Antes de ler este artigo, convém consultar:
http://profciriosimon.blogspot.com/2010/10/isto-nao-e-arte-01.html
A MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA
RÍGIDA não é ARTE.
A sequência dos artigos, deste blog, converge contra a MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA RÍGIDA. A convergência deve-se a fato de que esta MENTALIDADE ataca, reduz e desqualifica a ARTE. MENTALIDADE que ataca na medida em que sufoca a ARTE por meio de conceitos que lhe são alheios. A redução é na medida em que contorna as suas potencialidades confundindo-a com outras forças. MENTALIDADE que joga na heteronomia e desqualifica esta manifestação livre, viva e forte da criação humana que é a ARTE.
Fig. 01 – INSETO com ALFINETE nas COSTAS, PRONTO para ser CLASSIFICADO e espetado num QUADRO
Toda flexibilidade, exigida pela ARTE, morre no cultivo continuado único e absoluto desta MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA RÍGIDA. Ninguém atinge um grau de coerência satisfatória, entre a ARTE e a VIDA, por meio por desta MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA RÍGIDA. Segue apenas a economia de esforços e a racionalidade no êxito imediato da COMUNICAÇÃO passando longe do território da ARTE
http://www.thais.it/entomologia/default.htm
Fig. 02 – INSETOS EXPOSTOS num QUADRO na MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA
A economia dos quadros com os lepidópteros imobilizados com o alfinete espetado nas costas que as ordenam em quadros. O cultivo desta MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA RÍGIDA segue as normas positivistas da classificação das Ciências. Admitida este premissa estas normas rebatem os mesmos paradigmas, metodologias para o interior da ARTE e querem chegar aos mesmos resultados da CIÊNCIA comandada pela ideologia POSITIVISTA. Aliás já houve tentativas, como a de Hippolite TAINE (1828-1893), de gerar sistemas científicos que possuem como objetos de suas construções mentais as manifestações estéticas. Para uma amostra deste pensamento é possível ler
“O homem visto na sua totalidade é o homem em sociedade e que progride; é porque a raça superior é aquela que é apta para sociedade e para o progresso”. H. TAINE, 1866,p.21
Este esteta francês praticou a façanha conceitual de cravar um único alfinete nas costas de a cultura italiana inteira e completa. Estribado nesta MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA RÍGIDA descreveu classificou, e aconselhou:
“Se (a Itália) não quiser permanecer um passeio de desocupados, um espetáculo de curiosos, um seminário de cantores, um salão de alcoviteiros, um antecâmara de parasitas, ela é obrigada de tornar-se um exército de soldados, uma companhia industrial, um laboratório de sábios, um povo de trabalhadores”. Taine 1866. P.528
http://wwwmdtbcomportamental.blogspot.com/2010/04/ja-ouviu-falar-no-cao-de-pavlov.html
Fig. 03 – REFLEXO CONDICIONADO procurando o ótimo e resultados imediatos e visíveis.
Contra esta mentalidade esterilizada pela ideologia progresso as torrentes da ARTE, da VIDA e da HISTÓRIA, contornaram estas armadilhas e “alfinetes nas costas” e que condenam estas mentalidades aos museus das coisas obsoletas e com as quais não convém perder tempo e esforços
http://wwwmdtbcomportamental.blogspot.com/2010/04/ja-ouviu-falar-no-cao-de-pavlov.html
Fig. 04 – Ivan Petrovich PAVLOF 1849-1936 e o seu CÃO submetido à prova dos REFLEXOS CONDICIONADOS. Os norte=americano tiveram Burrhus Frederic SKINNER 1904-1990 que buscava no seu BEHAVIORISMO as mesmas respostas. No plano técnico e industrial este behavorismo foi descrito e classificado por Frederick TAYLOR 1865-1915 e questionado, rígida e alegremente em TEMPOS MODERNOS (1936) por Charles Spencer CHAPLIN. (1889-1977)
Nesta MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA RÌGIDA da HISTÒRIA o vencedor fixa uma narrativa única e linear e assim se legitimar sem possíveis dúvidas. Este vencedor necessita apoderar-se, nesta direção, o mais rápido e da forma mais definitivamente possível, de um passado que não é dele. Em novo momento os seus descentes desejam universalizar e tornar única e fixa esta narrativa deste poder, além de reconhecido aquilo que os seus antepassados conseguiram.
