A UNIVERSIDADE BRASILEIRA e a
ARTE no
PENSAMENTO de TASSO BOLÍVAR DIAS CORRÊA
08 - A UNIVERSIDADE no HORIZONTE do BRASIL
09 - O CONFRONTO de 1933 - no THEATRO
SÃO PEDRO
10 – O DISCURSO de TASSO CORRÊA como PARANINFO no
THEATRO SÃO PEDRO em 24/10/1933
Fernando CORONA, - Tasso Corrêa – bronze entrada
do prédio do IA-UFRGS
Fig. 13 – O escultor,
arquiteto e professor Fernando Corona modelou, mandou fundir em bronze e
colocou o busto de Tasso CORRÊA na
entrada do prédio do IA-UFRGS da rua Senhor dos Passos nº 248 de Porto Alegre. Este
homenageado adaptou o IBA-RS, ao longo
de 22 anos continuados, ao paradigma universitário brasileiro mediante concepções, projetos e ações administrativas. Estas
concepções ganharam corpo físico no prédio
construído ao longo da II Guerra Mundial e com o apoio de 2.000 legionários
espalhados em todo Brasil.
Na continuidade destas postagens iremos estudar e evidenciar os
ensaios do pensamento de Tasso Corrêa para que fosse percebido e compreendido
no seu meio SOCIAL, ECONÔMICO e POLÍTICO. Porém a sua meta estava mais longe,
pois ele pretendia atingir o ponto
crítico da PESQUISA ESTÉTICA PERMANENTE. Evidenciam-se também os limites destas competências, por meio do seu
estudo e compreensão no seu TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE contornando-se tanto o
mito como a sua naturalização.
08 - A UNIVERSIDADE no HORIZONTE do
BRASIL.
(A
revolução de 1930 e o Decreto Federal Nº 19.851 de 11/04/1931)
Não é possível contornar o fato de que o pensamento
de uma universidade atraiu Tasso Corrêa e
o moveu a ser seu agente. Tasso acompanhou origem da universidade brasileira e pela qual
militou muito antes dela se materializar e se institucionalizar na cultura
sul-rio-grandense. Após a sua instalação Tasso moldou o campo institucional das
ARTES por meio deste paradigma universitário. Ao mesmo tempo ele foi crítico
intransigente e implacável daqueles que desejavam cooptar mentes, corações e
mãos em nome desta mesma universidade que se revelou logo centralista e
imperial. Contrariando este imperialismo e centralismo avassalador pensava,
agia e conduzia questões que produziram, modelaram e reproduziram o campo de
forças da AUTONOMIA da ARTE. Nesta direção Tasso mantinha ações e pensamentos
distantes de uma possível “PEDANTOCRACIA” universitária no aviso dos antigos
positivistas brasileiros e do seu mestre[1].
A universidade tinha uma larga tradição no mundo
ocidental. Até 1930, no Brasil, ela só teve algumas experiências universitárias
temporãs (Cunha, 1980) e sem projeção na totalidade do território nacional. Os
agentes da Revolução de 30 dimensionaram para o Brasil a antiga universidade
ocidental, selecionando algumas das suas múltiplas interpretações.
Getúlio Dornelles
VARGAS 1891-1954 foto de 1928 como Presidente do Estado
Fig. 14 – Getúlio
Vargas foi , entre 1928 a 1930, o último
presidente do Rio Grande do Sul. Seus sucessores foram designados como
interventores ou governadores. Tasso Corrêa deve ao pensamento Getúlio Vargas
as concepções, os reforços e as esperanças de ESTADO NACIONAL coerente e
funcionando nos moldes da ERA INDUSTRIAL. Logo após assumir, no dia 24 de outubro de 1930, a
presidência nacional ele criou o
Ministério de Educação e Saúde Publica. No dia 11 de abril de 1931 criou o
Conselho Nacional de Educação, a Universidade Brasileira e a Universidade do
Brasil.
A tardia introdução da Universidade no Brasil teve
algumas vantagens. Uma delas é que a Espanha tinha recorrido a este instrumento,
do seu arsenal simbólico, para efetivar a dominação colonial por meio de
agentes indígenas cooptados com este regime. O Brasil não teve este
instrumento. A Universidade de Córdoba da Argentina, criada em 1613, teve uma
larga e intensa projeção sobre o atual território do Rio Grande do Sul por meio
das Missões jesuíticas espanholas. Foi da Universidade de Córdoba que partiu,
em 1918, a dura e fugaz reação estudantil, enquanto os europeus estavam se
curando das feridas da I Guerra Mundial. No Brasil o regime imperial e a
República Velha procrastinaram a UNIVERSIDADE VINCULADA ao ESTADO NACIONAL e
para TODO TERRITÓRIO NACIONAL.
A concepção que orientou o paradigma da
universidade brasileira foi reduzida a um corpo institucional unívoco e claro,
para satisfazer a aspiração centralista e potencialmente aberta a todos os
segmentos populares. Essa concepção foi realizada por intelectuais que
“não dispunham de um princípio de identidade que remetesse a
vínculos institucionais. Não se situavam em um campo autônomo, com suas
hierarquias e estratégias alicerçadas em critérios relativamente estáveis. Não
atuavam, tampouco, no sentido de consolidar
as liberdades e os direitos tocantes à condição universitária. Não
apresentavam reivindicações do tipo ‘democratização e participação’, como seus
homólogos argentinos a partir do movimento de Córdoba, ou seus homólogos
chilenos em consequência do movimento de Santiago” (PÉCAUT, 1990 : 34).
A universidade serviria, no caso brasileiro, de filtro do Estado para a
sua burocracia, um teste e uma recompensa para as forças populares. A universidade brasileira não era para uma sociedade
com seus controles políticos, sociais e econômicos consolidados. Estava longe e
era incompetente para criar, administrar e reproduzir uma homeostase
democrática ao modelo daquele estudado por Wright Mills (1975: 410/1). O Estado
acenava para as forças populares com um ente construído como um instrumento de
ascensão até o vértice da sua pirâmide hierarquizada[1]. A
recompensa - almejada por este Estado Nacional - era a subordinação da origem
do seu poder político, econômico e social. O paradigma da universidade
brasileira, proposto pela Revolução de 1930, era único e linear podendo ser
implantado em qualquer parte do território nacional. O paradigma da
universidade brasileira, de 1931, englobava todos os cursos superiores
anteriores, públicos ou de iniciativa privada, na medida em que eles se
adaptassem ao modelo formal, central e único. Para atingir e administrar esta
unidade o governo revolucionário provisório legislou por meio dos Decretos
Federais nº 19.850[2],
nº 19.851[3]
e nº 19.852[4]
com a mesma data de 11 de abril de 1931. Esses decretos-lei, nos quais o
Executivo assumiu inteira responsabilidade, foram elaborados por alguns
intelectuais cujos nomes foram silenciados[5] e
sem o concurso do legislativo. No âmbito das esperanças de um Estado nacional, deveriam
se constituir em instrumentos de formatação de uma universidade capaz de impor
suportes jurídicos, capazes de facilitar, ao máximo, a sua assimilação
burocrática. Para a reprodução desta universidade, a lei sugeria a criação, em
cada instituição universitária, de uma Faculdade
de Educação Ciências e Letras[6].
