência, onipotência e a busca da onipresença de conceitos estéticos, mais atrapalham do que ajudam. No bojo da cultura européia desenvolvem-se conceitos que foram muito testados e submetidos a rigorosas avaliações e das quais poucos europeus possuem consciência clara e objetiva.


Manejados por mentes despreparadas, estes conceitos subliminares, inibem mais e aniquilam as manifestações de uma cultura como aquele era vigente no território onde iria afirmar-se a arte e cultura de Porto Alegre antes desta cultura européia. O estudo da arte indígena, por meio das concepções européias hegemônicas, necessita de extremos de cautela, apesar de seguir estágios que as culturas mais avançadas também já trilharam[1]. Internamente o indígena também não separava a Arte das demais manifestações de sua própria vida e cultura.

[1] - Mesma na cultura ocidental européia, se o estudante partir dos conceitos que animam as obras de Leonardo da Vinci irá achar limitada a origem deste culturas quando se manifesta na época de Dúcio e Giotto de Bondone




Gráfiico de Círio SIMON – maio 2010


Fig. 02 – Porto Alegre – A infra-estrutura e o poder humano na diacronia e sincronia;


CLIQUE sobre a FIGURA para AMPLIÁ_LA.






No início do século XXI, a etnia, a cultura e a arte dos povos dos primeiros a chegar a este recanto do planeta - possuem vida que ostenta ainda a sua identidade nas ruas e nas praças de Porto Alegre. A vida tribal e do clã orienta a sua estrutura política. Não tomam posse da terra, pois o espírito de posse individual não é da sua cultura.





Desenho de Círio SIMON – maio 2010


Fig. 03 – Primitivo cenário imaginado pelo autor e ambiente que poderia estar disponível ao indígena no atual sítio de Porto Alegre






Os primeiros seres humanos a chegar a este recanto do planeta, vaguearam nela ao longo de muitos séculos, sem pressa e ao sabor da Natureza e dos seus ciclos.




Ao rarearem os produtos naturais que coletavam, como ariticuns, pitangas e butiás, alguns trouxeram ou desenvolveram lentamente a fabricação rudimentar de objetos de apreensão e de caça. A caça lhe oferecia antas, macacos, veados, emas e jacus. Na apreensão da pesca uma variada gama de peixes além da coleta de mexilhões. A sobreposição das camadas do acúmulo dos restos como as conchas, ossos e cinzas da suas fogueiras constituem livros abertos para a decodificação do modo de vida e da cultura destes seres humano. Estes sambaquis indicam idade que variam de 6 a 7 mil anos.





Fig. 04 – Cerâmica e alimentos disponíveis ao indígena que ocupava o atual sítio de Porto Alegre






A direção destas ocupações parecem indicar a sua origem vinda do Oeste e
do Norte. No interior das sucessivas ondas culturais que ocuparam a América alguns grupos involuíram cultural e artisticamente. Naqueles que encontraram pela frente espaços geográficos mais favoráveis , pode-se perceber vestígios arqueológicos a permanência ou a involução aos seus hábitos de coleta e abandono de técnicas superiores. Estas técnicas superiores levaram para civilizações elaboradas, especialmente nos grupos que tiveram de vencer os desafios de uma natureza avara e de uma elevada densidade demográfica como aquelas da América Central e dos Andes.




Quando os primeiros europeus chegaram a este recanto, onde se situa hoje
Porto Alegre, o encontraram ocupado por grupos de caçadores. Neste campo de caça da tribo dos Tapi-Mirim. Estes haviam obrigado os coletadores primitivos a migrar para terras mais inóspitas das serranias onde ocorrem as nascentes do diversos rios que formam o rio Uruguai ou a bacia do Guaíba.




Os vestígios de suas armas são as machadinhas líticas, o tacape de madeira de lei, o arco e as flechas. Estas tinham elaboradas pontos em forma heleicoidal e com penas amaradas na de direção na mesma disposição.




A cerâmica que se encontrava no Morro do Osso, em Porto Alegre, era feita com cilindros de argila, enrolados e sobrepostos e ligados por incisão ungular. As mais elaboradas apresentam vestígios de engobe rudimentar.




A linha melódica - dos seus cantos e músicas - orienta-se por uma sucessão de sons monocórdios dispostos em ascensões e quedas sucessivas e contínuos. Estas melodias eram ritmadas por maracás, tambores, chocalhos e e sustentadas por flautas das mais diversos formatos[1]. Não há registro, anterior aos europeus, de instrumentos musicais indígenas de cordas.













[1] Ouça Música guarani e veja http://www.youtube.com/watch?v=74HnhdsJ5dI&NR=1 o violão é herança dos europeus espanhóis das Missões. Neste vídeo é usado apenas para acompanhar o ritmo.






