01 - A Escola de Artes no projeto do Instituto
Livre de Belas Artes do Rio Grande do
Sul.
“O Sr Libindo Ferras propõe a fundação da Escola de Artes do desenho. [...] A ideia é aprovada”.
Dez dias do mes de fevereiro de mil novecentos e dez - Livro de Atas nº 1 da Comissão Central do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul – 5ª Sessão ordinária -folha. 8.f.
A criação e as competências da Escola de Artes do ILBA-RS.
Fig. 02,- Olinto Olympio de Oliveira (1866-1956) ( a esquerda do observador) Membro Fundador da COMISSÂO CENTRAL do INSTITUTO de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL, seu Presidente de 22.04.1908 - 30.04.1920 e Titular da Diretoria INFANTO MATERNA do MESP de 1930-1945 e Carlos BARBOSA GONÇALVES (1851-1933) presidente do Estado do Rio Grande do Sul de 1908 -1913 – Membro Fundador da COMISSÂO CENTRAL DO INSTITUTO de BELLAS ARTES do RIO GRANDE do SUL.A Escola de Artes foi autorizada a funcionar, no dia 10 de fevereiro de 1910, pela Comissão
Central do Instituto Livre de Belas Artes do Rio Grande do Sul. O fato ocorreu sete meses após o Conservatório abrir suas portas ao público, no dia 05 de julho de 1909. A criação de uma escola formal de Artes Plásticas teria afastado qualquer investidor particular dessa empresa, devido ao elevado custo dos materiais, pela reduzida procura de alunos e a longa formação necessária ao artista.
Pintura de Aldo LOCATELLI do mural do 8º andar do Instituto de Artes da UFRGS
(Veja a ação do Olinto de Oliveira nas artes em Porto Alegre em Damasceno, 1971, pp. 444 até 449)
A EA passou, em 1914, a funcionar numa sala construída especificamente para ela, no mesmo prédio do Conservatório, em cima do sobrado do ILBA-RS. A EA também era denominada ‘Escola de Artes e de Desenho’, pois a quase totalidade das disciplinas do seu currículo era centrada no Desenho. A Pintura só foi introduzida em 1926 [1] enquanto a Escultura, a História da Arte e a Arquitetura, só após a administração de Libindo.
O estudante era admitido aos completar 14 anos e podia percorrer todo o caminho até o Curso Superior e Aperfeiçoamento quando era considerado apto para reproduzir o modelo no seu magistério. Ao sentir-se preparado ele podia saltar etapas solicitando bancas para “exame vago”. Os estudos humanísticos gerais e mesmo os profissionais ele os realizava em estabelecimentos de Porto Alegre credenciados e nos períodos inversos da Escola de Artes.
A singeleza e mesmo a ambição dos seus currículos reflete-se na sua tábua curricular
[1] - Relatórios de Libindo Ferrás arquivado nos requerimentos ao Presidente do ILBA-RS. {036Relat}
A EA manteve-se teimosamente qual um fio de água continuado, ao longo de quase trinta anos[1], sem grande expressão e visibilidade. Nas suas tênues veredas explorava os limites do meio do qual se originou, com um orçamento mínimo, com a falta de experiências anteriores, às distâncias geográficas dos experimentos bem sucedidos em outros centros, contando com uma população de hábitos ainda próximos da Natureza.
As experiências de ensino noturno na Escola de Artes do ILBA-RS, iniciaram no dia 01 de setembro de 1917 [2]. Não havia propriamente uma seriação, adiantamentos e um currículo específico. Os professores Luis Augusto Freitas, Eugênio Latour, Libindo Ferrás e Oscar Boeira eram os mesmos do diurno e ofereciam, de uma forma sintética, o que ensinavam nos cursos diurnos. Apesar de o curso ser gratuito e de sua grande procura, deixou de ser oferecido após 1920, sem maiores registros das causas da sua supressão[3].