[1] - É significativo que o
Boletim do MESP, nº 1 e 2 acolha na p. 70 o artigo « Formação das elites pela Educação», mas cuidadosamente precedido
na p. 24 por outro cujo título é «Classe
homogêneas e ensino individual”.
[2] - Dispõe sobre o Conselho
Federal de Educação
[3] - Dispõe que o ensino
superior no Brasil obedeça de preferência ao Sistema Universitário
[4] - Dispõe sobre a organização
da Universidade do Rio de Janeiro e cria a Faculdade de Educação, Ciências e
Letras (art.302– 307).
[5] - Essa intervenção do
Executivo foi a apropriação de um paradigma da universidade brasileira que
havia sido discutido na ABE em diversos congressos (Souza Campos, 1940 e 1954)
sem difundir a sua autoria. Esses congressos
só foram retomados com a democratização do país em 1946. O Legislativo
passou a trabalhar, a partir da constituição de 1946, nas diversas versões da
lei conhecida como Diretrizes e Bases da Educação e onde a ABE novamente foi
ouvida. Durante Estado Novo apenas havia
o ‘Monólogo do Ministro diante dos
Educadores”. (Horta in Gomes, 2000, pp.143-172). Para a presente tese esse
processo é a reificação do “NÓS”.
[6] - Contornou-se a referência
à Filosofia, que de fato irá ser implementada na URGS e comandar essas áreas..
Esta mesma Filosofia que será afastada e
expurgada violentamente, em 1964, da universidade brasileira.
Gen. José Antônio FLORES da CUNHA (1880-1959) – Francis
Pelichek Revista do Globo nº23 - Capa
Fig. 15 – A
Revolução de 1930 nomeou o General José Antônio Flores da Cunha como interventor
do Rio Grande do Sul. O pensamento
de Tasso Corrêa se alinhava com este líder e ao mesmo tempo o seu parentesco e
amizade pessoal sentia na pessoa deste líder da Revolução de 1930 um amparo nas
ousadas reformas que estava planejando e experimentando entre seus colegas
artistas. Foi Flores da Cunha que assinou em 28 de novembro 1934 o Decreto
Estadual definitivo da Criação da Universidade de Porto Alegre na qual constava
o IBA-RS.
No Rio Grande do Sul as discussões relativas à
universidade brasileira antecederam a sua existência formal e legal no âmbito
nacional. Ainda que partissem de seletos grupos culturais, sociais e políticos
e com parca repercussão no meio, pairavam, no horizonte dessa mobilização, como
ecos distorcidos das concepções desencadeadas na Universidade de Córdoba[1]
no dia 05 de junho de 1918, comprometida com o meio social. Contudo, a
realidade de Porto Alegre[2]
necessitava de uma ampla discussão e amadurecimento. Estas discussões tomaram corpo e amadureceram
doze anos depois de Córdoba. O Programa da Federação Acadêmica data do dia 14
de julho de 1930 quando foi criado e da divulgado do no Rio Grande do Sul.
“Os meios acadêmicos e intelectuais de Porto
Alegre agitavam sua ideia em suas entidades de classes e através da imprensa,
obedientes a lideranças ativas que se mantinham em sintonia com aspirações da
mocidade estudiosa não só do Brasil, como também da América Latina. Nesse sentido, haviam chegado até nós ecos do
“Manifesto de Córdoba” documento no qual se iniciou o movimento argentino e
americano da Reforma Universitária.[...]. Sumamente expressivo pela atualidade
é o Programa da Federação Acadêmica de Porto Alegre, aprovado a 14 de julho de
1930 e divulgado em sessão de 27 de setembro desse mesmo ano, no Salão Nobre da
Biblioteca Pública, em propaganda pela criação da Universidade do Rio Grande do
Sul”.(SILVA
et SOARES 1992: 33).
Essa
divulgação coincide quase com o movimento Revolucionário de 1930. Depois dos
decretos de 1931, esses ideais foram sustentados até por um “Partido
Universitário”.
“O
Movimento pró-Universidade obteve grande amplitude intelectual e a ele
agregaram-se professores de renome como Francisco Rodolfo Simch e Raymundo
Vianna. Daí resultou a criação, em 1932, do Partido Universitário, cujo
objetivo precípuo era a luta pela criação de uma instituição universitária
gaúcha[3].
Diferentes personagens das antigas Escolas Livres se incorporaram nesse
partido:
O Partido
da Universidade não foi fruto de um arroubo de estudantes. Em sua instituição,
e contou com a presença de doutorandos marcantes em nossa vida social e
cultural (Waldemar Ripoll, do Direito e Paulo Westphalen, da Engenharia) também
teve adesão de eminentes professores, como Viera Pires, Raymundo Vianna,
Francisco Rodolfo Simch e outros presentes em sua instalação” (SILVA et SOARES, 1992: 37).
O Instituto de Belas Artes estava presente na liderança desse grupo na
pessoa de Raymundo Vianna membro da CC-ILBA-RS.
[1] - No dia 05 de junho de
1918, os Estudantes da Universidade de Córdoba desencadearam uma greve por se
sentirem fraudados na eleição do reitor que eles apoiavam. No dia 21 de junho
de 1918 a Gaceta Universitária
publicava o Manifesto elaborado por Deodoro Roca e que fazia um chamado a todos
os estudantes da América Latina. Na introdução
proclamavam “La juventud Argentina de Córdoba
a los hombres libres de Sudamérica:
Hombres de una república libre, acabamos de romper la última cadena que, en
pleno siglo XX, nos ataba a la antigua dominación monárquica y monástica. Hemos
resuelto llamar a todas las cosas por el nombre que tienen. Córdoba se redime.
Desde hoy contamos para el país una vergüenza menos y una libertad más. Los
dolores que quedan son las libertades que faltan. Creemos no equivocamos, las
resonancias del corazón nos lo
advierten: estamos pisando sobre una revolución, estamos viviendo una hora
americana.”. No mês seguinte se reunia em
Córdoba o 1o Congresso Nacional de Estudantes Universitários com
delegações das federações universitários de Buenos Aires, La Plata, Santa Fé e
Tucumán. Continua até o Governo de Alvear e que culmina na intervenção de na
Universidade de Buenos Aires em 1924. O
movimento já se havia disseminado pelo Chile e Peru a partir de 1920/2. Portantiero, 1978, pp. 17-38 e 131
Não há registro que esta
imagem dos estudantes da Universidade de Córdoba, da Argentina hasteando a
bandeira de sua revolta, de junho de 1918 tenha circulado no Rio Grande o Sul
antes de 1930. Circulou depois do Partido Universitário e quando o movimento
argentino se dera conta que não era coerente com a sua própria realidade, técnica,
econômica e cultural.
