O que PERMANECEU da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA no
RIO GRANDE do SUL.
SUMÁRIO
01 – PROBLEMA: - ¿ O PROJETO de UNIDADE e IDENTIDADE a MISSÃO ARTÍSTICA
FRANCESA e que teve EXPRESSÃO no RIO
GRANDE do SUL?. 02 – NATUREZA da MISSÃO ARTISTICA FRANCESA de
1816 03 – A DIALÉTICA entre o CENTRALISMO NACIONAL e A DIÁSTOLE rumo ao PERIFÈRICO
e REGIONAL 04 A CONTROVERSA PRESENÇA e DEBRET no RIO GRANDE do SUL 05
– O DISCÍPULO MANUEL ARAÚJO
PORTO-ALEGRE é MELHOR do QUE a PRESENÇA FÌSICA de DEBRET no RIO GRANDE do SUL– 06- O CULTO da MEMÓRIA de MANUEL ARAÚJO PORTO-ALEGRE no RIO GRANDE do
SUL 07- RAROS
ESTUDANTES do RIO GRANDE do SUL na IABA 08
- Os DISCÌPLULOS da IABA o RIO GRANDE do SUL 09 – As
TENTAÇÔES VINDAS do RIO da PRATA . 10 – A
UNIVERSIDADE BRASILEIRA e ARTE. 11 – ESTUDO
de CASO: A CARTA de JOAQUIM LE BRETON ao CONDE da BARCA -12 - CONCLUSÕES e NOVOS
PROJETOS FONTES BIBLIOGRAFICAS e NUMÈRICAS DIGITAIS
PORTO-ALEGRE num desenho de JEAN BATISTE
DEBRET que denominou a obra de PARANAGUA
Fig. 01 – Uma
vista PORTO ALEGRE de Jean Baptiste
DEBRET um dos mestres mais qualificados
da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA. O titulo equivocada está sendo corrigido.
Trata-se da imagem da estrada do atual Bairro Navegantes com a chácara de Dom
Diogo de Souza, a esquerda, de quem olha o quadro. Acima da estrada são visíveis os Moinhos
de Vento. No lado direito a colina da Praça da Matriz o velho Palácio e na
praia o Praça da Alfândega . No entanto não é possível afastar as
influências dos esboços e dos desenhos realizados - in loco e em memória - por
Manuel Araújo Porto-alegre de sua cidade e daquelas da sua viagem terrestre da
capital do Rio Grande do Sul até o Rio de Janeiro. Pode-se adiantar a hipótese
de que estes esboços e desenhos - do
discípulo sul-rio-grandense de Debret - seriam preciosos elementos para o mestre elaborar as pranchas,
dos desenhos das obras editados e
publicadas em Paris em 1834.
01 - PROBLEMA: ¿ O PROJETO de UNIDADE
e IDENTIDADE a MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA e que
teve EXPRESSÃO no RIO GRANDE do
SUL?.
Rio Grande do Sul ainda era capitania de SÃO
PEDRO no ano de 1816 da vinda da Missão Artística Francesa ao Brasil. Metade do
seu atual território integrava a BANDA ORIENTAL com sede em MONTEVIDEU e com resultado do processo
de intervenção do Brasil no atual Uruguai. O Rio Grande do Sul estava ligado ao BRASIL por uma nesga de terra firma do atual Estado
de Santa Catarina. O restante deste território, ao Oeste de Lages era
reivindicado pela Argentina e pelo Rio Grande dos Sul cujos limites iam até a
capitania de São Paulo. O atual Estado do Paraná só separou de São Paulo no ano
de 1853[1]
No ano de 1818 começou a funcionar o
Correio entre São Paulo e Porto Alegre indo até Rio Prado duas vezes por mês[2].
Este isolamento geográfico desenvolveu uma identidade sul-rio-grandense e que
os viajantes[3]
da época ressaltavam com singular.
