QUANDO TODOS se SENTEM FOTÓGRAFOS e as
LIÇÕES SILENCIOSAS do Dr. LUIZ EDUARDO R ACHUTTI.
"Tem que gostar de fotografia e ser um bom caráter.
O resto vem ao natural' Assis Hoffmann:
http://perguntaaomeucavalo2.blogspot.com/2011/06/luiz-eduardo-achutti.html
Fig. 01 – O trabalho de dissertação de Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI na área de Foto etnografia partiu do espaço empírico das catadores de lixo de Porto Alegre. A fotografia foi usada como instrumento do reconhecimento de sua condição de trabalho como processo de construção da sua identidade possibilitando mudanças coerentes e criativas.
Quando todos se sentem fotógrafos sempre haverá um ou outro deles que se destacam desta multidão. As ferramentas e os meios são os mesmos e comuns a todos. Nestas condições igualitárias vale a máxima "tem que gostar de fotografia e ser um bom caráter. O resto vem ao natural' do veterano Assis Hoffmann fotografo do Rio Grande do Sul. No seu percurso de três décadas ininterruptas de fotografia certamente esta máxima vale para Luiz Eduardo Robinson Achutti. A somatória de suas escolhas, suas reflexões criticas e seus trabalhos alinham-se como autênticos totens demarcando o seu caminho percorrido e desvelam o seu ente neste ser fotógrafo por tanto tempo e ter novos projetos cada dia. Ele bem sabe que cada escolha é uma perda, cada descoberta impõe uma mudança coerente com o achado. Sabe que todo trabalho está condenado à obsolescência, se não for transformado, em tempo, numa obra. Sabe que esta obra é orientada por um projeto que permanece pelo pensamento de que é portador e constitui o seu cerne.
Fig. 02 – Imagem de Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI na área de Foto etnografia no espaço da imigração italiana no Rio Grande do Sul. A fotografia trabalha no processo como instrumento do reconhecimento da condição de construção da identidade individual e coletiva, possibilitando-lhes mudanças coerentes e criativas.
Ferraria em Antônio Pardo – RS - Imagem da série CULTURA ITALIANA – 130 anos 2005, semelhante a da p.219
Enquanto isto Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI experimenta a sua Arte, limando, afiando e aperfeiçoando a sua gramática básica e o sentido dos entes primitivos do seu saber:
“Fotografia é uma palavra que nomeia visões bastante diferentes. Fotografar é uma ação que guarda em si enorme diversidade de engajamentos e propósitos. Fotógrafos são seres díspares, nômade de origem, que agem n maior parte das vezes como flâneurs solitários. Fotografias foram desiguais desde o princípio, embora sempre âncoras da memória. Fotografar é colecionar fragmentos, partes do tudo um pouco. Fotógrafo tem como oficio retira do caleidoscópio da vida partes planas que, justapostas e fixas, passam dar um nexo a ela. Escolher uma fração de tempo para determinado espaço, espaços no tempo”. Achutti 2011, p.73.
Assim o artista transcende o discurso fixo e de sentido único no caminho de todas as ciências autênticas que ampliam e refundam os seus saberes a partir dos referenciais dos entes primitivos que jamais definem e esgotam.
Fig. 03 – Imagem de Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI na área de Foto etnografia no espaço da imigração italiana no Rio Grande do Sul. A fotográfica trabalha como instrumento de reconhecimento da condição do processo de construção da sua identidade. As imagens fixadas possibilitam mudanças individuais e coletivas coerentes e criativas com as suas condições reais.
Interior do Atelier Zambelli – Caxias do Sul – RS - Imagem da série CULTURA ITALIANA – 130 anos 2005, semelhante a da p.219
A Fotografia está presente em toda a Vida e nas Ciências contemporâneas além do campo estético especifico. Nas Ciências a presença da fotografia encontra-se deste os registros dos olhos eletrônicos voltados aos mais profundos e remotos espaços siderais, passando pelas câmeras de vigilância que vasculham o nosso quotidiano e penetrando até as mais microscópicas estruturas da concepção e da fabricação dos chips da informática. Aplica-se à Fotografia o principio de Leonardo da Vinci de que “tudo o que é continuo pode ser dividido em infinitas partes”. Uma superfície plana pode ser dividida por infinitas “granulações”, ou atualmente, em “pixels” cada vez menores e numerosos.
http://www6.ufrgs.br/memoria/banco/search.php?keyword=escultor
Fig. 04 – Imagem de Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI na área de Foto etnografia no espaço da cultura erudita no Rio Grande do Sul: capta um instantâneo de Francisco Stockinger (1919-2009) num do trabalho de auto-retrato do artista
O mesmo pode ser dito do fotógrafo e do contínuo da sua vida estética e profissional. Certamente é muito difícil encontrar um fotógrafo de arte ou profissional apenas com uma única fotografia ou por evento ou período singular. Da mesma forma permanece estéril a obra de alguém que domina a técnica ou uma câmara sem possuir um projeto em mente e uma busca de imagens coerentes com seu projeto. Mais do que para cinema vale n fotografia o projeto de Glauber Rocha de “uma idéia na cabeça e uma câmara na mão”.