[2] - O que deve ficar
explicito é que essas referências são
bem posteriores e encontradas na bibliografia aqui referida. O espaço
geográfico e a década, que separa os dois eventos, ainda devem ser preenchidos
com pesquisas. Não se localizou o primeiro documento em Porto Alegre que se
refere ao movimento estudantil em Córdoba. No AGIA-UFRGS não se localizou
qualquer documento entre 1918 1930 que se refira ao fato
[3] - Folder «50 anos da UFRGS
1934-1984» , p.23
Assuero GARRITANO.
Fig. 16 – O Maestro ASSUERO GARRITANO foi um dos expoentes da PESQUISA
da MÚSICA ERUDITA BRASLEIRA. Os seus estudantes do Conservatório do IBA-RS
e o Rio Grande do Sul devem-lhe o desenvolvimento de estudos de TEORIA MUSICAL
e de HISTÓRIA da MÚSICA. Acompanhou os
cuidados de Tasso Corrêa ao tentar modificar a administração do IBA-RS
com o novo paradigma universitário Tasso Corrêa contava esta interação entre
seus colegas artistas nos projetos e experimentos conforme registra a biografia deste músico[1]..
Em Porto Alegre a
Faculdade de Medicina e a Escola de Engenharia adotaram oficialmente, em 1932,
o paradigma do regime universitário brasileiro. Porém sem muitas mudanças no
seu regimento anterior que adaptaram rápida e superficialmente ao apregoado no Decreto
Federal Nº 19.851 de 11 de abril de 1931. Estas duas instituições tiveram de
recuar diante de várias exigências do paradigma único e linear da universidade
brasileira da Revolução de 1930.
Entre diversas discrepâncias alegadas estava a falta de um vestibular
obrigatório para ingresso com também a necessidade de seis cursos superiores
para constituir uma universidade sendo uma Faculdade de Educação Ciências e
Letras exigida pelo art. 5º do Decreto Federal Nº 19.851. Ou em outros termos, não se
enquadravam rigorosamente no modelo único, central e formal proposto, mantido e
implementado pelo Estado e em todo território nacional brasileiro.
Estas concepções, do Decreto
Federal Nº 19.851, ganharam corpo jurídico e foram aceitas pelo governo
estadual do Rio Grande do Sul por obra do jurista Manoel André da Rocha ao ser
aceito e aprovadas pela Lei Estadual nº 5.758, e
assinada duas vezes em 20 e 28 de
outubro de 1934. O Instituto de Belas do Rio Grande do Sul estava entre os seis
cursos superiores da Universidade de Porto Alegre.
09 – O CONFRONTO de 1933 - no THEATRO SÃO
PEDRO
Um ano antes da
assinatura da criação da Universidade de Porto Alegre o jovem professor Tasso Corrêa valeu-se do título de paraninfo para enfrentar e desqualificar a
Comissão Central. Num ato público e solene no Theatro São Pedro o docente-profissional-artista
enfrentou a estrutura da Comissão Central do IBA-RS e a qualificou como amadora
e ocupante de cargos apenas administrativos e sem mérito no campo das forças da
Arte.
Fig. 17 – O
palco do Theatro São Pedro era familiar e local de trabalho de Tasso CORREA.
Foi nele que desafiou os secretários do Estado do Rio Grande do Sul investidos também dos cargos
maiores da Comissão Central do IBA. Apesar
de reconhecer as competências destes personagens em outras áreas Tasso Corrêa
os acusava com estranhos aos poderes que circulam nos campos de forças das
Artes.
Ninguém podia negar a
estes amadores, guindados ao poder do IBA-RS, serem fieis depositários das mais
puras intenções. Intenções delimitadas pela busca da ATUALIZAÇÃO de UMA
INTELIGÊNCIA do que era produzido e consumido em outros centros culturais.
Distantes e desconfiados de uma PESQUISA e PRODUÇÃO ESTÉTICA do seu TEMPO, e
aqueles que expressassem os mais elevados anseios da SOCIEDADE LOCAL.
Especialmente se estes produtos da pesquisa estética do TEMPO, LOCAL e
SOCIEDADE pudessem comprometer ou contornar os fundamentos da padronização e da estandardização do PODER
de que se sentiam ungidos. Estes amadores ainda expunham as raízes destas
concepções do REGIME IMPERIAL senão da ESCRAVIDÃO e do COLONIALISMO.
O confronto de dois paradigmas de
institucionalização da arte.
A seguir, detalha-se uma fricção exemplar entre o
paradigma que sustentava a Comissão Central do ILBA-RS e o pretendido pelos
docentes de artes do Instituto. Considera-se exemplar esse confronto porque
criou para as artes um corpo visível nas expressões de autonomia da competência
institucional, entre duas concepções que se desejavam apropriar do poder no
Instituto. O docente desafiador se sustentava no paradigma da universidade e
era apoiado pelo grupo de estudantes que o legitimaram através da escolha como
paraninfo da sua formatura. Do outro lado, a Comissão Central do ILBA-RS
cercou-se de todo o aparato simbólico e em estrutura institucional de poder do
Estado, valendo-se de todos os seus recursos jurídicos para defender a sua
posição[1].
[1] - Para esse fato, é possível
valer-se do conceito de ‘coisa’, que Durkheim (1983, p. 94) colocava como “a primeira regra e a mais fundamental é a de
considerar os fatos como coisa”, dando-lhe a consistência de um objeto de
estudo. O fato estudado aqui, foi amplamente divulgado pela imprensa, mas
silenciado depois de confiado ao AGIA, caindo em completo esquecimento após uma
geração, tornando-se “COISA” para a pesquisa. O confronto de Tasso Corrêa com a
Comissão Central foi documentado nos mínimos detalhes em textos confiados ao
AGIA-UFRGS e permite uma abordagem e um estudo objetivo sem infringir nenhuma
questão ética.
João FERNANDES MOREIRA,
Presidente do IBA-RS de
29.10.1929-26.10.1933
Fig. 18 – Foi
sob a presidência de João Fernandes Moreira sentado na mesa do palco do Theatro
São Pedro que Tasso Corrêa resolveu atacar a Comissão Central do IBA-RS
no dia24 de outubro de 1933. A reação
ao pensamento de Tasso Corrêa veio proporcional ao que estes personagens da
Republica Velha tinham no seu imaginário de imperadores sem titulo e trono.
João Fernandes Moreira irá presidir, dois dias depois, a formalização da
expulsão de Tasso Corrêa e a posse do seu sucessor. Depois irá se eclipsar para
a vida pública.
A liderança inconteste do corpo docente e discente
do Instituto pertencia a Tasso Bolívar Dias Corrêa[1]. Muito
antes do confronto de 1933, ele já havia experimentado os limites e as
potencialidades locais do campo artístico.
O músico e jurista Tasso Bolívar Dias Corrêa, contava com 32 anos quando aceitou enfrentar
, em 1933, o paradigma que sustentava o Comissão Central do IBA-RS. Com o
projeto universitário brasileiro definido e disseminado nas mentalidades dos
artistas professores teve êxito em mover, com a sua ação, a instituição de
1908 em direção ao paradigma que a
revolução tinha implantado em nível nacional. Após este evento os seus colegas
artistas lhe confiaram o poder central desta instituição que ele administrou ao
longo de um quarto de século em sucessivas reeleições unânimes.
Tasso possuía formação profissional de pianista,
completada no então Instituto Nacional de Música na capital federal, em 1921.
Havia iniciado ali, também, o curso de Direito que concluiu em Porto Alegre, em
1933, sob os olhares do Desembargador Manoel André da Rocha. Exibia, assim, uma
iniciação para a burocracia além da formação artística. Na sua atividade
profissional, Tasso estava lecionando piano no Conservatório de Música do ILBA-RS desde 1922. Fundou o Conservatório de Música em Rio Grande ao lado de
Guilherme Halfeld Fontainha[2].
Esse currículo era reforçado pela estima da maioria dos seus alunos e da
sociedade local.
Existem vários registros de antigas questões e de
cobranças tanto da parte do Diretor do Conservatório como do próprio Presidente
do Instituto, sob o pretexto do cumprimento do horário das suas aulas[3]. Ali ele ensaiara rebelar-se contra a
disciplina interna da Comissão Central do ILBA-RS. Alguns meses antes do evento
do Theatro São Pedro há um pedido de alunos ao diretor do Conservatório de
Música, prof. José Joaquim de Andrade Neves para que Tasso Corrêa permanecesse
no Instituto diante de sua ameaça de se demitir. A resposta do Diretor é
evasiva, agarrando-se ao regulamento e às leis do mercado[4].
Em 1933, Tasso era paraninfo de uma turma de
formandas quando aproveitou essa consagração acadêmica para tornar visível, ao
mundo externo do Instituto, a revolução que estava mobilizando internamente os
docentes e estudantes do ILBA-RS.
[1] - - Documentos do currículo
de Tasso Bolívar Dias Corrêa. Nascido em
Uruguaiana, em criança peregrinou pelo Brasil, junto com o pai que era
engenheiro de Portos-Rios e Canais e veio se fixar no Rio de Janeiro. Na
capital federal frequentou o Instituto Nacional de Música, no qual se formou em
1921, enquanto o seu irmão Ernani frequentava a ENBA. [IA.3.1 – 031-a] CORRÊA, Tasso- desenho de Ismailovitch (um dos
. participantes da exposição promovida por Lúcio Costa na ENBA em 1931) CD-ROM - Disco 6 - IMAGENS. {029DOC}
[2] - Guilherme Fontainha era de
uma família de músicos e diplomatas. Humboldt Fontainha havia sido
secretário-geral da comissão executiva da delegação brasileira para a Exposição
Internacional de Turim de 1911. Maria Isabel, comentou (2000, p. 65) que
Guilherme havia sido aluno de seu avô, Henrique Oswald, e que o seu pai, Carlos Oswald, recebeu “a indicação (para a Exposição Internacional de Turim) a partir
de Humboldt Fontainha, um amigo, que
ele conhecera em 1907, em Juiz de Fora, na casa do pianista Guilherme
Fontainha, aluno de seu pai, onde passara uma temporada pintando” in MONTEIRO, Maria Isabel Oswald. Carlos Oswald (1882-1971): pintor da luz e dos reflexos Rio de
Janeiro: Casa Jorge, 2000. 229 p. Fontainha irá ser, em 1931, o diretor do
Instituto Nacional de Música, integrado à Universidade do Rio de Janeiro pelo
Decreto n° 19.852, de 11.04.1931.
(Contracapa do Boletim do MESP, ano 1, nos. 1 e 2, jun.1931).
[3] - O diretor do Conservatório
encaminhou-lhe o seguinte aviso: “Professor
Tasso. Chamo-vos a attenção para o art.
100, letra b, d e e do Regulamento em
vigor que vos obriga a dar o número de lições que lhe fôr indicado no horário,
contemplar em cada lição todos os alumnos que comparecerem à aula, assim como
observar as instruções e as recomendações do Director no tocante ao ensino e
disciplina das aulas. Evitará assim que os alumnos de sua classe deixem de
encontrar-vos nas horas de suas lições como aconteceu na semana passada com as alumnas Innes Huck, Celia Aragone,
Maria F. Ferreira, Maria L. Esteves e Alzira Gobbi. Se assim continuar a proceder, communicarei o
occorrido ao Senhor Dr. Presidente para que tome as necessárias providências.Em
26.06.926. Assinado José de Andrade Neves - Director” Registro nº 130,
f.57f. Livro de registro de
correspondência de 1922 – 1932 - Instituto de Belas Artes·
[4] - Entre os papeis da
Presidência do Instituto, do ano de 1932, encontra-se o seguinte
apontamento “Si o professor Tasso Corrêa pretende abandonar o cargo que há anos vem
exercendo, é por sua espontânea vontade, mesmo porque por parte desta
Directoria nada o obriga a assim proceder. Não posso, nem desejo interferir no
sentido de voltar o referido professor ao cumprimento dos seus deveres.
Encontrareis substituto, que de acordo com o regulamento substituirão os
professores quando faltarem à aulas. Porto Alegre, 10 de junho de 1933. Prof.
Andrade Neves Director do Conservatório”
in {044-045} .
Fig. 19 – O
prédio do Theatro São Pedro ocupa o
cenário da “Acrópole” administrativa da Capital do Rio Grande do
Sul desde os primórdios do Regime
Imperial. Ele representa para o pensamento de Tasso Corrêa um ponto
significativo e materializa o lugar privilegiado da Arte na sociedade, na
economia e na política..
O Theatro São Pedro ocupou um lugar de prestígio, e continua a ocupar, entre os prédios dos três poderes do Estado do Rio Grande do
Sul. Os dirigentes da Comissão Central
do IBA-RS sempre ocuparam lugares de relevo nestes três poderes. Era o caso de
João Carlos Machado que era Secretário do Interior do governo José Antônio
Flores da Cunha. No dia da formatura, em 24 de outubro de 1933, estava a postos
a imprensa que publicou, dois dias depois, a íntegra do discurso do paraninfo.
O evento ocorreu no Theatro São Pedro[1],
no dia 24 de outubro de 1933, terceiro
aniversário da vitória de Revolução de 1930. Era o final do mandato da
presidência (1929-1933) de João Fernandes Moreira frente ao IBA-RS. Ele estava
na direção da mesa com várias autoridades,
inclusive do Secretário do Estado do Interior e da Justiça, João Carlos Machado, presidente eleito do
Instituto, que na próxima semana iria tomar posse do seu mandato de 1933-1937.
Inicialmente, Tasso Corrêa foi brindado com um discurso de uma jovem formanda.
O homenageado, depois de agradecer o discurso da jovem, expôs, ao grande
público presente as condições nas quais a classe docente trabalhava no
Instituto e sem o mínimo poder diante do arbítrio da Comissão Central. Elogiou
algumas administrações passadas que ele tinha como exemplares. Mas, segundo as
suas palavras, “a situação da atualidade
era calamitosa”. Comparou a situação política e administrativa do Instituto
de Belas Artes, dirigido por médicos,
com o da Faculdade de Medicina sendo dirigida por pintores e escultores.
Para essa situação, propunha, como correção, a criação de uma administração na
qual, ao menos os professores fossem ouvidos.