A ARTE não escapa à fabricação desta narrativa
Fig. 05 – AUSCHWITZ – ARBEIT MACHT FREI ou o “Trabalho Liberta” uma das corrupções mais atrozes e criminosas da MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA RÍGIDA na busca do TIPO IDEAL GERMÂNICO
A narrativa ARTE origina-se na aglomeração intelectual de milhões de informações provenientes de outros tantas ações e de obras, normalmente dispersos numa determinada esfera cultural. A narrativa, que nasce sob o impulso da MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA RÌGIDA da HISTÒRIA, realiza o trabalho de ordenar os microscópicos grãos de pó, dispersos e sem consistência e sem estrutura, no âmbito de uma civilização na qual o EU é o paradigma.
Sem este ordenamento único e legível, estes grãos de pó dispersos, provindos de uma determinada cultura, não formam observador por mais numerosos que sejam. Eventualmente estes observadores reduzem-se a pequenos outros grãos mantidos gravitando ao redor de grão maior. Esta constelação se desfaz com mesma facilidade com que se constituiu.
http://www.thepcf.org.uk/media/w745/TWMS_LAG_TWCMS_B670[1].jpg
Fig. 06 – O JURI busca exercer a sua MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA RÍGIDA para buscar o melhor e conferir prêmios no campo das forças da ARTE.
No entanto a competência da ARTE não constituída por uma montanha de EU’s, pois a quantidade não produz ARTE. Nem mesmo a antiga classificação BELAS ARTES pode ser usada como referencial para realizar esta contabilidade e legitimar o campo de forças das ARTES. Elas não são BELAS nem FEIAS por sua natureza.
Fig. 07 – INDÚSTRIA e a LINHA de MONTAGEM na mentalidade de TAYLOR
As ARTES incorporaram na sua natureza a busca da VERDADE do JUSTO. VERDADEIRAS na medida em que recusam a mentira, o equívoco e o embuste da MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA RÌGIDA da HISTÒRIA. JUSTAS na medida em que elas guardam a sua coerência interna e as externas.
A narrativa ARTE decorrente da MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA RÌGIDA da HISTÒRIA, é paralela e interage simultaneamente com o SISTEMA FORMAL ESCOLAR e LINHA de MONTAGEM INDUSTRIAL. Este SISTEAMA realiza o trabalho preliminar de ordenar mental e fisicamente os grãos de pó microscópicos, em indivíduos dispersos sem consistência e sem estrutura, no âmbito de uma civilização na qual o EU é o paradigma.
Fig. 08 – A LINHA de MONTAGEM na SALA de AULA que ordena mental e fisicamente nos princípios de TAYLOR. Esta mentalidade está presente, por mais que queira negar o behaviorismo e este autor norte-americano seu desconhecimento causa estragos piores do que o seu conhecimento e cuidado de evitar defeitos colaterais. [Le Monde em 23.06.2011]
Os autênticos artistas buscam libertar-se desta MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA RÍGIDA. Assim o escultor Luiz Antônio Carvalho Rocha [Nico Rocha] abre a sua criação e coloca na convergência das forças provenientes de quatro esferas distintas
“A interação de quatro esferas resume o processo catalítico conduzido pela intuição: a esfera do desejo e da intuição (aquela área fluida desse mar primordial que é pensar), a das decisões e consequências do penar-fazer, que levam ao trabalho, a da matéria escolhida (de suas características) e, finalmente, a das mãos (do que elas produzem na matéria) na forma de operar a matéria” Nico Rocha,2011, p. 68
O desejo, a vontade e o direito à uma matéria competente para transmitir o pensamento criador ao seu observador e nele gerara o mesmo processo que tomou conta ao longo da criação levam ao ciclo virtuoso da reflexão continuada e fecunda. Na medida em que esta reflexão nos aproxima da ação criadora do artista, ela constitui um desafio para o seu observador. Este precisa ter em mente aquilo que Nietzsche aponta no seu texto ‘o futuro das nossas escolas’ (2000, p.27)
“....espero do leitor três qualidades: 1) - deve ser tranqüilo e ler sem pressa; 2) - não deve fazer intervir constantemente sua pessoa e a sua cultura, e 3) - não tem direito de esperar – quase como resultado – projetos”.
Tempo, ruptura epistêmica e resultados civilizados necessários a quem se aproxima do campo das forças das ARTES. Aproximação que preserve a Beleza como o “esplendor da verdade” na conceituação do período escolástico. Justa na medida em que “os bens podem ser adquiridos, na condição de não deixarmos que se estabeleça uma dependência deles” para seguir o conselho de Sêneca também nos bens produzidas pelas ARTES.
Fig. 09 – O RESULTADO da LINHA de MONTAGEM na SALA de AULA na LINHA de MONTAGEM na mentalidade de TAYLOR. [Le Monde em 23.06.2011]
Um dos índices da busca e da competência para realizar a autonomia se evidencia quando se encontra - no artista criador e no seu observador - a disposição, a prática continuada e a coerência nas suas rupturas estéticas e epistêmicas.
