O ENTE no SER
ARTISTA.
“A liberação
do artista possui como contrapartida natural algumas
responsabilidades.”
Marcel Duchamp em 13 de maio de
1960, na Universidade de Hofstra - USA
Fig. 01 – O ENTE de Marcel Duchamp na multiplicidade
do seu SER numa foto manipulada dos cinco “Marcelos” DUCHAMP. Estes heterônomos
da multiplicidade do seu SER de Marcel Duchamp ganharam o mundo exterior ao
exemplo de Fernando Pessoa. Multiplicaram se e se reproduziram nas suas
próprias obras como de uma legião de prosélitos. Certamente um desse cinco
é o Marcelo Duchamp pensador e erudito.. Não menos importante é Marcel que não
vivia da Arte e buscava outros meios para transformar em mercadoria a sua
criação e subversão.
O
ENTE no SER.
O ENTE é inacessível e incompreensível para a inteligência humana. A inteligência, a vontade e a sensibilidade necessitam contentar-se com os seus índices. Estes índices são produzidos pelo ENTE no seu modo de SER. No mundo da ARTE, a sentença o ENTE no SER de Heidegger, recebe índices muito próximos do enigma humano.
A gratuidade da Arte e o seu desapego ao restante do mundo pragmático e artificial - construído pela criatura humana – permitem evidenciar, na obra de Arte, uma proximidade muito grande ao ENTE humano por meio do seu modo de SER nesta manifestação.
O ENTE é inacessível e incompreensível para a inteligência humana. A inteligência, a vontade e a sensibilidade necessitam contentar-se com os seus índices. Estes índices são produzidos pelo ENTE no seu modo de SER. No mundo da ARTE, a sentença o ENTE no SER de Heidegger, recebe índices muito próximos do enigma humano.
A gratuidade da Arte e o seu desapego ao restante do mundo pragmático e artificial - construído pela criatura humana – permitem evidenciar, na obra de Arte, uma proximidade muito grande ao ENTE humano por meio do seu modo de SER nesta manifestação.
Para afastar qualquer ingerência, nesta grande
proximidade ao ENTE, o artista repudia qualquer sombra de autoridade como uma
ameaça à sua autonomia no seu modo de SER.
Este artista resiste a qualquer heteronomia de sua inteligência, vontade e sensibilidade, ainda que o preço desta autonomia seja aquela da favela e de se auto enjaular.
Este artista resiste a qualquer heteronomia de sua inteligência, vontade e sensibilidade, ainda que o preço desta autonomia seja aquela da favela e de se auto enjaular.
Fig. 02 – A universidade primordial e próxima de
Marcel Duchamp foi a companhia dos seus próprios irmãos que seguiram e ganharam o mundo exterior na multiplicidade
do seu SER de cada um. Coerentes cada um deles abriu caminho no mundo de
forças das artes visuais sem sombrear e nem cair na heteronomia estética de um
de outro. Não menos importante é Marcel
que não vivia da Arte e buscava outros meios para transformar em mercadoria a
sua criação e subversão.
Na
cultura grega a ESCOLA era o LUGAR do ÓCIO e onde se abdicava do “neg-ÓCIO” e
trabalho. Não tinha o sentido de ser destinado só para a infância. Qualquer um
podia interromper os seus afazeres e sentar-se na praça ao pés de um mestre
para ouvir suas lições e os afortunados sair com algum pergaminho vendido pelos
sofistas mercenários.
A
ESCOLA era o LUGAR do ÓCIO desapareceu com a era industrial e as
especializações profissionais. O sistema de ensino-aprendizagem exigia uma
entrada, um desenvolvimento e uma saída. Saída coincidindo com a diplomação mas que a vitima saísse deste
sistema pior do que entrou. O artista sempre resistiu a este sistema.
