QUANDO TODOS se SENTEM ARTISTAS.
Fig. 01 – Zoravia BETTIOL no seu Atelier - 2011
A grande aventura da artista Zoravia Bettiol encanta ao longo de mais de seis décadas e seduz os observadores de suas obras. A primavera do ano de 2011 vem sendo anunciada por uma bem cuidada mostra desta artista. Resumindo esta mostra pode-se afirmar que ela desencadeia as mais profundas ressonâncias poéticas em todos aqueles que se aproximam e observam o que ela expõe. As cores, os traços e as figuras das suas obras resultam de uma sábia e feliz conjugação estética. Conjugação na qual ela se livra de todos os acessórios ou artifícios estilísticos e se entrega ao mais coerente diálogo com todas as idades mentais e culturais do seu público que não para de aumentar.
Fig. 02 – Zoravia BETTIOL “Revoada” da Série o UNIVERSO de MÁRIO QUINTANA – Monotipia e pena - 2006 - 42 x 58,5cm
Este potencial pode ser conferido no Centro Cultural da CEEE de Porto Alegre. O filme sobre a artista e a exposição das suas obras tiveram superlotada sessão e concorrida abertura e no dia 25 de agosto de 2011.
Esta superlotada sessão e concorrida abertura demonstram que a obra do artista se completa no seu observador. É no observador que a obra de arte ganha a sua plenitude e reproduz o mundo que a gerou. Esta reprodução torna contemporâneas todas as gerações humanas. Assim, o maior elogio do artista procede de quem é estimulado a perceber, penetrar e percorrer este mundo que a obra de arte acaba de oferecer ou que gerações sucessivas consideram como prolongamento de suas próprias aspirações.
O que escreveu Everton Dalla Vecchia, no catálogo desta exposição, manifesta o projeto que significa “para o SESC, apoiar as manifestações culturais significa promover a apreciação das comunidades com os afazeres artísticos e incitara a curiosidade, o conhecimento e a cultura na sua essencialidade”. Estas palavras ganham pleno sentido para o observador colocado diante da obra de Zoravia
Fig. 03 – Zoravia BETTIOL – “Romance” Série PRIMAVERA – Xilogravura 1965 475 x 71 cm
Evidente que o mundo da arte constitui-se num mundo de forças e poderes como qualquer universo gerado no âmbito da sensibilidade humana.
Alguns canalizam as potencialidades do campo das Artes, usando-as e escondendo ou mercantilizando os resultados destas energias. Outros banalizam estas energias e as fazem retornar para a Natureza, assim desperdiçando todo o seu potencial. Existe o grupo dos que, percebendo a gratuidade da vida e das próprias forças da arte, se somam generosamente a estas energias, as distribuem e as potencializam assim ao máximo.
Fig. 04 – Zoravia BETTIOL – A Lenda do Guardião da Lei “ Série KAFKA Xilogravura 1977 – 54 x 72 cm
É deste último grupo que queremos nos ocupar aqui. Neste grupo existem os que não vencem a barreira da comunicação. Apesar de toda a sua generosidade e boa vontade, o vínculo entre ao artista e o seu observador fracassa, ou é muito tênue, rompendo o seu fluxo continuo e a sua reprodução no tempo. No entanto no pólo oposto está o artista que conquista a fortuna de captar, manter e alimentar os seus observadores por tempo indeterminado. A sua obra se projeta por gerações para além do seu tempo carregando todos os valores da civilização na qual foi gerado e agregando tudo de positivo proveniente dos séculos pelos quais migrou.
Fig. 05 – Zoravia BETTIOL “Palácio Encantado “ Série SALAMANCA do JARAU Xilogravura 1959 25, x 30 cm
É evidente que a história desta migração só é perceptível na História de Longa Duração. O crivo de tempo é implacável. O que tinha sido fruto da banalização, do populismo e do marketing forçado, flutua no imponderável depois de passar as bases e os mecanismos desta falsificação. Assim este trabalho é consumido pelo tempo que este fazer não soube prever. O autêntico artista sabe que a sua vida é breve e que sua obra é fruto de um longo exercício e uma atenção continuada. Um artista que passa toda a sua existência neste trabalho e nesta atenção continuada, fornece um bom índice de que a sua obra não é fruto da banalização, do populismo e do marketing forçado e cansativo. A sua obra resulta do prazer, da necessidade, da verdade e da beleza gratuita de uma dedicação de uma vida inteira que se confunde com a sua obra. Esta obra carrega este legado no qual os seus observadores, inclusive das novas gerações, mergulham fundo e descobrem nela esta existência do seu feliz criador e que continua a se realizar pela multiplicação de sua mensagem.
