INTENÇÕES GERAIS desta
SÉRIE de POSTAGENS
“Canto o hino da pátria que permite ganhar o pão dos
meus filhos”
José SIMON professor rural de uma comunidade
germânica ao longo do Estado Novo.
Fig. 01 – Anselm
KIEFER nascido em 1945 – é um artista germânico ativo e atual. A sua
obra possui o tema das ruínas, das pistas de catástrofes e de cenários que
sugerem uma civilização chegando ao se esgotamento de mentalidades e recursos
materiais
A presente série de
postagens possui apenas objetivos civilizatórios. Estes objetivos são construídos
a partir da busca de evidenciar os traços das contribuições da germanidade na
cultura, na Arte e nas técnicas do Brasil. A germanidade não é a mais rica, a
superior ou inferior às numerosas etnias que compõe o imenso e único mosaico da
brasilidade. A germanidade apenas é diferente. Ela- por sua vez - é constituído de um imenso e único mosaico
resultante de um longo e sofrido processo de escolhas e contratos coletivos.
Estas escolhas e contratos coletivos recheavam as pobres malas dos migrantes
que saiam dos seus estados de fala germânica e aportavam no Brasil. Para não
permanecer separados e como quistos culturais no país de sua escolha, tiveram
de praticar contratos coletivos novos e escolhas aceleradas. No Brasil tiveram de repactuar as suas
mentalidades para não serem considerados únicos e estáticos devido às suas motivações fixas e de suas origens. Assim perderam gradativamente as conexões com
os seus estados de origem. Estes aceleraram as suas mudanças de forma radical e
tão profunda que o regresso definitivo dos emigrados seria uma impossibilidade
política, cultural e econômica.
Fig. 02 – - Pedro WEINGÄRTNER 1853-1929 - Derrubada 1900-.117 x148 cm As obras deste pintor de ascendência
germânica mostram o inversos da Anselm Kieffer. Elas possuem como tema o começa
de uma civilização. Apesar da derrubada, da floresta primitiva, o cenário sugere as forças telúricas aptas para
a origens de uma nova civilização,. A Natureza esta pronta e apta para retomar
o seu império e esta muito longe de
esgotamento se as mentalidades e os recursos materiais descobrirem e
entraram em sintonia com ela e com o seu ritmo
No contraponto com Velho
Continente, o território do Brasil possui potencial para abrigar uma população
igual - ou numericamente superior - aquela
da Índia e China juntas. Assim é oportuno que cada cultura conheça e cultive as
competências e limites para este imenso cenário não se torne um imenso deserto
monótono, fixo e uniforme ao paradigma pregado por alguns nacionalismos xenófobos. Nacionalismo tacanho que possui como lema:
– “a quantidade da inteligência humana é
uma constante: só aumenta o número da população”. No outro extremo o caos e
a circulação indiscriminada e a anárquica podem provocar acidentes fatais
tanto para indivíduos como para coletividades. Em especial para minorias
inconscientes das suas próprias competências, dos seus direitos e dos naturais
limites que possui toda construção humana.
Fig. 03 – - Albrecht ALTDORFER ( c.1480-1538 ) Batalha da Isso - Alexandre Magno contra
Dario III - obra do ano de 1529 de
158 x 120 cm da Pinacoteca de Munique. O artista abre a estética do Maneirismo. Neste
período a grande crise foi – no início a desconfiança e depois comprovação
científica de que a criatura humana - e a Terra, que ela habitava -, não era o centro e a medida do
universo, como ainda acreditava o homem do Renascimento. O Maneirismo, como
período de passagem, possui muitos
vínculos estéticos e conceituais com o Helenismo e a Pós-Modernidade. Tempos de
grandes explorações, viagens e a formação de multidões e dos quais este artista
- de fala germânica - tenta dar conta neste quadro. De outra parte esta
germanidade do artista fica evidente nos pequenos detalhes e no desenho
minucioso de cada figura ou motivo deste quadro.
Num potencial coletivo, de
dois bilhões de habitantes, os direitos das minorias necessitam de conhecimento
e de vontade para usufruir a construção de uma civilização mais humana. Este
usufruto torna-se mais efetivo e produtivo e positivo na proporção em que este
observador tiver um paradigma do qual ele conhece as competências e os limites
e que poderão ser completados pelo conhecimento e apropriação de outros e
distintos paradigmas.
