segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ARTE em PORTO ALEGRE e a “HISTÓRIA em MIGALHAS” - 09.04

Veja TOUR VIRTUAL do THEATRO SÂO PEDRO
Fig. 01 - Theatro São Pedro após a intervenção de Carlos Mancuso
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CARLOS ANTÔNIO MANCUSO



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Fig. 02 – Carlos Antônio MANCUSO


Carlos Antônio Mancuso (1930-2010) constituiu-se num vínculo incontornável entre a Arte, Arquitetura e Patrimônio em Porto Alegre.

Mancuso formou-se nas primeiras turmas que realizaram o curso superior integralmente na Faculdade de Arquitetura da UFRGS. Contudo tinha as suas raízes nas Artes. Estas raízes provinham de sua aprendizagem com José De Francesco[1], João Faria Vianna[2] e, mais adiante, no Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul (IBA-RS). Na Faculdade de Arquitetura estudou com Ângelo Guido catedrático da disciplina a História das Artes no IBA-RS. Inicialmente assistente do seu mestre e depois o sucedeu nesta cátedra na Faculdade de Arquitetura da URGS como no IBA-RS. Mancuso contou, em 2009, esta interação com a disciplina e com o mestre ao Jornal da Universidade[3]

Eu vivia lendo livros de história da arte. O professor Ângelo se encantou comigo e acabou me escolhendo como seu assistente em 1957, logo depois que me formei. Assim que concluí o Belas Artes, ingressei no curso de Arquitetura, onde ele também era professor. A partir daí, a nossa parceria não terminou mais.”




[1] - “José de Francesco, nasceu em Rio Grande, RS, 1895 e faleceu em Porto Alegre 1967, foi jornalista, pintor, escultor e cenógrafo, poeta, romancista, novelista, autor teatral e filósofo. foi cartazista do cinema central em Porto Alegre e, nesta mesma cidade, colaborou na revista "A Máscara" 1918-1927 , fundou e dirigiu, entre 1920 e 1937, as revistas " A Tela" e "Ninfa".”
Fontes: Ari Martins, escritores do Rio Grande do Sul, IEL/UFRGS, 1978, e Pedro Leite Villas Boas, dicionário bibliográfico gaúcho, EST/Edigal, 1991.
http://www.traca.com.br/livro/22973/ela-vendeu-o-corpo e http://www.carlosadib.com.br/poa_fatos.html

Ele cultivou, em Porto Alegre, as mais amplas relações sociais que podem ser apreciadas no seu livro.

FRANCESCO, José de – Reminiscências de um artista . Porto Alegre : s.n., 1961, 162 p

[3] - CHALA, Ania. Perfil de Carlos MancusoJornal da Universidade . Porto Alegre : UFRGS, ano XIII, nº 122, outubro 2009, p. 15


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Fig. 03 – Auto retrato de Carlos MANCUSO


Mancuso seguia, na sua autonomia de pessoa livre, a primeira lei de qualquer universidade.. No exercício das competências das áreas da Arte, da Arquitetura e do seu Patrimônio dos quais era agente qualificado, nunca abdicou do hábito da integridade intelectual. Assim, coerente com este mandamento, triturou em migalhas, para conhecer a natureza das áreas de sua preferência, e testar aquilo que a industria cultural queria impor-lhe como produto da Arte, da Arquitetura e do Patrimônio em Porto Alegre. Na sua tese explicitou esta atitude crítica:

Através de um conhecimento bem estruturado da cultura, o artista estimulará, não só as suas aptidões inatas, como também adquirirá uma consciência crítica inestimável em relação ao seu próprio trabalho. Esta sensibilidade crítica é indispensável ao artista” - Mancuso, 1965, p. 37


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Fig. 04 – Aquarela de Carlos MANCUSO com o tema da Praça Matriz de POA-RS


Manteve-se na trilha da honestidade intelectual, da justiça, e da beleza. Nada obediente aos modismos, ou a um mercado mergulhado em esclerose múltipla e ao esnobismo esotérico alheio a vida e a circunstâncias do aqui e do agora. Seguindo as normas da alta cultura da universidade não deixou que questões alheias à Arte, Arquitetura e Patrimônio viessem desviá-la do caminho que ele traçará para si e para a sua vida.

A arte se nutre de tudo que a vida oferece: da mente, da filosofia e da história, da religião e da ciência. Nada lhe escapa, e contém em si toda cultura criada” Mancuso, 1965, p. 35


Esta concepção - da arte como nutrição - revela o bom descendente de italianos na pessoa de Carlos Mancuso. Esta concepção o guiou em todos os momentos da vida, mantendo as referências subliminares à alimentação e à mesa.


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Fig. 05 - Aquarela da autoria de Carlos Mancuso

pertencente ao Acervo da Pinacoteca Barão de santo Ângelo do Instituto de Artes da UFRGS


Um povo identifica-se pela sua mesa ou pela sua falta. Mancuso - ao aproximar arte com a vida - aponta para a mesa farta e proveniente do que de melhor a criatura humana conseguiu realizar.

A conquista da natureza é também uma conquista de si mesmo na medida em ela se dirige a certas zonas que lhe interessam mais particularmente e refletem seus anseios mais íntimos e suas emoções mais profundas Mancuso, 1965, p. 25

Talvez as distinções no aspecto e aquilo que é servido mesa na cultura européia e no aspecto e natureza do que é servido aos assim chamados sub-desenvolvidos local desvela essenciais da natureza das duas culturas. O banquete – servido nas culturas mais evoluídas e da nobreza européias - deixou apenas as migalhas para os nativos brasileiros. A carne preparada como churrasco, a feijoada, o mocotó....não podiam subir até a mesa desta nobreza, tanto pelo seu aspecto visual, olfativo e gustativo. Mancuso está certo que estes aspectos externos e intrínsecas destas duas mesas revelam anseios íntimos e emoções mais profundas”..


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Fig. 06 - Aquarela da autoria de Carlos Mancuso

pertencente ao Acervo da Pinacoteca Barão de santo Ângelo do Instituto de Artes da UFRGS


O pensamento de um criador ,de uma outra época, não pode ser trazida impunemente para o presente.. Carlos Mancuso alimentava o seu pensamento nos vínculos entre a Arte, a Arquitetura e Patrimônio. No presente há necessidade de uma atenção triplicada para dar conta deste pensamento que não foi linear, nem isento de fortes obstáculos..


A defesa interrompida de uma tese.


Fig. 07 – Capa da tese de Carlos Mancuso

Quem consultar a tese de cátedra de Carlos Mancuso[1], quase meio século depois de sua publicação, dificilmente pode-se imaginar o que ela significa. Em primeiro lugar a tese era uma exigência formal acadêmica para obter a cátedra. Com e a sua defesa vinha o título de doutor. Do lado, quem se submetia a este processo, não tinha a menor ajuda ou orientador. As normas técnicas e formais, de uma tese, só forem implantadas e seguiram normas universas devido aos programas de pós-graduação e com a reforma universitária de 1968[2]. A tese de Mancuso foi escrita ao longo de 1964 e publicada em 1965.



[1] MANCUSO, Carlos Antônio (1930-2010) - Arte e Cultura . Porto Alegre : UFRGS - Instituto de Artes 1965, 51, p. Nº do sistema 0005000807

[2] - As normas técnicas vinham sendo praticadas no rigor formal no antigo IBA-RS como é testemunha a obra do mestre de Mancuso

GUIDO Ângelo O REINO das MULHERES sem LEI: ensaios de mitologia amazônica. Porto Alegre : Livraria do Globo, 1937, 172 p


Fig. 08 – Título e créditos da tese de Carlos Mancuso

O autor usou o título de ARQUITETO



Mancuso vinha exercendo, o cargo de docente da História da Arte no Instituto de Belas Artes e na Faculdade de Arquitetura da UFRGS, como sucessor natural do professor Ângelo Guido, pois fora, desde 1957, assistente até a sua aposentadoria. Com esta aposentadoria abriu-se a vaga para este cargo.. O professor Mancuso se inscreveu. Publicou e distribuiu o seu texto.


Na forma quase metafísica de fazer a distinção entre ARTE e CULTURA, além da defesa do seu ensino na universidade. é muito difícil perceber algum drama ao longo de sua leitura. Contudo, na prática, esta tese oculta um drama pessoal, vivido por ele e que narrava para quem o quisesse ouvir. No dia da defesa formal, a banca já instalada, numa sala preparada, veio ordem da Reitoria de suspender o concurso. O presidente da banca Professor Jose Flexa Pinto Ribeiro[1] considerou o ato uma verdadeira arbitrariedade e fez publicar matéria sobre o evento repudiando a truculência. Dissolvida a banca, alguns meses depois o professor Mancuso recebe pelo correio a aprovação e o título de doutor. Ao querer saber detalhes desta decisão Mancuso recebeu a informação de que no concurso havia um candidato considerado subversivo. Sintomaticamente, a tese de Mancuso já advertia em relação aos abalos da sociedade que estavam em andamento:


Passamos por uma fase de transição no mundo inteiro, todas estas transformações profundas tem abalado violentamente a vida em sociedade e desvirtuado os valores humanos. É urgente que se prepare espiritualmente o homem atual para que possa se realizar dentro das novas condições de vida Mancuso, 1965, p. 40/1




[1] - Veja José Flexa Pinto Ribeiro em http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Fl%C3%A9xa_Pinto_Ribeiro autor de

RIBEIRO, José Flexa Pinto História crítica da arte. São Paulo : Fundo de Cultura, 1962, 6v. Nº do sistema UFRGS 000317758



http://flaviodutra.blogspot.com/2009/09/carlos-mancuso.html

Fig. 09 – Mancuso fotografado no seu atelier


Em vez de uma rebelião aberta e anárquica, a tese de Mancuso é breve, sem tragédias e centrada no seu título., Na sua brevidade vai uma grande virtude. Contudo a maior destas virtudes seja a coerência entre o texto do seu discurso e a explicitação dos compromissos que ele mesmo praticou como artista e arquiteto.

A Universidade precisa despertar para as novas idéias artísticas que estão surgindo no país e tomar consciência do seu papel na formação artística dos jovens estudantes brasileiros Mancuso, 1965, p. 41


O artista na universidade:

Convergências conceituais entre Marcel Duchamp e Carlos Mancuso.


Esta recomendação foi defendida por Marcel Duchamp em O artista deve ir à universidade?”[1] antes da tese de Mancuso e com argumentos semelhantes, mas dirigidas ao artista com a responsabilidade de procurar a universidade


“Dotado de uma formação universitária, o artista não precisa temer o assalto de complexos nas relações com os seus contemporâneos. Graças a esta educação, ele terá ao seu dispor ferramentas adequadas para opor-se a estas questões materialistas por meio do EU cultivado no quadro dos valores espirituais”. Duchamp, 1960, p.237


Para Mancuso o artista necessita coerência entre a teoria e a prática

Se não se atinge um equilíbrio entre o trabalho de atelier e a formação teórica, o resultado final nunca será satisfatório Mancuso, 1965, p. 10


Esta coerência pode ser conferida ao artista pela formação universidade Marcel Duchamp declarava

“ Entre as suas responsabilidades, uma das mais importantes é a EDUCAÇÃO do seu intelecto, ainda que o intelecto não seja a base da genialidade artística. Para permanecer e sentir-se ao nível dos advogados, dos médicos, etc., o artista necessita receber a mesma formação universitária. Ademais o artista possui, na sociedade moderna, um papel muito mais importante que do artesão ou do palhaço”. Duchamp, 1960, p.237



[1] - Texto de uma alocução em inglês pronunciada por Marcel Duchamp, num colóquio organizado em Hofstra em 13 de maio de 1960.

Consta em SANOULLET, Michel. DUCHAMP DU SIGNE réunis et présentés par.. Paris Flammarrion, 1991, pp. 236-239


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Fig. 10 – Mancuso mostra um dos projetos para o lustre do Theatro São Pedro

O arquiteto tinha um carinho especial pelo imenso lustre que ele projetou desde a estrutura de ferro até o desenho dos cristais de murano, importados da Áustria e da Alemanha.

Ao cotejar a tese de Mancuso e as observações da Marcel Duchamp o primeiro escreveu.

O homem este sendo pressionado por um excesso de cultura material e privado dos benefícios da cultura espiritual; não é dono de se si mesmo, pois é levado por uma rede complexa de fatores externos a fazer as coisas, a pensar, agir e expressar-se de forma estereotipada e superficial Mancuso, 1965, p. 40



Semelhante preocupação esta presente no pensamento de Duchamp:.

“O artista encontra-se face ao mundo fundado sobre o materialismo brutal no qual tudo é avaliado em função do BEM ESTAR MATERIAL e no qual a religião, depois de ter perdido muito espaço, não é mais a grande distribuidora dos valores espirituais”.


Na tese de Mancuso é possível ler: :

O que se está notando hoje, é uma concentração exagerada do pensamento dirigido ao campo material. Mas esta concentração de interesses visando dominar o homem a matéria não estará prejudicando o homem em seu conjunto? Os valores espirituais não estará sendo esquecidos? O homem prático não estará subjugando o homem sensível, sob o pretexto – lógico até um determinado ponto – das conquistas científicas? Sem dúvida. Basta ver a posição que ocupam s artes dentro da sociedade contemporânea. O homem sensível foi posto à margem” Mancuso, 1965, p. 13/14


A crença de Duchamp era de que

“O artista é hoje em dia um estranho reservatório de valores para-espirituais em oposição absoluta com o FUNCIONALISMO diário, pelo qual a Ciência recebe uma admiração cega. Digo cego, porque não creio mais na importância suprema destas soluções científicas que não atingem mais os problemas pessoais do ser humano” .


