domingo, 25 de março de 2012

ARTE - brasilidade e germanidade - 001


INTENÇÕES GERAIS desta SÉRIE de POSTAGENS

Canto o hino da pátria que permite ganhar o pão dos meus filhos
José SIMON professor rural de uma comunidade germânica ao longo do Estado Novo.

Fig. 01 –   Anselm  KIEFER nascido em 1945 – é um artista germânico ativo e atual. A sua obra possui o tema das ruínas, das pistas de catástrofes e de cenários que sugerem uma civilização chegando ao se esgotamento de mentalidades e recursos materiais

A presente série de postagens possui apenas objetivos civilizatórios. Estes objetivos são construídos a partir da busca de evidenciar os traços das contribuições da germanidade na cultura, na Arte e nas técnicas do Brasil. A germanidade não é a mais rica, a superior ou inferior às numerosas etnias que compõe o imenso e único mosaico da brasilidade. A germanidade apenas é diferente. Ela- por sua vez -  é constituído de um imenso e único mosaico resultante de um longo e sofrido processo de escolhas e contratos coletivos. Estas escolhas e contratos coletivos recheavam as pobres malas dos migrantes que saiam dos seus estados de fala germânica e aportavam no Brasil. Para não permanecer separados e como quistos culturais no país de sua escolha, tiveram de praticar contratos coletivos novos e escolhas aceleradas.  No Brasil tiveram de repactuar as suas mentalidades para não serem considerados únicos e estáticos devido às  suas motivações fixas e de suas origens.  Assim perderam gradativamente as conexões com os seus estados de origem. Estes aceleraram as suas mudanças de forma radical e tão profunda que o regresso definitivo dos emigrados seria uma impossibilidade política, cultural e econômica.

Fig. 02 –   - Pedro WEINGÄRTNER 1853-1929  - Derrubada  1900-.117 x148 cm  As obras deste pintor de ascendência germânica mostram o inversos da Anselm Kieffer. Elas possuem como tema o começa de uma civilização. Apesar da derrubada, da floresta primitiva, o  cenário sugere as forças telúricas aptas para a origens de uma nova civilização,. A Natureza esta pronta e apta para retomar o seu império e esta muito longe de  esgotamento se as mentalidades e os recursos materiais descobrirem e entraram em sintonia com ela e com o seu ritmo
No contraponto com Velho Continente, o território do Brasil possui potencial para abrigar uma população igual - ou numericamente superior -  aquela da Índia e China juntas. Assim é oportuno que cada cultura conheça e cultive as competências e limites para este imenso cenário não se torne um imenso deserto monótono, fixo e uniforme ao paradigma pregado por alguns nacionalismos xenófobos. Nacionalismo tacanho que possui como lema: – “a quantidade da inteligência humana é uma constante: só aumenta o número da população”. No outro extremo o caos e a circulação indiscriminada e a  anárquica podem provocar acidentes fatais tanto para indivíduos como para coletividades. Em especial para minorias inconscientes das suas próprias competências, dos seus direitos e dos naturais limites que possui toda construção humana

Fig. 03 –   - Albrecht ALTDORFER ( c.1480-1538 ) Batalha da Isso - Alexandre Magno contra Dario III -   obra do ano de 1529 de 158 x 120 cm da  Pinacoteca de Munique.  O artista abre a estética do Maneirismo. Neste período a grande crise foi – no início a desconfiança e depois comprovação científica de que a criatura humana - e a Terra, que  ela habitava -, não era o centro e a medida do universo, como ainda acreditava o homem do Renascimento. O Maneirismo, como período de passagem,  possui muitos vínculos estéticos e conceituais com o Helenismo e a Pós-Modernidade. Tempos de grandes explorações, viagens e a formação de multidões e dos quais este artista - de fala germânica - tenta dar conta neste quadro. De outra parte esta germanidade do artista fica evidente nos pequenos detalhes e no desenho minucioso de cada figura ou motivo deste quadro.

Num potencial coletivo, de dois bilhões de habitantes, os direitos das minorias necessitam de conhecimento e de vontade para usufruir a construção de uma civilização mais humana. Este usufruto torna-se mais efetivo e produtivo e positivo na proporção em que este observador tiver um paradigma do qual ele conhece as competências e os limites e que poderão ser completados pelo conhecimento e apropriação de outros e distintos paradigmas.
Além disto, aqui se aceita, como valida, a sentença social de que “toda comparação é odiosa”.

ENCICLOPÉDIA RIO-GRANDENSE 1968
Fig. 04 –   Justina KERNER Pohlmann  (1846 – 1941) - Moça da Colônia – pintura 1900  Justina que viveu no centro do Rio Grande do Sul, em Agudo, ao lado do marido, o médico e também pintor Alex Pohlmann. Ela tinha formação superior em Academia de Arte da Alemanha. A sua obra pictórica centra-se na expressão do EU romântico.  Romantismo que lida com alta carga das emoções individuais. De um lado se traduz, no cenário publico, nas altas torres góticas dos seus templos. No cenário privado - e no contraponto ao público - incentiva o EU individual a buscar destacar-se da linha de montagem para a qual a era industrial estava empurrando a tudo e todos.

 As distinções étnicas, raciais e culturais sempre foram condimentos explosivos neste contexto. As artes sempre foram cultivadas como índices destas forças subliminares e criaram obras físicas para fazer circular e dar visibilidade aos caminhos pelos quais é possível conduzir para a civilização eventuais  atritos e os conflitos.


Fig. 05 –   FERDINAND SCHLATTER – Decoração externa das Casa dos Haberer (Bávaros) -  SOGIPA – Porto Alegre -19.VII. 1924. As diferenças culturais internas da germanidade também são imensas e ricas como a sua culinária e as suas cervejas de todas as graduações e gostos.
[Veja o Departamento dos Haberer da SOGIPA em http://www.sogipa.com/2010/noticias_detalhes.php?codCont=9114]

      Índices físicos positivos para uma civilização e caminhos na construção de protocolos e de contratos que contornam ameaças concretas e constantes corrupções. Mesmo uma minoria numérica, mas potencialmente capaz de tornar-se inadequada, deletéria e desestabilizador do coletivo de uma civilização


                                                                          Museu São Leopoldo
Fig. 06 –   - Casa de colonos alemães na Floresta Virgem em 1862 - In TOBINO - 2007 p.064b   A foto expressa as condições matérias que o migrante de origem germânica encontrou no sul do Brasil não o distinguiam daquelas aldeias indígenas e os quilombos africanos. Foi um desafio que colocou à prova a sua cultura. A densidade do projeto coletivo, e a massa critica do número dos migrados na mesma época e lugar,  permitiram organizar as “colônias” e socorro recíproco e estabelecer as conexões com a secular cultura ameríndia e lusitana nos trópicos. Cultura local que tinha assistido a entropia das Missões Jesuíticas e as catástrofes de indivíduos e comunidades germânicas minúsculas e inexpressivas que a floresta tropical reduzira ao seu estado natural

O primeiro ponto material são os índices físicos positivos para uma civilização e para caminhos adequados é admitir na construção de protocolos e de contratos e que os imigrantes germânicos, com os demais,  não vieram ao Brasil  por simples lazer ou passeio. Ao contrário fortes necessidades primárias que se evidenciaram a rápida e inexorável era industrial que acumulava gente, recursos, maquinas e capital. Gente proletária e que tinham de renunciar a uma tradição agrícola imemorial. Diante desta escolha e desta pressão gerou gente que, na nova terra, retornou às práticas agrícolas típicas da mais profunda idade média feudal. De outra parte vieram - nas pobres valises do imigrante - os mesmos  germens e sementes da era industrial européias.
Olhando para as origens germânicas é difícil achar alguma cultura que não sofreu influências da terra de Gutenberg, Senefelder ou das invenções teóricas de Einstein o das tecnológicas contemporâneas desenvolvidas nesta cultura centro-européia. Assim a Arte de origens germânicas no Brasil é apenas uma das gotas no imenso oceano da nossa atual civilização.  Os seus artistas constituem pequenos átomos desta gota. Sem euforia é necessário admitir que esta arte, cultivada pelos descentes de alemães no Brasil, não foi decisiva no caminho da HISTÓRIA das ARTES VISUAIS GERMÂNICAS e que desconhece este capítulo da ARTE e desconsidera completamente.
No espaço cultural não é menor o perigo de conceitos, mentalidades e práticas culturais em lugares errados e de trocas sem tomar em conta as competências e limites dos que os perigos que ambientalistas nos advertem sobre de misturas de gases, líquidos e sólidos - em lugares e forma inadequados, produzem efeitos desastrados e irreversíveis.

Fig. 07 –  As pedras do moinho do  moleiro Mathias SIMON (1788-1866)  em capela Rosário São José do Hortêncio. – RS.  O imigrante trazia a formação medieval na qual o indivíduo praticava, além da agricultura , múltiplas profissões complementares. Assim podia ser ferreiro, marceneiro, moleiro ao mesmo tempo em que se entregava aos negócios particulares ou em feiras e que funcionavam em bases monetárias.
[Em relação à Mathias SIMON e seus descendentes ver: http://mathiassimon1829.blogspot.com.br/2011_04_01_archive.html ]

A advertência cabe na medida em que germanidade desenvolveu em alto grau o KUNSTWOLLEN e muitas vezes fez deste conceito uma arma. Conceito que sempre foi combatido e mantida nos limites de suas competências pelos próprios representes mais expressivos desta mesma germanidade. Estes limites tornam-se mais evidentes na interação com culturas distintas. Passando pelos filósofos como Emanuel Kant e Hegel cientistas como Alexander von Humboldt (1769-1859), artistas como Johan Wolfgang Goethe (1749-1832) até o presente com um Jurgen Habermas. Mundo conceitual que teve cultores como Karl Max (1818-1883), Georg Simmel e Max Weber, entre tantos outros e cujo pensamento ainda impregna o nosso mundo empírico atual  sob as mais variadas matizes e múltiplos tons. Há de se admitir também que as quedas, a partir destas alturas, foram monumentais e as corrupções deste pensamento foram péssimas.

Fig. 08 –   - Werner TUBKE (1929-2004) - Revoluções Burguesas - Panorâmio Bad Frankenhausen 1983-7   A monumental  obra deste artista realizou uma revisão visual das imagens mais caras ao mundo germânico. Esta obra está sendo incluída na indústria cultural do turismo.
[Veja o exterior do Panorãmio  em http://www.panoramio.com/photo/19735865]

Esta alta e ampla mentalidade permitiu, no lado positivo, ao alemão “sentir-se em casa” em todas as culturas e latitudes. As suas criações são absorvidas e naturalizadas nas mais dispares épocas e distintos lugares. Assim não foi diferente no Brasil apesar de reiterados fracassos como aqueles narrados no “Canaã” de Graça Aranha.
Chega-se a conclusão de que é necessário esquecer tudo isto. Se queremos uma civilização brasileira mais humana, fraterna e positiva é necessário consideremos as nossas casas, os nossos vizinhos concretos e as células políticas que compõe. Para iniciar este processo a civilização brasileira necessita dos índices empíricos da arte da rua onde moramos, das associações que freqüentamos e das instituições se dedicam a recolher, estudar e sistematizar os vestígios empíricos desta arte. Neste patrimônio material a imaterial as raízes, troncos, flores e frutos cabem os resultados da prática da KUNSTWOLEN com forte sotaque germânico.


Fig. 09 –   - São Leopoldo - Ponte 25 de julho ( in TOBINO 2007 p.133a.)  Ponto geográfico no qual se estabeleceu a colônia alemã a parti de 1848. A igreja gótica é uma das obras do mestre João GRUNEWALD (1832-1910) que trabalhara no canteiro de obras da catedral gótica de Colônia. O mestre também conduziu os trabalhas da Cúria Metropolitana de Porto Alegre, a igrejinha do Menino Deus e o templo luterano da Rua Senhor dos Passos. Estas duas destruídas. O modelo gótico foi retomado em todo Rio Grande do Sul destacando-se a catedral de Santa Cruz e a igreja de Venâncio Aires.   