Fig. 03 – O “ NU DESCENDO a ESCADA” de Marcel
Duchamp é um dos índices da competência de o artista de se informar e construír
a seu próprio caminho. Caminho no qual valeu-se do acervo formal aberto pelo
Cubismo, do impulso do Futurismo e dos primórdios do Dadaísmo e do Surrealismo.
Sem ecletismo constrói obra própria e única. O “ NU DESCENDO a ESCADA” de recebido e
divulgado e consagrado como uma das amostras
um deste Marcel Duchamp que despontava no campo de forças da Artes
Visuais do seu TEMPO. Porém Marcelo Duchamp naõ transformou este ícone da sua criação em mercadoria. Ao contrário não
plagio a sua descoberta e continuou a
subverter a Arte e buscar outros meios intelectuais e eruditos para projetar
o seu ENTE no seu modo único de SER.
Porém
com a especialização, a profissionalização e com vistas a um
potencial mercado de arte ele deveria iniciar cedo ou seu desenvolvimento
especialmente num espaço e numa cultura concorrencial. Para o artista sempre valeu o adágio “A ARTE é LONGA- A VIDA é BREVE”.
Fig. 04 – Marcel Duchamp projetou outra faceta do seu ENTE no seu modo único de SER por meio da
sua obra o “GRANDE VIDRO ”. Obra literalmente acabada no momento do ESTALO
FÌSICO DO VIDRO constitui outro índice
dos meios intelectuais e eruditos do artista ao construir o seu próprio caminho
materializado em obra própria e única. A epígrafe da obra “ A NOIVA DESPIDA PELOS SEUS
PRETENDENTES” abre um imenso leque das
mais variadas versões hermenêuticas. Hermenêutica que o próprio artista buscava
explicações e comunicações, comentários e ilações. No seu conjunto- e no seu trânsito
através destas narrativas - Marcelo
Duchamp não o transformou em mercadoria. Constitui mais um índice das suas descoberta e na infinidade que o arista visual possuo
para desvelar o seu ENTE no seu modo de SER.
A
argumentação de Marcel Duchamp se dirige na direção do desenvolvimento do
artista num espaço e numa cultura
concorrencial com as demais profissões
SANOULLET, Michel. DUCHAMP DU SIGNE réunis et présentés
par Michel Sanouillet Paris
Flammarrion,
1991, pp. 236-239
-
O artista deve ir à universidade? [1]
‘Burro
como um pintor’ !
Este
provérbio francês remonta pelo menos ao tempo da vida de Bohème de Murger, ao
redor de 1880, e que é usado como gracejo nas discussões.
Por
que o artista deve ser considerado menos inteligente do que os demais?
Seria
devido a sua atividade técnica é essencialmente manual e não possui vinculo
direto com o Intelecto?
[1] - Texto de uma alocução em
inglês pronunciada por Marcel Duchamp, num colóquio organizado em Hofstra em 13
de maio de 1960.
Consta em SANOULLET, Michel. DUCHAMP
DU SIGNE réunis et présentés par.. Paris Flammarrion, 1991, pp. 236-239
Fig. 05 – O sistema e o mercado de arte transformaram
Marcel Duchamp num mito e num fetiche reduzindo-o à intrigas e insumos para projeta
o seu modo estandardizado de classificar e de vender os seus mitos simbólicos e
físicos. Acima de intrigas, mitificações e produtos prontos Marcel Duchamp
continuou a cultivar outras facetas do
seu ENTE no seu modo único de SER por meio da sua obra. Marcelo
Duchamp continuou a explorar a pintura da pinta e pincel sobre uma superfície
plana. Nestes recursos físicos tão limitados e batidos as suas pinturas de
paisagens constituem mais um índice das
suas descobertas e na infinidade que o
arista visual possuo para desvelar o seu ENTE no seu modo de SER.
Seja
como for, possui-se a concepção geral
que o pintor não possui necessidade de uma educação específica para
tornar-se um grande artista.
Mas
hoje estas concepções não possuem mais fundamentos, pois as relações entre o
artista e a sociedade mudaram quando o artista firmou a sua liberdade, no final
do século XIX.
Hoje
em dia, em vez do artista estar ao serviço de um monarca, ou da Igreja, o
artista pinta livremente e nem está ao serviço de mecenas aos quais ele impõe a
sua estética pessoal, em vez de estar a
seu serviço.
O
conde Raul de Roussy de Salles jogando xadrez com MARCEL DUCHAMP- Foto Man Ray 1925
Fig. 06 – Os infinitos lances possíveis no jogo de
xadrez fascinaram Marcel Duchamp. Marcel Duchamp cultivava o seu ENTE no seu modo único de SER por meio de
partidas de xadrez e assim mantendo distância e não se envolvendo
pessoalmente nas intrigas, mitificações
e produtos prontos da cultura de sua época. Na infinidade de combinações Marcelo
Duchamp continuou a explorar a ideia do
lançamento de dados na Arte de Stephan
Mallarmé[1]
Em
outros termos, o artista agora está inteiramente integrado na sociedade.
O
artista de hoje, emancipado há mais de um século, se apresenta como um homem
livre, dotado com as mesmas prerrogativas do cidadão comum e fala de igual para
igual com o comprador de suas obras.
Esta
liberação do artista possui como contrapartida natural algumas
responsabilidades que ele antes podia ignorar quando era um pária ou um ser
intelectualmente inferior.
Entre
as suas responsabilidades, uma das mais importantes é a EDUCAÇÃO do seu
intelecto, ainda que o intelecto não seja a base da genialidade artística.
Evidentemente
que a profissão do artista assumiu seu lugar na sociedade hodierna a um nível
comparável aquelas das profissões ditas «liberais». Ele não é mais, como
antigamente, uma espécie de artesão superior.
Para
permanecer e sentir-se ao nível dos advogados, dos médicos, etc., o artista necessita receber a mesma formação
universitária.
Ademais
o artista possui, na sociedade moderna, um papel muito mais importante que do
artesão ou do palhaço.
Fig. 07 – O mundo comandado pelas máquinas e a
crescente impossibilidade de a criatura humana ser medida e centro seu ENTE no
seu modo único de SER estava sendo confiado às máquinas. Na longa
preparação e posterior divulgação pessoal da sua obra “A
NOIVA DESPIDA PELOS SEUS PRETENDENTES”
Marcelo Duchamp gerou esquemas,
fez palestras par evidencia esta distância e mistério da comunicação humana e
os seu limites
O
artista encontra-se face ao mundo fundado sobre o materialismo brutal no qual
tudo é avaliado em função do BEM ESTAR MATERIAL e no qual a religião, depois de
ter perdido muito espaço, não é mais a grande distribuidora dos valores
espirituais.
O
artista é hoje em dia um estranho reservatório de valores para-espirituais em
oposição absoluta com o FUNCIONALISMO diário, pelo qual a Ciência recebe uma
admiração cega. Digo cego, porque não creio mais na importância suprema destas
soluções científicas que não atingem mais os problemas pessoais do ser humano.
Por
exemplo, as viagens interplanetárias parecem
ser um dos passos prioritários em direção um auto-denominado «progresso
científico» e contudo estes passos nada
mais são, em última análise, do que o alargamento do território colocado a
disposição da criatura humana. Não posso ser impedido de considerar isto como
uma simples variante do atual MATERIALISMO que afasta o indivíduo, cada vez
mais, da procura do seu EU interior.
Isto
nos leva à importante preocupação do artista contemporâneo que é, na minha
opinião, informar-se e manter-se atualizado do auto-denominado «PROGRESSO
MATERIAL QUOTIDIANO».
Fig. 08 – A fortuna do “GRANDE VIDRO” só é possível
em culturas e civilizações competentes, aparelhadas e com profissionais para
estudar, conservar e multiplicar as lições desta natureza. Civilizações e culturas que consideram
significativos e basilares de sua origem, desenvolvimento e sustentação por
tempo indeterminado.
Nesta
direção estas culturas e civilizações desenvolvem e projetam o seu ENTE no seu
modo único de SER. A obra “A NOIVA DESPIDA PELOS SEUS PRETENDENTES” de Marcelo Duchamp teve a fortuna de fecundidade
na sua divulgação, estudo e abertura de caminhos para outros artistas.
Dotado
de uma formação universitária, o artista não precisa temer o assalto de
complexos nas relações com os seus contemporâneos. Graças a esta educação, ele
terá ao seu dispor ferramentas adequadas para opor-se a estas questões materialistas
por meio do EU cultivado no quadro dos valores espirituais.
Para
ilustrar a situação do artista, situado no mundo econômico contemporâneo,
observa-se que todo o trabalho ordinário é remunerado, mais ou menos, conforme
o número de horas empregadas para realizá-lo, enquanto, no caso de uma pintura,
o tempo usado na sua execução, não é tomado em conta, quando se trata de fixar
o preço, e que este preço varia conforme a celebridade de cada artista.
Os
valores espirituais, ou interiores acima mencionados, e dos quais o artista é a
grande fonte, por assim dizer, e valores que dizem respeito ao indivíduo tomado
separadamente, em contraste com os valores gerais que se aplicam ao indivíduo
fazendo parte da sociedade.
E
sob a aparência, estou tentado dizer sobre o disfarce, de um dos membros da
raça humana, o indivíduo é de fato sozinho e único e no qual as características
comuns a todos os indivíduos, tomados no conjunto, não possuem nenhuma relação
com a explosão solitária de um indivíduo entregue a si mesmo.
Max
Stirne estabeleceu claramente, no século XIX, esta distinção numa obra notável
denominada Der Einziger und Eigentum[1],
e que, se de uma grande parte da educação se aplica ao desenvolvimento destas
características gerais, uma outra parte, tão importante, da formação
universitária desenvolve as faculdades mais profundas do indivíduo, do
auto-análise e do conhecimento da nossa herança espiritual.
Fig. 09 – Marcelo Duchamp migrou aos Estados Unidos onde lecionava francês aos norte-americanos
para se manter materialmente e para jogar xadrez. Manteve em suspenso (epoch) a
produção de obras físicas. Abstinha-se de
desenvolver obras
físicas e de projetar o seu ENTE no seu
modo único de SER contrariando frontalmente o pragmatismo escancarado que a
cultura norte-americana despejava no mundo e de cujo retorno vivia e se
reproduzia.
Estas
são as qualidades importantes que o artista adquire na universidade e que lhe
permitem sustentar vivas as grandes tradições espirituais com as quais a
própria religião parece haver perdido o contato.
Creio
que hoje, mais do que nunca, o artista possui esta missão para-religiosa a cumprir: manter acesa a chama de uma visão
interior da qual a obra de arte parece ser a tradução a mais fiel para o
profano.
Isto
quer dizer que para cumprir esta missão, é indispensável a educação no mais alto
grau.
Fig. 10 – Marcelo Duchamp praticou, em diversas
ocasiões, deslocamentos de objetos banais (l’objet trouvé)[1] - da era industrial - retirados de sua função primeira e original
para figurarem em ambientes consagrados e legitimadores das Artes Visuais. Nestes
deslocamentos Marcel Duchamp explorava este estranhamento e ruptura de ambas as
funções. A ruptura estética, funcional e
econômica tinha por projeto abrir espaços para que o ENTE do observador
modificasse o seu modo de SER único e de SENTIR a ARTE consagrada e canônica do
presente e do passado.
Além
desta argumentação de Marcel Duchamp na direção do desenvolvimento do
artista num espaço e numa cultura
concorrencial com as demais profissões é necessário ter em conta o argumento de
que “uma pintura é uma coisa mental” de Leonardo da Vinci. Acresce-se a
afirmação de Corbusier de que “o permanece de uma obra de arte é o seu
pensamento”.
