PORTO ALEGRE e a ARTE de ADRIANO PITTANTI.
Fig. 01 – Adriano PITTANTI [ao centro da foto] recebe o Cônsul da Itália em sua residência em Hamburgo Velho. - c.1914.
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O olhar do “estrangeiro” confere-lhe uma autoridade neutral. No campo estético é possível apropriar esta percepção e juízo que o nativo possui deste ser estranho à sua cultura. A leitura da obra do sociólogo e teórico Georg Simmel (1858-1918) [1] pode ser transferida para a visão e a mentalidade do artista estrangeiro que visitou, ou se radicou em Porto Alegre. Este olhar renovador do estrangeiro permite romper a endogenia estética que fatalmente tomam conta de uma cultura que se fecha sobre si mesma e se reproduz com os genes e os olhares de indiferenciação que tomam conta dos nativos.
Entre os muitos decoradores, retratistas, escultores, arquitetos, atores, cenógrafos e músicos estrangeiros que buscavam a praça de Porto Alegre devido ao comércio e da era industrial encontra-se o empresário e escultor Adriano Pittanti (1837-1917). Ele precedeu a imigração oficial italiana de 1875 e constitui, por extensão, um dos “italianos da esquina” na afirmação da Drª Núncia Santoro Constantino[2]. Depois de participar ativamente e ser ferido na campanha de Giuseppe Garibaldi da unificação da Itália e aconselhado por este líder ele se estabeleceu em Porto Alegre.
Athos Damasceno descreveu (1971, p.160) Adriano PITTANTI:
“Fora na sua pátria ardoroso seguidor das doutrinas políticas de Mazzini e, aderindo ao movimento denominado Giovane Itália, fez em 1867, com as tropas garibaldinas, a famosa campanha que visava a posse dos Estados Pontifícios e de cuja aventura, encerrada com o desastre de Montana, sairia ferido. Preso e mais tarde incluído no rol dos conspiradores anarquistas, passou a respirar muito mal no país, de onde à época numerosos compatriotas seus tardaram de fugir, tais eram as perseguições e riscos a que estavam expostos. Seguindo-lhes o exemplo, a conselho de Garibaldi, Pittanti demandou a América, tendo chegado à Província em fins de 1868. Guardaria desses lances da mocidade recordações duradouras. Conta-nos o jornalista Túlio De Rose que em 1907, menino ainda e ao ensejo de festividade cívica então levada a efeito no Consulado Italiano de Porto Alegre, teve ocasião de vê-lo, muito aprumado, envergando velho fardamento garibaldino, em cuja jaqueta ostentava douradas condecorações guarnecidas de fitas coloridas e dentre as quais se viam ainda, embora apagadas pelo tempo, as gloriosa manchas de sangue do ferimento recebido em combate”.
[1] - http://pt.wikipedia.org/wiki/Georg_Simmel
SIMMEL, Georg 1858-1918 – Questões fundamentais da sociologia, indivíduo e sociedade, Rio de Janeiro : Zahar, 2006, 119 p.
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090530074734AAGiRqb
Foto de Círio SIMON
Fig. 02 – Conde de Porto Alegre – Obra de Adriano PITTANTI.
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A obra mais conhecida de Pittanti é a primeira escultura publica de Porto Alegre. Damasceno a descreve (1971, p.164)
“Estimava o seu ofício e tinha orgulho das obras que executavam no seu atelier. De uma delas, contudo, se ufanava justificadamente, citando-a, com frequência e onde quer que estivesse: - a estátua do Conde de Porto Alegre, aliás o mais antigo monumento público da Província, pois data de dezembro de 1884, tendo sido erigida a princípio num dos ângulos da Praça da Matriz, parte fronteira ao Palácio do Governo, e removida posteriormente para a Praça do Portão que hoje tem o nome do ilustre cabo de guerra”.
in ALVES, 2004 p.14.
Fig. 03 – Estátua do Conde Porto Alegre, na Praça da Matriz.
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Pittanti percorreu o Rio Grande do Sul na busca de mármores adequados à sua arte acreditando nas possibilidades de encontrar mármores e pedras no estado adotivo. Na pista de outros que o precederam, encontrou-os em abundância e variedade nos município de Caçapava e de Encruzilhada do Sul. Com eles a sua oficina, inicialmente montada na Rua Vigário José Inácio e depois na Rua da Praia, produzia monumentos e ornamentos e peças utilitárias tanto para o espaço publico como para residências particulares. Disto deu testemunho em sucessivas exposições em Porto Alegre e que ocorreram após a Guerra do Paraguai
Foto de Círio SIMON
Fig. 4 – Túmulos do irmãos Pittanti no cemitério publico de Hamburgo Velho - RS.
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O \ntigo anarquista não ficou indiferente aos apelos comerciais que a arte cemiterial provocava na época que precedeu e passou pela qual a Belle Epoque tentava transformar o tabu da morte em totem para os vivos. Neste ofício escolheu o município de Novo Hamburgo mais especificamente Hamburgo Velho. No cemitério Maçônico desta localidade ele irá erguer o seu próprio túmulo
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Fig. 5 – Lápide do Túmulo de Pittanti no cemitério publico de Hamburgo Velho - RS.
CLIQUE sobre a FIGURA para AMPLIÁ_LA."OS FELIZARDOS FRANCISCO MEYERHEFER [1833-1877]
ADRIANO [1837-1917] E JULIA [1837-1921] PITTANTI
ESTÃO A ESPERA DI TUTTI QUANTI”
Nele o carbonário, entrado na idade, deu livre vazão a todas as suas energias anárquicas e provocativas que haviam marcado os tempos da sua juventude.
Foto de Círio SIMON
Fig. 6 – Lápide do Túmulo de Pittanti no cemitério publico de Hamburgo Velho - RS.
“ORAE PARA VÓS”.
Contudo a sua contribuição veio somar-se à imensa herança estética que o imigrante italiano[1] acrescentou à cultura e arte sul-rio-grandense
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AMPLIE as QUESTÕES AQUI TRATADAS em
ALVES, José Francisco. A Escultura pública de Porto Alegre – história, contexto e significado. Porto Alegre : Artfolio, 2004, 264 p. : il
CONSTANTINO, Núncia Maria Santoro. O italiano da esquina: meridionais na sociedade porto-alegrense e permanência da identidade entre moranenses – Soa Paulo : 1990, 389 f. Tese de Doutorado em História USP Fac. De Filosofia, Letras e Ciências humanas
DAMASCENO. Athos. Artes plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900). Porto Alegre : Globo, 1971, 520 p
SIMMEL Georg Sociología: estudios sobre las formas de socialización. Madrid : Alianza, 1986, 2vol
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