MUSEU de ARTE CONTEMPORÂNEA
do
RIO GRANDE do SUL.
“Pesquisar,
preservar e divulgar um acervo de arte contemporânea regional, nacional e internacional e
desenvolver propostas educativas que visem à compreensão dessa arte em suas várias
modalidades”
Projeto
do MAC-RS, in André Venzon, 2011, p.03
Fig.
01- Obra de Francisco Stockinger (1919- 2009) no
Parque Marinha do Brasil –Ver Alves 2004- p.192 - Foto Simon 12.2010
O Museu de Arte
Contemporânea do Rio Grande do Sul possui um projeto desde o momento de sua
concepção. Este projeto torna-o histórico, mantém a sua identidade e indica os meios e os rumos para se reproduzir.
A Arte sempre necessitou
da autonomia e do exercício pleno da liberdade de agir pensar e sentir. Da
parte do observador impõe-se o caminho inverso na decodificação desta mesma
obra resultante da liberdade e do exercício desta autonomia do artista. Caminho
que parte da Natureza e refaz os signos da trilha deixada pelo artista para
constituir a sua obra sempre distinta da Natureza. Pois a Natureza não é Arte,
como insistia o poeta Fernando Pessoa.
No final de 2011,
aconteceu no MAC-RS mais um exercício desta liberdade e de autonomia da arte.
Fig.
02- Estudantes e artistas no MAC-RS no dia 10 de dezembro de 2011 : identifique os nomes em
O centenário Instituto
de Arte da UFRGS (IA-UFRGS) interagiu, ao longo do ano de 2011, com o Museu de
Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS) e trabalharam intensamente. O
IA sempre esteve voltado à formação continuada para o cultivo do hábito da
integridade enquanto o MAC manteve-se como um centro de produção, sistematização
e socialização da Arte, praticada no tempo atual. IA-UFRGS e o MAC-RS realizaram
esta interação soberana, no interior de um projeto e de um contrato favorável
às duas partes antes, durante e após esta ação. Agiram, sem gritos, marketing a
essência dos seus respectivos projeto. Ambos convergem para “toda a arte está no que produz, e não no que
é produzido”. Aristóteles (1973: 243 114a 10 ) . Ao concluirem os
seus trabalhos, resolveram socializar estes resultados favoráveis às duas
instituições, sem dirigentes, estudantes e técnicos administrativos.
Fig.
03 - A desafiadora obra do artista NUNO RAMOS de 1991 faz emergir problemas - não só na sua conservação, na medida em que
forma e conteúdo da obra parecem em constante e delicada relação – mas de ordem
econômica, espacial e técnico. Contudo estes problemas, na medida em que se apresentam, possibilitam aberturas de
sendas para a compreensão do caminho trilhado pelo seu autor e o obrar da sua
mentalidade. Ver Fidelis, 2002, p.98
O artista desvela o seu
ENTE na forma de SER de sua obra. O observador, no extremo oposto. necessita
refazer fazer o caminho da obra física para a atingir o ENTE do artista.
Artista é a fonte a origem e o sentido da obras. Os obstáculos para este
trânsito - da imaterialidade da mentalidade do artista por meio de sua obra - são
de toda ordem. Em especial se o
observador buscar atingir e decifrar o nível de liberdade, de autonomia da
vontade e o hábito da integridade estética e intelectual qual o artista se
valeu no interior do campo da forças da arte. Em especial numa sociedade na
heteronomia e com profundos, visíveis hábitos da heteronomia e da escravidão
voluntária e imposta.