Fig. 05 – Imagem de Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI na área de Foto etnografia no espaço da imigração italiana no Rio Grande do Sul. A fotografia permite o reconhecimento da condição de trabalho como processo de construção da sua identidade individual e coletiva possibilitando mudanças coerentes. Imagem da série CULTURA ITALIANA – 130 anos 2005, semelhante a da p.224
A origem histórica da fotografia encontra-se, pois, nas Artes Visuais. O artista visual continua a explorar e completa a sua linguagem poética cada vez mais com este instrumento do qual se conhecem ainda todos os recursos dos quais é capaz. A Fotografia em Arte exige dedicação integral sem fim de semana, férias ou aposentadoria como em todas as explorações das Artes que merecem este nome.
Fig. 06 – Imagem de Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI na área de Foto etnografia no espaço da ferrovia no Rio Grande do Sul. A imagem como representação de algo ausente, registra neste flagrante a despedida de ferroviários de uma das suas formas de trabalho em vias de desaparecer. A fotografia como instrumento do reconhecimento da condição de trabalho como processo de construção da sua identidade possibilitando mudanças coerentes e criativas.
O sistema de artes do Rio Grande do Sul possui uma imensa galeria destes artistas. Em plena atividade e um apogeu após outro o fotógrafo Eduardo Luiz Achutti está consolidando esta arte numa carreira digna de nota que já consumiu um tempo e pelo dilatado panorama estético e conceitual que conseguiu fixar com a sua câmera. Apesar de sua juventude ele passa de um projeto pa o outro enquanto galgou todos os degraus universitários.
Fig. 07 – Imagem de Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI na área de Foto etnografia no espaço da navegação do Rio Grande do Sul no cais de Porto Alegre. O fotógrafo se inclui nesta imagem como sombra projetada sobre o objeto. A natureza da imagem fotográfica é sempre uma sombra projetada sobre uma superfície de vidro, celulose ou de camadas de células foto sensíveis.
A obra deste fotógrafo, artista e pesquisador completa-se no seu observador. Este responde com o seu repertório e mundo. A revelação deste repertório é a matéria prima do cientista. Este cientista domina o seu equipamento, o repertório do mundo erudito no qual re-configura o que o mundo empírico dando-lhe um trânsito universal.
Achutti explicita competências e limites do seu projeto:
“Somos, cada um de nós, pequenos mundos articulados em sociedade. Funcionamos através dos símbolos. Nossos relacionamentos não são mais do que entendimentos simbólicos. Qualquer forma de discurso que venhamos a utilizar, estará sempre mediada pelo universo simbólico daquela que será o receptor do nosso discurso. A busca de entendimento por aproximações simbólicas é a forma de sociabilidade deste mundo dito civilizado”.
Achutti , 2011, p.115
http://perguntaaomeucavalo2.blogspot.com/2011/06/luiz-eduardo-achutti.html
Fig. 08 – Uma das imagens do trabalho de dissertação acadêmica de Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI na área de Foto etnografia partiu do espaço empírico das catadores de lixo de Porto Alegre: A fotografia como instrumento do reconhecimento de sua condição de trabalho como processo de construção da sua identidade possibilitando mudanças coerentes e criativas.
É no observador que a obra de arte ganha a sua plenitude e reproduz o mundo que a gerou. Esta reprodução torna contemporâneas todas as gerações humanas. Assim, o maior elogio do artista procede de quem é estimulado a perceber, penetrar e percorrer este mundo que a obra de arte acaba de oferecer ou que gerações sucessivas consideram como prolongamento de suas próprias aspirações.
Achutti em cada clic fotográfico possui como projeto e intenção os olhos atentos do observador dirigidos a espera de receber a sua imagem, como na foto abaixo.
Fig. 09 – A imagem de Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI na área de Foto etnografia no espaço de influência da antiga União Soviética. Nesta imagem registrando a ausência por meio dos vestígios deixados por este regime e a própria imagem de um momento histórico de mudanças e transição para o mercado capitalista. A fotografia torna-se documento como instrumento de reconhecimento das condições históricas no processo de construção da sua identidade coletiva possibilitando mudanças coerentes e criativas nesta sociedade.
Evidente que o mundo da arte e da sensibilidade humana é um mundo de forças e poderes como qualquer âmbito humano.
Diante destes campos de forças da arte alguns as canalizam usam e escondem ou mercantilizam os resultados destas energias. Outros banalizam estas energias e as fazem retornar para a natureza, desperdiçando todo o seu potencial. Existe o grupo dos percebendo a gratuidade da vida e as próprias forças da arte as multiplicam e as distribuem generosas e potencializadas ao máximo.
Fig. 10 – Imagem de Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI na área de Foto etnografia no espaço político brasileiro das Diretas Já e sua repercussão no Rio Grande do Sul. A fotografia torna-se documento como instrumento de reconhecimento das condições históricas no processo de construção da sua identidade coletiva possibilitando mudanças coerentes e criativas nesta sociedade.
