quarta-feira, 7 de setembro de 2016

180 – ICONOGRAFIA SUL-RIO-GRANDENSE.



13.02 - UMA OBRA das ARTES VISUAIS AÇORIANAS SUL-RIO-GRANDENSES ou o projeto iluminista no Rio Grande do Sul.


Continuação e complemento deO PROJETO ILUMINISTA OPÕE_SE à CONTRA REFORMA no RIO GRANDE do SUL”.
Disponível em   


13.0  -  A ‘casa do cachorro sentado’ como índice  açoriano no meio urbano sul-rio-grandense.

13.0 A nova infraestrutura invade o território do Rio Grande do Sul e inviabiliza a projeto da Contrarreforma 13.1 – Condições gerais do imigrante que procurou o território do Rio Grande do Sul. 13.2 . O imigrante da ilha dos Açores. 13.3 -  Índices matérias da cultura açoriana. 13.4 – A cultura imaterial açoriana. 13.5 – Condições para a manutenção do regime colonial. 13.6 – A interdição do luxo residencial individual. 13.7 – A memória renega a verdade da origem e o transforma em mito. 13.8 – Dificuldades nas tentativas de institucionalizara a memória do projeto iluminista açoriano.
Fig. 01 –  O prédio da antiga Assembleia dos Representes é uma amostra do período Iluminista pombalino no Rio Grande do Sul. Uma rara fotografia anterior ao acréscimo de um andar. Nas aberturas é visível a verga arqueada e cujo desenho se atribui ao mestre José FERNANDES PINTO ALPOIM (1700-1765)[1].  
13.0 A nova infraestrutura invade o território do Rio Grande do Sul e inviabiliza a projeto da Contrarreforma


Dois paradigmas são irreconciliáveis, íntegros e reciprocamente excludentes. O mesmo acontece com os suportes conceituais que alimentam duas vertentes estéticas. Assim o paradigma racional e intelectual sustentáculo do iluminismo classicista é íntegro, excludente e irreconciliável com o paradigma estético emocional e sensorial que sustentava o barroco e a constelação das suas tendências estéticas.

O paradigma racional e intelectual - sustentáculo do iluminismo classicista - decorre dos sintomas da emergência da nova infraestrutura da Era INDUSTRIAL. Paradigma expresso no Enciclopedismo e na ascensão política, intelectual e econômico da pequena burguesia que se livrava dos mitos que sustentavam a aristocracia, a nobreza e o regime monocrático real.



Fig. 02 –  O  Colégio Jesuíta em Paranaguá do Paraná possui uma tipologia mais austera e mais racional que o afasta da tendência barroca. O jesuíta lusitano é diferente do jesuíta espanhol mais voltado para a ostentação externa.  Esta obra e esta tipologia arquitetônica estão no caminho do Sul do Brasil lusitano.  
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Nem a Colônia brasileira, muito menos o Rio Grande do Sul, apresentava qualquer traço da ERA INDUSTRIAL. O rigoroso Alvará de Dona Maria I, de 05 de janeiro de 1785[1], fornece,  no Brasil inteiro, um índice do que era possível neste estagio da ERA INDUSTRIAL. Assim é possível falar em relação a qualquer tentativa nesta direção de uma ERA INDUSTRIAL temporã formal e jurídica carente e deslocada de qualquer suporte econômico.

Os contrastes entre os paradigmas estéticos não são percebidos intelectualmente pelos seus agentes coloniais, pelos artistas e por quem encomenda as obras de arte. Estes contrastes ainda permanecem no século XXI que se  expressa apenas ao nível empírico do “gostar” ou “não gostar” de uma ou outra tendência. Os contrastes - entre os paradigmas estéticos - se evidenciam ao nível da inteligência e  são muito produtivos para os historiadores armar as suas intrigas entre uma ou outra tendência.