Fig. 06 – Zoravia BETTIOL – “A Cabra Cega” Série PRIMAVERA - Xilogravura - 1965 – 66,5 x 47 cm
Quem se entrega à Arte não possui fim de semana, férias ou aposentadoria. A sua obra é a sua própria vida e dura enquanto esta vida flui.
Zoravia frequentou a Curso de Artes Plásticas do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul no período em que esta instituição não pertencia à Universidade e se sustentava como um punhado de professores que depois foram mitificados e eram estimulados por uma turma numerosa de estudantes. A passagem por uma instituição desta natureza, além de criar exigência de toda ordem e que conduz o seu estudante ao nível das demais profissões superiores, possui vantagens e características que raramente são descritas e devidamente avaliadas.
Fig. 07 – Zoravia BETTIOL – “A Moça do Trapézio” Série CIRCO Xilogravura 1967 – 80 x40 cm
Em primeiro lugar o estudante universitário de arte possui um número razoável de observadores da mesma idade e com o mesmo projeto de se tornarem artista. Em segundo lugar a circulação de informações e de encontros com as Artes é muito mais intensa. Poderia ser comparado a quem vai a um moderno centro de exposições de produtos. O estudante que continua cultivando a sua autonomia e não se entrega ao primeiro impulso em escolher caminhos sabe que toda escolha é uma perda mesmo neste ambiente supersaturado de produtos simbólicos. Assim entre as numerosas escolhas talvez nenhuma lhe convenha. No seu projeto de vida e de estética talvez ou uma ou outra consigam mover a sua inteligência, sensibilidade e vontade. Em terceiro lugar esta escolha é realizada no meio do cultivo do contraditório e do risco de errar nesta escolha, apesar de toda a experiência que o artista já tenha acumulado. O pertencimento a um grupo, além de poder contar com o firme e decidido olhar do orientador, permitem-lhe alçar os seus primeiros vôos solos. Este candidato à artista sabe sempre que o estudante ainda não faz arte, pois se encontra ainda num estágio de heteronomia.
Fig. 08 – Zoravia BETTIOL “A Bailarina do Guarda Sol” Série CIRCO – xilogravura 1967 – 71 x 52 cm
Zoravia Bettiol, com esta base institucional, empreendeu cedo a sua autonomia estética, a qual continuou a cultivar diariamente.
Em arte não há como pedir desculpas. Ou se acerta ou se erra de forma definitiva e irremediável. Zoravia Bettiol, com a sábia escolha e feliz conjugação estética das cores, dos traços e das figuras que figuram nas suas obras, reduz as suas possibilidades de errar, de um lado. Do outro lado este rigorosa escolha, realizada diariamente pela artista, abrem caminhos para o seu observador para que este possa chegar ao núcleo de sua proposta poética sem desvios, desgastes e na plenitude de sua mensagem.
EXPOSIÇÃO de 26 de agosto a 14 de setembro de 2011
AOS GRANDES MESTRES
ZORAVIA BETTIOL
Centro Cultural CEEE ÉRICO VERÌSSIMO –
http://www.ceee.com.br/pportal/ceee/component/controller.aspx?cc=1758
Rua dos Andradas Nº 1223
Planejamento e execução de
Henrique FREITAS LIMA
Curadoria de Ediolanda LIEDKE
Consultoria de Paula Ramos
Fotos Cláudio ETGES
Realização
Sistema Fecomércio – SESC/RS.
FONTES NUMÉRICO-DIGITAIS relativas à ZORAVIA BETTIOL
SITE da ARTISTA e do seu ESTÚDIO
http://www.zoraviabettiol.com.br/
WIKIPEDIA
http://pt.wikipedia.org/wiki/Zor%C3%A1via_Bettiol
IMAGENS
CUIRRÌCULO
http://to.plugin.com.br/nucleogravurars/ZORAVIA-BETTIOL.htm
http://pt-br.facebook.com/people/Zoravia-Bettiol/100001351135872
ZORAVIA e BALDINI
ITAÚ CULTURAL
http://www.youtube.com/watch?v=c2C9Oxedsps
VIDEOS
http://www.youtube.com/watch?v=C3ivv592Q2I
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