O Rio Grande do Sul não oferecia nenhum terreno favorável para as sementes da MISSÃO ARTÌSTICA FRANCESA. Na produção havia a falta absoluta de qualquer industrialização. Limitava-se a uma pecuária extensiva e de subsistência. O trabalho era dos escravos. A cultura sentia as
consequências da desativação das MISSÕES JESUÍTICAS e a falta de qualquer curso
superior. Eventuais entradas de imigrantes era de perseguidos pela justiça ou sobras de mão de obra europeia. As exceções confirmam
a regra.
De
outro lado os registros objetivos, os documentos confiáveis e as tradições das
INTERAÇÕES do RIO GRANDE do SOL com a MISSÃO ARTISTICA FRANCESA não ganharam evidência, visibilidade e ainda
não mereceram um estudo sério e crítico. Assim a presente postagem merece
severa antítese.
No
entanto o olhar do estrangeiro[4]
mesmo que não conseguir captar nada da nação visitada, é tomado, pelos nativos,
como neutral e capaz de perceber potencialidades que os locais não conseguir
perceber e muito menos aproveitar de uma forma insuspeito para eles
[1] _Estado
do Paraná https://es.wikipedia.org/wiki/Estado_de_Paraná
[2] CORREIO entre SÃO PAULO e
PORTO ALEGRE. http://naofoinogrito.blogspot.com.br/2018/04/164-nao-foi-no-grito.html
[3] SAINT-HILAIRE, Auguste (1779-1853) . Viagem ao
Rio Grande do Sul Belo Horizonte: Itatiaia, 1999, 215 p.,
ISABELLE, Arsène (1806-1888) Viagem
ao Rio Grande do Sul ( tradução de Teodomiro Tostes) Brasília: Senado, 2006, 349 p
[4] Papel do
ESTRANGEIRO em: SIMMEL, Georg Sociología y estudios sobre las formas de socialización. Madrid: Alianza.
1986, 817. 2v.
Fig. 02 – O mapa
de Jean Baptiste DEBRET - editado em Paris após o fim da MISSÃO ARTÍSTICA
FRANCESA - certamente tinha como objetivo orientar geográfica e superficialmente
o leitor europeu sobre o vasto território brasileiros No entanto mostra que o artista - ou seus
assessores - esqueceram de colocar PORTO
ALEGRE no RIO GRANDE do SUL e que figura entre Espírito Santo e Porto Seguro
02 – A NATUREZA da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA de
1816
A MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA, que desembarcou no BRASIL
em 1816, vinha de várias DERROTAS. Ela vinha da DERROTA dos primeiros ardores da REVOLUÇÃO
FRANCESA impostos por NAPOLEÃO BONAPARTE. A DERROTA
do CORSO valeu, a LE BRETON, o chefe da MISSÃO, a perda do TÍTULO de SECRETÁRIO PERPÉTUO do INSTITUTO de
FRANÇA que sucedera a UNIVERSIDADE de SORBONNE. Outra DERROTA foi o retorno da UNIVERSIDADE da
SORBONNE e a CRIAÇÃO da "ECOLE de BEAUX ARTS" de Paris em 1816. Nenhum dos membros da MISSÃO ARTISTICA FRANCESA recebeu convite para integrar estas
duas instituições restauradas.
Uma
vez em solo brasileiro foram rigidamente policiados pelos representantes do
REGIME do BOURBONS no Rio de Janeiro. Afinal Napoleão estava preso numa ilha entre o
BRASIL e a ÀFRICA.
No entanto pior
DERROTA da MISSÂO ARTÍSTICA FRANCESA foi no MUNDO CONCEITUAL , dos seus
PROJETOS e das sua qualificações. Em 12 de agosto de 1816 foi decretada a REAL
ESCOLA de BELAS ARTES e de OFICIOS. Esta, no entanto, só começou a funcionar,
de fato, em 1826, já no IMPERIO, como a IMPERIAL ACADEMIA de BELAS ARTE (IABA). No entanto tratava-se de uma forma institucional que acobertava MAIS uma das tantas REPARTIÇÕES PÚBLICAS GOVERNAMENTAIS.
Fig. 03 – A
imagem de um esboço de Manuel ARAÚJO PORTO_ALEGRE marca a influência da MISSÃO
ARTÍSTICA FRANCESA no jovem sul-rio-grandense O recurso ao imaginário dà
cultura e da mitologia greco-romana
provem do Iluminismo passando pela Revolução Francesa e que atinge o clímax no
IMPERIO NAPOLEÔNICO. O ESTADO NACIONAL da ERA INDUSTRIAL necessitava de um eixo
e de uma poderosa figura central Tanto
na empresa fabril como no governo de uma nação. No Brasil este centralismo
recaia sobre a figura imperial. No entanto a ERA INDUSTRIAL estava num porvir
muito distante e fraco.
O
projeto original desta Escola, na forma de uma carta assinada , em 1816, pelo presidente da MISSÂO ARTÍSTICA FRANCESA foi parar nas prateleiras de uma
repartição governamental. Este precioso e fundamental documento, só foi desenterrado
e publicado, em 1959, por Mário Barata. A as ideias que enfatizavam DUAS ESCOLAS , presentes na carta, foram substituídas por uma
repartição de pseudo artistas portugueses na qual os
FRANCESES tinham papel subalterno. O projeto original da carta visava a INDUSTRIALIZAÇÃO do BRASIL por
meio de uma instituição enxuta na qual
seriam cultivadas tanto as “ARTES NOBRES” como os OFÍCIOS. A Escola de Ofícios
veio ao mundo só em 1856, com o nome de LICEU de ARTES e OFÍCIOS[1]
e fora do GOVERNO IMPERIAL
[1] - Liceu de
Artes e Ofícios do Rio de Janeiro http://enciclopedia.itaucultural.org.br/instituicao115540/liceu-de-artes-e-oficios-rio-de-janeiro-rj
Fig. 04 – As
figuras dos SUL-RIO-GRANDENSES de Jean Baptiste DEBRET eram o registro destas
figuras do extremo sul do Brasil na sua chegada à corte do Rio de Janeiro
depois de longa e exaustiva viagem, por terra , até a corte brasileira A
presença destas figuras humanas - das diversas
capitanias brasileiras somado com
as suas narrativas - forneceram ao artista francês os elementos das suas
observações publicadas “Voyage pittoresque et
historique au Bresil” editada em Paris em 1834 junto com as pranchas dos seus
desenhos
03 – A
DIALÉTICA entre o CENTRALISMO NACIONAL BRASILEIRO e DIÁSTOLLE rumo ao PERIFÉRICO
e o REGIONAL SUL-RIO-GRANDENSE
Talvez
o Rio Grande do Sul seja o único estado brasileiro a fazer opção constante pelo
Brasil. Prova disto é a carta de Bento Gonçalves quando deixa ao regente ao
padre Feijó[1]
a escolha entre “ruína da Província, ou formação
de um novo estado dentro do Brasil”
No
entanto o longo período da dependência, do Brasil de Lisboa, criou o hábito
pautar tudo e a todos pelo que a capital deliberasse e decidisse até os menores
gestos, obras ou mesmo decisões urgentes e inadiáveis.
A distância com a
metrópole, os parcos e inseguros dos meios de comunicação fez com que o sul-rio-grandense tomasse
decisões pouco ortodoxas para o pesado e
alienante regime colonial - aplicado por Portugal ao BRASIL. Estas
circunstâncias impuseram um modo de SER do sul-rio-grandense posteriormente padronizado nas
eventuais expressões regionais
Fig. 05 – A
paisagem de TORRES - numa obra de Jean Baptiste DEBRET - desperta apaixonados
debates sobre a presença deste artista central da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA no Rio Grande do
Sul Evidente que estes debates evidenciam o carinho e a importância deste artista ainda
nos dias presentes na cultura brasileira inicial no Rio Grande do Sul.
04 – A CONTROVERSA PRESENÇA e DEBRET
no RIO GRANDE do SUL
As numerosas imagens de Jean Baptiste em
relação à paisagem, costumes e viajantes do Rio Grande do Sul[1]
Não é
possível afastar as influências dos esboços e dos desenhos realizados - in loco
e em memória - por Manuel Araújo Porto-alegre após uma viagem terrestre da
capital do Rio Grande do Sul até o Rio de Janeiro. Pode-se adiantar a hipótese
de que estes esboços e dos desenhos - do discípulo sul-rio-grandense de Debret
- seriam preciosos elementos para o
mestre elaborar as pranchas, dos
desenhos das obras editados e publicadas em Paris em 1834. Faltam
arquivos, documentos e textos comprobatórios.
Estas especulações mostram o quão pouco o brasileiro
e o sul-rio-grandense, estão dispostos a investir em pesquisa. Pesquisa necessária, urgente e indispensável para colocar, em
primeiro lugar, a sua gente, a sua paisagem mesmo que seja em tempos remotos e
dos quais possui frágeis e controversos documentos. O que é certo é que a presença,
dos membros da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA, rompia com este modelo monocrático e
dominador colonial lusitano. No entanto eram obrigados a publicar na EUROPA, após o seu retorno da AMÈRICA.
05 – O DISCÍPULO MANUEL ARAÚJO PORTO -ALEGRE é MELHOR
do QUE a PRESENÇA FÍSICA de DEBRET no RIO GRANDE do SUL
Manuel Araújo
PORTO-ALEGRE (1809- 1879) foi um dos
discípulos mais qualificados da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA. Porém muito cedo sentiu a burocratização - no qual deslizou a IMPERIAL ACADEMIA de BELAS ARTES (IABA)[2] -
nada fiel aos autênticos ensinamentos exemplos e obras dos seus mestres vindos
de Paris. Renunciou a direção da AIBA
quando sentiu que os estragos eram irreversíveis.
Os
membros desta MISSÃO buscavam meios para elevar o BRASIL para uma realidade estética
muito além da capacidade e da competência em assimilar as consequências da
REVOLUÇÃO FRANCESA e do IMPÉRIO NAPOLEÔNICO dos quais estes artistas europeus
era originários.
Foram
poucas mentalidades e personalidades que perceberam e acreditaram na seriedade,
na competências e na obra destes mestres franceses. Apesar de corridos pela
sorte de sua terra, dos seus cargos e carreiras, buscavam espaço no Novo Mundo
em vias de se tornar nação soberana. Certamente o futuro Barão de Santo
Ângelo escolheu estes mestres como orientadores em geral. Fixou-se em Jean
Baptiste DECRET como aquele que lhe podia abrir o caminho da arte universal do seu tempo. Esta nova perspectiva
livrava Manuel Araújo Porto-alegre de um
bando de ignorantes, de continuadores dos hábito coloniais e servis. Pagou
muito caro pela escolha.
Porém
o seu deslumbramento pelas novas e inéditas perspectivas, que estes mestres lhe propiciaram, fez com
ele experimentasse o gosto pelos mais variados caminhos. Afinal tudo estava
para se fazer na sua própria pátria, parada ao longo de três séculos, cercada
de fortalezas, interesses e preconceitos absurdos.
06 – O CULTO da MEMÓRIA de MANUEL ARAÚJO PORTO-ALEGRE no RIO GRANDE do
SUL
A
memória de Manuel Araújo Porto-alegre possui um culto no Rio Grande do Sul
tanto como literato com artista visual.
Nas
artes visuais não é sem razão e que a Pinacoteca Instituto de Artes da UFRGS é denominada de
Barão do Santa Ângelo[3].