Fig. 03 –  Laguna era o extremo sul das terras americanas concedidas para Portugal, em 1494,  pelo Tratado de Tordesilhas. Tornou-se o ponto de partida da ocupação do Sul do Brasil. O prédio do Museu de Anita Garibaldi foi construído em 1747. Ele expressa as referências estéticas arquitetônicas para obras urbanas e rurais na  ocupação lusitana do território do Rio Grande do Sul.
13.1 Condições gerais do imigrante que procurou o território do Rio Grande do Sul

A maioria dos imigrantes chegou ao Rio Grande do Sul tangido por necessidades primárias de sobrevivência. Chegaram a contragosto, expulsos de sua própria terra natal por perseguições de toda ordem, ou então, cativos. Tiveram  pouca autonomia na escolha da nova terra,  dos recursos na construção de um lar  e viviam com a firme intenção de retornar à terra natal na primeira oportunidade. O propósito de retorno foi frustrado pelas pobres condições locais, que não permitiam acumular recursos materiais e culturais para fazer frente a um regresso para as terras de origem que os expulsara.
GRAVATAI: Sobrado erguido, em 1877, por Antônio Dias Fialho
Fig. 04 –  Amostra remanescente de um  prédio construído ainda na tipologia de  uma fazenda com senzala. Este clero recebia uma designação e um soldo pelo exercício das suas funções Este sobrado foi construído por Antônio Dias Fialho – que veio com a mãe e mais um irmão de Portugal. Antônio foi pai de Antônio Dias Fialho Filho e avô de João Dias Fialho. Este teve Zeferina e Cecília Fialho Ramos.
Zeferina teve Glorinha Dias Fialho (artista Plástica formada no IBA em 1940) Enquanto isto. Cecília Fialho Ramos teve Maria Ramos Camargo. Esta teve Maria Eronita Garcia que teve como filha Anelise Camargo Garcia. (Esta prestou as informações ao autor, em relação ao sobrado,  enquanto estudante de Artes Visuais do IA) Este sobrado foi vendido pelos descendentes da família de Antônio Dias Fialho para a vendido pelos descendentes da família de Antônio Dias Fialho para a família Bina. Esta família manteve a posse do imóvel até tornar-se sede da Fundação de Meio Ambiente da Prefeitura de Gravataí- atualmente é a sede Casa dos Açores do RGS CAERGS
13.2 O imigrante da ilha dos Açores