A
institucionalização da Arte na Universidade é um problema que está distante do solução. A Universidade
iniciou com as Artes que eram compreendidas a Medicina, a Astrologia.. Houve
muita dificuldade quando o artista se emancipou do Estado e da Igreja e tomou o
ruma da criação e da criatividade na concepção contemporânea. Este conflito
está amainando. Mas os ânimos se alteram quando a Universidade tornou-se um
centro de cursos superiores profissionalizantes. O artista insiste na
humanização do mundo e tem muita dificuldade em se submeter ao mercado, ao
reducionismo profissional e qualquer heteronomia da inteligência, vontade e
sentimentos.
Fig. 11 – Outro objeto encontrado (l’objet trouvé) no
qual Marcel Duchamp praticou, além dos
deslocamentos destes objetos banais, os uniu, e gerou a tensão entre o
estático (banco) e dinâmica (roda) . Nesta intervenção e deslocamentos
Marcelo Duchamp encontra a complementariedade entre opostos sem recorrer á
tensões emocionais, grandes discursos ou narrativas. O ENTE do observador - na
sua rotina produtiva e inquisidora - se modifica
e é subvertido no seu modo de SER e de SENTIR a ARTE consagrada e canônica do
presente e do passado no qua a Arte possuía uma função pragmática definida.
Ganha
sentido o exemplo do pintor Pedro Amarico que foi o primeiro brasileiro a
receber o título de doutor em Filosofia por meio de defesa pública de tese[1]
na Universidade Livre de Bruxelas. Pedro Américo compreendeu, na infância
ainda, a difícil escolha pelo mundo da Arte. A fama como a recompensa do
artista, apregoada por Alberti, necessitava primeiro o trabalho, depois viria o
dinheiro, ao natural. Marcel Duchamp era um artista que sabia negociar o valor
simbólico das suas obras, escreveu no texto
(1991- p. 237)aqui reproduzido:
“Para
ilustrar a situação do artista, situado no mundo econômico contemporâneo,
observa-se que todo o trabalho ordinário é remunerado, mais ou menos, conforme
o número de horas empregadas para realizá-lo, enquanto, no caso de uma pintura,
o tempo usado na sua execução, não é tomado em conta, quando se trata de fixar
o preço, e que este preço varia conforme a celebridade de cada artista. Os
valores espirituais, ou interiores acima mencionados, e dos quais o artista é a
grande fonte, por assim dizer, e valores que dizem respeito ao indivíduo tomado
separadamente, em contraste com os valores gerais que se aplicam ao indivíduo
fazendo parte da sociedade”.
Pedro
Américo compreendeu muito bem esta sua tarefa,
ao mesmo tempo solitária, e do outro lado, constituindo-se, a si mesmo,
como fractal de toda uma raça. Novamente Marcel Duchamp (1991- p.238) sintetiza
neste mesmo texto:
“E
sob a aparência, estou tentado dizer sobre o disfarce, de um dos membros da
raça humana, o indivíduo é de fato sozinho e único e no qual as características
comuns a todos os indivíduos, tomados no conjunto, não possuem nenhuma relação
com a explosão solitária de um indivíduo entregue a si mesmo”.
Um
contemporâneo de Pedro Américo, Friederich Nietzsche, conferiu ao artista uma autonomia que deriva
da própria natureza da arte, quando Nietzsche[2]
escreveu
(1999, p.143) que resumiu ao afirmar ( 2000, p.134) que a:
“ a Arte não pode ter sua
missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais elevado que
sobre passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É o único
inútil, no sentido mais temerário”
Pedro Américo soube, com os conhecimentos
adquiridos nas Ciências Naturais e na Filosofia, exerceu e explorou a dialética
da homeostase entre Arte e utilidade pragmática Ou na síntese de Freud “transformar o tabu em totem”[3].
No
texto de Marcel Duchamp perpassa um aspecto transformador e transgressor humano.