Além disto, aqui se
aceita, como valida, a sentença social de que “toda comparação é odiosa”.
ENCICLOPÉDIA RIO-GRANDENSE 1968
Fig. 04 – Justina KERNER Pohlmann (1846 – 1941) - Moça da Colônia – pintura 1900 Justina que viveu no centro do Rio Grande
do Sul, em Agudo, ao lado do marido, o médico e também pintor Alex Pohlmann.
Ela tinha formação superior em Academia de Arte da Alemanha. A sua obra
pictórica centra-se na expressão do EU romântico. Romantismo que lida com alta carga das emoções
individuais. De um lado se traduz, no cenário publico, nas altas torres góticas
dos seus templos. No cenário privado - e no contraponto ao público - incentiva
o EU individual a buscar destacar-se da linha de montagem para a qual a era
industrial estava empurrando a tudo e todos.
[Ver mais obras
de Justina em: http://www6.ufrgs.br/acervoartes/modules/wiwimod/index.php?page=KERNER,+Justina
]
As distinções étnicas, raciais e culturais
sempre foram condimentos explosivos neste contexto. As artes sempre foram
cultivadas como índices destas forças subliminares e criaram obras físicas para
fazer circular e dar visibilidade aos caminhos pelos quais é possível conduzir
para a civilização eventuais atritos e os
conflitos.
Fig. 05 – FERDINAND SCHLATTER – Decoração externa das
Casa dos Haberer (Bávaros) - SOGIPA –
Porto Alegre -19.VII. 1924. As diferenças culturais internas da germanidade
também são imensas e ricas como a sua culinária e as suas cervejas de todas as
graduações e gostos.
[Veja
o Departamento dos Haberer da SOGIPA em http://www.sogipa.com/2010/noticias_detalhes.php?codCont=9114]
Índices físicos
positivos para uma civilização e caminhos na construção de protocolos e de
contratos que contornam ameaças concretas e constantes corrupções. Mesmo uma
minoria numérica, mas potencialmente capaz de tornar-se inadequada, deletéria e
desestabilizador do coletivo de uma civilização
Museu São Leopoldo
Fig. 06 – - Casa de colonos alemães na Floresta Virgem
em 1862 - In TOBINO - 2007 p.064b A
foto expressa as condições matérias que o migrante de origem germânica
encontrou no sul do Brasil não o distinguiam daquelas aldeias indígenas e os
quilombos africanos. Foi um desafio que colocou à prova a sua cultura. A
densidade do projeto coletivo, e a massa critica do número dos migrados na
mesma época e lugar, permitiram
organizar as “colônias” e socorro recíproco e estabelecer as conexões com a
secular cultura ameríndia e lusitana nos trópicos. Cultura local que tinha
assistido a entropia das Missões Jesuíticas e as catástrofes de indivíduos e
comunidades germânicas minúsculas e inexpressivas que a floresta tropical
reduzira ao seu estado natural.
O primeiro ponto
material são os índices físicos positivos para uma civilização e para caminhos
adequados é admitir na construção de protocolos e de contratos e que os
imigrantes germânicos, com os demais,
não vieram ao Brasil por simples
lazer ou passeio. Ao contrário fortes necessidades primárias que se evidenciaram
a rápida e inexorável era industrial que acumulava gente, recursos, maquinas e
capital. Gente proletária e que tinham de renunciar a uma tradição agrícola
imemorial. Diante desta escolha e desta pressão gerou gente que, na nova terra,
retornou às práticas agrícolas típicas da mais profunda idade média feudal. De
outra parte vieram - nas pobres valises do imigrante - os mesmos germens e sementes da era industrial européias.
Olhando para as origens
germânicas é difícil achar alguma cultura que não sofreu influências da terra
de Gutenberg, Senefelder ou das invenções teóricas de Einstein o das
tecnológicas contemporâneas desenvolvidas nesta cultura centro-européia. Assim
a Arte de origens germânicas no Brasil é apenas uma das gotas no imenso oceano
da nossa atual civilização. Os seus
artistas constituem pequenos átomos desta gota. Sem euforia é necessário
admitir que esta arte, cultivada pelos descentes de alemães no Brasil, não foi
decisiva no caminho da HISTÓRIA das ARTES VISUAIS GERMÂNICAS e que desconhece
este capítulo da ARTE e desconsidera completamente.
No espaço cultural não é
menor o perigo de conceitos, mentalidades e práticas culturais em lugares
errados e de trocas sem tomar em conta as competências e limites dos que os perigos
que ambientalistas nos advertem sobre de misturas de gases, líquidos e sólidos
- em lugares e forma inadequados, produzem efeitos desastrados e irreversíveis.
Fig. 07 – As
pedras do moinho do moleiro Mathias SIMON (1788-1866) em capela Rosário São José do Hortêncio. –
RS. O imigrante trazia a formação
medieval na qual o indivíduo praticava, além da agricultura , múltiplas
profissões complementares. Assim podia ser ferreiro, marceneiro, moleiro ao
mesmo tempo em que se entregava aos negócios particulares ou em feiras e que
funcionavam em bases monetárias.
[Em relação à
Mathias SIMON e seus descendentes ver: http://mathiassimon1829.blogspot.com.br/2011_04_01_archive.html
]
A advertência cabe na
medida em que germanidade desenvolveu em alto grau o KUNSTWOLLEN e muitas vezes
fez deste conceito uma arma. Conceito que sempre foi combatido e mantida nos
limites de suas competências pelos próprios representes mais expressivos desta
mesma germanidade. Estes limites tornam-se mais evidentes na interação com
culturas distintas. Passando pelos filósofos como Emanuel Kant e Hegel
cientistas como Alexander von Humboldt (1769-1859), artistas como Johan Wolfgang
Goethe (1749-1832) até o presente com um Jurgen Habermas. Mundo conceitual que
teve cultores como Karl Max (1818-1883), Georg Simmel e Max Weber, entre tantos
outros e cujo pensamento ainda impregna o nosso mundo empírico atual sob as mais variadas matizes e múltiplos tons.
Há de se admitir também que as quedas, a partir destas alturas, foram
monumentais e as corrupções deste pensamento foram péssimas.
Fig. 08 – - Werner TUBKE (1929-2004) - Revoluções Burguesas - Panorâmio Bad
Frankenhausen 1983-7 A monumental obra deste artista realizou uma revisão visual
das imagens mais caras ao mundo germânico. Esta obra está sendo incluída na
indústria cultural do turismo.
[Veja o
exterior do Panorãmio em http://www.panoramio.com/photo/19735865]
Esta alta e ampla
mentalidade permitiu, no lado positivo, ao alemão “sentir-se em casa” em todas as culturas e latitudes. As suas
criações são absorvidas e naturalizadas nas mais dispares épocas e distintos lugares.
Assim não foi diferente no Brasil apesar de reiterados fracassos como aqueles
narrados no “Canaã” de Graça Aranha.
Chega-se a conclusão de
que é necessário esquecer tudo isto. Se queremos uma civilização brasileira
mais humana, fraterna e positiva é necessário consideremos as nossas casas, os
nossos vizinhos concretos e as células políticas que compõe. Para iniciar este
processo a civilização brasileira necessita dos índices empíricos da arte da
rua onde moramos, das associações que freqüentamos e das instituições se
dedicam a recolher, estudar e sistematizar os vestígios empíricos desta arte.
Neste patrimônio material a imaterial as raízes, troncos, flores e frutos cabem
os resultados da prática da KUNSTWOLEN com forte sotaque germânico.
Fig. 09 – - São Leopoldo - Ponte 25 de julho ( in TOBINO 2007 p.133a.) Ponto geográfico no qual se
estabeleceu a colônia alemã a parti de 1848. A igreja gótica é uma das obras do
mestre João GRUNEWALD (1832-1910) que trabalhara no canteiro de obras da
catedral gótica de Colônia. O mestre também conduziu os trabalhas da Cúria Metropolitana
de Porto Alegre, a igrejinha do Menino Deus e o templo luterano da Rua Senhor
dos Passos. Estas duas destruídas. O modelo gótico foi retomado em todo Rio
Grande do Sul destacando-se a catedral de Santa Cruz e a igreja de Venâncio
Aires.