A Diretoria, que presidia a mesa de formatura, foi
pega de surpresa. Atônita, jamais poderia imaginar ser desafiada e repreendida
em pleno Theatro São Pedro, diante de tão qualificada audiência e recebendo a
sugestão de repartir o seu poder com os docentes de artes, contratos “enquanto podiam servir” segundo o
estatuto do IBA-RS em vigor. Diante do possível constrangimento do público
suspeitar do abalo, que tal ousadia provocara na sua autoimagem, o discurso não
foi respondido no ato, nem a sessão interrompida. O presidente relatou depois
aos seus pares e em particular seu ímpeto de intervir imediatamente.
Polidamente se absteve de qualquer manifestação ostensiva. Mas, no mesmo dia, o
agressor foi expulso exemplarmente do Instituto por meio de um ritual
regulamentar previsto para ocasiões desta natureza.
A
publicidade dada ao ato e ao ritual da expulsão do Instituto mobilizou os
alunos no estreito espaço cultural de Porto Alegre[2]. Estes
fizeram correr listas de abaixo–assinados de apoio ao docente-artista, que
dirigiram ao Diretor do Conservatório de Música[3].
Esse repassou hierarquicamente as listas ao Presidente que as levou para uma
decisão da Comissão Central do ILBA-RS. Os fatos e o discurso circularam na
mídia impressa, no dia 26 de outubro de 1934[4].
Neste mesmo dia a sessão convocada da Comissão Central tinha como pauta
original a posse da Diretoria do ILBA-RS eleita no dia 10 de outubro de 1933.
[1] . O Theatro São Pedro, cenário dos acontecimentos, está situado
geograficamente numa espécie de ‘acrópole’ da capital do RS, repartindo
espaço e prestígio com os palácios que
abrigam o poder executivo, legislativo, judiciário, religioso, militar e
econômico da capital do Estado do Rio Grande do Sul. Ele era o lugar simbólico
privilegiado, no qual em 1933 já havia desfilado quase um século de glórias dos
artistas, dos políticos e do público mais prestigioso desse Estado. Local
tradicional das solenes formaturas. Qualquer um, com um mínimo de instrução e
participação social, reconhecia esse lugar de prestígio e de consagração. Não
há como ignorar a norma cultural.
[2] - Em Porto Alegre o elemento discente,
organizara-se nos outros cursos superiores,
antes da Revolução de 1930, como já vimos. No
ILBA-RS essa organização efetivou-se a partir de
03.06.1932.
[3] - O diretor do
Conservatório, que no primeiro momento não participou da tentativa de adequar o
Instituto ao regime universitário, nesse evento também ficou ao lado da
Comissão Central. Em documento anterior
declarara a sua posição pessoal ao argumentar que ‘não faltavam profissionais para preencher o cargo’. O registro mais
detalhado, do que ocorreu no dia 24 de outubro de 1934 no Theatro São Pedro,
foi localizado na pasta pessoal desse Diretor do Conservatório. Nele consta uma
crônica do Diário de Notícias, (Porto
Alegre, dia 26.10.1933, p.4) é que de fato resenha os acontecimentos dos
três dias apanhando os fatos ocorridos
no Instituto.
[4] - O jornal noticiava a formatura do dia 24, com
os discursos da formanda e o do paraninfo. Do dia 25, registra os
desdobramentos do gesto do professor, a reação do Presidente e as iniciativas
dos alunos do Conservatório. No dia 26,uma 5a feira, no qual o Diário
de Notícias circulava, prevê a posse do novo presidente, o que de fato
acabou acontecendo, segundo os registros das Atas da CC-ILBA-RS. Na época, a
mídia impressa ainda era soberana diante de outras formas de comunicação. Um
desses setores, que interessavam à imprensa industrial e serial, era a cultura
e a arte. A matéria sobre o confronto
nas artes não está assinada. Quem teria
sido o cronista, quem forneceu os discursos ao cronista, são perguntas ainda
não respondidas e sobre as quais a crônica calou. O jornal era de propriedade
de Assis Chateaubriand, com posições estéticas bem conhecidas e no mínimo
autônomas. No aspecto da infraestrutura industrial, o jornalismo tinha feito,
até aquele momento, os maiores passos possíveis. Estava passando para a
especialização profissional. Numa visão taylorista, da divisão de tarefas numa
linha de montagem, os profissionais da comunicação estavam se especializando em
diversos setores em vias de afirmação.
João Carlos de MACHADO.
Presidente do IBA-RS de
26.10.1933-29.04.1935
Fig. 20 – João
Carlos Machado assumiu a presidência da Comissão Central do IBA-RS no dia 26 de
outubro de 1933. Ele acumulava este cargo com o Secretário do Interior do Rio Grande do Sul ao qual estava afeta a Educação Institucional
do Estado. Com este cargo acompanhou e assinou o diploma da criação da
Universidade de Porto Alegre no qual se incluía o IBA-RS.. Para o
pensamento de Tasso Corrêa esta criação era significativa e materializava para
a Arte o Decreto Federal nº 19.852 que não criava a Universidade Brasileira para
todo território nacional como ensejava a inclusão da Arte como lugar privilegiado no espaço
acadêmico e no corpo do Estado Nacional.
Para a nova
presidência estava eleito João Carlos Machado[1], o
seu Vice seria Frederico Dähne. Como Secretário, havia sido reeleito Renato
Costa e para tesoureiro, Lindomberto Rache Vitello. Essa sessão realizou-se no prédio do ILBA-RS.
Iniciou sob a presidência de João Fernandes Moreira, que estivera à frente da
cerimônia de formatura no Theatro São Pedro e que expulsara o docente. No grande expediente,
ele narrou para a Comissão Central reunida, o incidente do discurso injurioso,
o seu controle pessoal e as providências que ele havia tomado através de demissão
do docente afrontoso. A Comissão
alvitrou que não era momento de decisões e resolveu prosseguir com a cerimônia
que estava em pauta. O presidente em exercício mandou abrir ao público as
portas da sala para a cerimônia de posse da nova direção da CC-ILBA-RS [2].
No dia 09 de novembro estava reunida de novo a
diretoria da CC-ILBA-RS, empossada no dia 26 de outubro. A pauta era a
apreciação do caso do professor demitido. O antigo presidente, que expulsara
Tasso Corrêa, retirou-se da sala para que a Comissão pudesse deliberar
soberanamente. O novo presidente expôs os fatos, sob a sua ótica e exibiu uma
lista de 102 alunos que pediam a revogação da demissão. Abriu a discussão para
consideração do plenário. Após diversas discussões, a Comissão Central, abrandou
a demissão e que deveria consistir numa advertência e uma suspensão de 15 dias.
Mas, na ata consta ‘que o caso não
deveria ir além de uma simples advertência’, contrariando a decisão tomada
antes e a consenso dessa reunião. Foi a primeiro registrou no livro das Atas da
CC-ILBA-RS da aprovação de matéria, sem ser por unanimidade. ‘Unanimidade’ era uma das palavras mais
repetidas, nessas atas. Essa norma foi quebrada, na ocasião, parecendo que a
rebelião não era só docente.