Texto no qual o sentimento de
“PERTENCIMENTO” do artista ao seu TEMPO (Zeitgesit), seu LUGAR Weltgesit) e à sua própria SOCIEDADE (Volksgeist) ganham
forma e coerência. A OBRA de ARTE constitui um documento privilegiado e
coerente destas três dimensões.
[2] - NIETZSCHE,
Frederico Guillermo (1844-1900) Sobre
el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.
[3] FREUD,
Sigmund.(1858-1939). Totem e tabu (1913). 2ª.ed. Rio de Janeiro : Imago 1995, pp.
13-193 (Edição standard brasileira de
obras psicológicas completas de Sigmund Freud ,volume 13)
MARCEL
DUCHAMP no seu atelier Foto Carier
Bresson
Fig. 12 – A fidelidade do artista ao seu projeto de
vida - de desvelar o seu próprio ENTE no seu modo de SER - pode ser percebida ao longo de toda existência
de Marcel DUCHAMP. Os seus silêncios e suspensão temporária do seu FAZER físico
podem ser comparados aos silêncios do músico e performer norte americano John Cage (1912-1992). A A lápide do seu túmulo foi a derradeira e continuada lição do mestre da provocação, do desafio
e da invenção a partir do que existe. Duchamp subverteu simbolicamente este mundo e projetou esta subversão para além túmulo..
Quanto
mais conhecimento, vontade e sentimento ele for competente para conectar com a
forma física e sensível de sua obra, mais esta obra será portadora do seu
TEMPO, seu LUGAR e a sua SOCIEDADE. Neste aspecto é altamente benéfico o
cultivo do HÁBITO de INTEGRIDADE na UNIVERSIDADE. Tanto o artista, a sociedade
e mesmo a economia só terão a ganhar com a ARTE na UNIVERSIDADE. Nesta
circulação da produção a UNIVERSIDADE ganhará
o poder simbólico de que a obra de arte é portadora. A Universidade como
mantenedora pode cumprir o seu papel de iluminar os HÁBITOS de INTEGRIDADE
INTELECTUAL MORAL e SOCIAL.
Túmulo
da família DUCHAMP VILLON no cemitério monumental da cidade de ROUEN na FRANÇA
Fig. 13 – O lugar no qual as cinzas de Marcel
DUCAHMP foram juntar-se ao OUTROS que morrem. A derradeira lição do mestre e
o seu continuado silêncio,foram previstos e planejados como uma provocação, do
desafio e da invenção a partir do que existe
é incontrolável. Ele mesmo planejou a subversão simbólica e projeção para além
túmulo do seu ENTE no seu modo de SER..
Resta
saber se tudo isto interessa à UNIVERSIDADE e à ARTE.
Esta
mesma UNIVERSIDADE pode ser um reforço no seu modo de SER como constituir uma armadilha fatal para o candidato que deseja
fazer o seu caminho existencial no mundo da forças da Arte. É reforço na medida em que este
candidato encontra, dialoga com alguém experimentado neste caminho e cercado de
outros candidatos à esta vida na Arte. Porém a UNIVERSIDADE não garante e nem
prometa aos temerários e voluntariosos que ela mesma não seja uma armadilha
mortal. Armadilha na medida em que este temerário não encontra de fato e de
direito o seu ENTE no seu modo de SER. Modo de SER que se auto limita em
gestos, obras e pensamento de OUTROS. Outros dos quais este pretendente possui
conhecimento muito próximo, com os quais se identifica sem corresponder ao seu
ENTE nem ao seu modo de SER.
Assim
o problema e o desafio de Marcel DUCHAMP continuam de pé e válidos. Cada estudante, universidade e sociedade em cada TEMPO e cada LUGAR necessita atualizar a pergunta:
- O artista deve ir à universidade?
FONTES
BIBLIOGRÁFICAS.