A partir de 1750 os açorianos deslocaram-se do seu Arquipélago para o Rio Grande do Sul, continuando este fluxo migratório até o século XX. Uma metáfora dos valores culturais da cultura açoriana, pode ser encontrada na sua casa denominada decachorro sentado. Esta casa contém, no mínimo de sua forma, o máximo de conteúdo. A sua elaboração contava com recursos técnicos, materiais e instrumentos extremamente pobres. A estrutura formal da obra é condicionada às dimensões de um terreno de poucos palmos de largura ocupada por fachada com uma porta e uma janela sem entrada de luz lateral. Ambos os lados erguiam-se casinhas com as mesma características e amarradas às umas  outras, formando vielas de "casas em fita". Os açorianos continuaram, na nova terra, presos ao condicionamento telúrico e geográfico das ilhas  Açores da sua origem. Nestas minúsculas ilhas cada palmo de terra devia ser aproveitado ao máximo.
Casas urbanas em fita a partir da casa de ‘porta e janela’ ao modelo da “Casa Cachorro Sentado”.
Fig. 05 –  As humildes habitações do primeiros açorianos aglomeram-se em “em fita” ao longo das vielas de suas concentrações urbanas do litoral sul-rio-grandense.  Esta tipologia de casas geminadas, e em fita, recebeu o carinhoso apelido de “CACHORRO SENTADOO”, Ao mesmo tempo são índices da socialização doméstica restrita, da minúscula economia e dos restritivos contratos jurídicos vigentes nestes ambientes.   
As casas açorianas foram reduzidas a miniaturas, exprimidas umas contra as outras, com dimensões bem diferentes das quintas senhoriais do continente europeu. Contudo estas casas, de minúsculas dimensões, eram povoadas por uma riquíssima cultura imaterial em uma oposição direta e inversa das dimensões geográficas e materiais.  Confrontados com o meio e os condicionamentos geográficos as dimensões continentais, que o Novo Mundo lhes oferecia, preferiram transportar, em primeiro lugar, a sua riquíssima cultura imaterial, acondicionando-a nos seus minúsculos domicílios.
Fig. 06 –  Os prédios das igrejas  coloniais mereciam  destaque e atenções especiais. Eram erguidas pelo estado colonial brasileiro também como fortalezas em pontos estratégicos militares.  Para os súditos era o único local onde podiam fazer alguma exibição e ostentação de roupas domingueiras. O clero era regular com obediência a o bispo que, por sua vez, era nomeado pelo Rei de Portugal. Este clero recebia uma designação e um soldo pelo exercício das suas funções.   
13.3 Índices matérias da cultura açoriana
A riqueza imaterial açoriana forjou um meio cultural no qual a casa do “cachorro sentado“ constitui índice. Este índice se concretiza e percebia na fala baixa dos seus ocupantes, que acolhem apenas as pessoas da mais estreita relação familiar. A afabilidade, a familiaridade e o carinho concretizam esta riqueza imaterial açoriana.
Fig. 07 –  Uma das artes açorianas que sofreu drástica decadência com a mudança para o Brasil colonial  foram aquelas aplicadas aos tecidos e rendas. As ordens religiosas femininas foram proibidas de migrar e acompanhar os imigrantes saídos dos Açores. Nestas ilhas as moças frequentavam os conventos para a sua preparação profissional, estética e social. Estas monjas eram, muitas vezes, princesas e nobres enclausuradas. Ali exerciam atividades estéticas condizentes com as suas origens familiares nobres. No Brasil colonial, e na ausência destas mestras, permaneceu apenas uma memória desta cultura elaborada.  Sem matéria prima, carentes de equipamentos e sem orientação qualificada estas atividades entraram em vertiginosa entropia.     
Evidencia-se na cozinha dos doces domésticos. Flui no artesanato das rendas de bilro e no ‘fuxico’ das sobras e recortes de roupas, ou então no "fuxico" das falas da vida da vizinhança. Estas falas familiares e em voz sumida, transformavam-se, em algumas ocasiões, em anônimos "pasquins" escritos, assinados, ou não. Produziam as cartas familiares do "pão-por-deus" para pedir atenção, presentes e o carinho dos seus parentes. O que chega ao espaço cultural público é coloquial, como as suas canções e acompanhadas por apenas um, ou dois, instrumentos musicais.
Fig. 08 –  Uma das atividades estéticas e poéticas dos açorianos é a confecção do “PÂO POR DEUS” e os “PASQUINS” manuscritos.  Frágeis, delicadas e silenciosas  manifestações açorianas  que corresponde a necessidade de comunicação de sentimentos e do pertencimento ao grupo.  O “PÂO POR DEUS” era uma declaração de amor, de respeito e aguardo de uma resposta positiva. Os “PASQUINS” manuscritos eram anônimos, sarcásticos e para provocações colocadas sob a porta das casas do “cachorro sentado”. Ambos são índices da alfabetização açoriana e que, assim, contratavam com a população nativa analfabeta. .   
As qualidades humanas dos ilhéus foram atropeladas pelo projeto dos colonos vindos da metrópole, em especial quando esses imigrantes do continente europeus tiveram contato, ou haviam sido expulsos pela era industrial.  A vergonha, a falta de seriedade e as desqualificações que essa casa, seu habitante e a sua cultura carinhosa, permitiram poucos estudos sérios e continuados. Apesar disso, são visíveis largas manchas  da cultura açoriana na sua disseminação no litoral do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e nas margens de rios e lagoas dessa costa.
Fig. 09–  Fazenda de  Dom Feliciano José RODRIGUES de ARAUJO PRATES (1781-1858), o 1º Bispo do RS-(1851-1858) nas proximidades de Rio Pardo. A austera e funcional aparência estética é índice de uma racionalidade administrativa coerente com a mentalidade iluminista das  funções  militares, empresariais e religiosas deste líder. 
O turismo em massa, a mídia eletrônica e a cultura de largo consumo, é tudo aquilo que esta casinha do "cachorro sentado" evidentemente não pode oferecer. Estas casas, de minúsculas dimensões materiais, supõem um profundo processo da compreensão dos valores da riquíssima cultura imaterial que lhe são imanentes.






Fig. 10 –  O imenso continente territorial sul-americano foi ocupado por um  projeto com um desafio redobrado para lusitanos e açorianos provenientes de minúscula terra e povos. Estas terras continentais das fazendas cuja posse foi doada, pela Capitania, aos conquistadores militares. Estes militares transformavam as suas sedes em baluartes desta ocupação. Estes donos estabeleciam uma hierarquia, ao modo militar, entre familiares, peões e escravos.  
13.4 A cultura imaterial açoriana

Para a compreensão dos valores da riquíssima cultura imaterial, que se esconde na casinha do "cachorro sentado", há necessidade de uma leitura estilística dos seus elementos formais. Nas proporções destas casas existe uma íntima relação das partes entre si. Essas partes são formadas pela telha ‘romana’ de canal que a cobre em duas águas desiguais, sendo a do fundo maior. As mais trabalhadas e caprichosas  possuem “eira” e “beira” como transição entre a fachada e o telhado. Nesta fachada existe uma única porta e janela solitária com as vergas curvadas em forma de cangalha e cuja desenho era atribuído ao Mestre Alpoim. A fachada liga, ou separa harmoniosamente, as casas lindeiras, numa repetição de “padrão infinito” islâmico e sempre variada na sua minúscula gramática plástica e física. Essa diversidade se sujeita a uma unidade que permite a sua repetição neste "padrão infinito" para formar ruelas calçadas com "pé de moleque" e junto às fachadas uma fieira de lajes de cantaria, para que a água da chuva não escorrer próximo às paredes de estuque destas "casinhas em fita". Esta solução está presente em casas de diversas culturas nas quais ainda predomina o anonimato e o coletivo.


Fig. 11 –  Nas concentrações urbanas do litoral sul-rio-grandense as casas  geminadas “em fita”,  denominadas  “CACHORRO SENTADO”  contrastam com as igrejas. Estas igrejas  eram  os locais  da socialização que era restrita nos minúsculos ambientes  domésticos. Esta restrição reflete-se na fala baixa nos gestos contidos e refletidos dos habitantes. Contrastam assim com as vozes altissonantes, os gestos desabridos e emocionais das regiões abetas da campanha do  interior do Rio Grande do Sul  .   
O século XIX trouxe a ênfase no indivíduo contra este paradigma do coletivo. Este indivíduo, fascinado pela cultura francesa, isola-se dos vizinhos lindeiros, para resistir, ao coletivo colonial da época. A casa do burguês imperial necessita abrir se para a luz, nos seus quatro lados de um amplo terreno, o ar circulando debaixo da casa pelas "gateiras" e nos sótãos pelas "águas furtadas". O governo imperial permitia colocar, na sala de visitas desta casa iluminada e arejada, o retrato do casal de proprietários. Esta casa burguesa abre-se para receber os estranhos à família, algo que era impensável no paradigma original da casa açoriana.
Imagem da Santana e a Virgem do acervo de obras de arte sacra da Arquidiocese de Porto Alegre
Fig. 12 –  As devoções religiosas açorianas se desenvolviam, em grande parte, nos ambientes domésticos ou nas humildes ermidas anexas às casas grandes das fazendas. Este culto retova muitas devoções e práticas religiosas anteriores ao Concílio de Trento ou a Propaganda da Fé. Os temas, o tratamento iconográfico e os ambientes religiosos combinavam com a fala baixa, as recitações coletivas  e a práticas quotidianas. Assim,  esta imagem  de Santana e a Virgem, é coerente com estas circunstâncias e um dos seus índices.
A casa açoriana permite uma leitura iconológica na falta de retratos individuais anteriores ao Império. Nos temas presentes na casa açoriana, eram alguns santos e estampas religiosas, colocados em capelas domésticas. O projeto iluminista reduziu a cultura anterior, a cinzas fogo de uma "coivara". No entanto ele também não teve sucesso nesta “coivara” incendiaria,  ao quere impor e implantar o seu próprio paradigma.  A sua onipotência e erudição, expressas no projeto iluminista, não teve sucesso esperado, nem na metrópole portuguesa, na sua colônia americana, e muito menos na cultura sul-rio-grandense. O fogo desta “coivara” iluminista foi alimentado pelos sucessivos tratados de Meuthen (1703), de Madrid (1750) e a "Viradeira" (1777). A era industrial das culturas inglesa, norte-americana e francesa queimaram a evolução desta cultura em direção à sua autonomia e consequente construção de um mundo simbólico próprio e autônomo.

Somente, a partir de 1816 -  com a vinda da Missão Artística Francesa - foi permitido ao burguês mandar construir a sua casa no território brasileiro, ornamentá-la com as suas insígnias pessoais como mandar  fazer o seu retrato individual. Antes disto a ostentação -destas insígnias pessoais -  era privilégio de reis, bispos e provedores de "santas casas".
Dom Feliciano do acervo de obras de arte sacra da Arquidiocese de Porto Alegre
Fig. 13 –  - Dom Feliciano José RODRIGUES de ARAUJO PRATES (1781-1858) foi o primeiro bispo do Rio Grande do Sul - entre  1851-1858. Ele oficial do exército e, portanto, funcionário do  Estado Imperial brasileiro. O clero era regular com obediência a o bispo que, por sua vez, era nomeado pelo Rei de Portugal e depois pelo Imperador do Brasil. Assim tinha direito ao retrato individual  ostentando  todas as insígnias oficiais do Império . Este clero recebia uma designação e um soldo pelo exercício das suas funções.
13.5 Condições para a manutenção do regime colonial.

A manutenção do paradigma colonial só pode ser explicada pela ausência de um modelo de política erudita autêntica. A solução autoritária praticada contra a Inconfidência Mineira, na qual Tiradentes foi morto  e o poeta Cláudio Manuel da Costa teve a sua casa individual confiscada, além de ser exilado na África pode ser  explicada pela falta geral do hábito de um questionamento continuado. No Brasil faltava a universidade acessível a população, disseminada em todo o seu território e sonhada pelos "Inconfidentes". A sua ausência foi ótima para manter todo o vasto território brasileiro numa ignorância coletiva. Por este objetivo ela foi protelada por mais um século e meio[1] após a “Inconfidência Mineira”. Esta ausência abria espaço para qualquer temerário tomar em suas mãos, a ferro e fogo, o poder político, o econômico e o cultural. Para o Rio Grande do Sul como uma província periférica este panorama nacional, significava uma submissão dobrada e sem menor voz ativa no conjunto, que não fosse autorizado pela metrópole lusa.


[1]- A  universidade brasileira, para todo o território nacional, foi decretada em 11 de abril de 1931. Ela baixou entre nós por meio de num ato autoritário do poder político e iluminado de um executivo que tomara, por uma Revolução que triunfou  em 24 de outubro de 1930.
Fig. 14 –  O Brasil e a sua população não usufruíram praticamente nada da imensa riqueza extraída, pela mão escrava, em Minas Gerais,  Este gigantesco  tesouro serviu, apenas, para cobrir o abismo e o imenso rombo cavado pelo malogrado Tratado de Methuen entre Portugal e Inglaterra.  A primeira indústria têxtil britânica fornecia toda a roupa para Portugal e as suas colônias.  Os lusitanos abasteciam as adegas inglesas com o parco e limitado vinho artesanal do Porto. Como a balança tendia sempre a favor de Londres os britânicos tomaram militarmente as adegas e os vinhedos do Rio Minho. Como as contas, mesmo assim, não fechavam o recurso foi pagar a indústria britânica com o Ouro do Brasil. Certamente este malogro reflete=se na humilde arquitetura colonial da “casa do cachorro sentado” açoriano e a austera vida do colono brasileiro comparado com o colono norte-americano.   
Uma série cultural formalística jurídica antepunha-se a qualquer criação livre a autônoma. O contato com a terra era sempre mediado por um formalismo jurídico.  No opressivo ambiente colonial, as leis precediam a experiência ou a contaminam de tal forma que a tornavam impraticável. O repertório estilístico e a temática, neste ambiente de alienação, eram dominados pela tradição oral e pelas leis implacáveis da Natureza.
Fig. 15 –  Um robusto solar lusitano erguido por DOM DIOGO de SOUZA (1755-1829) quando governador (1809-1812) da capitania  Rio Grande do Sul e depois Vice Rei da Índia. Localizava-se numa chácara do atual Bairro Navegantes de Porto Alegre. Foi derrubado, por volta de 1940, no auge da breve industrialização e que se abrigava majoritariamente no Quarto Distrito. A efêmera duração deste ciclo industrial apenas serviu para índice de que a mentalidade colonial, escravocrata e centralista continuava a perdurar no Brasil em pleno século XX.
O que foi criado, nessa série, pertencia e era subsumido numa heteronomia previsível. Um exemplo é a pintura da paisagem, da natureza dos frutos e dos animais e dos habitantes da terra já havia sido praticada, pelos holandeses no Brasil, no século posterior à descoberta. Mas essa mesma série temática, uma vez submetida ao modelo colonial luso, passou a constituir um conjunto quase vazio. No paradigma colonial luso, a  pintura de paisagem, os frutos, os animais e os habitantes da terra devem ser adivinhados em acasos criativos, em relevos e em estátuas de santos.
Fig. 16 –  Uma humilde ermida erguida em Maquiné  na encosta da serra e próximo do caminho do mar, que ligava o Rio Grande do Sul Com Laguna, Curitiba, São Paulo e Minas. Raramente era visitada pelo clero, Este recebia uma designação e um soldo pelo exercício das suas funções. Porém ele preferia receber o seu soldo e exercer as suas funções no conforto urbano e da corte. Isto também acontecia com os professores, os médicos e os outros remunerados pelo erário publico colonial e imperial brasileiro.   
As únicas formas de ostentação, toleradas pela corte, eram nas escuras igrejas onde gravitava a organização social das confrarias coloniais, imantadas pela religião. Estes pequenos e escuros templos eram povoados com santos de roca.  As capelas domésticas das fazendas eram concessões do poder central. Os santos e os cultos ali celebrados eram comandados por rezas anteriores à Contrarreforma. Estas concessões religiosas eram as compensas reais pela vigilância militar das fronteiras, do Rio Grande do Sul, sujeito às frequentes invasões da expansão dos projetos castelhanos.
Fig. 17 –  Aos poucos desaparecem os índices açorianos do litoral Rio Grande do Sul. Mostardas preservou um correr de casas mais abastadas, mas com traços de sua origem dos povos ilhéus.  A abertura de estradas, a energia elétrica e os meios de comunicação, de massa, desclassificaram as funções e as formas destas primitivas vivendas e instituições açorianas.   

13.6 A interdição do luxo residencial individual.

A ‘casa do cachorro sentado’ do açoriano, possui a sua singularidade quando situada numa linha de tempo e contemplada num determinado ponto de uma série cultural. Nesta série inclui-se a casa da fazenda ou a casa urbana do português  que aqui enriquecia e voltava para Lisboa O modelo da ‘casa do cachorro sentado’ não era original das ilhas, pois o seu ciclo ilhéu de evolução não fugiu das imposições da metrópole. Transposta ao ciclo colonial brasileiro o modelo distinguiu-se da casa do bandeirante, do mineiro ou do goiano. Contudo esta singularidade é bem mais visível nesta diacronia, se ela for comparada com à taba indígena ou os galpões coletivos da Missões jesuíticas. O modelo da ‘casa do cachorro sentado’, em seu ciclo no Rio Grande do Sul, permaneceu, ao longo do tempo, muito mais pura nos pequenos e humildes ambientes urbanos e, em especial, naquelas exprimidas no litoral brasileiro do Atlântico Sul e nas margens das lagoas costeiras.

O paradigma da ‘casa do cachorro sentado’, opõe-se às casas barrocas, de taipa de pilão dos paulistas e, no plano mundial, constitui-se numa silenciosa oposição ao paradigma da casa iluminista considerado na sua sincronia das outras séries culturais paralelas naquela em que este paradigma foi criado e ainda é vigente. 
Fig. 18 –  Uma construção de uma casa com senzala em Porto Alegre da metade do século XIX, segue ainda as tendências construtivas tardias do período colonial. Não há traços das tendências estéticas trazidas ao Brasil pela Missão Artística Francesa e que começaram a disseminar no Brasil a partir de 1816. Esta dessincronização estética reflete o modo de produção escravagista, visível  e presente na senzala do térreo deste prédio .   
Não se pode negar influência na casa popular brasileira a partir da ‘casa do cachorro sentado’, apesar de menosprezada. A favela brasileira deve-lhe muito da sua autonomia, sobrevivência no tempo e economia de materiais e esforços. Mas ela exerceu a influência direta na elaboração da arquitetura da primeira ocupação lusitana do Rio Grande do Sul. Contudo a sua maior influência verifica-se, tanto na busca de uma alternativa a pobreza, da falta de condições de higiene e da mesquinhez do seu espaço interno, contrariando as dimensões continentais de uma terra como o Brasil. Oposição e contaste que a ‘casa do cachorro sentado’ oferecia ao paradigma da casa burguesa, derivada da arquitetura urbana francesa. O paradigma da casa açoriana sobreviveu pois soube explorar ao máximo este contraste, permitindo que as duas convivessem até o interior do século XX[1].


[1] - Em  Porto Alegre a Travessa dos Venezianos da Cidade Baixa constitui um caso exemplar  deste permanência da tipologia da‘casa do cachorro sentado’.A mesma tipologia pode ser encontrada no bairro operário Navegantes da capital.

Fig. 19 –  Porto Alegre é a maior aglomeração urbana mundial criada a partir da imigração açoriana. Ao mesmo tempo a atual capital do Rio Grande do Sul é uma das numerosas aglomerações urbanas que espalham pelos afluentes do Guaíba, se dissemina nos dois lados da Lagoa dos Patos e se conecta ao Brasil pela costa do Atlântico em direção de  Laguna, Paranaguá, São Paulo e Minas Gerais..
13.7 A memória renega a verdade da origem e o transforma em mito.

O esquecimento e a desqualificação da ‘casa do cachorro sentado’ é testemunha silenciosa de que o sul-rio-grandense não sabe aceitar a sua verdade de origem. Riscada da memória coletiva  recusa-se a estudar e a admitir, na sua vontade, a sua própria verdade, constantemente negada e apagada por paradigma de moda. Custam a serem admitidas pelos paradigmas do presente após a sua desqualificação e sem lugar para o estudo dos bens simbólicos, da sua verdade de origem e das suas circunstâncias.
Fig. 20–  A era industrial manifestou-se timidamente nas fábricas de azulejos lusitanos. De um lado herança do artesanato mouro das cerâmicas vitrificadas. No entanto o azulejo lusitano não atingiu o estágio pleno da produção na linha de montagem e da queima industrial. De outro lado o Brasil não teve este recurso no seu Império e muito menos na época colonial na qual era proibida qualquer ostentação fora da metrópole.   
       As atuais gerações desconhecem e não querem aceitar a verdade dos seus antepassados que vieram ao Rio Grande do Sul, tangidos por necessidades primárias de sobrevivência, com poucos recursos materiais e culturais. Antepassados, expulsos de sua própria terra natal, ou cativos, que vieram e aqui ficaram a contragosto vivendo nos estreitos limites de sua mínima autonomia em deliberar e decidir, em relação à escolha da nova terra, com os parcos recursos na construção de um lar. Como o retorno à terra natal tornava-se cada vez mais remoto, pelas pobres condições aqui encontradas, a casa passou a ser testemunho visual desta desesperança. Arrasar e apagar esta testemunha silenciosa desta desesperança é o mesmo que decapitar o mensageiro por nos trazer más notícias[1] de um passado que não aceitamos


[1] - Conta-se que o califa de Córdoba mandou decapitar o mensageiro que lhe trouxe a notícia de sua derrota, em 1492, por Fernando e Isabel.

Fig. 21 –  Um projeto de Álvaro  Siza recupera o despojamento da “casa do cachorro sentado” lusitana. A clareza deste retorno as raízes - da estética ínsita e vernacular da casa açoriana - está amparado por uma imensa coragem de diálogo com o meio ambiente e os recurso técnicos e materiais do entorno econômico, social e do tempo de urgências de toda ordem.    
Evidente que não é esta a generalidade. A clareza e as formas mínimas herdadas da casa açoriana encontraram ecos na obra de Álvaro Siza. Isto não permite falar em renascimento ou valorização da obra estudada. E nesse sentido cabe lembrar que a ‘casa do cachorro sentado’ é mais obra de uma estética demótica tangida por necessidades concretas, do que resultado de um estudo erudito para estas necessidades. Por isto, a atualidade a estética, vernácula e ínsita, goza de um lugar muito secundário em todas as dimensões culturais. A ‘casa do cachorro sentado’ constitui-se um índice dos abismos da distribuição de renda. Num país de desiguais este desequilíbrio reflete-se diretamente nas escolhas das casas possíveis para as classes populares e as escolhas possíveis para as classes abonadas. As favelas visualizam o câncer social que circunda as cidades brasileiras,  desconhecido em culturas com distribuição de renda mais igualitária.
13.8 Dificuldades nas tentativas de institucionalizar a memória do projeto iluminista açoriano.

As sucessivas queimas de etapas não pouparam os meios pelos quais se teve acesso ao estudo da ‘casa do cachorro sentado’. A bibliografia pouco difundida e os meios eletrônicos disponíveis não permitem, ao leitor, ainda a reversibilidade para as fontes do presente texto. Estas casas devem ser estudadas em lentas[1] caminhadas, dispensando o carro, parando e comparando cada exemplar que se encontrar. Os ruídos das máquinas dos ricos necessitam serem silenciadas, para que a fala coloquial dos seus habitantes seja ouvida no seu tom de voz e no seu ritmo e na linha do seu pensamento. Só com esta “epoqué” é possível recuperar o mundo imaterial que informou o mundo físico da origem no qual estas ‘casas do cachorro sentado’  foram construídas. Esta suspensão de juízo irá fazer o seu efeito na medida em  pudermos compará-las com outros paradigmas concorrentes e assim usufruir de sua especificidade.


