quarta-feira, 26 de outubro de 2011

ISTO é ARTE - 013


A INFORMÁTICA, a MAIÊUTICA e a ARTE ou

a realidade, a retórica e a imaginação não possuem limites.

Imagem do jornal alemão SPIEGEL veiculada em 17.08.2011

Fig. 01 – O projeto do  ensino massivo parte do principio de que a informação intelectual é causa suficiente para aprendizagem e que ela provoca mudanças significativas nas condutas individuais, como consequência.  Em um único docente é suficiente para uma platéia que pode ser acumulada, sem limite de número, ao redor de um único professor, de recursos também acumulados e  disponibilizados  de uma forma impessoal e asséptica. Para o seu pleno êxito basta eliminar as subjetividades do estudante, do docente e do administrador.

A complexa realidade da civilização contemporânea impõe aproximar a INFORMATICA, a MAIÊUTICA e a ARTE. Ou, ao menos, buscar possíveis caminhos e pontes entre estes distintos campos de forças.

Fig. 02 – A  linha de montagem incipiente de Henry Ford (1863-1947) e que por meio da rigorosa aplicação das teorias de Frederick Taylor (1856-1915) levou este experimento aos limites possíveis . Este projeto pode aplicado ao  ensino massivo.  O estudante vem em caixas, ou séries, separadas por idade que desfilam, sem limite de número e sexo, diante de único docente, que lhes aplica  os conhecimentos  acumulados e dos quais é especialista em  disponibiliza-los  de uma forma impessoal e asséptica. Para o seu  êxito pedagógico, basta eliminar as subjetividades do estudante, do docente e do administrador.

A atual crise da Arte, como o da Educação, não se descola da crise da passagem da era industrial para a pós-modernidade. Superestrutura e infra-estrutura não são determinantes uma da outra nem contraditórias. As suas energias podem ser complementares. Esta complementaridade existe, se mantém, na medida em esta contradição encontra guarida em projetos humanos amplos e de  coerência interna suficiente para aguentar esta tensão entre contrários.  As energias da Natureza transformam tudo em pó. No pólo oposto os projetos humanos conhecem e respeitam estas energias das quais extraem as forças para mover a complexa realidade da civilização contemporânea.

Foto de Andrew MOORE - NYT 21.08.2011

Fig. 03 – A era industrial produz para a obsolescência enquanto ela mesma torna-se também obsoleta e produto descartável.  Imagem do século 21 de uma fábrica do século 20 em DETROIT. A informática e a robotização insistem na concepção do design de produtos  nos quais os robôs podem serem programados para produzir cada peça como única e personalizada. Com esta estratégia acelera-se a obsolescência e o descarte após um uso programado e irreversível de cada produto.


Tanto ARTE como EDUCAÇÃO são entes primitivos com o quais se trabalha sem defini-los de forma unívoca e linear. Se tentássemos isto já estaríamos de retorno às práticas das linhas de montagem unívocas e seriais da era industrial. Para entender um pouco, destas imensas e imponderáveis áreas, há necessidade de visitar os fundamentos e o chão sobre as quais a civilização contemporânea construiu as bases da sua educação.  Educação para a crise da passagem da era industrial para a pós-modernidade. Educação na qual as novas energias instauram novas práticas complementares e cumprem aquilo que as antigas prometiam, sem atingir o que prometiam. Educação na qual as instituições escolares são fundamentais, pois:

Mais vale ser um aluno medíocre numa escola excelente do que ser um aluno excelente numa escola medíocre                        

                                                       Agnés Van ZANTEN in


Fig. 04 –  Obsolescência e descarte da era industrial Imagem do século 21 de uma fábrica do século 20 em Montenegro – RS.

Práticas que nos obrigam a trocar o pneu do carro enquanto ele está rodando e tendo como passageiros a todos nós. A educação que recebemos, está em todos os nossos horizontes, neurônios e hábitos levando-nos ao passado. Assim a quase totalidade das tentativas desembocam numa endogenia que possui o demérito de só piorar qualquer projeto e comprometem qualquer solução prática. A ruptura epistêmica  é um desafio para o qual há necessidade de efetivo preparo, vontade especifica e um projeto especifico para tal. 