Foto de Círio SIMON em 10.07.2011 de um muro público do 4º Quarto Distrito de Porto Alegre
Fig. 10 – PENSO, LOGO RESISTO à MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA RÍGIDA e à LINHA de MONTAGEM na mentalidade de TAYLOR.
Esta mentalidade do FAZER é pautada pelo EXITO ou NÃO. Este EXITO necessita ser IMEDIATO e RETUMBANTE que possa ser usufruído instantaneamente e pelo resto da vida. A mentalidade de LEVAR VANTAGEM em TUDO. Descarta o AGIR, pois este necessita de massa crítica, de projeto coerente e de tempo de maturação. Os autênticos artistas buscam libertar-se desta MENTALIDADE.
Cabe, no entanto, a observação de SÊNECA:
“Penso que muitos poderiam ter atingido a sabedoria, se não se tivessem imaginado ter chegado até ela, se não se tivessem fingido certas coisas em si mesmos, se não passassem por outras com os olhos fechados” SÊNECA Da tranqüilidade do ânimo, p. 08
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=6773
Todos os processos classificatórios descritivos permitem formar quadros mentais e que devidamente aplicados permitem uma excelente interação intelectual com a mesma formação e repertório. Contudo jamais podem ser confundidos com a realidade viva e dinâmica
“É preocupante a transformação cultural velocíssima por que estamos passando. Do jeito que a coisa vai, o crítico vai ter que usar o twitter, pois qualquer editor de suplemento recebe mais de 100 livros por semana. Não há espaço no jornal para todos. Nem nas livrarias. Vai ver que o crítico deve fazer um juízo de 140 batidas para (des)orientar o público. Assim muito mais autores seriam contemplados. O que caracteriza basicamente a cultura “contemporânea” é isto, fragmentação e superficialidade. E a pressa de fazer sucesso”.Afonso Romano de SANTANA
http://desenredos.dominiotemporario.com/doc/desenredos_4_-_entrevista_com_Affonso_Romano_de_Santanna.pdf
Chega-se a conclusão de que a MENTALIDADE CLASSIFICATÓRIA RÍGIDA está presente em todos os recantos da nossa atual civilização hegemônica. No campo das ARTES esta MENTALIDADE ataca, reduz e desqualifica subliminarmente as forças da ARTE por meio de conceitos que lhe são alheios e a confunde com outras forças. Esta MENTALIDADE que joga a ARTE na heteronomia e desqualifica esta manifestação livre, viva e forte da criação humana.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
Projeto Percurso do Artista : Nico Rocha [catálogo da exposição organizada pelo Departamento e Difusão Cultural da UFRGS: arista Luiz Antônio Carvalho Rocha] Porto Alegre : UFRGS, 2011, 188 p. : Il. color
NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900).Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179 p
TAINE Hippolyte 1828-1893 Philosophie de l’ art – França : Fayard, 1985, 552 p.
ISBN 221301633X http://www.biblio.com/9782213016337/new
http://books.google.com/books?vid=ISBN221301633X
------Voyage en Itálie – Paris : Hachette, 1º vol. 1866 528 p
http://books.google.com/books?id=HEKAT4SzbEEC&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false
FONTES NUMÈRICO DIGITAIS
Burrhus Frederic SKINNER 1904-1990
http://pt.wikipedia.org/wiki/Burrhus_Frederic_Skinner
Charles Spencer CHAPLIN (1889-1977)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Charlie_Chaplin
http://dudelamonica.blogspot.com/2011/01/historia-charles-chaplin-um-mito.html
ÉTNO-MÚSICA
http://orientation.blog.lemonde.fr/2011/06/25/et-si-vous-deveniez%e2%80%a6-ethno-musicologue/
ENTOMOLOGIA
http://www.thais.it/entomologia/default.htm
EXPOSIÇÃO
http://www.thepcf.org.uk/media/w745/TWMS_LAG_TWCMS_B670[1].jpg
Frederick TAYLOR 1865-1915
http://pt.wikipedia.org/wiki/Frederick_Taylor
Ivan Petrovich PAVLOV 1849-1936
http://wwwmdtbcomportamental.blogspot.com/2010/04/ja-ouviu-falar-no-cao-de-pavlov.html
NOVIDADE
A partir do dia 09 de julho de 2011 está na rede o BLOG NÂO FOI NO GRITO que se centra na construção, na redefinição circunstanciada e na permanente da atualização da soberania do PODER ORGINÁRIO BRASILEIRO proveniente do decênio (1811-1822) e que precedeu a Independência Brasileira.
CONFIRA NÃO-FOI-NO-GRITO – Nº 001
em
http://naofoinogrito.blogspot.com/2011/07/nao-foi-no-grito-001.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário