quinta-feira, 29 de março de 2012

ARTE - brasilidade e germanidade - 002



A ARTE e suas CIRCUNSTÂNCIAS no ESTADO BRASILEIRO e no ALEMÃO.

Canto o hino da pátria que permite ganhar o pão dos meus filhos
José SIMON professor rural de uma comunidade germânica ao longo do Estado Novo.

A produção da ARTE é condicionada diretamente pelo tipo de ESTADO no qual um povo vive e se reproduz. A ARTE egípcia é índice direto dos condicionamentos do seu ESTADO NACIONAL monolítico e hierarquizado. Como a ARTE CLÁSSICA HELÊNICA é coerente e diretamente relacionada com as liberdades criticas e a ênfase na criatura humana singular da política de um PÉRICLES ao longo do ESTADO GREGO CLÁSSICO. 


Fig. 01 –   - A  antropomorfização do ESTADO -  e a atribuição de sua origem do além – criam e criaram genealogias de reis e mitos de origem que a obra do artista Werner TUBKE (1929-2004) - Revoluções Burguesas - Panorâmio Bad Frankenhausen 1983-7 , transforma o PODER do ESTADO em algo mítico e monumental.  Esta imagem carrega subliminarmente a representação da membrana da bolha do útero materno prestes a se romper. O  que é certo é que, por mais metafísica que seja esta representação, tão como as demais narrativas e imagens, elas  repercutem constantemente no mundo empírico  -chegando às raias serem aceitas como uma fatalidade inquestionável. Segue o principio de que a criatura humana torna-se histórica na medida, intensidade dos seus próprios projetos

No Brasil os traços da escravidão fazem com que seus caciques, coronéis e bispos mantenham na heteronímia a ARTE e o artista sem valor individual, ao paradigma da ARTE e do artista sob o regime do ESTADO faraônico. Daí a impossibilidade da “EXPORTAÇÃO da POESIA do BRASIL” no desejo de Oswald de ANDRADE, pois está carente de autonomia na sua fonte e circulação.
Um ESTADO NACIONAL não é algo dado e natural. Ele é - antes de tudo - uma construção humana. Assim é necessário admitir que esta construção esteja sujeita a todas as vicissitudes provenientes de uma obra artificial.
O ESTADO BRASILEIRO é uma construção muito mais antiga, mais sólida e ampla do que o atual ESTADO ALEMÃO. O ESTADO BRASILEIRO possui, além disto, uma história de uma continuidade de coerência interna em distinta da conturbada e crítica HISTÓRIA do ESTADO ALEMÃO. 



Fig. 02 –   - Rudolf Herrmann WENDROTH - Praça da Matriz - Porto Alegre. A  obra deste artista germânico mostra a parte visível do centro do poder religioso, político e militar da Província do São Pedro do Rio Grande do Sul na metade do século XIX . A íntima aliança entre o poder religioso, político e  militar vinha sendo mantida intacta desde os primórdios da ocupaçã ibérica do Novo Mundo. Esta lógica não permitia nenhuma veleidade de uma educação individual fora deste paradigma. O futuro do jovem livre era a carreira miliatra, a eclesiástica ou jurídica para administração. O artista era relegado para a servidão e a expressão maior de suas obras são as peças de arte anônimas e reproduções dos moldes provenientes das metrópoles.
A obra - reproduzida acima e o seu autor - foram vitimas deste estatuto. Esta obra foi esquecida em meio de relatórios oficiais, só teve alguma divulgação mais de um século depois de sua execução. Do artista não sabemos muito mais do que seu nome bizarro - para a cultura lusitana - e do grupo dos militares alemães que atuaram como mercenários do Império Brasileiro. A estética da obra certamente não constitui nada na linha dos grandes pintores europeus, elogiados, mediados e mantidos pela estética ocidental dominante. Esta obra tornou-se - com todas estas amputações - um peça cômoda e um troféu para a arte oficial do Estado Brasileiro. Assim  ele possui ocasião para mostrar como era pobre a Província do Rio Grande do Sul.

Assim, os migrantes que saiam dos seus estados - de fala germânica e aportavam no Brasil - tiveram de repactuar as suas mentalidades para não serem considerados únicos e permanecerem como quistos estáticos devido às  suas motivações fixas e de suas origens. Assim esqueceram gradativamente as suas conexões com os seus estados de origem. Enquanto isto os estados germânicos aceleraram as suas mudanças de forma radical e tão profunda que o regresso definitivo dos emigrados ao Brasil seria uma impossibilidade política, cultural e econômica.


Fig. 03 –   - A Justiça com o OLHOS ABERTOS e VIGILANTES na interpretação do artista e arquiteto Carlos Maximiliano FAYETH (1930-2007).  Colocada numa parede cega do Palácio da JUSTIÇA  e no mesmo ponto de vista do qual  Rudolf Herrmann WENDROTH observou a Praça da Matriz de Porto Alegre na metade do século XIX – ela possui na sua frente o Executivo e o Legislativo além do poder eclesiástico.  