Fig. 05 – O pouso na Lua em 20 de julho de 1969 e Festival a de WOODSTOCK de 15 a 18 de agosto de 1969 aparentemente nada possuem e comum, a não ser a proximidade de datas e mesmo país promotor dos dois eventos. Ambos não produziram resultados imediatos.  No entanto o contexto espacial concretizou equipamentos únicos. O evento cultural rompeu um contexto dado e expressou possibilidades de convívio humano que derrubaram barreiras e abriu a mente para se apropriar das possibilidades técnicas que a corrida espacial colocava nas mentes e nas mãos de jovens inventivos

Projeto com base num direito de ultrapassar qualquer competência comprovada pela experiência. Inclusive de ocupantes de cargos gerenciais chaves da administração pública ou privada. Ao inovar e criar o olhar, a atenção e os projetos voltados ao futuro no qual gerenciamento reforça o passado. O aqui e o agora estão cego para os novos caminhos abertos pela pós-modernidade.  Steven Paul “Steven” Jobs (1955-2011) foi um entre muitos dos que encarnou este novo tempo e que se mantiveram longe e acima da linha de montagem da escola da era industrial.

Fig. 06 – Desde o dia 04 de outubro de 1957, com lançamento do Sputnik,  os diversos programas espaciais levaram  muito material e ambientes com vida útil muito mais breve e descartáveis,  do que aquele que era industrial produziu na face do Planeta Terra.


O respeito ao tempo é outro item apesar de toda pressa velocidade e urgências. Existe um tempo para a implementação de um projeto, por melhor que seja a sua concepção mental e teórica, e outro tempo para a implantação, que são completamente distintos. Gastaram-se fortunas e, que o TEMPO não respeitou, pois ele não foi respeitado. Em todo território nacional espalharam obras que se tornam imediatamente obsoletas. Implantadas, ao açoite de um tempo governamental fixo e sem o estágio do seu teste na sua implementação.

Imagem do jornal alemão SPIEGEL veiculada em 17.08.2011

Fig. 07 – O meio de transporte que a jovem eslava usa, em 2011, certamente lhe é muito mais útil e resolve, a longo prazo, os seus problemas práticos e imediatos do que os caros e sofisticados equipamentos espaciais já obsoletos e descartados..

Obras que queimaram a etapa da experimentação e do tempo da implementação. Obras implantações imediatas e definitivas, de cima para baixo e do centro para a periferia. Obras que produziram não sô desconforto, como resultado, mas a ruína destes esforços, capital e aversão a tudo e todos envoltos neste processo. Aversão que se traduz em negação de votos para os temerários do FAZER pelo FAZER para aparecer na mídia.

Fig. 08 – O treinamento para condutas arcaicas e superadas é coerente com um mundo arcaico e superado  Política, indústria eletrônica e cultural juntam-se em Brasília, ao comércio e ao poder econômico para acumular, num mesmo lugar serviços, capital e tecnologias


Agora o processo educacional necessita ser retomado pela raiz, pois existem os alunos e os estudantes assim como existem os professores e os educadores em novas circunstâncias.  Estes últimos conduzem o processo do E-DUCERE - ou "tirar de dentro para fora" ou o processo pedagógico que Sócrates propunha como a "maiêutica", pois a mãe dele era parteira. A inteligência é fecundada pela informação que ela recebe num processos coerente com a "maiêutica". De outro lado uma gestação - exitosa e desejada - só ocorre se a vontade e a sensibilidade estiverem envolvidas e comprometidas como um todo, e o tempo todo, com esta fecundação.

O estudante coerente também constitui e legitima o seu educador, apesar de toda a cultura escolar da era industrial afirmar o contrário. Este estudante consegue transformar este tabu em totem na medida em que tiver preparados os valores de cidadania, as ferramentas e os repertórios. Como condição da gestação desejada e exitosa o meio social, familiar e econômico, prepara e une a fecundação intelectual, moral e estética. Isto é possível na medida em que o poder flui entre iguais que não se reconhecem nem como patrão e nem como peão. Em especial quando a civilização exige uma flexibilidade e a rapidez mental que as novas tecnologias estão trazendo a partir da nova geração. Pessoas adultas dependem e estão aprendendo cada vez mais as competências e os limites que as ferramentas eletrônicas exigem dos seus usuários.