Desenho de Círio SIMON – maio 2010


Fig. 05 – A lenda da Obirici






Suas lendas tentam interpretar os seus contatos diretos e íntimos com a natureza. Os homens são criados a partir de árvores que aprenderam a andar e os amores frustrados de Obirici[1] - pelo filho do cacique - são transformados em lágrimas origem das águas de um riacho do local, que depois, será conhecido como Passo da Areia.




Ao longo do século XVI o tempo do primitivo habitante - do que será depois Porto Alegre - se acelera e produz um salto mortal para a sua cultura acostumado com o ritmo natural. Ao mesmo tempo animais estranhos penetram no seus campo de caça. Um é o cavalo e outro é bovino depois os muares e os ovinos. Soube adaptara este animais aos seus costumes que procuravam não predar o meio em que vivia antes. As etnias charruas e os minuanos transformaram o cavalo em ajudante nas suas guerras. A etnia tape preferem usá-lo para acompanhar os rebanhos de bovinos e muares que se multiplicaram de uma forma vertiginosa. Estes rebanhos começaram a despertar a cobiça dos introdutores destes animais no continente. Atrás dele não tardaram aparecerem os bandeirantes, os jesuítas, os portugueses e os espanhóis.






Foto de Círio SIMON – maio 2010


Fig. 06 – Artesanato de projeção da arte indígena exposta no Brique da Redenção de Porto Alegre 2010






O índio sente-se mais a vontade com a presença do jesuíta, ainda que contrariado. Por meio de rituais, da dança, da música e com o uso de uma língua geral aprende os rudimentos de cuidara de plantas e maneiras novas de construir as suas primitivas aldeias.




Contudo sente-se pouca a vontade com a agricultura. Era estranho para o homem guerreiro cuidar de vegetais quando sabia a que era descendente de árvores que começaram a andar. Desde os tempos imemoriais lhe haviam ensino que o aipim havia nascido do corpo de Mani e o se cultivo era destinado às mulheres. Ele preparava para ela as queimadas da coivaras.




O ardor do primitivo guerreiro e do caçador, encontrou no cavalo uma forma de tornar-se um excelente ginete. Nesta condição não era raro encontrá-lo tangendo o gado que se multiplicava livremente nos seus campos de caça.




De um lado estava pronto para tornar-se peão de estância do jesuíta e outros aventureiros que se arriscavam nestas paragens. Mas, de outro lado, no seu orgulhoso isolamento cultural, não lhe satisfaziam os miseráveis toldos, das piores terras que o invasor dos seus campos de caça.




Nos cíclicas aproximações e isolamentos chegou ao século XXI aspirando a preservar a sua identidade e recuperar os espaços geográficos que ele sabe como sagrado pela sua tradição oral. Nas suas interações, cada vez mais freqüentes com a cultura adventícia, ele não consegue acompanhar o ritmo desta[1].










[1] - Conforme a informação da prefeitura de Porto Alegre ali vivem três povos indígenas, no início do século XXI da nossa era, (Guarani, Kaingang e Charrua). Cada um deles tem identidade própria: cultura, língua, crenças e costumes. A fonte de subsistência dos Guaranis e Kaingangs é o artesanato e o cultivo de pequenas roças.


Kaingang: cestarias confeccionadas a partir do cipó e da taquara; coleta de ervas e alimentos nos campos e matas da região.


Guaranis: produzem esculturas em madeira e cestarias com fibras de taquara. Também cultivam espécies de uso alimentar (batata, feijão, milho, amendoim, cana de açúcar, abóbora) e fumo.


Charruas: produzem artesanato e projetam o cultivo e a criação de pequenos animais como uma atividade produtiva que pretendem efetivar.





Foto de Círio SIMON – maio 2010


Fig. 07 – Cestaria de projeção do artesanato indígena exposta no Brique da Redenção de Porto Alegre 2010





Face a este descompasso há necessidade da continuação da cautela para seguir os estágios da arte das primeiras etnias a chegar aos campos onde se edificaria Porto Alegre. A dúvida que o próprio indígena vive - em relação ao que o europeu denomina arte - atualiza questões já vencidas e já incorporadas nas culturas mais avançadas. Dúvida que o mantém firmemente ancorado nas demais manifestações de sua própria vida e cultura e constitui um patrimônio único e insubstituível da civilização


Fontes bibliogrfiacas



ASSIS BRASIL, Luiz Antônio de «Indios» in Zero Hora : Porto Alegre, ano 40, no 14.083, p. 20, 3a coluna, Domingo 14.03.2004



GUIDO, Ângelo O reino das mulheres sem lei: ensaio da mitologia amazônica. Porto Alegre ; Globo – 1937 –




LANGER , Protásio Paulo. A Aldeia Nossa Senhora dos Anjos: a resistência do guarani missioneiro no processo de dominação do sistema


luso. Porto Alegre : EST, 1997, 128 p.



