PORTO ALEGRE a CIDADE REPUBLICANA do
Dr. CARLOS BARBOSA GONÇALVES
O Palácio do Governo.
Fig. 01 – Arq. Maurice GRAS Projeto do PALÁCIO PIRATINI. Porto Alegre.-
LAGEMANN, Eugênio et LICHT, Flávia Boni (org.s) PALÁCIO PIRATINI. Porto Alegre : IEL, 2010, p.142
O carinho pelo prédio do Palácio do Governo, hoje denominado Palácio Piratini[1], toma posse de todas as administrações que se sucedem no topo da hierarquia administrataiva do Estado do Rio Grande do Sul. E não podia ser diferente. Não existem só razões políticas por este carinho, pois o patrimônio físico deste prédio é plenamente coerente com o patrimônio imaterial sul-rio-grandense.
Fig. 02 – LAGEMANN, Eugênio et LICHT, Flávia Boni (rg.s) PALÁCIO PIRATINI. Porto Alegre : IEL, 2010, 144p. Il. 22 x 25 cm.
O governo (2007-2010) liderado pela Profª Yedda Cruisius não só se empenhou no restauro físico deste bem público. Promoveu a sua atualização para os meios contemporâneos. Por meio da Casa Civil trabalhou e editou também um livro que sublinha e fixa o patrimônio imaterial. Este livro foi coordenado pelo Prof Eugênio Lagermann da Faculdade de Economia da UFRGS.
Deve ser creditado a este governo o mérito de ter percebido a origem e razão de ser deste prédio público. Ele foi concebido e projetado como “PALÀCIO das RECEPÇÕES” pelo arquiteto Maureice Gras[1]. Se este conceito tivesse sido entendido e praticado, o teriam afastado de usos como mero espaço executivo burocrático. O livrariam de tantas adapatações, improvisaões e danos que lhe causaram este equívoco ao longo dos seus 85 anos de existência.
O Estado do Rio Grande do Sul começou a necessitar de um palácio para as sua recepções condignas e coerentes com a lógica do Decreto nº 1 do República consequente. O Decreto nº 1 da República conferia-lhe a soberania[2] pelo seu artigo 3º. Esta soberania seria incompatível com o velho palácio do governo colonial de Dom José Marcelino Figueiredo.
Internamente o novo palácio deveria encarnar o pensamento, deste ESTADO SOBERANO.
[1] - Maurice Gras intitulou um dos seus projetos, do Palácio do Governo do Rio Grande do Sul como “Palaís des Receptions”.Ver Lagemann, 2010 p.134
[2] - O Decreto que proclamava a República em 15.11.1889 escrevia no “Art 3.o Cada estado, no exercício de sua legítima soberania, decretará opportunamente a sua constituição definitiva, elegendo os seus corpos deliberantes e os seus governos locaes”
Fig. 03 – O PALÁCIO PIRATINI. Porto Alegre no centxto da Acrópole da capital do Rio Grande do Sul c.1920. LAGEMANN, Eugênio et LICHT, Flávia Boni (rg.s) PALÁCIO PIRATINI. Porto Alegre : IEL, 2010, p. 46
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Quando do seu planejamento e construção - ao longo da presidência (1908-1913) do Dr. Carlos Barbosa Gonçalves - o prédio do Palácio do Governo Grande do Sul representava a busca da culminância arquitetônica situado na acrópole da capital e destinado para expressar o pensamento adequado da soberania do Rio Grande do Sul.
Fig. 04 – O PALÁCIO PIRATINI. Porto Alegre em obras c. 1911 – Ao fundoa a Matriz.
CORONA, Fernando - Palácios do governo do Rio Grande do Sul : histórico de projetos, construção, obras de arte e seus autores. Porto Alegre : 1973. p.:22
Carlos Barbosa na sua mensagem, de 1911, pp 15 e 16, à Assembléia dos Representantes descrevia[1] o Palácio como um “monumento”:
“Secretaria de Estado dos Negocios das obras públicas Palácio do Governo
Tivemos occasião de assistir, um ano há, nesta data, ao lançamento da pedra fundamental do alteroso edifício. D’ahi em diante prosseguiram os trabalhos com regular actividade, vendo-se emergir do solo o imponente e severo monumento. O arcabouço da construção no sub-solo e primeiro andar está concluído, na parte correspondente á praça General Deodoro, não estando tão adeantada a outra face, ou posterior. No embasamento geral do palácio está sendo empregada a pedra calcárea, de Villars, França, belíssima de aspecto e artisiticamente apparelhada. [...] O revestimento das paredes do edifício deverá, talvez, ser de estuque. Apezar do custo algo elevado. A título de ensaio foi contractada, com uma firma de Paris, o estucamento de uma parte do edifício : o grande vestíbulo de honra, a escadaria principal, os dois vestíbulos de entada e as passagens para carros. Até 30 de junho do corrente anno estavam gastos nas obras 918 contos, sendo 465 com o pessoal e 453 em materiais”.
[1] - BARBOSA GONÇALVES, Dr Carlos - Mensagem enviada para a 3ª sessão ordinária da 6ª Legislatura á ASSEMBLÉA dos REPRESENTANTES do Estado do Rio Grande do Sul, em 20 de setembro de 1911. Porto Alegre : Oficinas Gráficas da Livraria do Globo 1911, 63 pp.
Esta mensagem funda-se no relatório do Secretário de Obras e da Fazenda de Carlos Barbosa GODOY, Cândido José de (1858-1946)- Relatório da Secretaria de Estado dos Negócios das Obras Públicas - Rio Grande do Sul - Porto Alegre : Livraria do Globo [1911], 380 p. il
Fig. 05 – Arq. Maurice GRAS Projeto do PALÁCIO PIRATINI. Porto Alegre. – Vista do fundo
LAGEMANN, Eugênio et LICHT, Flávia Boni (org.s) PALÁCIO PIRATINI. Porto Alegre : IEL, 2010, p. 143
No seu conteúdo formal interno, no imaginário do muralismo pictórico, aconteceram diversas tentativas para expressar o pensamento da soberania do Estado. até, posteriores As tentativas anteriores à I Guerra Mundial deixaram vestígios nas obras realizadas por Antônio Parreiras[1]. Para os murais do Palácio Piratini, Antônio Parreiras esteve em Porto Alegre, assinando contratos em 12.01.1912 e 30.03.1915 (Corona, 1973, p.16) para pintar os painéis “Proclamação da República do Piratini” e “Prisão de Tiradentes” mas não maruflados no Palácio Piratini.
[1] - PARREIRAS, Antônio (1860-1937). História de um Pintor contada por ele mesmo (1881-1936). Niterói : Diário Oficial , 1943, 261 p. Ver os capítulos: “República Rio-Grandense” e “Prisão de Tiradentes “´p.107 a 111.
Fig. 06 – Arq. Maurice GRAS Escadaria monumental do PALÁCIO PIRATINI. Porto Alegre.CORONA, Fernando - Palácios do governo do Rio Grande do Sul : histórico de projetos, construção, obras de arte e seus autores. Porto Alegre : 1973. p.25:
Os murais de Lucílio Albuquerque e de Luis Augusto de Freitas são tentativas realizadas durante e logo após esta Guerra. Lucílio de Albuquerque (1877-1939) esteve em Porto Alegre em março de 1914 e, no ano de 1916. Enquanto Luis Augusto de Freitas (1868-1962) foi contratado e assumiu a função professor, em 21 de junho, de 1917, na Escola de Artes do IBA-RS. (Relatório de Libindo Ferrás ao Presidente do IBA-RS de 15.12.1917, – Arquivo Geral do IA-UFRGS). Freitas teve o contrato assinado dos murais para o Palácio do Governo do Estado, em 31.08.1918, quando voltou para a Europa. Freitas pintou, em Roma, os painéis da saga da “Chegada dos Açorianos” e do “Combate da Azenha”. Regressou a Porto Alegre em 1925. Suas obras e “Garibaldi transporta por terra o seu barco da Lagoa dos Patos até o Atlântico” de Lucílio, foram maruflados, depois de 1935, no prédio do Instituto de Educação Flores da Cunha. Estes murais foram restaurados, em 2009, pela ação exemplar da comunidade deste educandário[1].
Fig. 07 – Sala de recepção do PALÁCIO PIRATINI. Porto Alegre.
CORONA, Fernando - Palácios do governo do Rio Grande do Sul : histórico de projetos, construção, obras de arte e seus autores. Porto Alegre : 1973. p.42:
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MENSAGENS dos presidentes da Província de São Pedro e do Estado do Rio Grande do Sul, para a Assembleia dos Representantes, “Center for Research Libraries (CRL) is a consortium of North American universities, colleges and independent research libraries” Para o Palácio dos Governo são especialmente significativas as Mensagens de 1908 até 1913
STEDILE ZATERA, Vera Beatriz. Aldo Locatelli. Porto Alegre : Palotti, 1990, 184 p. il. Color
WEIMER, Günter A vida cultural e a arquitetura na República Velha rio-grandense : 1889 – 1945r Porto Alegre EDIPUCRS, 2003, 328 p. ISBN 8574303135
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