[Obra do Mestre
João Grünewald em http://profciriosimon.blogspot.com.br/2010/01/arte-sacra-sul-rio-grandense-10_21.html]
É na perspectiva processo
da civilização brasileira que se deseja colaborar no artista da nossa rua.
Aproxima postagem será em relação aos ESTADOS
BRASILEIRO e ALEMÃO, A seguir irás se examinar as circunstâncias nas quais os alemães
e seus descendentes praticam ou praticaram ARTE no BRASIL.
Fig. 10 – - A
Pós-Modernidade colocou em evidência o doméstico, os motivos da chita barata,
as sobras e o refugado pela era industrial a
As obras da BLIOTECA PÙBLICA de PORTO ALEGRE 10 - salão mourisco- Fernando Schlater 1921.
Em época de PÓS-MODERNIDADE prossegue-se no âmbito da mentalidade que se delicia em trazer para a cena pública o regional, o
específico e o único. Neste regional, particular busca aquilo que ainda não
medido o contrário daquilo que é
planetário. Planetário batido por um mídia monótona e destinada à uma
inteligência média de 12 anos. Neste contrario regional ostenta-se e se reforça
aquilo que é contrário da esterilidade de uma rede mundial e que caminha no cortejo
fúnebre entoando loas e hinos triunfantes à estética do BIG BROTHER e que se
deseja onisciente, onipotente, eterno e onipresente.
FONTES
BIBLIOGRÁFICAS:
HABERMAS, Jurgen (1929 - ). Conhecimento
e interesse. Rio de Janeiro: ZAHAR,1982.
367p.
HEGEL, George
Wilhelm Friedrich (1770-1831). Leciones de Estética. Buenos Aires :
Austral. 1946.
____. Fenomenologia do espírito. São Paulo :
Abril Cultural, 1980.
KANT, Emmanuel
(1742-1804). Crítica da razão prática.
Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d. 255p.
PLATÃO (427-347 a.C) Diálogos: a República. 23.ed.
Rio de Janeiro Ediouro,
1996.
_____. La república o el Estado. Buenos Aires : Espasa-Calpe, 1941. 365p.
SIMMEL, Georg (1858-1918) Sociología y
estudios sobre las formas de socialización. Madrid : Alianza. 1986, 817.
2v.
WEBER,
Max (1864-1920). A ética protestante e o
espírito do capitalismo. 5.ed. Barcelona : Península, 1985. 262p.
____. Sobre a universidade. São Paulo :
Cortez, 1989. 152 p.
____. Economia e sociedade – esboço de
sociologia compreensiva. México e
Buenos Aires : Fondo Cultural Econômico, 1992. 1.237p
FONTES das IMAGENS
TOBINO, Nina A germanidade no Brasil Porto Alegre: Sociedade Germânia,
2007, 208, il
TARASANTCHI,
Ruth Sprung – et
alii PEDRO
WEINGÄRTNER 1853-1929 um artista ente o Velho e o Novo Mundo. São Paulo
: Pinacoteca do Estado de São Paulo 209-2010 -
264 p. ISBN 978-85-999117-15-6
PAUTA das PRÓXIMAS POSTAGENS
002 ARTE - brasilidade e germanidade -
A ARTE e suas
CIRCUNSTÂNCIAS no ÂMBITO do ESTADO BRASILEIRO e do ALEMÂO
003 ARTE -
brasilidade e germanidade -
CONDIÇÕES BRASILEIRAS para a ARTE
004 ARTE -
brasilidade e germanidade -
CONTRIBUIÇÕES
INSTITUCIONAIS GERMÂNICAS
005 – ARTE –
brasilidade e germanidade –
ATIVIDADES de ALGUNS
ARTISTAS de ASCENDÊNCIA GERMÂNICA no BRASIL
006- ARTE –
brasilidade e germanidade –
ATIVIDADES de ALGUNS
ARTISTAS de ASCENDÊNCIA GERMÂNICA no RIO GRANDE do SUL
Fontes numérico-digitais
Mestre João
Grünewald em
Mathias SIMON 1877-1866 -e seus descendentes :
http://mathiassimon1829.blogspot.com.br/2011_04_01_archive.html
José SIMON 1908-1992
-e sua obra
10ª postagem em 20.04.2011 Sumário das postagens
relativa ao tema:
A presente
postagem possui objetivos puramente didáticos
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