[1] - O lema que traduz um dos projetos do Iluminismo é “cada vez mais rápido e para mais longe” levou a criatura humana até as viagens espaciais onde os satélites não registram nenhuma particularidade humana.
Fig. 22 –  A gigantesca obra escultórica que homenageia a imigração açoriana em Porto Alegre rende tributo às figuras anônimas, silenciosas e produtivas dos ilhéus que se fixaram neste ponto geográfico em 1752   A obra de Carlos Tenius mostra apenas vultos dos quais ninguém conhece o rosto por ser proibido o retrato de indivíduos do povo ao longo do Brasil colonial.   
As obras açorianas não constam no acervo de MARGS. Este vazio não nos autoriza a construir lugares físicos assemelhados, criando ruínas mitificadas pelo romantismo, pela indústria do restauro e para atrair turistas desavisados. Nem há necessidade de desencavar ruínas autênticas. Este perigo não nos impede de estudar com o maior carinho e dedicação os museus regionais que guardam essas peças, usando os paradigmas adequados para este estudo. O estudo por meio de paradigmas que permitam traçar a genealogia de cada peça na diacronia e a sincronia do seu sentido nesta cultura.
[Clique sobre o gráfico para ler a tabela]
Necessita-se formar bases de dados institucionalizados em arquivos culturais e históricos qualificados e que possam abastecer logisticamente estudiosos preparados. A formação da iconografia, bibliotecas institucionais conectadas aos meios eletrônicos que nos permita não isolar o objeto ou misturá-lo indiscriminadamente com outras culturas antagônicas. Estas metodologias e recursos criam uma permanente fonte para a reversibilidade para o objeto que já foi e continua vigente em nosso meio.


FONTES BIBLIOGRÁFICAS



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DAMASCENO,  Athos (1902-1975) Artes plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900). Porto Alegre : Globo, 1971, 520 p.
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GARCIA, Maria Amélia Bulhões. «Arquitetura espontânea: uma proposta de estudo» in Estudos Tecnológicos. São Leopoldo: Unisinos. Vol. VI nº 20, pp. 11-17, 1982.

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COLONIA do SACRAMENTO atual URUGUAI
CORONEL JOSÉ CUSTÓDIO de SÁ e FARIA (  - 1792) desenho dos mapas e arquiteto  classicista
DOCUMENTOS (289)  relativos aos LIMITES do BRASIL MERIDIONAL entre 1699-1843
Dom Feliciano José RODRIGUES de ARAUJO PRATES 1781-1858 = 1º Bispo do RS-1851-1858
Dom Paulo de Carvalho Mendonça (1702-1770),- irmão do Marquês de Pombal
ENCICLOPÉDIA FRANCESA 1751-1772
FAZENDA SOCORRO Vacaria - RS
FAZENDA SÃO JOÃO Candiota - RS
FESTA do DIVINO
FORTALEZA JESUS MARIA JOSÉ de RIO GRANDE
FORTALEZA JESUS MARIA JOSÉ de RIO PARDO
FORTE de SÂO MIGUEL – URUGUAI
FORTE de SANTA TECLA BAGÉ
FORTE de SANTA TERESA – URUGUAI
Francisco Xavier de Mendonça Furtado
GENEALOGIA AÇORIANA em Santo Ângelo RS
IMIGRAÇÂO AÇORIANA no BRASIL
MACAPÁ
MUSEU ANITA GARIBALDI – Laguna SC 1747
http://brasilimagens.photoshelter.com/image/I0000QbbRDx9LQs4



MÚSICA AÇORIANA - CONJUNTO MADRE de DEUS – “Ao longe o mar”.

O OURO do BRASIL e o seu DESTINO pelo TRATADO de METHUEN 1703
PÃO por DEUS
PASQUIM – PÂO por DEUS
PORTO ALEGRE
ROTA AÇORIANA
SANTO ANTÔNIO da PATRULHA
SIZA, Álvaro
URUGUAI – Poema  - Basílio da Gama
VIRADEIRA com  DONA MARIA I  -
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Um comentário:

  1. Descobri hoje seu excelente blog, PARABÉNS. Sou historiadora, gaúcha, moro atualmente em Brasília e vou divulga-lo aqui. Sua pesquisa é muito importante. Um abraço.

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