Esta escolha foi amplamente fundamentada pelo pesquisador Paulo Jaurés Pedroso XAVIER, (1917 - 2007)[4]
numa obra publicada pelo Departamento de
Artes Visuais[5]
do Instituto de
Artes da UFRGS
[1] Imagens do RIO GRABDE do SUL
em DEBRET http://mathiassimon1829.blogspot.com/2010/09/em-dia-com-cultura-dos-simon-04.html
[3] PINACOTECA
BARÃO de SANTO ÂNGELO Instituto de Artes – UFRGS CATÀLOGO GERAL
1910-2014 Organização Paulo Gomes et
alii- Porto Alegre: Editora UFRGS - 2015 -
2v - 688p. il. 21 x 28 cm ISBN
978-85-386-0268-2 –
[5] XAVIER,
Paulo Jaurés Pedroso (1917 - 2007)[5] .CADERNOS de ARTES - nº 01 - Porto Alegre : Instituto de Artes da UFRGS Jun 1980. (Dedicado integralmente a Manuel Araújo Porto
Alegre)
---------Família de um povoador: contribuição à genealogia de Manuel
Araújo Porto-Alegre (1806-1979) Porto Alegre: UFRGS Departamento de Artes Visuais IA, 1980,
49 p.
-----------. «Ascendência Brasileira de Araújo
Porto Alegre» in Correio do Povo. Caderno
de Sábado . Volume XCVI , ano VII , n
o 596, 29.12.1979. p. 16
Fig. 06 – O
culto à memória de Manuel Araújo
PORTO-ALEGRE (1809- 1879) ganhou
dimensões de uma verdadeira guerra quando da concurso, encomenda e inauguração
do seu busto em na capital Sul-rio-grandense
um dos discípulos mais
qualificados da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA..
Porém após a vinda dos seus restos mortais para Rio Pardo o seu túmulo
desperta pouca atenção nada fiel ao aos autênticos ensinamentos dos seus
Mestres vindos de Paris.. Renunciou a
direção da AIBA quando sentiu que os estragos eram irreversíveis
A polêmica da encomenda do seu busto foi vencida, por Eduardo de Sá, com o tema da
glorificação da sua obra literária. O resultado foi colocado e inaugurado, no dia 15 de junho de 1918, na Praça da Alfândega de Porto Alegre.
Túmulo e retrato
em relevo de Manuel Araújo Poro- alegre devido o escultor André ARJONAS GUILLÉN
(1885-1970) no túmulo de Rio Pardo e concluído em 1939. Foto gentileza de IVAN WINK MACHADO
Cronologia e
bibliografia em http://brasilartesenciclopedias.com.br/nacional/porto_alegre_manuel.htm
Fig. 12 – O Brasil repatriou, em 1922, os restos mortais de Manuel Araújo erigiu um mausoléu, na sua cidade natal, Rio Pardo,
que recebeu os seus restos mortais No
entanto foi um segundo enterro e que fez silenciar a voz do Rio Grande do Sul
nas homenagens, no estudo, e na
circulação constante desta memória.
Talvez a pesquisa bem mais produtiva,
seria o de se deter num estudo, objetivo e sério, de numa única das suas obras
visuais[1] A partir desta baliza, percorrer de forma pedestre a produção oceânica de
Manuel Araújo de Porto-alegre. Assim se contorna na mesma “TENTAÇÃO do MÚLTIPO” na qual este
escritor, literato, professor, dirigente, caricaturista e diplomata dispersou
as suas energias. TENTAÇÃO que redundaria num mero
mimetismo e sem acrescentar novos resultados. Evidente que possui plena justificativa colocar-se no TEMPO, no
LUGAR e na SOCIEDADE, deste artista primordial da instauração e afirmação da
soberania brasileira.
No contraditório, um dos melhores
estudos e merecidas homenagens e estudo do conjunto do BARÃO de SANTO ÂNGELO
veio da lavra do escultor português Rodolfo
PINTO de COUTO, (1888-1945) Este escreveu um livro primoroso[2] após Eduardo de Sá ter vencido o concurso do busto presidido por literatos. PINTO do COUTO deixa em letra
de forma os méritos de artista visual de Manuel Araújo Porto–alegre que ele
defende como muito mais importante nas ARTES VISUAIS do que os eventuais méritos com escritor e literato. Ele escreveu e publicou, este
livro, fazendo o retrospecto do intenso debate entre os favoráveis a Manuel Araújo como literato ou artista visual. Debate aceso, pela imprensa, onde os dois lado apresentam o seus argumentos.