Certamente continuidade e coerência interna nem sempre é uma vantagem especialmente ao se mentalidade se traduzir em práticas fixas, únicas e centralistas. É tudo que ao AGIR da ARTE NÃO TOLERA.
 No plano do artista - como indivíduo singular e profundamente cultivado a partido romantismo - este EU singular deposita menos esperanças e não confunde as vontade singular do KUNSTWOLLEN com um quer coletivo de um ESTADO NACIONALISTA. Um ESTADO NACIONALISTA - ainda mais TOTALITÁRIO - corre o risco de ser acusado de CULPADO de TUDO na medida em que ele assume a singularidade do EU incluindo a autonomia do artista. Neste campo soa forte e clara a voz do filósofo Alemão Kant na sua Crítica à Razão Prática. A vontade possui moralidade no limite da sua autonomia”. A partir da Contemporaneidade intensificaram-se a  alguns atributos da ARTE como sendo o  diferente, o criativo e único sempre foram 



Fig. 04 –   - José Feliciano FERNANDES PINHEIRO (1774-1847) - Visconde de São Leopoldo  - era o Presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul quando da chegada das primeiras levas da imigração massiva dos alemães.   José Feliciano nasceu em Santos, com formação jurídica em Coimbra enveredou pela vida administrativa colonial e depois imperial brasileira.  O ESTADO BRASILEIRO deve-lhe o exercício de vários e delicados cargos públicos e uma ação decisiva da 1ª Constituinte Nacional na qual previa a criação da Universidade e da qual ajudou a implementar as Faculdade de Direito de São Paulo e de Olinda. Veio a falecer em Porto Alegre depois de escrever uma história bem documentada da Província.
Este personagem pode ser resumido como “alguém que possuía um projeto de ESTADO” projeto  que pode ser lido no seu pensamento disseminado em sua vasta obra prática e escrita.

Isto não significa anarquizar e eliminar qualquer forma de ESTADO. Esta criação política e artificial, além de ser a depositária dos contratos humanos, possui o papel que a membrana exerce para a célula na Biologia. É o que o chileno Maturana com profundos vínculos germânicos escreveu “na biologia o exemplo da célula viva que necessita da membrana para proteger a competência da vida. Só a partir da célula viva é possível determinar o que é relevante.”  Maturana &V. 1996: 41


Fig. 05 –   - Casa de Feitoria de São Leopoldo depois de 1924. A casa de passagem na qual as primeiras famílias da imigração massiva se abrigaram antes de prosseguir em direção aos seus lotes rurais  monumental. Aqui depois de cem anos restaurada para a celebração do centenário - in TUBINO 2007 p.056b    


São grandes e variadas as contribuições das teorias - que se expressaram em língua alemã - para construir paradigmas que sustentam e legitimam a existência empírica, no contexto europeu, dos Estados Nacionais. Pode-se falar num verdadeiro “bazar de sistemas” na concepção platônica contrária e ridicularizava as práticas da Democracia grega. As contribuições da língua alemã perfilam as contribuições de Kant e Hegel até chegar à Escola de Frankfurt e da qual continua vivo Jürgen Habermas



Fig. 06 –   - Joseph Seraph LUTZENBERGER 1882-1951 - ataque de cavalaria  Este artista e arquiteto alemão havia servido na cavalaria alemã da 1ª Guerra Mundial e era admirador das habilidades que gerações de cavaleiros haviam desenvolvido no estado do Rio Grande do Sul.

As corrupções - destes altos níveis de pensamento - não foram menores como as de Fichte até chegar á prática do criminoso sistema totalitário nazista.  Cabe o alerta, pois este veneno conceitual continua muito presente e ativo nos dias atuais, não só na Alemanha como na Europa como um todo. Se por acaso estas concepções totalitárias tomassem conta dos aparelhos do governo do Estado Brasileiro a maioria da população seria, não só alijada de tal governo, senão perseguida e eliminada fisicamente. Contudo no lado empírico há verdadeiras personalidades do ESTADO ALEMÃO, como Goethe o ministro da Habitação de Weimer da época da imigração massiva (1824-1834) para o Brasil.

Esta cultura política do ESTADO ALEMÃO - crítica e oscilando entre extremos - sempre mantiveram os artistas em alerta. A frase atribuída a Bismark o unificador e um dos grandes próceres como se “os alemães se soubessem como se fazem as salsichas e as leis: não dormiriam à noite” resume esta artificialidade e violência que todos tentam ocultar o desconhecer. Porém os que se entregaram aos encantos destas seriais, como prêmio de sua heteronímia, pereceram com os próprios sistemas políticos dominantes e seus nomes submergiram e foram esquecidos.