10 – O DISCURSO de TASSO CORRÊA como PARANINFO no THEATRO SÃO PEDRO em 24/10/1933.
Reproduz-se na íntegra, a seguir, este discurso de
Tasso Corrêa como índice de época, do lugar e da sociedade. Este texto merece uma leitura atenta,
integral devido a importância das circunstâncias deste pensamento.
“Exmo. sr. dr. Secretário do
Interior, snrs. diretores, srs. professores
do Instituto de Bélas Artes, Jovens Diplomandas:
- É para
mim insigne honra paraninfar a presente turma de diplomandas do Conservatório
de Música.
Surpreende-me, devéras o convite das jovens
professoras, porquanto tem sido praxe, até este momento recair a escolha de
paraninfos, em nomes alheios ao corpo docente do Conservatório de Música.
Foram paraninfos das turmas anteriores,
vultos eminentes, ficando sempre de parte aqueles que dedicam o melhor de seus
esforços, aqueles que se sacrificam em
pról da difusão do ensino da música em nossa terra, tudo fazendo pelo
engrandecimento desta casa, donde tem saído alunos brilhantes, verdadeiros
artistas.
E é do prestígio e da competência destes
mesmos batalhadores que ainda se mantém o nosso Conservatório de Música, apezar
de fatores, os mais diversos, que lhe tem tolhido o desenvolvimento.
Em 1909, o ilustre estéta dr. Olinto de
Oliveira e alguns denodados amadores, fundaram o Instituto de Bélas Artes do
Rio Grande do Sul, dando-lhe uma organização que, para aquela época, nada
deixava a desejar.
Com o correr dos anos, o Instituto foi naturalmente
progredindo, tendo ocupado a direção do departamento de música o saudoso Araujo
Viana e os professores Henri Penasse e Guilherme Fontainha.
Á frente do Instituto, desde a sua fundação,
durante mais de dez anos esteve o seu principal animador, o dr. Olinto de
Oliveira que, transferindo residência para a capital de República, deixou com a
responsabilidade do cargo um grande amigo de todos nós, o dr. Antônio Marinho
Chaves, que a par de dedicação e entusiasmo por assunto de arte, alía qualidades
de administrador, homem de boníssimo coração, animado de espírito de justiça
digno de sua personalidade.
[1] - João
Carlos. MACHADO: Secretário dos Negócios
do Interior e do Exterior do RS tinha sob a sua competência também a Educação
Pública do Rio Grande do Sul e que veio se constituir depois em Secretaria de
Educação e Saúde. Assim competiu a João Carlos Machado o comando da tramitação da constituição da
Universidade de Porto Alegre e que ele irá assinar no dia 28 de novembro de
1934 ao lado do Interventor Gen Flores da Cunha e do Desembargador Manoel André
da Rocha. - [IA.3.1 – 069] , (CD-ROM - Disco 6 - IMAGENS. -
[2] - Tal espetáculo e com
semelhante publicidade nunca havia acontecido antes e não aconteceria mais,
depois de 1933. Os membros da Comissão Central não se davam conta de que essa
seria a última posse pública de uma Diretoria da CC-ILBA-RS.
[3] - Fontes complementares:
a)III Livro de Atas (pp 5v - 9v) da CC-IBA sessões dos dias 26/10/1933 e 09/11/1933.
b) Diário de Notícias (26/10/1933 p.4.). c) Pasta funcional do prof. J.J. Andrade
Neves- Arquivo do IA-UFRGS.
Antônio MARINHO CHAVES,
- Presidente do IBA-RS de 04.10.1921 -14.10.1925
Fig. 16 – Tasso
Corrêa ressaltou, no seu discurso do
Theatro São Pedro, o papel de Antônio Marinho Chaves que ocupava a presidência da Comissão Central do IBA-RS no
tempo em que ele foi contratado como Professor de Piano. Nesta época Antônio Chaves era Secretário do
Governo do Rio Grande do Sul..
Foi uma gestão benéfica, de resultados reais,
sob todos os pontos de vista. Terminado o período de administração desse
ilustre riograndense, havia um saldo em caixa, para ser aproveitado de maneira
util, de cerca de meia centena de contos de reis.
Em 1923, seu último ano de presidência, tive
oportunidade de, na direção interina do Conservatório de Musica, constatar o
que acabo de proferir.
Sem favor, póde-se considerar o dr. Marinho
Chaves como um dos grandes bemfeitores do ensino artístico no Rio Grande do
Sul.
Daquela época para cá, nada direi, porque é
do conhecimento público tudo o que se tem passado nesta escola, onde as jovens
diplomandas colheram ensinamentos uteis e aproveitaveis no exercício da
profissão que abraçaram.
Somente acentuarei que, neste período foi
oferecido à nossa escola a melhor das
oportunidades para que ela tomasse alce, criasse asas e se elevasse á altura
dos maiores estabelecimentos congeneres.
Essa oportunidade foi oferecida a direção
do Conservatório de Música, pelo grande Otavio Rocha, o remodelador da nossa
bela capital.
Hoje teriamos incorporados ao patrimônio
do Instituto de Bélas Artes, pelo menos uns mil e quinhentos a dois mil contos
de réis.
Teriamos em plena atividade uma modelar Banda
de Musica assim como uma magnífica orquestra sinfônica.
Esta solenidade não estaria, estejam certos
disso, se realizando neste local, e sim, num imponente e adequado edifício
proprio.
De simples Escola de Música, com a creação
dos cursos necessários ao ensino de todos os instrumentos, quer solistas, para
a Banda ou orquestra, passariamos a ter, na capital do Rio Grande do Sul, um
verdadeiro Conservatório de Música.
Porto Alegre seria um viveiro de excelentes
musicistas, profissionais ou amadores.
Infelizmente o encargo oferecido pelo benemérito
edil da Capital não foi aceito, atirando-se pela janela o futuro do ensino da
musica em nossa terra.
Agora nossa esperanças estão voltadas para
aquele que dentro de poucas horas assumirá a presidência do Instituto de Belas
Artes.
Vem ele animado da melhor boa vontade e nos
proporcionará o que de melhor poderiamos desejar - a reorganização e o
reerguimento do Instituto de Belas Artes.
Para bom desempenho de seu governo, é
necessária a cooperação de todos aqueles
que sinceramente desejam o progresso desta casa.
Senhores professores do Conservatório de
Música!
Daqui por diante, creio que seremos ouvidos
em nossas sugestões, e si elas não forem aceitas, serão pelo menos, dignas de
atencioso estudo, por parte desse homem inteligente, culto, justiceiro e
patriota, que desconhece inteiramente o que sejam sentimentos menos dignos e
menos nobres.
O que falta a esta casa é justamente
dedicação, competência e largueza de vistas.
Mau grado as premencias financeiras,
poderiamos, nestes ultimos onze anos, ter atingido a um gráu de progresso e
desenvolvimento dos mais apreciáveis. Esperemos dias melhores, pois, de homens
idoneos, capazes e animados de ardorosa vontade de trabalhar, só poderão surtir
efeitos salutares.