PORTO - ALEGRE, Apolinário (1844-1904).Populárium Sul-Rio-Grandense (2ª ed). (Lothar Hessel Org.) Porto Alegre : UFRGS, 1976, 429p.



RAMIREZ, Hugo et alii. O índio no Rio Grande do Sul : perspectivas. Porto Alegre : CORAG, 1975, 195 p.



INSTITUIÇÔES



Museu Antropológico de Taquara http://www.cultura.rs.gov.br/principal.php?inc=marsul



Registro de contatos de europeus com o indígena ao longo do século XVI.



ANCHIETA José de, (1534-1597) Arte de grammatica da lingoa mais usada na costa do Brasil Feyta pelo padre Ioseph de Anchieta da Cõpanhia de IESV. Com licença do Ordinario & do Preposito geral da Companhia de IESV. 1595 [1]



CABEZA DE VACA Naufrágio & comentários Alvar Núñez; tradução de Jurandir SOARES DOS Santos 2 ed Porto Alegre : L&PM, 2009 240 p


CARDIM Fernão, (1540-16250 Do principio e origem dos indios do Brasil e de seus costumes, adoração e ceremonias - 1881[2]



STADEN Hans, ca. 1525-ca. 1576 Hans Staden : suas viagens e captiveiro entre os selvagens do Brasil tradução direta em português a partir do texto original de 1557. Revista do Instituto Histórico e Geographico do Rio de Janeiro, volume 55, parte 1 1900[3]









[1] - Ver texto na Coleção Brasiliana USP http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/00059200




[3] Veja o texto traduzido na Coleção Brasiliana USP http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/01737100



terça-feira, 25 de maio de 2010

ARTE em PORTO ALEGRE – 01



Porto Alegre singulariza-se pela localização geográfica no paralelo -30º, o que a torna a capital mais meridional do Brasil. Ela encontra-se sob o influxo tanto do frio das correntes Antárticas como da circulação do calor e umidade amazônica, sem os rigores dos extremos destas duas regiões.



Geologicamente estabilizado sobre um escudo granítico e, ao mesmo tempo, muito bem irrigado pela convergência dos rios que formam o Guaíba.


Desenho de Círio SIMON

Fig. 01 – Porto Alegre, o Lago Guaíba e as cidades da Região Metropolitana.

CLIQUE sobre a FIGURA para AMPLIÁ_LA.

Economicamente Porto Alegre é o local da convergência, da distribuição e da comercialização das riquezas geradas no estado do Rio Grande do Sul e que não possui reservas naturais de difícil exploração. Riquezas que impõe muitos esforços e trabalhos para torná-las produtivas.

Entre infinitas concepções e dívidas, se aceita ARTE como um fenômeno humano. Esta criatura reage às suas circunstâncias naturais e sociais ao conceber, produzir e deixar signos sensoriais que constituem documentos físicos simbólicos. Estas obras de arte ultrapassam aqueles que os produz. Como tais constituem-se em documentos do tempo e dos diversos condicionamentos vividos por esta criatura humana. Também se aceita a não existências de obras de arte num determinado período e lugar. Esta ausência denuncia as circunstâncias da criatura humana que vive ainda sob o rigor da natureza ou é condicionado por necessidades básicas ainda não satisfeitas.


Desenho de Círio SIMON

Fig. 02 – A cultura de Porto Alegre vista a partir do presente.

O ser humano, que vivia as suas circunstâncias na província de São Pedro do Rio Grande do Sul, no início do século XIX, foi visto pelo olhar do estrangeiro Auguste Saint Hilaire que anotou (1823. p.54):

Quando o viajante entra na capitania de Rio Grande impressiona-se com a beleza de seus habitantes, pelas suas fisionomias agradáveis, pelas cores e vivacidade que os animam, pela liberdade que eles mostram nos seus comportamentos[1].





[1] “Lorsque le voyageur entre dans la capitainerie de Rio-Grande, il est d'abord frappé de la beauté de Ses habitans,de la fraîcheur de leur teint, des couleurs dont il est animé,de la vivacité de leurs mouvemens, de cet air d'aisance et de liberté qu'ils montrent dans leurs manières”.... SAINT – HILAIRE 1823. p.54

- SAINT HILAIRE, Auguste 1779-1853 Aperçu d'un voyage dans l'intérieur du Brésil, la province Cisplatine et les missions dites du Paraguay Correspondant de l’Académie des Sciences. ( Extrait des Mémoires du Muséum d'Histoire Naturelle, 5e. année, t. 9.}, Imprimerie de A. Belin : Paris, l823, 73 p Dedicatória de Saint-Hilaire ao Monsieur L'Abbé Correa




Disponível na Coleção Brasiliana USP - http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/01417800





Desenho de Círio SIMON

Fig. 03 – O passado de Porto Alegre vista a partir do presente.