Imagem do jornal alemão SPIEGEL veiculada em 17.08.2011
Fig. 09 – O campo e a energia limpa exigem a mudanças tecnológicas e mentais

Aquele que se coloca o projeto de ser um EDUCADOR PROFISSIONAL necessita da competência e adotar sólidas convicções, na sua liberdade e autodeterminação. Antes de se perguntar COMO EDUCAR, ele necessita responder as questões primordiais e orientados pelas perguntas A QUEM EDUCAR, para o QUE e para QUEM EDUCA. Estas respostas são necessárias para ele realizar contratos claros com seus estudantes. Sem estas respostas ele educa para a heteronomia das vontades, alheios aos sentimentos mais profundos e pessoais e sem esperança de atingir qualquer direito legítimo e autônomo.

Imagem do jornal francês Le MONDE veiculada em 15.10.2011
Fig. 10 – A dura realidade da era industrial da linha de montagem custa para ser desmontada. Com todos os avanços tecnológicos e conceituais “a única novidade numa sala de aula é a lâmpada elétrica” A mesma cena de um solitário professor entre fileiras de alunos ao estilo da escola medieval  Nesta condições torna-se impossível o estudante constituir o seu educador.

A autonomia na educação sempre gerou estudantes, que antes de mais, sabiam achar o caminho e a direção do saber. A mediação escolar da era industrial insistiu no acúmulo de conhecimento e, que na prática, pouco o ajudavam vida afora, a não ser galgar degraus de escada no topo da qual nada encontravam,  além de um diploma. A pós-modernidade coloca as condições da aprendizagem. O educando, identificado e personalizado novamente, recebe o convite e as condições do caminho junto com as chaves e os códigos do se acesso ao imenso conhecimento acumulado pelas gerações anteriores. Faz o caminho fora do rebanho e da massa enquanto cultiva as suas próprias energias distintas e únicas.

Fig. 11 – A  ARTE reflete contrastes em Obre de de WILLINGER Frank- 1959 State Britain - 2006

Este último caminho é bem mais desafiador, rico e trabalhoso, tanto para EDUCADOR como para o ESTUDANTE, do que o acumulo do conhecimento pronto e universal e treinamento da memória vigente na era industrial.

A pós-modernidade não se resume em caprichos, em intrigas e em ironias. Não lhe são estranhas a segurança, a lógica e a beleza.

Das considerações acima é possível concluir de que a INFORMÁTICA, a MAIÊUTICA e a ARTE - ou  a realidade, a retórica e a imaginação - não possuem limites conhecidos. Elas são três irmãs gêmeas. Uma mais fecunda e bela do que a outra. Vivem em perpétuos ciúmes e desentendimentos entre elas. Contudo quando se encontram e convivem, elas constituem a glória. Nesta sua glória reinventam juntas e constroem um mundo mais seguro, lógico e belo do que o atual.

FONTES
POUSO na LUA em 20.07.1969

WOODSTOCK 15-18.08.1969
Imagem do jornal alemão SPIEGEL veiculada em 17.08.2011
Fig. 12 – Mesmo que, se a abdução de ARTUR BERLET em Sarandi- RS  em 14 de maio de 1958, tenha sido apenas uma experiência mental, a sua conduta pessoal e os seus relatos posteriores revelam que as potencialidades das sinapses neurais humanas estão muito além de qualquer código humano  pode traduzir e daquilo que o equipamento mais sofisticado é capaz de gerar, administrar e reorganizar permanentemente ao longo de um século de funcionamento ininterrupto. Independente de sua existência física esta descrição continua a descrições da fabulosa Atlântida ou do Eldorados dos aventureiros


ARTUR BERLET DIZENDO-SE ABDUSIDO em SARANDI – RS em 14 de maio de 1958

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