O que cumpre, professores do Instituto de
Bélas Artes, e aqueles que nesta casa tem auferido conhecimentos, é cerrar
fileiras junto ao dr. João Carlos Machado, não creando dificuldades á sua ação,
pelo contrário apoiando-o em todos os eus atos e confiantes que de sua pessoa somente
poderemos esperar confortadora justiça.
Avulta, dia a dia, no entanto, a necessidade
para o nosso Instituto, de nova orientação, de nova organização administrativa.
Ousarei dizer aqui alguma cousa, talvez de
utilidade para aqueles que amanhã, nortearão o destino do Instituto de Bélas
Artes.
A posição de inferioridade dos professores,
assevéro sem receio de errar, é o motivo principal do fracasso das ultimas
administrações.
Os professores, aqueles que são os
verdadeiros sustentáculos deste Instituto, pelo seu trabalho profícuo e honesto
- pouca gente sabe disto - não tem garantia de espécie alguma dentro desta
casa.
Nós os professores, não temos a menor
interferência, nem na administração, nem na parte técnica.
O Instituto de Bélas Artes do Rio Grande
do Sul é uma instituição dirigida por médicos, advogados, engenheiros,
comerciantes, etc.
Daí se verifica que o Instituto, sendo uma
organização destinada á difusão do ensino artístico no Rio Grande do Sul, é orientado por cavalheiros de
alta distinção, mas que infelizmente, na sua grande maioria, nada entende de
Arte.
Pra demonstrar o absurdo da nossa
organização administrativa lembraria o seguinte: uma Faculdade de Medicina,
dirigida por uma comissão de musicos, pintores e escultores...
A sua situação deveria ser identica á do
Instituto de Belas Artes.
Eu alvitraria a idéia de se incluir, na
Comissão Central do Instituto de Bélas Artes, todos os professores desta casa,
e que essa comissão mixta, de
profissionais e de amantes das Belas Artes, resolvesse, então, sobre os
diversos assuntos técnicos e administrativos.
Entrando nos eixos e com o apoio de s. ex. o
gal. Flores da Cunha, chefe do governo riograndense, dentro de pouco tempo,
teriamos um estabelecimento modelar, para isso nos valendo, é claro, do
prestigioso baluarte do nosso atual presidente eleito, dr. João Carlos Machado,
que já deve ter alcançado a deficiência da nossa presente estrutura
administrativa.
Jovens diplomandas!
Perdôem-me esta palavras ácidas, secas, mas
estejam certas de que elas partem de quem já muito se tem sacrificado,
dedicadamente, em pról da música no Rio Grande do Sul.
Além da minha atividade no magistério
oficial e particular tenho promovido movimentos de funda repercussão na
educação musical de nossa gente. Fundei sociedades de cultura, organizei
concertos sinfônicos, promovi intercâmbio artístico com centros culturais
nacionais e estrangeiros, trazendo à Porto Alegre artistas de nome universal.
Infelizmente, pela falta de entusiasmo e
de amparo, por parte daqueles que mais se deveriam interessar pelas cousas de
Arte, entre nós, vi resultar quasi inutil a minha contribuição.
Jovens professoras!
Creio que o gesto amável e bondoso das minhas caras
colégas, convidando-me para seu paraninfo, seja um preito ao meu devotamento,
ao meu trabalho, ao meu entusiasmo. Por isso, tão grande honra só pode ser,
para mim, motivo de orgulho e de conforto.
Lamento não ter expressões ricas, frases
cintilantes de espírito, para agradecer as palavras cativantes da inteligência
e culta oradora, interprete das minhas gentis paraninfandas.
Com a minha profunda gratidão, faço os
mais sinceros e ardentes votos pela felicidade de todas, almejando, para cada
uma, um futuro brilhante, cheio de alegrias e satisfações.
Disse”.
O ritual a expulsão de Tasso Corrêa foi
protocolar, hierárquica e monocrática. O
ato dessa expulsão ganhou a forma escrita, apoiada na ordem jurídica vigente,
lavrada pelo escriturário do Instituto sob a orientação do secretário, conforme
o regimento e devidamente assinada pelo Presidente, João Fernandes Moreira. O
presidente chamou o secretário da instituição e se informou da localização de
Tasso Corrêa. Tendo obtido a resposta que ele podia ser encontrado na Casa
Beethoven. O presidente lhe confiou o texto da demissão. O secretário encontrou
Tasso Corrêa lhe comunicou o conteúdo da correspondência e colheu sua
assinatura. Ato contínuo o secretário retornou ao IBAR-RS e devolvendo ao seu
presidente a demissão assinada. -.
Esse instrumento foi entregue hierarquicamente ao Diretor do Conservatório para
conhecimento dos termos. Esse o mandou entregar a Tasso Corrêa, através de um
bedel do Instituto, num lugar público de Porto Alegre, que era a Sala Beethoven
(sala de música na qual Tasso Corrêa era diretor artístico). O bedel recolhendo a assinatura do citado,
aposta ao documento, garantiu da parte do agressor o seu conhecimento formal
dos termos de sua expulsão. Retornando ao Instituto entregou o documento
assinado ao Diretor do Conservatório que oficiou ao Presidente. O documento foi
entregue ao secretário que o encaminhou ao Arquivo do Instituto no qual se
encontra e onde foi consultado para esta pesquisa[1].
COMISÂO CENTRAL do IBA-RS – LIVRO das ATAS N º 3
folhas 8 e 9, frente verso
Sessão Extraordinária da Comissão Central em 9 de novembro de 1933.
Trata
do caso da demissão do prof. Tasso
Corrêa
Aos nove dias do mes de novembro de 1933, no
salão de honra do Instituto de Belas Artes com a presença do presidente do
Instituto, dr. João Carlos Machado e demais membros da Diretoria, e dos snrs.
desen.es Manoel André da Rocha e Florencio de Abreu,
dos drs J. Fernandes Moreira, Frederico Dähne e Fernando Pereira e dossnrs.
cel. João Maia, Othelo Rosa e dr. João Pio de Almeida, havendo numero legal, o
snr. presidente declarou aberta a sessão e mando que fosse lida por mim
secretario, a áta d sessão anterior. Posta em discussão, foi ela unanimente
aprovada. O presidente dá em seguida conhecimento do incidente ocorrido com o
dr. João F. Moreira, ex-presidente, que se retirou do recinto, afim de que a Comissão Central pudesse deliberar com a
maior isenção sobre o caso. Diz o snr. presidente que, de ha muito, existia
velha desinteligencia entre o prof. Tasso Correa e o dr.J. Fernandes Moreira, e
que mais se agravou em consequencia do temperamento agressivo daquele
professor. Os factos se precipitaram e os desentendimentos avultavam, até que
degenerou no discurso lamentavel e reprovavel do professor em publico,
quando se realisava uma audição do
Conservatorio de que ele, entretanto, é figura de relevo como professor. É do
conhecimento da Comissão a resolução do dr. J. Fernandes Moreira, que demitiu
sumariamente o referido professor. Este, diz o presidente, tem queixado sr
presidente, tendo-lhe referido até factos que visavam a sua qualidade de
professor e o diminuindo na sua autoridade perante o Instituto. Refere o
presidente que inegavelmente o prof. Tasso andou muito mal desautorizando a
administração em público, mas que tendo em vista os seus serviços de real valia
e proficiencia ao Instituto e os numerosos pedidos de alunos do Conservatorio
para que fosse evitada a retirada desse
professor, propunha que o mesmo prof. fosse suspenso por quinze dias,
tornando-se sem efeito a demissão. Esta
sua proposta, declara o presidente, não importa em desautorisar o dr. J.