Na sua tese de Mancuso perece-se também grande orgulho pela efetiva conquista do espaço externo, e motivo de muitas esperanças para a criação humana

As conquistas espaciais representam as infinitas possibilidades que o homem tem em suas mãos ao usar corretamente o pensamento criador Mancuso, 1965, p. 36


Na mesma direção Duchamp já havia escrito e advertias que estas distâncias espaciais poderiam afastar a criatura humana de si mesma

Por exemplo, as viagens interplanetárias parecem ser um dos passos prioritários em direção um auto-denominado «progresso científico» e contudo estes passos nada mais são, em última análise, do que o alargamento do território colocado a disposição da criatura humana. Não posso ser impedido de considerar isto como uma simples variante do atual MATERIALISMO que afasta o indivíduo, cada vez mais, da procura do seu EU interior. Isto nos leva à importante preocupação do artista contemporâneo que é, na minha opinião, informar-se e manter-se atualizado do auto-denominado «PROGRESSO MATERIAL QUOTIDIANO»”.


Contudo existe o contraditório a esta franca sintonia. Solicitada a se pronunciar Marilene Pieta, colega de Carlos Mancuso, na disciplina de História da Arte no IA-UFRGS, em relação à uma possível simpatia de Mancuso em relação Duchamp, foi categórica:

“Não.

- Posso garantir que mesmo que o Mancuso conhecesse o texto de Duchamp não seria ele o gerador de suas idéias. Assim como Gullar ele considerava Duchamp nocivo a exuberância visual. Ele não suportava que o conceito atropelasse a FORMA. Neste ponto se mantinha fiel a esta vertente tradicional da arte ocidental, ignorando as inovações conceituais que considerava equivocada. E-mail de Pieta ao autor, em 12.09.2010, as 16h58 min


Certamente os extremos das posições estéticas se tocam. Contudo apesar destes pólos opostos - no campo das suas seleções estéticas - existe o espaço cultivado pelo hábito da integridade intelectual. Neste hábito convergem . Duchamp e Mancuso.

É o que também garante Marilene

O Mancuso mantinha comigo e com certa porção de alunos, já nos anos 70, acaloradas discussões em que defendia com ardor a FORMA e a sensorialidade que dela emanava, a razão de ser de seus princípios teóricos e do seu fazer pictórico e como o concebia. Até por isso e pelo meu entusiasmo pelas 'vanguardas' ele passava para mim a tarefa de lecionar Arte Contemporânea,caracterizando assim um sadio antagonismo que soubemos manter com carinho até o final E-mail de Pieta ao autor, em 05.10.2010, as 16h48 min


Intervenções de Carlos Antônio Mancuso no patrimônio

Como arquiteto e como historiador Carlos Mancuso comandou diversas intervenções no patrimônio construído de Porto Alegre. Entre elas está o “Solar dos Câmaras”[1]. Contudo o grande orgulho de Carlos Mancuso foi a sua intervenção no prédio centenário do Theatro São Pedro[2].


Fig. 11 – Aquarela de Mancuso do Theatro São Pedro e seu uso para a campanha de motivação do restauro deste prédio


Um detalhado trabalho, ao longo da década de 1975-1984, recolocou este prédio, as suas dependências tão bem como os seus detalhes funcionais,. entre as casas da mais alta linhagem entre os congêneres brasileiros.

Ele declarou ao Jornal da Universidade, em 2009, p. 15, que ele

" “Praticamente reinventei o teatro”, recorda Mancuso, acrescentando que projetou inclusive as instalações elétricas e hidrossanitárias, criando até o desenho da calçada, construída em pedra portuguesa”.


Contudo ele não só ensina a História da Arte na teoria e na informação., Mas ele estava profundamente envolvido na sua prática e no sistema de artes do Rio Grande do Sul. Em vez de realizar uma obra solitária e egoísta, convidou Léo Dexheimer, Plínio Bernhardt e Danúbio Gonçalves para a decoração do teto do Theatro como ele descreveu ao Jornal da Universidade [nº 122, 2009] a sua intervenção:

Primeiro fiz uma maquete, procurando quebrar aquele aspecto de roda de carreta e criando divisões com entalhes no formato de folhagens e fl ores. Só utilizei flora e fauna do Rio Grande do Sul, com muitas azaleias. O São Pedro é bem gaúcho, em contraste com a decoração dos demais teatros brasileiros, que são todos estrangeiros.”