Fig. 07 –   - Militares da Legião Alemã de 1851 - In TUBINO - 2007 p.121a  -  Na medida em que a guerra se industrializava e as habilidades inatas e individuais davam lugar ao treino em estratégias militares e para a logística com armas produzidas em larga escala industrial havia necessidade de profissionais militares também em larga escala. O Rio Grande do Sul se pontilhou de quartéis militares e que fizeram face as turbulências surgidas no Rio da Prata e cuja ação bélica culminou  com a Guerra do Paraguai. Em contrapartida a presença de legiões de profissionais militares alemães, atuando como mercenários, manteve o agricultor relativamente protegido além de manter os filhos em idade militar o mais possível na produção agrícola e incipiente industrialização colonial. Alguns destes mercenários integraram-se a vida do Rio Grande do Sul como foi o caso de Carlos Von Kozeritz (1830 1890)

 Desde as culturas clássicas, como a grega, o estrangeiro teve lugar nos banquetes como aqueles de Platão. O alemão SIMMEL traduziu em linguagem este papel neutral de juiz que o estrangeiro exerce numa cultura fixa, única e centralista. De outra parte as COLÔNIAS GREGAS, FENÌCIAS e ROMANAS buscam estabelecer um historio coerente com as suas origens. As COLÔNIAS ALEMÂES no BRASIL não fogem a esta visão e mentalidade muito presentes e administradas conscientemente pelo GOVERNO CENTRAL do BRASIL. 


Fig. 08 –   Um GRUPO dos 1800 BRUMMER    que estão no Brasil - a partir de 1851. Na suas pistas e marchas militares ingressavam no mercado brasileiro as armas das fábricas Krupp que nesta época passou a para 20.000 operários que fabricavam todo tipo de armas e equipamentos de uso militar e logístico. -  In TUBINO - 2007 p.117  

O ESTADO ALEMÃO unificado - que não existia na época da grande e massiva migração, de 1824 a 1834 - após a sua constituição, em 1870, pouco fez pela continuidade da lógica dos contratos sociais, políticos e culturais anteriormente assumidos pelos seus próprios ESTADOS de ORIGEM.  Além disto, com a dinâmica das frequentes mudanças dos regimes políticos que se instalaram no ESTADO ALEMÃO, a coerência com comunidades, em terras estranhas, tornou-se temerária e impossível. Esta distância - e este alheamento - mantém-se nos dias atuais. Esta distância e alheamento se expressa, no plano individual, nas muitas dificuldades de o ESTADO ALEMÃO conceder a DUPLA CIDADANIA para qualquer brasileiro por mais próximos que tenham sido ou sejam os seus parentes germânicos.  
Fig. 09 –   - SÃO LEOPOLDO - Ponte e Igreja Desde os tempos romanos um ESTADO NACIONAL possui a tarefa das comunicações e o estabelecimento de centros regionais como células – ou fractais – das instituições e serviços públicos conectados e coerentes com o poder central deste Estado.  Nesta imagem de São Leopoldo, do início do século XX, constata-se o cumprimento destas duas funções primordiais In TUBINO - 2007 p.193j  

O ESTADO ALEMÃO - como um ESTADO que preza o BEM SOCIAL dos seus próprios cidadãos - dificilmente reconhece, e muito menos estende aos emigrados do seu território, algum benefício social. Neste sentido distingue-se do ESTADO SUIÇO que mantém e paga, no estrangeiro, a aposentadoria  ao seu cidadão que emigra. 

Fig. 10 –   NAPOLEÃO III e BISMARK, em 01.09.1870, depois da BATALHA de SEDAN . Esta vitória sobre o franceses levou mais água para a enxurrada unificadora das culturas e estados alemães antes soberanos com língua comum com outros Estados Soberanos. Para o lado deste novo Estado Germânico único, esta vitória, acrescentou os territórios da Alsácia e Lorena. Internamente significou e o submergir dos privilégios e vantagens de uma floresta de pequenos feudos soberanos. Pequenos estados medievais  que cederam diante da avalancha da  linha de montagem unívoca e cumulativa da lógica e dos processos geridos pela era industrial. Linha de montagem que não tinha o menor contrato com estas estruturas destes ESTADOS ANACRÔNICOS.

Contudo o que é necessário ressaltar é a quantidade e a qualidade do pensamento alemão em relação ao seu ESTADO, em geral e do ESTADO ALEMÃO em particular. Este pensamento é exportado em todas as direções e mantém trocas ativas com o mundo todo. Nestas trocas navegam também, na rede mundial, a ARTE e os ARTISTAS germânicos atuais.  Enquanto o Brasil, tolhido na sua concha de ESTADO NACIONAL, permanece no âmbito interno deste seu auto-limitado projeto e sem expressão para além de suas fronteiras geográficas. Assim a sua ARTE e o seu ARTISTA, carentes de autonomia, na sua fonte, bloqueiam a “EXPORTAÇÃO da POESIA do BRASIL”, mundo afora, no desejo manifesto por Oswald de ANDRADE.