Pressionado por esta
heteronomia da vontade, do sentimento e da inteligência, a obra em Porto
Alegre, dita de arte, no máximo ganha em quantidade e que muitas vezes deixam a
desejar na qualidade. O caminho ao ENTE
do artista encontra-se fechado e bloqueado, devido a falta de liberdade de
autonomia de quem se julga e diz ser artista. Qualidade comprometida pelo
habito secular e arraigado da escravidão. Hábito que até pode produzir obras
superiores formal e tecnicamente a outras obras semelhantes. Contudo, por
valer-se e tirar proveito do trabalho alheio, geram confusões e bloqueios e que
ocorrem com frequência no campo das forças da Arte. Confusões facilmente
visíveis no costume de contratar
estudantes para eventos de arte que de fato são jogados numa absoluta
heteronomia das suas ações, vontade e sentimentos. O velho hábito do
coronelismo e do cacicado escondem-se em todos os recantos, gavetas e
computadores. Buscam as suas vitimas entre os jovens e idealistas pretendentes
ao status de artista. Os índices deste olhar de cima, da onisciência e da prepotência
estão na mais elementar a análise de discurso. Palavras e sentenças que
disfarçam mal a busca de reduzir o OUTRO ao seu OBJETO. O estudante é
desqualificado como “aluno”, os
técnicos administrativos são os “funcionários”
e aquelas que gostam de arte de fato,
constituem o “público” cinzento e sem elam, sem direito a deliberar ou decidir.
O direito de deliberar é decidido pela mediação única, linear e fixa. Mediação
que desando todo o processo criativo num discurso, cujo rumo e linha de
pensamento e uma ortodoxia subliminar e um incontrolado maniqueísmo. A fácil e indefinida
bipolaridade da “boa” e do que “não é arte”, do “passadismo” e do “futurismo” e
da “acadêmica” e da “moderna”. Bipolaridade que não passa, em geral, de um jogo
para a torcida e sob a responsabilidade moral e estética duvidosa de pessoas
com as mínimas experiências estéticas autênticas, coerentes e significativas no
campo das forças gerais e particulares da Arte.
Por tudo o que nos foi
dado a perceber, a interação entre MAC-RS e IA-UFRGS, correu exatamente ao
contrário deste velho hábito da heteronomia forçada vinda de cima para baixo.
Para o bom termo discutiram-se, de baixo para cima, e se acertaram contratos
recíprocos em relação a todas as possíveis perdas e os ganhos antes, ao longo e
após este projeto. A sanção moral e estética desta interação decorre do grau
desta liberdade e autonomia que gozou e envolveu a todos nos seus diferentes
cargos, papéis e funções desempenhados.
Fig.
04- Karin Lambrecht tenta
retomar o velho tabu da morte de animais domesticados e transformá-lo em
totem por meio da obra de arte elaborada e maio de 2000 e cujos índices fazem parte do acervo do
MAC-RS. As dificuldades no trato de uma obra desta natureza, no âmbito
institucional de um Museu de Arte pode ser acompanhado em Fidelis, 2002,
pp.062-065
Assim ao longo de
biografias, destes mediadores amadores, mesmo aqueles que possuem os discursos
mais revolucionários e apelam por meio de argumentos da contemporaneidade, carregam
e denotam mentalidades retrógradas e que alimentam projetos dignos das mais
irracionais forças da entropia. Nenhuma revolução é sinônimo do novo, do
criativo e original. Muitas vezes carrega no se bojo o ‘dejà vue’ que desemboca na mais crassa Natureza e a defesa do caos
primário. E para isto não adianta as manobras políticas, s patrulhamentos
ideológicos e estéticos e o grito, pois “dove
si grida non è vera scienza” (onde se grita não há verdadeira
ciência) já distinguia Leonardo da Vinci, entregue à sua obra que permanece
revolucionária até os dias atuais. Continua valido o seu princípio de uma “pintura é algo mental” quando o mestre
realiza nítida distinção e traça os limites entre a Arte e a Natureza.
Fig.
05- Obra de FERNANDO LIMBERGER 1992 no Parque Marinha do Brasil de Porto
Alegre recua no tempo e recupera o
gestos e as ações humanas mais primitivas de usar o material lítico para marcar
a sua presença e entrega esta obra ao tempo e a espaço. Contudo sem a pesquisa,
preservação e a divulgação desta obra, da parte de um ente institucional
específico para estas funções, a entropia de outras ações no sentido de seu
apagamento e destruição são constantes e vindos de todos os quadrantes humanos
e naturais. Alves 2002 p. 186 - Foto
Simon 12.2010
A obra de arte
contemporânea traz, na sua essência e no seu ENTE, a busca da autonomia e da
liberdade. Busca superar maniqueísmos estéticos e deixa a deliberação e a
decisão em relação à mentalidade e aos propósitos aos sentimentos que a obra
provoca em a quem usufrui. Com esta liberdade e autonomia existem dois
resultados básicos. Um é que se amplia o numero de artistas, e se multipliquem
as obras e as tipologias estéticas que circulam no campo artístico. O outro é
que, nesta infinita variedade e miríades de buscas, tanto o artista como
daquele que de fato gosta de arte, possa perceber a coerência entre o projeto
enunciado pelo artista e os meios que este lança mão.
Fig.
06- O artista IBERÊ CAMARGO(1914-1994) realiza uma pausa na
produção de sua obra e imobiliza a roda
de sua imprensa, para dar lugar è
reflexão e troca de informações em
relação ao momento político das DIRETAS JÁ levado a efeito pelos artistas de Porto Alegre em abril de 1984 e em sintonia com a sociedade
como um todo . Os gregos denominavam de epoké
estes momentos de acesse e suspensão de seus juízos para passarem a agir
novamente e sob nova mentalidade. Se de um lado a obra se encontra num museu de
arte, ela se encontra numa epoké que
a prepara para continuar a sal ação civilizadora num outro tempo e lugar.
Diante deste desafio e
desta abertura, de quem quer apreciar e quem pretende praticar arte, a acese não
consiste apenas em aprender fórmulas mágicas, quadros estéticos... mas supõe em
constituir-se e investir-se em agente ativo da liberdade e da autonomia na suas
deliberações e decisões. De outra parte supõe também constatar, por orientação
de um mestre ou da sua própria experiência, de que em arte não existe
possibilidade de pedir perdão por uma obra incoerente ou equivocada.
A recusa desta acese traz ao cenário a reificação
promovida na ação implacável proveniente de mentalidades dominadoras que embretam
os seus dominados pela trilha do caminho da entropia natural. Desviados pela
senda do mercado, os produtores de arte e seus apreciadores impulsionam apenas
a roda sem fim de mais produtos destinados a circular e a serem consumidos sem
deixar traços ou vestígios. Na industrial cultural é apenas um objeto de lazer
e entretenimento para matar o tempo. No marketing serve de objeto de prestígio
para quem o possui, manipula, divulga ou produz.
A tudo isto um estudante
necessita compreender as competências e o s seus devidos limites. Nenhuma destas
operações é condenável, ou depõe contra
estas agentes. Contudo a Arte aponta para a autonomia, a liberdade e a
realização de algo que escapa ao consumo, à obsolescência e á entropia do aqui
e agora.
Os estudantes do IA não
formam uma corporação, não impõe uma estética ou seguem uma ideologia cega,
muda e surda às suas próprias circunstâncias. Sabem que os atentados à
liberdade, à autonomia são mais comuns e subliminares e ao espírito aberto e
crítico, do é possível denunciar ou evidenciar. Liberdade e autonomia
necessárias, não só no campo das artes, mas em toda civilização que deseja
manter a origem e a fonte da criação artística. Necessária ao exercício face ao
contraditório e ao ideal enunciado (2000, p.134) por Nietzsche
“A arte
não pode ter sua missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais
elevado que sobre-passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É
o único inútil, no sentido mais temerário”
Foto Simon
12.2010
Fig.