Contudo o olhar do mestre estava voltado também para a nova geração que estava chegando ao sistema de arte de Porto Alegre e uma garantia do continuum da civilização. Mancuso repetia o mesmo gesto que a geração anterior praticado em relação a ele e vindo da pessoa do seu mestre Ângelo Guido. Carlos Mancuso declarou ao Jornal da Universidade ( out.2009 p. 15, do nº 122)

“A primeira coisa que fiz foi levar meus alunos de Arquitetura para dentro do São Pedro, a fim de que eles exercitassem sua capacidade de desenhar. Transformei aqueles nove anos de trabalho num grande laboratório.”


http://pt.wikipedia.org/wiki/Theatro_S%C3%A3o_Pedro_(Porto_Alegre)

Fig. 12 – Platéia, galerias e palco do Theatro São Pedro

O papel positivo da intervenção de Carlos Mancuso, no restauro do prédio do Theatro São Pedro, é ressaltado por Marilene Pieta, ao mesmo temo em que busca fazer justiça para este meritório esforço do seu colega da disciplina de História da arte do IA

"Um assunto ainda em aberto e bem mal contado é sobre o seu papel na restauração do Theatro São Pedro em 70 - 80. Enquanto eu estiver viva vou falar nessa injustiça de tentarem obliterar seu nome. Digo a viva voz, e sem medo, de que houve má fé e injustiça na distribuição dos méritos".
Marilene Pieta. em e-mail ao autor, em 11.09.2010, as 14h37 min


http://pt.wikipedia.org/wiki/Theatro_S%C3%A3o_Pedro_(Porto_Alegre)

Fig. 13 – Lustre e teto do Theatro São Pedro projetados por Mancuso

com pinturas com motivos sul-rio-grandenses realizados por Léo Dexheimer, Plínio Bernhardt e Danúbio Gonçalves


O PENSAMENTO NASCIDO do HÁBITO da INTEGRIDADE INTELECTUAL não PASSA IMPUNE .


A fidelidade simultânea à Arte, à Arquitetura e ao Patrimônio cobrou evidente preço pela escolha múltipla realizada por Mancuso. Em Porto Alegre nenhuma destas áreas o inclui como agente específico.. O exercício do hábito da integridade também cobrou o seu preço. Os atingidos por pensamento derivado deste hábito da integridade intelectual de Carlos Mancuso não lhe perdoaram. Silenciam as suas obras, a sua pessoa e a sua memória.

Estes que silenciam as suas obras, no máximo concedem-lhe o favor de um “pequeno mestre”. Na pessoa de Mancuso este pejorativo não adere, pois o que menos queria ser era um “mestre” e nem lhe importava a obra se ela não tivesse a sua origem em alguém que deliberava e decidia agir na maior liberdade.

“ Si não houver da parte de todos o sentido da liberdade, a compreensão da obra de arte se tornará mais difícil e o artista terá mais dificuldade em desempenhar seu verdadeiro papel dentro da comunidade". Mancuso, 1965, p. 37


A “arte está em quem a faz e não no que produz” ensinava Aristóteles. Heidegger resumia o “ente no ser” pois o ente ensina algo subliminarmente significativo ao comunicar-se e interagir com os seus semelhantes no seu ser..


VEJA e LEIA MAIS em


BLOG sobre MANCUSO

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JORNAL da UFRGS

http://www.ufrgs.br/comunicacaosocial/jornaldauniversidade/122/pagina15.htm

MARGS Carlos Antonio Mancuso Biografia / Histórico/Veja os artigos da imprensa de e sobre Mancuso

http://www.margs.rs.gov.br/ndpa_dossies_artista_bio.php?par_id=202

ACERVO da PINACOTECA BARÃO de SANTO ÂNGELO

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2 comentários:

  1. claudia giuliano de azevedo21 de novembro de 2010 às 09:02

    Professor Círio, nos encontramos nesta sexta-f, 19.Nov/2010, na biblioteca do IA...conversamos a respeito do Profº Mancuso. Parabenizo-o pelo seu artigo,de grande contribuição à nossa àrea. Como ex-aluna do mestre Mancuso,digo que urge o resgate do seu trabalho artístico com o devido mérito.
    Injustamente, ainda não obteve o reconhecimento merecido. A difusão de sua obra e da sua pessoa estão na contramão de sua grandeza.
    Claudia Giuliano de Azevedo, professora/pintora.

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  2. obs tenho uma tela do mancuso a pintura de um palhaco de 1980 quero vendela meu imail e wilsonjcmarins@yahoo.com.br

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