A situação inverteu-se inesperadamente quando o Instituto teve a coragem de oferecer novas competências numa vasta gama de saberes associados às Artes Plásticas, com profissionais atuantes no sistema de artes visuais, num lugar e num curso adequado ao meio urbano que se transformava. Em 1936, na administração de Tasso Corrêa, a EA passou a denominar-se Curso de Artes Plásticas (CAP). Com esse novo curso iniciou-se a pensar no ensino de Arquitetura, tanto no aspecto técnico como conceitual. A Modelagem e a Escultura começaram a serem oferecidas por um profissional que procedia da área. O Desenho e as artes gráficas receberam o reforço de profissionais que trabalhavam em editoras industriais locais. As disciplinas da História da Arte e da Estética passaram a costurar o espaço prático do fazer artístico com o mundo das idéias estéticas coerentes com a Universidade Brasileira. A partir do CAP, passa a faltar lugar para os candidatos. Nesse momento, os seus alunos equilibram numericamente e depois ultrapassam os do Conservatório de Música. Consolidou-se a liderança discente do CAP e de forma particular aqueles do Curso de Arquitetura..
[1] - Relatórios de Libindo Ferrás entre 1912 e 1926{011Relat} e depois de 1930 os Relatórios de Francis Pelichek {039-040}
[2] - Em Porto Alegre essa tentativa de aulas noturnas, vinha desde os primórdios do ILBA-RS e também no campo da música. É o que se verifica nos relatórios em 1912 de Olinto de Oliveira. quando ele escreve: “Já tentei mesmo fazer á noute alguns cursos mais próprios para rapazes (instrumentos de sopro, aula especial de canto para homens, com elementos de solfejo). Os resultados, porém, não corresponderam á boa vontade dos professores e aos sacrifícios realizados elo Instituto. A freqüência de taes aulas foi sempre muito pequena, e acabou por ser nula” Olinto de Oliveira, 1912: 38) in {015bRELAT}, {021Relat} e {026Matr}.
[3] - Para essas aulas noturnas consultar os relatórios de Libindo Ferras [{021Relat} e as matrículas dos alunos {026Matr}] Antes dessas aulas noturnas, já no primeiro mês de funcionamento da Escola de Artes houve a tentativa, em 1910, de admitir entre os alunos regularmente matriculados outros não regulamentares e que poderiam ser classificados como de alunos de extensão. A dura e exigente resposta, dada pela presidência, levou ao diretor da Escola a não implementar a experiência. [Pedido de Libindo do dia 02.04.1910 – Resposta da presidência: Oficio no 19 do dia 08.04.1910 {008DOC}] Outros projetos do ensino noturno foram retomados em duas oportunidades distintas. Uma em 1938 quando se implantam os cursos técnicos de Artes Plásticas e de Arquitetura no Instituto de Belas Artes sob a administração universitária [{057MED} Médias dos alunos do IBA de 1936 até 1941]. Outro, no início da década de 1960, quando sob a liderança da Faculdade de Filosofia da URGS, eram oferecidos diversos tipos de cursos noturnos populares [{157Ext} Curso de Extensão da Faculdade de Filosofia da URGS]. Nesses cursos populares trabalharam vários professores, entre os quais estava o professor Aldo Locatelli, que abria a noite o seu atelier no Instituto, com grande afluência de público.
(Ver a obra e ação de Libindo Ferrás em Damasceno, 1971, pp. 403 até 407)
O estudo deste salto é possível após o estudo das contribuições fundamentais da frágil Escola de Artes ao campo das artes. Esta Escola é um fundamento submerso para a percepção da pesquisa, da extensão e do ensino institucionais do atual campo das Artes Visuais no Rio Grande do Sul. O objetivo do presente texto limita-se a acompanhar a emergência, entre 1910 até 1936, do ensino institucional das Artes Plásticas do Instituto de Artes da UFRGS por meio de sua centenária Escola de Artes atualmente sob a denominação de Departamento de Artes Visuais (DAV).
VEJA MAIS:
DOCUMENTOS – Arquivo Geral do IA-UFRGS
Prédio da antiga Faculdade de Medicina – CAMPUS CENTRAL – UFRGS
Contato Fone: (0xx51) 3308 3391 E-mail: ahia@ufrgs.br
TESE : “Origens do Instituto de Artes da UFRGS” texto integral em http://www.ciriosimon.pro.br/aca/aca.html
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DAMASCENO, Athos. Artes plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900) Porto Alegre : Globo, 1971. 540p
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