07 - A obra de AMILCAR de CASTRO
(1920-2002) no Parque Marinha do Brasil
de Porto Alegre, por mais durável
que seja matéria desta obra do ano de
1997 - mesmo que seja aço - sem a
pesquisa, a preservação e a divulgação ela retorna à entropia universal e passa
a fazer parte das coisas naturais e resultantes do TRABALHO puro e vulgar, como
Hannah Arendt (1906 -1975) concebe este processo. As funções
civilizatórias de uma OBRA de ARTE
evaporam-se na ausência de um ente institucional específico. Segue- se o
apagamento cultural do sentido o que recrudesce e renovam as forças constantes da destruição física
e provenientes de todos as quadrantes
humanos e naturais. Alves 2002, p. 191
No pólo oposto, desta liberdade e autonomia do
artista, o “homo faber’ percebe
apenas o aqui e o agora de uma forma fragmentária e de constante obsolescência
de tudo que percebe e toca. Enquanto isto o artista se move no presente e num
território na qual agem os signos vivos, carregados de memória e desafios para
continuidade física e cultural do passado que ele projeta no presente para o
futuro. Neste presente os projetos deste artista - e as suas obras resultantes –
tornam-se únicas, originais e inimitáveis pois assentam sobre este aqui e o
agora que logo se esvai, deixando sólidos testemunhos da ação do artista sobre
a sua oba física. Neste processo as energias que este criador da civilização
recorre para enfrentar o futuro, carregam-se da fertilidade na mediada que
existe esta circunstância e este projeto que permeia o aqui e o agora. A Arte,
apesar de sua absoluta inutilidade e de sua temeridade, é a manifestação humana
por excelência que consegue possuir a fortuna da fertilidade. Fertilidade não
só para desabrochar - além de suas
fronteiras do tempo e lugar - mas carrega-se de tudo o que encontra no se
caminho, tangência ou com o que tropeça ou toca no caminho do seu peregrinar.
Assim um Museu de Arte
Contemporânea possui - não apenas um projeto desde o momento de sua concepção -
mas o reproduz coerente com o seu tempo e lugar. Se, de um lado, ele é
concebido e mantido por tempo indeterminado, do outro lado este museu também
sabe que, no caminho da História da Longa Duração, o seu atual acervo irá
representar a obsolescência e o velho. A instituição museológica é fruto da ERA
INDUSTRIAL, tanto na mentalidade, que lhe confere sentido como na sua figura
física. Na medida em que esta infra-estrutura instalou a sua linha de montagem,
ela passou a agir num sistema. Basicamente um sistema é algo que circula, flui
e se desloca. A obra de arte se necessita ter uma entrada de insumos, que é
elaborada para circular e possui uma saída. Neste último ponto da saída, do
consumo, da obsolescência, a obra de arte terá o seu ponto de toque, ou teste.
Caso esta obra de arte seja consumida, ela tornar-se obsoleta, migra para as
coisas geradas pelo TRABALHO e, assim, retorna para o âmbito da entropia universal,
retornando para a Natureza que não é arte.
Fig.
08- O artista PATRÌCIO FARIAS constrói, em 1991, esta máquina inútil, nas pegadas de
Marcel Duchamp, e que constituem ponto
de parada e intrigam o fazer mecânico e interesseiro do ‘homo faber’ de Hannah Arendt . Os índices desta
operação mental e as dificuldades no
trato de uma obra desta natureza, no âmbito institucional do acervo do
MAC-RS, podem ser acompanhado em
Fidelis, 2002, pp.076 a 079
A única coisa que
permanece é o projeto, a mentalidade e o pensamento que constituíram esta obra
como vestígio deste processo. O projeto, a mentalidade e o pensamento salvou o
que se conhece da toda pintura grega, da qual só soubemos, por meio da
literatura, das intenções, das obras e dos seus artistas. Hoje especula-se
sobre a Arte sema a obra.
Na interação do MAC-RS e
IA-UFRGS que permanecerá é aquilo que ele for competente para continuar e
reproduzir em outras e novas circunstâncias. Consolidou-se e permanecerá a
convicção e a certeza de que o contraditório, o cultivo do hábito de
integridade intelectual e a coerência entre a vida e a obra. Nas duas
instituições de arte continuará a fluir a circulação das energias próprias independente
de outros eventos, que se fortificarão reciprocamente e para além de mentalidades,
pessoas singulares e passageiras.
“O que constitui a pessoa jurídica em associação do tipo
da nossa, não é propriamente o conjunto dos sócios; é antes o seu patrimônio, o
qual no caso ocorrente, será formado pelas doações e liberalidades das pessoas
que verdadeiramente se interessem pelo desenvolvimento das artes entre nós”. (Livro de Atas do IA em 01.05.1908. f.
3v)
Fig.
09 – O pintor MÁRIO RÖHNELDT retomou, em 1990, a tinta e pincel sobre uma superfície e
que, na história humana de longa duração. O uso da tinta, pincel e superfície
possui a sua origem nas paredes rupestres, passa por Giotto, Leonardo e os
impressionistas e vai ganhar consistência e coerência em Cézanne que a delegou
para milhões de experiências e gestos que desejam fixar uma idéia volátil e peregrina
num objeto físico e um índice desta
mentalidade Contudo este impulso e a realização estética
individual e singular, não possui o menor sentido civilizatório, se carece
de estudo, de conservação e de
socialização que só uma instituição impessoal, esteticamente aberta e atenta a todas as direções e capaz de
vencer. É possível conferir as
dificuldades no trato de uma obra desta natureza, no âmbito institucional de um
Museu de Arte ao acompanhar e ler Fidelis, 2002, pp.074-076
A natureza deste projeto
impessoal valeu não só para a origem do Instituto de Artes. Este iniciou com o
regime republicano e irá presidir o processo nas instituições que formam a base
da civilização sul-rio-grandense até os dias presentes. O MAC, ao modelo do
projeto estadual como em 1908 o IA foi criado e sustentado pelo poder
originário de 67 comissões municipais regionais. Carente deste sólido projeto
regional seria temeridade aspirar ao âmbito nacional, continental e
internacional. Sem a sólida vocação regional entraria no rol de tantas
tentativas individuais, grupos de interesses que lançam na rede mundial projetos utópicos, imponderáveis e caóticos
das quase o marketing e a propaganda apresentam como a última concepção. No
âmbito de uma instituição republicana, aqueles que buscam nela apenas cargos,
sentir-se-ão tremendamente mal. Ali não exercerão adequadamente as funções
destes cargos e, serão suspeitos - perante a opinião pública - em todos os seus
gestos, ações e decisões.
Certamente o poder
federal - evocado para conceder sede provisória ao MAC-RS - pode constituir se num
ente público de passagem e um lugar provisório. Contudo uma instituição buscará
expressar a sua identidade, num seu
corpo físico próprio e sobre o qual poderá deliberar e decidir. Se de um lado
esta interação com os Institutos Federais, constitui uma tentadora busca de
retomar o projeto do “artes e ofícios”
(Art and Craft- Werkbund) do que um evento. O Parque de Belas Marinha do Brasil
com os extremos e as ligações ente o o Museu Iberê Camargo e o OSPA poderiam
Dara sentido às obra de arte que estão espalhadas e ameaçadas, como a obra de
José Resende. Isto sem falara de uma institucionalização do Acampamento
Farroupilha e o Teatro por do Sol. Retomamos ao central da postagem, deste blog,
do dia 18 de março de 2011
Fig.
10 - A Orla do Guaíba e o Parque Marinha do Brasil estão no meio de um
projeto humano no meio da caminho. Com certeza a intervenção da Arte já teve
várias tentativas nesta área, mas ficarão entregues à entropia natural. O lugar
da contemporaneidade certamente não cabe num velho e obsoleto armazém do Cais
do Porto.
A área também convida
para seis navios das diversas épocas e calados ancorados naquele trecho como
restaurante e seis hotéis. Se esta área não tiver um projeto decidido e urgente
e providências imediatas para reserva para fins culturais, ela poderá acordar
como um imenso estacionamento de carros obsoletos e poluidores físicos, morais
e econômicos. Em outra hipótese uma imensa plantação de espigões disputando o
visual do Guaíba, como já está acontecendo na prática.
O jardim das esculturas
de Porto Alegre teria um ponto de referência e segurança que possui no abandono
a que estão entregues em vias cada vez mais motorizadas. Vias e veículos a
partir dos quais não há tempo de perceber o seu sentido singular e único. A
maioria destes monumentos foram criados a apreciação do seu sentido e natureza
para pedestres.
A contemporaneidade não abdica de gerar
instituições que seja para tempo indeterminado e se reproduzem e sejam
auto-sustentáveis. Os exemplos - da profunda interação entre a VIDA e a ARTE- não faltam aqui e pelo Brasil afora. Os
sul-rio-grandenses possuem o exemplo de José Lutzenberger (1926-2003)
transferiu todas as energias herdadas do seu pai artista e as fez confluir para
a harmoniosa interação e sustentabilidade da sua Fundação Gaia http://www.fgaia.org.br/ . Pelo Brasil
afora encontram-se as experiências de Franz Krajscberg em Viçosa na Bahia, as
concepções e realizações do Instituto de Artes Inhotim em Brumadinho Minas
Gerais ou as experiências de Francisco Brennand... instigam e aproximam do
deste ideal. Se Brasil é conhecido mundo afora, sempre foi e será cada vez mais
pelas suas florestas. Florestas que conferem maior identidade e legitimidade
nacional mais do que os eventos do carnaval e do futebol. Eventos que também
são possíveis, graças à mentalidade e na medida do cultivo inteligente,
constante e sensível da interação ARTE e VIDA.
A audácia - levada aos
extremos da temeridade - de “pesquisar,
preservar e divulgar um acervo de arte contemporânea regional, nacional e internacional e
desenvolver propostas educativas que visem à compreensão dessa arte em várias
modalidades” é uma necessidade urgente e inadiável no momento. Momento em
que se aprofunda - e ganha força – a massa do jogo darwiniano das forças da Natureza bruta, frente às
velhas e gastas fórmulas sociais, políticas, econômicas e, para não
dizê-lo, estéticas. Necessidade urgente
e inadiável no momento em que há carência das constantes e substanciosas
energias que brotam da gratuidade da ARTE e da VIDA.
FONTES
IMPRESSAS
ALVES,
José Francisco A Escultura Pública de Porto Alegre: história, contexto e significado. Porto Alegre : Artfolio, 204
264 p. ilust.
ARISTÓTELES (384-322). Ética a Nicômano. São Paulo: Abril Cultural1973. 329p.
FIDELIS
Gaudêncio Dilemas da Matéria:
procedimento, permanência e conservação em arte contemporânea – Gaudêncio
Fidelis – Introdução de Vinício Giacomelli – Porto Alegre ; Museu de arte
Contemporânea - RS. 2002 - 242 p.
LEON, Aurora. El
Museu: teoria, práxis y utopia.
Madrid : Cátedra, 1995. 378 p.
LOUREIRO
CHAVES Celso – Temas do ano Porto
Alegre : Zero HORA ano 48 – nº 16.881
– 23 e 25 de dezembro de 2011. Caderno de Cultura p. 07
NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900) Sobre
el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.
VENZON
André – Um museu para sempre contemporâneo. Porto Alegre : Zero HORA
ano 48 – nº 16.881 – 23 e 25 de
dezembro de 2011. Caderno de Cultura p. 03
FONTES
NUMÉRICODIGITAIS
Fernando
Pessoa (1888-1935) e a Natureza
Instituto
de Artes Inhotim – Brumadinho – MG
Leonardo
da Vinci (1452-1519) e a Ciência
MAC-RS 10.12.2011
REGINA
SILVEIRA : firmeza, porém com ternura. ..............em 18 de março de.2011
SIMON,
Círio Origens do Instituto de Artes
A presente
postagem possui objetivos puramente didáticos
mail
prof.cirio.simon@gmail.com
1º blog :
2º
blog
3º blog
Site
Vídeo:
Parabéns pelo texto e penso que tudo que é relacionado com arte e sua natureza semiótica e telúrica, assim como acadêmica e seus desdobramentos contemporâneos, deve estar longe do autismo partidário e político das relações humanas e porque não desumanas, como alguns desses, ditos auferistas das liberdades, assim se denominam. Um abraço
ResponderExcluirprof. Círio,
ResponderExcluirObrigada pela reflexão! É sempre um prazer e uma aula ( no bom sentido) privar de seu conhecimento!
abraço,
Bianca Knaak