Um século depois de Saint Hilaire o escultor e o arquiteto espanhol, Fernando Corona (1895-1979), e também estrangeiro, acompanhou, a partir de 1912, a vida dos habitantes de Porto Alegre. Nesta capital privou o seu dia-a-dia e partilhou com a criatura humana na intimidade das motivações do porto-alegrense. Ele anotava (1937, fl 373)[1] no seu diário, onde escreveu

Porto Alegre como capital do Estado é a cidade mais democrática de todas, dando exemplo de fidalguia a qualquer um. A sua riqueza foi conquistada com o trabalho de seus habitantes. Porto Alegre republicana foi sempre, desde sua formação democrática. Não tenho lembrança de ter visto na capital – milionários viver de rendimentos, a não ser o produto do
seu trabalho. Desde que aqui cheguei notei que um simples pedreiro ou carpinteiro já era proprietário de seu chalé mesmo que fosse de tábua. A riqueza em Porto Alegre é muito dividida e os grandes industriais cresceram com o trabalho. A influência das colonizações estrangeiras contribuiu muito para a democratização, pois, ao iniciarem o trabalho da estaca zero, o braço do patrão suou a lado do braço do operário. sempre defendi esse principio, pois todos tem direito e um dever que se crescer na medida do progresso”
.


Este esforço e trabalho coletivo determinam em Porto Alegre um ponto equilibrado de convergência de todas as culturas humanas e que são portadoras de patrimônios de todos os tempos. Constitui-se num ponto de assimilação e irradiador destes encontros e convívios étnicos e culturais, sem que se verifique algum setor que reivindique alguma hegemonia única, irreversível e consagrada.





[1] - “CAMINHADA de FERNANDO CORONA: Tomo I. 01 de janeiro de 1911 até dezembro de 1949 – donde se conta de como saí de casa e aqui fiquei para sempre: nasci num lugar e renasci em outro onde encontrei amor Manuscrito - Tomo I 302 folhas de arquivo: 210 mm X 149 mm. Copiado no Arquivo GEDAB Faculdade de Arquitetura. UFRGS

Desenho de Círio SIMON

Fig. 04 – Etapas da cultura de Porto Alegre vistas a partir do presente

Esta perene busca de um equilíbrio homeostático, entre extremos, faz também com que as mais variadas correntes estéticas encontrem em Porto Alegre um lugar e guarida para o seu fluxo renovador em todas as gerações humanas que ali vivem ou já viveram.

Por estas razões torna-se fascinante o estudo deste fluxo da arte em Porto Alegre, Fluxo perene e renovado que necessita, para a sua percepção e estudo, os mais amplos quadros conceituais e um repertório adequado à compreensão destas variações infinitas do saber que procede dos sentidos humanos submetidos a estas circunstâncias

De outra parte a aplicação de tipologias estéticas vigentes em outras áreas culturais continuam a fazer o mesmo mal, ou maior, do que fizeram às altas culturas que se haviam desenvolvido antes da chegada do europeu. Pode-se argumentar que realizam rasias mais profundas e paralisantes devido ao ecletismo que provocam.

De uma forma geral há necessidade de estudos mais extensos e profundos diante de algo ainda não foi sistematizado ou sistematizado em paradigmas alheios e equivocados por não darem conta de sua verdade.



LOCALIZAÇÃO de FORMAS do seu ESTUDO e sua COMPREENSÃO


O granito dos morros que cercam Porto Alegre faz parte de uma das antigas e sólidas rochas do planeta.


Desenho de Círio SIMON

Fig. 05 – Porto Alegre no contexto das capitais do Mercosul de fala hispânica .

Seus morros atingem a cota dos 311 m. enquanto o centro de Porto Alegre encontra-se 4 metros acima do nível do mar e a 100 quilômetros da linha do litoral de Atlântico. Nas primitivas eras geológicas estas colinas ofereciam um barreira natural ao escoamento em direção Leste. O rompimento e aprofundamento gradual da barreira aberta entre morros formou o estuário natural hoje denominado Lago do Guaíba[1]. Os primeiros habitantes a conheciam como “lagoa do Viamão”,

O centro de Porto Alegre encontra-se a –30.º,01’53’’ Sul e a longitude é - 51º. 13’, 19’’ Oeste.

O clima varia entre os extremos médios de 0,7º e 37º positivos com uma média do Verão próximo dos 20º. O vento leste (do mar) ameniza as tardes do verão, enquanto o inverno é rigorosamente batido pelo vento oeste (Minuano).

A vegetação autóctone e que se fixou neste espaço geográfico caracteriza-se por arbustos rústicos e tortuosos. A madeira para a construção de troncos retos vinha dos bosques do interior do estado e em especial as araucárias da serra sul-rio-grandense.



[1] - Uma das características do sul-rio-grandense, e do porto-alegrense em particular, é nunca aceitar algo como dado e pacífico. Até o presente há oposições radicais em relação à denominação do Guaíba. Discute-se ardorosamente se ele é um rio, um estuário ou um lago.

Aceita-se a designação de lago convencido pelo professor:

MENEGAT, Rualdo,et alii --Atlas ambiental de Porto Alegre 3ª. ed. rev. Porto Alegre : Editora da Universidade/UFRGS, 2006 xix, 228 p. : il. color. ; 42 cm + 1 CDRO

No contraditório ver http://www.popa.com.br/docs/cronicas/rio_guaiba_Contestacao_ampla_5-04_ilustrada.htm

Desenho de Círio SIMON

Fig. 06 – O brasão de Porto Alegre no seu contexto e na rede mundial.


Neste cenário desenvolveu-se uma cultura que - vista na sua abrangência maior – permite o seu estudo a partir da ótica contemporânea. Esta sequência será ampliada nos tópicos deste serie de artigos deste blog.


2 - A etnia, a cultura e a arte dos povos - que foram os primeiros a chegar a este recanto do planeta - possuem vida que ostenta ainda a sua identidade nas ruas e nas praças de Porto Alegre. A vida tribal e do clã orienta a sua estrutura política. Não tomam posse da terra, pois o espírito de posse individual não é da sua cultura. O seu estudo, por meio das concepções européias hegemônicas, necessita de extremos de cautela, apesar de seguir estágios que as culturas mais avançadas também trilharam.


3 - Na mentalidade de posse - desenvolvida pelos europeus- a área geográfica de Porto Alegre pertencia ao reino espanhol, pelo Tratado de Tordesilhas (1492). A sua conquista pelo reino lusitano encontrou um vigoroso ponto de apoio de sua primitiva expansão. A arte do e suplantado depois pela 1ª conquista lusitana

4 - Esta 1ª conquista já amadurecera no Brasil quando empreendeu o início a conquista do Sul. Assim o território onde surgiria a vila e depois cidade de Porto Alegre era o centro de uma rede de fazendas e que encontram no Guaíba o porto para realizar o processo da nuclearização. Foi a afluências destas famílias e donos de fazendas constituíram uma urbanização distinta daquelas do Nordeste que nasceram ao pés de fortes e depois se espraiaram para o hinterland. Porto Alegre só viria a ser capital em 1772, depois desta ser experimentada em Rio Grande (1737), em Viamão (1763) e Rio Pardo e um ponto de apoio decisivo para o território concedido à Coroa Lusa pela Tratado de Madrid (1750).


5 - Os açorianos fizeram de Porto Alegre um ponto decisivo na estratégia de ocupação do vasto território do Rio Grande do Sul resultante do extermínio das Missões jesuíticas. Esta cidade tomou as suas feições e modo de vida ao longo da 2ª metade do século XVIII e 1ª metade do XIX.


6 - O Império trouxe os imigrantes europeus para o Sul do Brasil onde eles tinham como se aclimatar melhor do que nas condições do Espírito Santo, Friburgo e nos cafezais paulista onde foram confundidos pelo estatuto da escravidão. Se em Porto Alegre foi deflagrada a Revolução Farroupilha em 20 de setembro de 1835, ela foi reconquistada pelos Imperiais , cercada de muro e sendo atacada constantemente. Feitas as pazes e as forças unidas marcharam para o Paraguai. Em Porto Alegre brotavam as idéias e idéias republicanos na medida em que se adensava a sua população.


7 - Com a crise de 1929 chegava ao fim a política de República Velha e de Porto Alegre partiram as forças centrais da Revolução de 1930. Esta abriu para Porto Alegre o acesso aos meios produtivos da 1ª era industrial.


8 - Porto Alegre reforçou a sua conexão com cultura planetária contemporânea, depois de 1945, através de novos meios numéricos digitais que estavam ao seu alcance. Como vizinha mais próxima das três capitais do Mercosul de fala hispânica.

A mentalidade que pretende orientar estas buscas estéticas sul-rio-grandenses inscreve-se no projeto geral proposto para a arte praticada no Brasil. Em 1942 Mário de Andrade[1] resumia, para a UNE, as idéias da Semana Arte Moderna quando escrevia:



“O direito permanente à pesquisa estética; a atualização da inteligência artística brasileira; e a estabilização de uma consciência nacional [..] A novidade fundamental, imposta pelo movimento, foi a conjugação dessas três normas num todo orgânico da consciência coletiva”


Este projeto de busca da arte em Porto Alegre, segue as concepções aplicadas ao mundo objetivo e que, em termos gerais, são provenientes dos princípios da inteligência, da vontade e do direito à arte.





[1] - ANDRADE, Mario O movimento modernista: Conferência lida no salão de Conferências da Biblioteca do Ministério das Relações Exteriores do Brasil no dia 3 de abril de 1942. Rio de Janeiro :Casa do Estudante do Brasil, 1942, p.45.


domingo, 16 de maio de 2010

VIA SACRA de ALDO LOCATELLI

MEIO SÉCULO da EXPOSIÇÃO PÚBLICA de um GRITO PREMONITÓRIO de TRAGÉDIAS da NOSSA CIVILIZAÇÂO, FAMILIARES e PESSOAIS .


Origem da imagem BRAMBATTI, 2003, p 35. e 2008, p. 185

Fig. 01 – Aldo Locatelli – Via Sacra (1951-1960) – Estação nº 06 – Verônica enxuga o rosto de Cristo (detalhe)

CLIQUE sobre as FIGURAS para AMPLIÁ-LAS.

A série de 14 quadros da Via Sacra, elaborados por Aldo LOCATELLI (1915-1962), ao longo da década de 1950, estão completando meio século de sua exposição pública num templo religioso, a partir de 1960.


Os quadros, da Via Sacra, contém, no mínimo de suas formas, o máximo do artista e das suas circunstâncias, como toda obra de arte autêntica. As 14 estações da Via Dolorosa captaram expressões do contexto histórico de uma época de liberdade e de esperanças. Liberdade de enfrentar o tabu da agonia e da morte, com a mesma disposição com que o Papa promovia o “aggiornamento[1] da Igreja, com a esperança de dois médicos, quando um criava uma nova capital brasileira[2] e outro tentava atualizar uma universidade. Na época da criação de Locatelli as artes visuais eram regadas pela obra de Portinari, pelas bienais de São Paulo e pelo surgimento de museus brasileiros específicos de arte. Este tempo de liberdade de expressão, no contraditório, continha germens, prenúncios e índices de tragédias eminentes a serem esconjurados e enfrentados em tempo, com habilidade e competência. O meio século provou que esta habilidade e competência não vieram em tempo.


Alertado, o observador da obra de Locatelli, necessita muito cuidado na sua contemplação e muito mais na sua travessia diante do abismo cronológico deste último meio século. Meio século que impôs à humanidade um acúmulo gerado pela era industrial, numa velocidade antes desconhecida acelerando as obsolescências programadas de tudo e de todos.

A própria obra de Locatelli foi vitima de um tipo de obsolescência programada. Obsolescência cuja característica é impor sucessivas e intermináveis estetizações pseudo científicas que apagaram e fazem esquecer os momento de sua origem e da personalidade que a gerou.


A Via Sacra de Aldo Locatelli, elaborada no meio de um período de euforias, impõe, contraditoriamente, índices premonitórios de sua própria tragédia do artista como pessoa, da sua família inesperadamente desamparada e de uma civilização perdulária enarcotizada pela indústria cultural, mantida pelo marketing e propaganda carentes de ética.



[1] - O aggiornamento era uma expressão de do Papa João XXIII. Ela buscava a adaptação e a nova apresentação dos princípios católicos ao mundo actual e moderno, sendo por isso um objectivo fundamental do Concílio Vaticano II. Este Papa tinha um sentido especial para Aldo Locatelli pois fora ele em pessoas que o indicara a Dom Zátera para a sua vinda ao Brasil..


[2] - O grande sonho de Aldo Locatelli era deixar as suas mensagens nas paredes dos prédios de Brasília e obras do arquiteto que havia visitado e incentivado os jovens arquitetos e urbanistas, formados no IBA-RS, onde Locatelli agora era professor do muralismo.


Origem da imagem BRAMBATTI, 2003, p 35. e 2008, p. 183

Fig. 02 – Aldo Locatelli – Via Sacra (1951-1960) – Estação nº 05 - Simão Cirineo ajuda a carregar a cruz (detalhe)


No índice premonitório da própria tragédia do pintor estava a sua condenação pelo câncer silencioso, do qual ele suspeitava pelo histórico familiar, mas que tentou afastar, ao máximo, que suas forças permitiam. Na Via Sacra retratando-se na figura do Cirineo que se debruça e contempla próximo alguém condenado e entregue aos estertores dos suplícios corporais e psicológicos dos derradeiros momentos de uma vida.


Origem da imagem BRAMBATTI, 2003, p 35. e 2008, p. 176 e 177.

Fig. 03 – Aldo Locatelli – Via Sacra (1951-1960) – Estação nº 02 Jesus carrega a sua cruz (detalhe)


A Via Sacra de Locatelli é um grito cujo tema é a agonia e a morte como inevitáveis e universais passagens humanas. Contudo, passagens cercadas por tabus, na atualidade, mais de que nunca. Tabus que recorrem aos centros clínicos e crematórios coletivos nos quais a humanidade pretende pacificar estetizar esta etapa da vida, aparentando a agonia e a morte, se não confortável, ao menos suportável individual e coletivamente.

A maioria das religiões recorre aos rituais cênicos que transformam os tabus universais da agonia e da morte em totens coletivos. A Via Sacra, em geral, não foge desta piedosa ritualização e totemização cênica. Recentemente progrediu para a inclusão da Ressurreição como 15º estação da Via Dolorosa.

A inclusão desta encenação num calendário - implacável - trouxe esta encenação, ao mesmo tempo, para o repertório de mentalidades presas aos cíclicos implacáveis da Natureza.

O grito da agonia e morte, mostrado pela Via Sacra de Locatelli, buscou romper com estes estereótipos. Ele rompeu a antiga e consagrada totemização da agonia e morte, recorrendo à sua honesta e a sensível descoberta da origem e sentido deste tabu humano universal. Aldo Locatelli teve de ultrapassar este totem cada vez mais ritualizado e aceito como fato natural.

Além de denunciar as estetizações, ritualizações e totemizações cênicas da agonia e morte, o pintor cercou-se das leituras do texto médico Pierre BARBET,[1], para conferir um mínimo de verdade e o suporte cientifico. Para tanto Locatelli esquece e apaga todas aquelas lindas paisagens urbanas pseudo-historicistas[2] do drama humano e comuns nas outras séries da representação da Via Dolorosa. O autor desta Via Sacra tenta narrar e centrar-se no drama da agonia e morte. Para tanto exclui tudo o que poderia atrapalhar e distrair o seu espectador desta sua escolha. Escolheu, entre os seus elementos plásticos do pintor, aqueles que conduzem e centram-se no rosto[3], na proximidade máxima possível do ser humano visto, e ou encaixado, nos ângulos retos urbanos.

Como índice premonitório da tragédia que se abateria sobre os seus próprios familiares representou-os na condição de atores e espectadores da agonia e morte do Cristo. Familiares que não foram poupados, no momento inesperado que se abateu sobre eles, em razão da rápida agonia e morte do seu pilar central. Contudo os longos sofrimentos, a sua esposa Maria Mercedes Banchirei Locatelli, o Roberto e a Cristiana, apenas haviam começado. A ausência definitiva do esposo e pai trouxe privações econômicas[4], além das circunstâncias de o verem sendo expurgado e eliminado da instituição à qual havia dedicado os seus momentos mais criativos.



[1] - Veja um resumo do Livro de BARBET, Pierre – A Paixão de N.S. Jesus Cristo segundo o cirurgião. Rio de Janeiro : Santa Maria http://www.acidigital.com/fiestas/semanasanta/doutor.htm

[2] - Locatelli já havia pintado este tema dentro dos cânones tradicionais, Locatelli havia pintado algumas via sacras onde predomina este paisagismo Ver Brambatti- 2008- p. 29Ver


[3] - Veja um texto do jornal Lê Monde, do dia 12 de maio de 2010, e no qual se rediscute a importância do rosto humano
http://www.lemonde.fr/opinions/article/2010/05/12/visage-mappemonde-de-l-au-dela-par-yves-simon_1350384_3232.html

[4] Esta penúria econômica foi resolvida, quase uma década depois da morte do artista, pela LEI Nº 5.656, DE 27 DE MAIO DE 1971 que concedeu pensão especial a Mercedes Biancheri Locatelli, viúva do ex-Professor Aldo Doniele Locatelli http://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:federal:lei:1971-05-27;5656


Origem da imagem BRAMBATTI, 2003, p 35. e 2008, p.189

Fig. 04 – Aldo Locatelli – Via Sacra (1951-1960) – Estação nº 08 – Jesus consola as mulheres de Jerusalém

(detalhe – figura da filha Cristiana Locatelli)

A pintura desta Via Sacra, foi um dos momentos cruciais da dúvida de Aldo Locatelli que colocava em cheque as suas próprias práticas. Ele escreve nos pensamentos de sua tese[1] :

Compreendemos que a noção em Arte está em crise, é o resultado sempre mais fácil da difusão das culturas e das civilizações. Também a expressão da coletividade moderna, nós a sentimos viva e emocionante no mundo, se refletindo no próprio país. Gentes e homens, elementos expressivos gerados das secretas dificuldades da vida, dos eventos heróicos para os quais o anônimo se imola para o cumprimento de um dever cívico ou para defesa de um princípio espiritual que inspirará os artistas de muitas épocas e de nacionalidades diferentes, hoje fazem parte de uma civilização cujas premissas e esperanças abraçam todo o mundo”.