Fig. 11 –   - BISMARK PROCLAMA, em 18.01.1871 no PALÁCIO  de VERSALHES, GUILHERME I da PRÙSSIA como o rei de toda a ALEMANHA. A formação deste ESTADO UNITÁRIO ALEMÃO significava, para o imigrante germânico no Brasil o fim de sua conexão com a sua origem nacional. De outra parte podia ser lido como uma das potenciais ameaças provenientes das potências européias na sua plena expansão colonial. A Alemanha instalou colônias na Namíbi e em outras regiões do continente africano como Ruanda e o Burundi. A forte presença étnica germânica no cone sul do continente americano foi sempre visto nesta perspectiva colonial e tratado como uma possível ponte desta NOVA ALEMANHA para o Brasil, Argentina e Chile. Esta ameaça só deixou de ter sentido com a derrota do Eixo em 1945 e a sucessiva, pesada e malograda desmontagem das colônias européias. Esta ação desumana, temerária e contra a soberania de povos e dinastias próprias antiqüíssimas está sendo paga nos próprios territórios metropolitanos, no século XXI com altos juros, correção monetária, sob o eufemismo de “descolonização” e com benefícios invisíveis para os povos locais e das antigas colônias.

Este pensamento possui uma segurança sobre si mesmo invejável. Esta segurança permitiu a Nietzsche (1844-1900) conhecer e expressar três qualidades de um pensamento que se distingue do mundo empírico quando escreveu seu texto ‘o futuro das nossas escolas’:
espero do leitor três qualidades: deve ser tranqüilo e ler sem pressa, não deve  fazer intervir constantemente sua pessoa e sua cultura, e por último, não tem direito de esperar – quase como resultado – projetos”. Nietzsche, 2000, p.27.

Esta distinção - entre o pensar e o fazer prático - mostram um pensamento amadurecido nesta cultura na qual existe um acumulado de discussões. Distinção entre o empírico e teórico que Platão já estabeleceu “depois de observar os astros, deixemos o as estrelas em paz, e façamos Astronomia”.  Distinção que, em termos políticos e de Estado pode ser interpretado como a capacidade de gerar um pensamento continuado e que sabe exatamente “do quê” e “de quem” está falando. Pensamento maduro e competente para acompanhar um projeto, que sabe que é artificial, mas conectado sempre e é coerente com as forças de sua origem. 

FONTES


MATURANA R., Humberto (1928-) e VARELA. Francisco (1946-). El árbol del          conocimiento: las bases biológicas del conocimiento humano. Madrid : Unigraf. 1996, 219p.

 ____.   La realidad: ¿objetiva o construida?. Barcelona : Antropos, 1996. 159 p.


PLATÃO (427-347 a.C) Diálogos: a República. 23.ed.  Rio de Janeiro Ediouro,
                1996.

_____.   La república o el Estado.  Buenos Aires : Espasa-Calpe, 1941. 365p.

RELATÓRIOS dos PRESIDENTES da PROVÌNCIA de SÂO PEDRO do RIO GRANDE do SUL in:


JOSÉ FELICIANO FERNANDES PINHEIRO Visconde de São Leopoldo

AUTORES ALEMÂES e as TEORIS em RELAÇÂO ao ESTADO
FICHTE, Johann Gottlieb (1762-1814) «Introdução à teoria do Estado» in .Fichte.  2.ed.       São Paulo: Abril Cultural, 1984, pp. 295-313.

NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900).La génesis da la moral. Buenos Aires :         Tor, s/d, 160 p. e  A gênese da moral (3a. ed). São Paulo : Moraes, 1991. 113 p.

 ____.  «Mas allá del Bien y del Mal» Obras inmortales. Barcelona: Teorema, 1985 pp. 1265-1445.

 ____.   Estéticas y teorías de las artes. Madrid; Temas 1999.  241 p.

____.   Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.      

SIMMEL, Georg (1858-1918)  Sociología y estudios sobre las formas de socialización. Madrid :         Alianza. 1986,  817.  2v.
WEBER, Max. (1864-1920).A ética protestante e o espírito do capitalismo. 5.ed. Barcelona :          Península, 1985. 262p.

____.    Sobre a universidade. São Paulo : Cortez, 1989.  152 p.

____. Economia e sociedade – esboço de sociologia compreensiva. México e          Buenos Aires : Fondo Cultural Econômico, 1992.   1.237p.


A presente postagem possui objetivos puramente didáticos
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