É na perspectiva processo da civilização brasileira que se deseja colaborar no artista da nossa rua.
 Aproxima postagem será em relação aos ESTADOS BRASILEIRO e ALEMÃO, A seguir irás se examinar as circunstâncias nas quais os alemães e seus descendentes praticam ou praticaram ARTE no BRASIL.


Fig. 10 –   -  A Pós-Modernidade colocou em evidência o doméstico, os motivos da chita barata, as sobras e o refugado pela era industrial a  As obras da BLIOTECA PÙBLICA de PORTO ALEGRE 10 -  salão mourisco- Fernando Schlater 1921.
 Em época de PÓS-MODERNIDADE prossegue-se no âmbito da mentalidade que se delicia em trazer para a cena pública o regional, o específico e o único. Neste regional, particular busca aquilo que ainda não medido o contrário daquilo  que é planetário. Planetário batido por um mídia monótona e destinada à uma inteligência média de 12 anos. Neste contrario regional ostenta-se e se reforça aquilo que é contrário da esterilidade de uma rede mundial e que caminha no cortejo fúnebre entoando loas e hinos triunfantes à estética do BIG BROTHER e que se deseja onisciente, onipotente, eterno e onipresente.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
HABERMAS,  Jurgen (1929 - ).  Conhecimento e interesse. Rio de Janeiro: ZAHAR,1982.  367p.

HEGEL, George Wilhelm Friedrich (1770-1831). Leciones de Estética. Buenos Aires :  Austral. 1946.
         
 ____.   Fenomenologia do espírito. São Paulo : Abril Cultural, 1980.
KANT, Emmanuel (1742-1804). Crítica da razão prática. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d.  255p.

PLATÃO (427-347 a.C) Diálogos: a República. 23.ed.  Rio de Janeiro Ediouro,
                1996.

_____.   La república o el Estado.  Buenos Aires : Espasa-Calpe, 1941. 365p.

SIMMEL, Georg (1858-1918) Sociología y estudios sobre las formas de socialización. Madrid :         Alianza. 1986,  817.  2v.

WEBER, Max (1864-1920). A ética protestante e o espírito do capitalismo. 5.ed. Barcelona :          Península, 1985. 262p.

____.    Sobre a universidade. São Paulo : Cortez, 1989.  152 p.

____. Economia e sociedade – esboço de sociologia compreensiva. México e          Buenos Aires : Fondo Cultural Econômico, 1992.   1.237p

FONTES das IMAGENS
TOBINO, Nina A germanidade no Brasil  Porto Alegre: Sociedade Germânia, 2007, 208, il

TARASANTCHI, Ruth Sprung – et alii PEDRO WEINGÄRTNER 1853-1929 um artista ente o Velho e o Novo Mundo. São Paulo : Pinacoteca do Estado de São Paulo 209-2010 -  264 p.  ISBN 978-85-999117-15-6

PAUTA das PRÓXIMAS POSTAGENS
002  ARTE - brasilidade e germanidade -

A ARTE e suas CIRCUNSTÂNCIAS no ÂMBITO do ESTADO BRASILEIRO e do ALEMÂO

003 ARTE - brasilidade e germanidade -

CONDIÇÕES BRASILEIRAS para a ARTE

004 ARTE - brasilidade e germanidade -

CONTRIBUIÇÕES INSTITUCIONAIS GERMÂNICAS

005 – ARTE – brasilidade e germanidade –

ATIVIDADES de ALGUNS ARTISTAS de ASCENDÊNCIA GERMÂNICA no BRASIL

006- ARTE – brasilidade e germanidade –

ATIVIDADES de ALGUNS ARTISTAS de ASCENDÊNCIA GERMÂNICA no RIO GRANDE do SUL



Fontes numérico-digitais

Mestre João Grünewald em

 Mathias SIMON 1877-1866 -e seus descendentes : http://mathiassimon1829.blogspot.com.br/2011_04_01_archive.html

José SIMON 1908-1992 -e sua obra
10ª postagem em 20.04.2011    Sumário das postagens relativa ao tema:


A presente postagem possui objetivos puramente didáticos
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