As premissas e as esperanças abraçam todo o mundo para quem são veiculadas, hoje, por meio da imagem digital e eletrônica. Imagem como da toalha da Verônica impressa com sangue e que nos conduz para um índice premonitório da tragédia da sua civilização dos 50 anos que decorreram da exposição pública da Via Sacra na Igreja São Peregrino de Caxias do Sul. Já no ano posterior a morte do pintor, a imagem do rosto de John Kennedy, em agonia em via pública, ou as sucessivas e reiteradas imagens do Vietnã, do Iraque e de tantos outros eventos sangrentos, são transmitidas, para todo planeta, em tempo quase real, quais telas da Verônica da Via Sacra de Locatelli. Tragédias sucessivas cuja atmosfera geral recebia o nome eufemístico de Guerra Fria que, de fato, era o suplício continuado de crianças, de mulheres e de homens sacrificados entre duas ideologias que repartiam o planeta.



[1] - Correio do Povo. Caderno de Sábado. Volume X, ano V, no 232 Porto Alegre : Companhia Caldas Junior 22 07 1972


Origem da imagem BRAMBATTI, 2003, p 35. e 2008, p.185

Fig. 05 – Aldo Locatelli – Via Sacra (1951-1960) – Estação nº 06 – Verônica enxuga o rosto de Cristo (detalhe)


Esta imagem da Verônica põe em cheque toda a onipotência, a onisciência, a onipresença e os sentimentos de eternidade inquestionáveis para mentalidades primárias. Assim esta imagem, crítica e desestabilizadora, consegue erguer, num frágil pano, a verdade para olhos daqueles os querem fechar a tudo aquilo que possa anunciar a sua própria agonia e a sua morte. Alienação da verdade comandada pela onipotência, pela onisciência, pela onipresença ou pelos frágeis sentimentos de eternidade.

Frágil imagem da Verônica que denuncia também a vulgarização da imagem industrial do livro, da publicidade, dos periódicos e numérico-digitais das telas dos PCs e das TVs.


A humanidade corre o risco de sua auto-extinção devido à tragédia silenciosa e sem nome, das agressões desenfreadas ao meio ambiente, provocadas pelo acúmulo de lixo gerado pela era industrial. O sapato e a lata da industria contemporânea, que figuram nos quadros desta Via Sacra, falam da desqualificação das vítimas deste processo predatório onde se misturam o objeto e o sujeito. O artista Locatelli foi avisado das consequências desta alienação, nascida das entranhas da nossa civilização, e evidentes nos estudos da Escola de Frankfurt, nas obras de Kurt Schwitters, no pensamento e nas obras de Marcel Duchamp e de tantos outros. Perigos advindos da reificação das pessoas e da banalização dos sentimentos fundamentais da beleza, da verdade e da bondade. Perigos concretos para a continuidade da espécie humana.


Assim, ao completar meio século de sua exposição pública, num templo religioso, da série de quadros da Via Sacra de Aldo LOCATELLI, onde eles ganharam, neste tempo, mais e novos significados. Significados que se acumularam sobre o seu conteúdo ao longo deste lapso de tempo e deram razão e completaram a obra do artista. Via Sacra que certamente continuará a manter a humanidade em alerta. Alerta contra outras tragédias eminentes e ainda desconhecidas que comprometem a beleza, a verdade e bondade, cujas causas necessitam serem enfrentados com habilidade, competência e em tempo.



Estes são alguns sentidos, entre muitos outros, daquele grito premonitório, emitido pela Via Sacra de Aldo Locatelli, que ecoa ao longo deste primeiro meio século e cujo suporte encontra-se exposto, ao público, na igreja São Pelegrino de Caxias do Sul.

O presente artigo foi escrito, entre as 21h30min de 12.05.2010 até as 06h50min de 16.05. 2010,

a pedido do jornalista Rodrigo LOPES do jornal O Caxiense www.ocaxiense.com.br. .


Algumas fontes de textos e imagens deste artigo


BRAMBATTI, Luiz Ernesto. Locatelli em Caxias. Porto Alegre : Metrópole, 2003, 96 p. il. Col.


-------------Locatelli no Brasil – Caxias do Sul-RS : Belas Letras. 2008, 240 p. il col.



Alguns espaços numéricos digitais consultados ao longo da elaboração deste artigo


http://locatellinobrasil.wordpress.com/

http://semanaia.wordpress.com/aldo-locatelli/


http://www.soleis.adv.br/leis1971.htm


http://guidomondin.blogspot.com/


www.luismolossi.com/galeria/insieme116.pdf


Este espaço numérico-digital é inteiramente didático - não visando qualquer lucro para o seu autor e que respeita as normas