Fernandes Moreira, que com tanto brilho e competencia vinha dirigindo o
Instituto, por isso quem ele desagravou-se imediatamente demitindo o prof.
Tasso. Trata-se, diz o presidente, mais
do que um caso pessoal, conforme ha pouco expoz à Comissão. O presidente exhibe
um Memorial assinado por 102 alunos do Instituto, entre eles alguns já diplomados, onde se pede a
readmissão daquele professor. Depois de trocarem demorada impressão sobre
esse incidente e a proposta do snr.
presidente, os snrs membros da Comissão Central re-
solveram
que o professor Tasso Corrêa fosse suspenso por 15 dias, tendo o snr. Othelo
Rosa achado que o caso era de advertencia por se tratar da primeira infração,
cometida por esse professor. Logo em seguida, o snr. presidente empossou o snr.
dr. Fernando de Abreu Pereira eleito em sessão anterior, congratulando-se com a
sua escolha para membro da Comissão Central. Nada mais havendo a tratar e
ninguem tendo querido usar da palavra
o
snr. presidente agradeceu a presença dos snrs. membros da Comissão Central e
encerrou a sessão. e, eu, secretario,
lavrei esta acta que vai assinada pelos snr. presidente e demais membros da Comissão
Central, comigo, Renato Costa, secretario, que a assino
João Carlos Machado, Gonçalves Viana, Othelo Rosa, João Pio, Lindomberto Rache Vitello, Dr. Sarmento Leite, José Coelho Parreira, João Maia,
Felix de Abreu e Silva.
Mesmo quando o Instituto foi admitido nos Estatutos
da Universidade de Porto Alegre, no dia 28 de novembro de 1934, pelo Decreto
Estadual nº 5.758, a Comissão Central continuou a existir formal e juridicamente. Ela era a proprietária dos imóveis, dos quais
não há registro da sua entrega à administração da nova Universidade de Porto
Alegre.
Um documento da administração da
Comissão Central do IBA-RS aos cuidados
e guardados no Arquivo do IA-UFRGS
Fig. 22 – Num
quadro e formatura do Conservatório de Música de 1934 cuja foto é guardada no
acervo dos DOCUMENTOS do ARQUIVO do INSTITUTO de ARTES da UFRGS aparece
novamente como homenageado a figura de Tasso Corrêa A sua expulsão de Tasso
Corrêa. dos quadros docentes do IBA-RS e sua constrangida readmissão só aumentou
o seu prestígio e admiração pela sua habilidade em lidar com o
contraditório.
Após o IBA-RS ser incluído na UPA nominalmente, esta
Comissão, reunida no dia 19 de julho de 1935, resolveu emendar o artigo n° 31
do regulamento do Instituto. Este passou a dizer “que o diretor do Instituto de Belas Artes, órgão executivo da direção
técnica administrativa, será nomeado pelo Governo”. Essa decisão foi
crucial, pois dividia o vértice do Instituto entre a figura do seu Presidente
eleito e nomeado pelo CC-ILBA-RS com um diretor executivo nomeado pelo governo
estadual. A figura do Presidente zelaria pela entidade mantenedora e suas
posses, enquanto zelar pelo funcionamento efetivo do Instituto cabia ao diretor
nomeado pelo governo. Aumentava a confusão administrativa, mas abria a porta
para Tasso Corrêa colocar na ordem do dia, neste ambiente institucional das
Artes, a sua “ORDEM UNIVERSITÁRIA” e
cujo projeto havia defendido publicamente no dia 24 de outubro de 1933.
SUMÁRIO dos
TEMAS da SÉRIE
de POSTAGENS RELATIVAS ao PENSAMENTO de TASSO BOLIVAR DIAS CORRÊA
Epígrafe: Uma AULA de AUTONOMIA de um ARTISTA.
163 – INTRODUÇÃO
01 – O PROBLEMA..
02 - HIPÓTESESE...
03 –.. OBJETIVOS
164 - FORMAÇÃO
04- .O PENSAMENTO de TASSO
CORRÊA e a sua ORIGEM FAMILIAR
05 - A FORMAÇÂO SUPERIOR de TASSO e ERNANI entre
os anos de 1918 -1924
06 - INÍCIO da
ATIVIDADE PROFISSIONAL de TASSO e de
ERNANI no RIO GRANDE do SUL
07 - A REVOLUÇÃO de 1930 e as ARTES
165 - A UNIVERSIDADE
BRASLEIRA e a ARTE
08 - A UNIVERSIDADE no
HORIZONTE do BRASIL
09
- O CONFRONTO de 1933 - no THEATRO SÃO PEDRO
10 – O DISCURSO de
TASSO CORRÊA como PARANINFO no THEATRO SÃO PEDRO em 24/10/1933
166 - PASSANDO para PRÁTICA
11 – A UNIVERSIDADE de
PORTO ALEGRE (UPA) e o PENSAMENTO de TASSO CORRÊA
.12 – APOIO DOCENTE a
TASSO CORRÊA e à UNIVERSIDADE de PORTO ALEGRE (UPA)
167 – O PENSAMENTO de
TASSO BOLIVAR DIAS CORRÊA EXPRESSO em CONTRATO INSTITUCIONAL
-13 – A LAVRA de um CONTRATO INSTITUCIONAL
-14 – A COMISSÃO
CENTRAL RETIRA-SE do CENÁRIO do IBA- RS
168 - ASSUMINDO as FUNÇÕES
. 15 – APOIO
DISCENTE a TASSO CORRÊA
..16 - O CONTRATO
CONTROVERSO de FERNANDO CORONA
. 17 - O DIRETOR ASSUME suas EFETIVAS FUNÇÕES.
169 - O CONSTRUTOR
...18 - TASSO CORRÊA o CONSTRUTOR
. 19 - TASSO CORRÊA
CONSELHEIRO de EDUCAÇÂO e CULTURA do RIO GRANDE do SUL
20 - TASSO CORRÊA PROPÔE a UNIVERSIDADE das
ARTES
170- CULMINÂNCIA
21 – A
CULMINÂNCIA da ADMINISTRAÇÂO de TASSO CORRÊA
22 – O 1º SALÃO PAN-AMERICANO e o 1º
CONGRESSO BRASILEIRO de ARTE
23 – Um DESFECHO INESPERADO
171 – CONCLUSÕES e LOGÍSTICA
CONCLUSÕES
FONTES BIBLIOGRÁFICAS e NUMÈRICAS DIGITAIS
SIMON, Círio - Pensamento de Tasso Corrêa (1901-1977)– Porto Alegre: monografia, 2016 ,
130 fls - com DVD, nº do sistema bibliotecas as UFRGS 000994363
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