FIGUEREDO e MELO,
Pedro Américo de(1843-1905) – LA SCIENCE et les SYSTÈMES: questions d´histoire et de philosophie
naturelle. Bruxelles
: Gustave Mayolez, 1869, 169 p.
-------–
Considerações filosóficas sobre as
belas-artes entre os antigos (1864)–
Estudo introdutório de Silvano Alves Bezerra da Silva. João Pessoa : Editora Universitária – UFPB,
2006, 256 p
FREUD,
Sigmund.(1858-1939). Totem e tabu (1913). 2ª.ed.
Rio de Janeiro : Imago 1995, pp. 13-193
(Edição standard brasileira de obras psicológicas completas de Sigmund
Freud ,volume 13)
HEIDEGGER, Martin. (1889-1979) SER e TEMPO. Tradução e organização de Fausto Castilho (1929- ).- Campinas SP: Editora da
Unicamp; Petrópolis, RJ: Editora. Vozes, 2012, 1199 p ISBN 978-85-268-0963-5
NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900) Sobre
el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179
FONTES NUMÉRICAS
DIGITAIS.
La BOHÈME
e HENRI MURGER (1822-1861)
IRMÂOS DUCHAMP VILLON
MARCEL
MARCEL DUCHAMP por Henri Cartier
Bresson
MARCEL DUCHAMP : OBRA, ETAPAS, INFLUÊNCIAS e PROSÈLITOS
MARCEL DUCHAMP :explicando a própria OBRA e VIDEOS
MARCEL DUCHAMP no JOGO de XADREZ
EPÍGRAFE do TÚMULO da MARCEL DUCHAMP em ROUEN - França
SER um INDIVÍDUO chez MARCEL DUCHAMP
SIMON, Cirio - Origens
do Instituto de Artes da UFRGS: etapas entre 1908-1962 e contribuições nas
constituição de expressões de autonomia dos sistema de artes visuais no Rio
Grande do Sul Porto Alegre : Orientação KERN, Maria Lúcia Bastos .PUC -
RS, 2003—570 p..- versão 2012. em DVD
Disponível
digitalmente
REPOSITÓRIO UFRGS
SITE PESSOAL
DOMÍNIO PÚBLICO
BRASILEIRO
SÉRIE de POSTAGENS
ARTE no RIO GRANDE do SUL
[esta série desenvolve o tema “ARTE no RIO
GRANDE do SUL” disponível em http://www.ciriosimon.pro.br/his/his.html ]
123 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 01
GUARDIÕES das SEMENTES das ARTES
VISUAIS do RIO GRANDE do SUL
124 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 02
DIACRONIA e
SINCRONIA das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL nos seus ESTÁGIOS PRODUTIVOS.
125 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 03
Artes visuais indígenas sul-rio-grandenses
126 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 04
O projeto civilizatório jesuítico e a Contrarreforma no Rio Grande do
Sul
127 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 05
Artes visuais afro--sul-rio-grandenses
128 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 06
O projeto iluminista contrapõe-se ao projeto da Contrarreforma no Rio
Grande do Sul.
129 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 07
A província sul-rio-grandense
diante do projeto imperial brasileiro
130 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 08
A arte no Rio Grande do Sul diante de projeto republicano
131 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 09
Dos primórdios do ILBA-RS
e a sua Escola de Artes até a Revolução
de 1930
132 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 10
A ARTE no RIO GRANDE do
SUL entre 1930 e 1945
133 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 11
O projeto da democratização da
arte após 1945.
134 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 12
A ARTE e a
ARQUITETURA em AUTONOMIA no RIO GRANDE do SUL
135 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 13
A ARTE no RIO GRANDE do SUL entre 1970 e 2000
136 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 14
A ARTE no RIO
GRANDE do SUL entre 1985 e 2015
121 - ESTUDOS de ARTE 018.
DUCHAMP a GUISA de CONCLUSÃO: “O ENTE no SER
ARTISTA”.
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em língua nacional brasileira e respeita a formação histórica deste idioma.
Referências para Círio SIMON
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