É deste último grupo que queremos nos ocupar aqui. Neste grupo existem os que não conseguem vencer a barreira da comunicação. Apesar de toda a sua generosidade e boa vontade, o vínculo entre ao artista e o seu observador fracassa ou é muito tênue, rompendo o seu fluxo continuo e a sua reprodução no tempo. No entanto no pólo oposto está o artista como Luiz Eduardo Robinson Achutti que conquista a fortuna de captar, manter e alimentar os seus observadores por tempo indeterminado. A sua obra se projeta por gerações para além do seu tempo carregando todos os valores da civilização na qual foi gerado e agregando tudo de positivo proveniente dos séculos pelos quais migrou.
Fig. 11 – Capas de livros nos quais existem reproduções de fotos de Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI. O trabalho fotográfico usado como instrumento de registro destinado ao processo de construção do saber coletivo em relação aos seus valores já consagrados ou ainda a consgrar. A fotografia como instrumento do reconhecimento da condição de sua identidade possibilitando mudanças coerentes e criativas.
É evidente que a história desta migração só é perceptível na História de Longa Duração. O crivo de tempo é implacável. O que tinha sido fruto da banalização, do populismo e do marketing forçado, flutua no imponderável quando passam as bases o os mecanismos desta falsificação e ela é consumido pelo tempo que esta obra não soube prever. O autêntico artista sabe que sua vida é breve e que sua obra é fruto de um longo exercício e uma atenção continuada. Um artista que passa toda a sua existência neste trabalho e nesta atenção continuada, fornece um bom índice de que a sua obra não é fruto da banalização, do populismo e do marketing forçado e cansativo. A sua obra resulta do prazer, da necessidade, da verdade e da beleza gratuita de uma dedicação de uma vida inteira que se confunde com a sua obra. Esta obra carrega este legado no qual outros e as novas gerações mergulham fundo e descobrem nela esta existência.
Fig. 12 – Capas de livros nos quais existem reproduções de fotos de Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI na área de Foto etnografia A fotografia como instrumento do reconhecimento da condição de trabalho como processo de construção da sua identidade
Luiz Eduardo Robinson Achutti sabe que em arte não há como pedir desculpas. Como autêntico artista não possui fim de semana, férias ou aposentadoria. A sua obra é a sua própria vida e permanece enquanto flui esta vida.
A conclusão possível de chegar, com a lição do Dr. Luis Eduardo, é que potencialmente todos podem ser fotógrafos. No entanto a Etnofotografia possui o seu campo de forças numa possível linguagem universal, que transcende as linguagens e as gramáticas das línguas faladas e escritas, na medida em que gerar dentro de um projeto, cultivar e disseminar imagens coerentes com as suas circunstâncias. Só desta maneira produz e deixa no repertório humano documentos históricos. Caso contrário - a imagem pela imagem - é uma mera duplicação e um retorno à Natureza pura, que não é Arte nas palavras do poeta Fernando Pessoa.
Fig. 13 – Abertura da Exposição de Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI Ao centro da foto Tasso Genro o Governador do Estado do Rio Grande do Sul. No ângulo suporeir a direito do observador o prefeito de Porto Alegre José Fortunatti
FONTES
ACHUTTI, Luiz Eduardo Robinson. Fotoetnografia: um estudo de antropologia visual sobre cotidiano, lixo e trabalho. Porto Alegre: Tomo Editorial: Palmarinca, 1997
ACHUTTI, Luiz Eduardo Robinson. Fotoetnografia da Biblioteca Jardim. Porto Alegre: Editora da UFRGS: Tomo Editorial, 2004. 319 p.*
CULTURA ITALIANA – 130 anos - Suliani, Antônio et Costa, Frei Rovíglio (Org). Porto Alegre : Nova Prova, 2005, 340 p. il
PROJETO PERCURSO do ARTISTA: ACHUTTI catálogo da exposição organizada pelo Departamento de Difusão Cultural da UFRGS artista Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI - Porto Alegre : UFRGS, 2011, 232 p. Il Color
Fig. 14 – Banner na Reitoria da UFRGS relativo à exposição de Luiz Eduardo Robinson ACHUTTI professor do seu Instituto de Artes – Departamento de Artes Visuais - e sobre obra do Arquiteto Jorge ARAGÃO técnico administrativo lotado no Instituto de Artes
LUIZ EDUARDO ACHUTTI SITE
LUIZ EDUARDO ACHUTTI e os catadores de lixo de Porto Alegre - DISSERTAÇÂO
http://perguntaaomeucavalo2.blogspot.com/2011/06/luiz-eduardo-achutti.html
LUIZ EDUARDO ACHUTTI e a Biblioteca de Paris – TESE
http://www.scielo.br/pdf/ha/v12n25/a18v1225.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832006000100018
ASSIS HOFFMANN
CORREIO do POVO - ANO 116 Nº 338 - PORTO ALEGRE, SÁBADO, 3 DE SETEMBRO DE 2011 p.19
http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=116&Numero=338&Caderno=0&Noticia=334159
Este blog possui apenas intenções didáticas educativas e culturais sem retorno financeiro ou patrocínio
obrigado meu diretor!
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