QUANDO o ÓTIMO é
INIMIGO do BOM
ou quando os CRIADORES de CULTURA marcham solidários, interativos e civilizados
na LUTA CONTRA a OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA.
Fig.
01 – A civilização humana considerada
pelos vetores cartesianos dos eixos x -
y dispostos na x-sincronia horizontal [Volksgeist] pelo progressão do tempo
considerado na y-diacronia vertical [Zeitsgeist] na qual
se acumulam uma sobre a outra as diversas etapas. Falta o eixo z-dispersão espacial [Weltgeist], nesta
representação bidimensional, indicando os diversos lugares do planeta nos quais
se desenvolveram estas civilizações.
O ÓTIMO é inimigo do
BOM. Este parece também o mote da luta da PÓS-MODENIDADE contra a MODERNIDADE.
Em termos materiais seria a luta da ERA PÓS-INDUSTRIAL com a ERA INDUSTRIAL Uma
das características da ERA INDUSTRIAL foi a produção em série com a marca da
OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA embutida nos seus produtos. A indústria
automobilística fabricava um modelo para um ano. No ano seguinte lançava outro
modelo no mercado que tornava o ano anterior não só obsoleto, mas arcaico por
melhor que fosse.
Fig.
02 – Uma imagem
do prédio, em ruinas, da antiga
fábrica de laticínios DEAL, depois CORLAC,
de Porto Alegre. Funcionando
vinte quatro horas e sete dias por semana acumulava [entrada] todo o leite
produzido na região, o industrializava [processava] e o distribuía [saída] num
legítimo e autêntico SISTEMA da ERA INDUSTRIAL ao modelo taylorista. Reinando
soberano sobre este sistema estava o relógio como controle de cada fase. As
micro industrias, de cada bacia leiteira, tornaram obsoleto este caro e
concentrador sistema industrial.
Na ERA INDUSTRIAL uma
casa não podia ser mais personalizada, pois estaria fora dos bens simbólicos produzidos pelo e para
o mercado imobiliário que trabalha com produtos estandardizados e com preços
coerentes com esta classificação impessoal. Os resultados foram enormes
conjuntos residenciais em série absolutamente iguais e até o menor elemento ao
estilo do nosso antigo BNH.
Fig.
03 – A capital brasileira foi concebida
e construída ao modelo da era indústria. Nesta imagem torna-se evidente a rápida e a irreversível obsolescência da
parte original (1956-1960) e a sobreposição de prédio concebido e executado na
pós-modernidade com meios eletrônicos de planejamento e peças produzidas
especificamente para a obra.
A ERA PÓS-INDUSTRIAL deu
um passo a mais neste caminho, mas personalizando cada peça com a ajuda do robô
e da informática. Tornou os seus produtos
virtuais e diferentes peça a peça. Um dos exemplos extremo na informática é
trabalho em “nuvens”. O produto individualizado, com o seu IP numérico-digital,
possui mecanismos e programas virtuais e
descartados logo após o seu uso, pois estes produtos estão em rede mundial.
Porto Alegre não possui
vestígios, no seu isolamento pontual, nem índices de haver participado ativa e
pioneiramente dos movimentos estéticos que se autodenominam de e glorificam com
“contemporâneos”. Autodenominados heróis e pioneiros que forçam a sua passagem e a querem continuada,
brilhante e glorioso num PROGRESSO
UNIVERSAL de uma carruagem impossível de frear. Contudo a arte praticada em
Porto Alegre não pode ser desqualificada, contornada e morta como algo abjeta.
Muito menos ser isolada pontualmente e sem o direito de continuar no caminho.
http://www.sul21.com.br/blogs/miltonribeiro/2011/05/12/o-mata-borrao/
foto João Alberto Fonseca da Silva.
Fig.
04 – A pós-modernidade temporã para a
cultura de Porto Alegre e produzido na obra do MATA-BORRÃO
projeto do arquiteto Marcos David
HECKMANN. Uma obra fora da série industrial, com os materiais desta,
contudo sem se submeter a linha de montagem em série. Certamente também não é
uma obra do artesanato, mas elas estão marcando presença e que, na
pós-modernidade, são planejadas peça a peça no computador e produzidas com os
cortes a laser. O MATA-BORRÃO faz
pensar na concepção da pirâmide do Louvre pelo arquiteto chinês Pei e a
produção de cad peça única e exclusiva para esta obra.
O caso do “Mata Borrão”
construído no lugar do prédio projetado por Oscar Niemeyer de época posterior
ao seu projeto do IPE-RS. Ou o caso de Brasília com arquitetura inteiramente
degradada recebendo uma camada superior em outra época e com outros materiais [fig. 03]
. Com certeza não é mais concebível o grito passageiro e isolado de quem
sozinho quer mudar a História, ou, ao menos, mostrar que foi o vanguardeiro na
área. No contraponto a este grito isolado é cada vez mais necessária na marcha
solidária, interativa e civilizatória que necessita da capacidade de cada um para atingir projetos que tornem
estas marchas históricas.
Este grito isolado não
se constitui uma simples quebra de protocolos, de contratos e de tradições - sem
um projeto instaurador de algo capaz de suportar as adversidades e os seus
contraditórios – continua sendo uma pirraça infantil, uma barbárie de bugres ou
até um assalto de delinqüentes qualificados. Em especial numa época em que a
humanidade dispõe os bens culturais provenientes de projetos de todos os
quadrantes, de todos os tempos num gigantesco acervo virtual de bens simbólicos
e materiais. No entanto, não é só este patrimônio gigantesco que enrique a
humanidade, mas, e sobretudo, é a capacidade de mudança individual e coletiva,
de educação continuada e de vitalidade na circulação no âmbito das novas
circunstâncias.
Fig.
05 – Uma das figuras lembradas em cada passo da pós modernidade é FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE (1844-1900)
aqui numa foti ao lado da mãe. A produção compulsiva do
pensamento deste filósofo alemão foi de dimensões gigantescas e de um caos
continuado. Este pensamento foi organizado pelas mãos de sua mãe e, especial,
pelas das suas irmãs. A pós-modernidade permite as interações femininas para muito além da modernidade da
era industrial e infinitamente mais do que na era agrícola quando pareciam
puras e simples posses familiares e do clã a que pertenciam
Esta capacidade de
flexibilidade mental também atinge o universo das forças estéticas. Se na era
industrial a Arte seguia tendências - e que alguns consideravam estilos
artísticos - a pós-modernidade oferece uma gama múltipla na sua produção como
na recepção de cada uma das suas manifestações. De um lado não é mais possível
reduzir estas manifestações a leituras e
narrativas lineares e unívocas, ao modelo da linha de montagem industrial.
Estas manifestações da pós-modernidade, exigem não só produtores coerentes com
esta virtualidade como observadores competentes para a sua adequada decodificação.
Um sistema é
característico da era industrial visto pelo lado da semiótica. Um sistema
possui a entrada de implementos, uma
fase de elaboração e que culmina na
sua saída e recepção da parte de
consumidores. Este sistema também entrou e uma fase de obsolescência apesara de
mover ainda o Mercado de arte físico. A pós-modernidade, com os seus produtos,
que se desviam do múltiplo físico e ingressam no mudo virtual, trabalha em rede
e interação.
De um lado esta
concepção da arte - retomada da sua raiz -permite afirmar, de novo, que ela
reside em quem a produz e não no produz e que passa ser um mero índice de que
produz. De outro lado aproxima a Arte da concepção de Leonardo da Vinci de que
“um quadro era algo mental”.
Não faltam precursores
desta retomada da Arte a partir dos seus fundamentos. Assim o percurso das
obras e pensamentos de Friedrich Wilhelm Nietzsche, Marcel Duchamp e John
Cage mostram as múltiplas possibilidades de o ENTE materializar-se no modo de
SER. Nas Artes Visuais Marcel Duchamp chegou a materializar um grande número de
índices do seu pensamento e que se afastam de produtos em série com a marca da
OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA da era industrial.
Fig. 06 – MARCEL DUCHAMP
-1889-1968
Esta concepção
pós-moderna resguarda o ENTE humano do perigo de seu SER tornar-se um produto
que se confunde com os resultados da máquina e de sistema controlado por poderes
Cabe o contraditório a
qualquer entusiasmo precoce, pois a pós-modernidade não pode ser mitificada e
ser vista como mais uma retomada da antiguidade clássica, Renascimento italiano
o modernidade clássica. Ele é apenas mais uma passagem como foi o Helenismo e
Maneirismo.
A pós-modernidade possui
respostas bem mais amplas, circunstanciadas e objetivas para a pergunta de QUEM REALIZA o BEM-ESTAR, a CIVILIZAÇÃO e o
PROGRESSO. O mesmo pode ser dito em relação à Arte onde desapareceram os
grandes ícones, o gênios da Arte e os chefes de escolas, movimentos e
tendências.
Fig.
07 – MARCEL DUCHAMP -1889-1968 A noiva
despida pelos seus pretendentes 1915-1923
Nas narrativas, e
própria História, muitas vezes parece que o progresso no Brasil foi realizado
por tal ou qual regime. Quando o bem-estar, a civilização e o progresso são, e
foram realizados, pelo PODER ORIGINÁRIO.
Muitas vezes este PODER
ORIGINÁRIO estava distante, seguia outro caminho dos chefes nominais e nem
tomava conhecimento do que o governo tal ou qual estavam realizando ou
defendendo de forças adversas a ele.
Evidente que todos olham
para o vértice da pirâmide e que está sentado sozinho neste topo. Muitas vezes
estes ocupantes, deste lugar elevado, não faziam outra coisa do que se
equilibrar neste vértice e se vangloriar do tempo em permaneciam neste
exercício.
Fig.
08 – MARCEL DUCHAMP -1889-1968 “A
noiva despida pelos seus pretendentes” 1915-1923 ou o “GRANDE
VIDRO numa reconstrução museológica . O original é único e
irreconstruível, pois o vidro trincou, após 8 anos de trabalho nesta obra.
Diante disto o artista deu a obra como concluída.
Para o historiador
também fica mais fácil e para os seus leitores mais evidente acompanhara a
ascensão, a permanência e queda deste vértice de um único sujeito singular. Na
verdade é uma biografia deste sujeito que se dedica a este projeto ambicioso.
No entanto escapa para esta narrativa e fica obscuro para a maioria dos
leitores e publico em geral o que de fato ocorreu neste período abduzido por um
sujeito singular.
Historicamente já foi
comprovado o contraponto de que não é possível admitir que a “quantidade gera a qualidade”, ou a tese
da socialização igualitária da Arte. Alguns indivíduos conseguem, como num
fractal do todo ao qual pertencem, expressar, em si mesmos, este todo como o
artista Marcel Duchamp percebeu e expressou (1960) esta questão do fractal do
todo em cada indivíduo da espécie:
“E sob a aparência,
estou tentado dizer sobre o disfarce, de um dos membros da raça humana, o
indivíduo é de fato sozinho e único e no qual as características comuns a todos
os indivíduos, tomados no conjunto, não possuem nenhuma relação com a explosão
solitária de um indivíduo entregue a si mesmo”[1].
Trata-se deste grito
isolado que é cada vez mais necessário na marcha solidária e interativa na
multidão anônima. Explosão e grito isolado que dependem da capacidade de cada
um para entender e atingir projetos que tornem estas marchas históricas e
civilizatórias.
[1] Alocução em inglês pronunciada por Marcel Duchamp, num
colóquio organizado em Hofstra em 13 de maio de 1960
in SANOULLET, Michel. DUCHAMP DU SIGNE réunis et présentés par
Michel Sanouillet Paris Flammarrion, 1991, pp. 236-239
Fig.
09 – O músico JOHN CAGE 1912-1992 foi o mestre de uma geração de artistas norte-americanos
em especial da Pop Art.. Ele passou por um mosteiro budista no Japão. De volta
aos EEUU apresentou, em 1952 , a sua obra mais conhecida que é a
peça 4´33´´ que é uma performance de quatro minutos e trinta e três segundo
do mais puro silencio e inação do pianista sentado diante do seu instrumento.
Estes indivíduos,
competentes para realizar, em si mesmos, esta fantástica somatória e a expressam
na sua obra, não estão, em geral, no vértice de uma sociedade ou são seus
lideres. Agem silenciosamente como John Cage na sua peça
4´33´´. Neste silêncio e nesta “epoqué” clássica, expressam
esta somatória que revoluciona uma mentalidade e um mundo. Não se trata de
retornar para o mundo da vulgaridade, da entropia e da Natureza. E neste
sentido que destacamos aqui Friedrich Wilhelm Nietzsche,
Marcel Duchamp e John Cage que nunca ocuparam posto de vértice de algum poder
de uma sociedade, mas foram competentes para expressá-la em si mesmos.
Fig.
10 – Os vetores cartesianos dos eixos x - y
dispostos na x-sincronia
horizontal [Volksgeist] pelo progressão do tempo considerado na y-diacronia
vertical [Zeitsgeist] na qual se acumulam uma sobre a outra as diversas
etapas. Falta o eixo z-dispersão
espacial [Weltgeist], nesta representação bidimensional, indicando os
diversos lugares do planeta nos quais se desenvolveram estas civilizações.
No entanto este ÓTIMO
possui o seu preço. Toda a civilização é aversiva à criatura humana natural, além
de “não haver almoço grátis”, mesmo
para este criatura natural. O primeiro preço é o esforço e a ruptura epistêmica
necessária para a mudança de mentalidade para quem está preso aos estágios
inferiores.
Alocução
em inglês pronunciada por Marcel Duchamp, num colóquio organizado em Hofstra em
13 de maio de 1960
in
SANOULLET, Michel. DUCHAMP DU
SIGNE réunis et présentés par Michel Sanouillet Paris
Flammarrion, 1991, pp. 236-239
INFORMÁTICA em
NÙVENS
PREÇO da INFORMÀTICA
na AMÈRICA LATINA
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