[1] Uma obra de Manuel Araújo Porto-alegre
[2] PINTO de COUTO,
Rodolfo (1888-1945) O
MONUMENTO ao BARÂO de SANTO ÂNGELO : algumas notas, e informações do caso das maquetes. Rio de janeiro:
Pimenta de Melo, 1918, 102 p
Antônio Cândido de MENESES
(1826-1908) - Dom Pedro II - 1872 –
Museu Júlio de Castilhos
Fig. 08 – Antônio Cândido de MENEZES[1]
foi um dos raros estudantes sul-rio-grandenses da Imperial Academia de Belas
Artes sucessora da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA A imagem hierática do Imperado Dom Pedro II[2]
pintada pelo artista sul-rio-grandense Antônio Cândido de Menezes[3]
. Como aluno da IABA, ele devia o seu repertorio simbólico e o se fazer técnico da pintura a óleo que a Missão
Artística Francesa trouxe ao Brasil A Missão Artística Francesas estendeu - no extremo oposto desta produção
oficial, hierática e simbólica - a pintura
do retrato à óleo para a imagem cidadã
sem restrições. O notável nesta obra – apesar da tradição de exaltar o
chefe supremo da nação - é o NOME do ARTISTA preservado conforme a tradição da
AUTONOMIA do ARTISTA e cultivado no legado da MISSÂO ARTÌSTICA FRANCESA
implantada oficialmente no BRASIL a partir do ano de 1816. . Antes desta data a
pintura brasileira era anônima e sem assinatura pessoal do artista.
07
RAROS ESTUDANTES do
RIO GRANDE do SUL na IABA
A oportunidade de
mudança, da estética colonial para a imperial, redundou em mais uma seção burocrática imperial. A Imperial Academia de Belas
Artes [4],foi loteada por
interesses e cargos que
eram cabides de emprego oportunos para os sócios da corte. A verdadeira
promessa de um projeto de uma escola não saiu das mentes dos franceses.
Após Manuel Araújo
Porto-alegre são raros os estudantes sul-rio-grandenses que
cursaram e concluíram a Imperial Academia de Belas do Rio de Janeiro.Era mais fácil e
proveitoso um estágio na Europa. Foi o caso de Pedro Weingärtner que buscou
diretamente as fontes. De outra parte a
vinda e a circulação constante de artistas europeus e platinos não permitiam a um jovem optar por
uma profissão de alto risco, e sem a menor perspectiva de apoio oficial ou
particular no se retorno a Porto Alegre.
Prova desta falta de
mercado de arte para artistas sul-rio-grandense no seu retorno à terra natal
são as escassas vendas das obras de Weingärtner, Boeira e mesmo artistas mais
recentes nos seus retornos para Porto Alegre. Nesta recepção da obra do artista
local a MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA não pode abrir caminho e futuro no Rio Grande
do Sul.
Este caminho e este
futuro - apontado pela MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA - permaneceu, na verdade de
posse de uma classe muito distante e acima da média cultural brasileira.
Estabelecer laços, interações e a circulação - entre estas duas realidades e classes sociais, culturais e econômicas- necessita, até os dias atuais, de jovens talento muito acima da média
intelectual, cultural e competência estética de altíssimo nível.
[1] - DAMASCENO 1971 pp. 118-128
[3] - Antônio Cândido de MENEZES https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_C%C3%A2ndido_de_Menezes
Antônio
PARREIRAS (1860—1933 Acervo da Pinacoteca
Barão do Santa Ângelo – Instituto de Artes da UFRGS
Fig. 09 – A personalidade controversa e a obra de Antônio PARREIRAS redundou num ativo propagandista
dos ideais republicanos em Arte nos diversos Estados Brasileiros onde destacou
nas suas telas este ideal político. Em confronto com a Imperial Academia de Belas Artes,
ligou-se ao grupo de Georg GRIMM (1846-1887) e começou seu caminho autônomo da arte. No Rio Grande do
Sul contratou um quadro para o “PALACIO PRESIDENCIAL”[1] e construção com tema da
PROCLAMAÇÂO da REPUBLICA do PIRATINI. O quando acima do “CRISTO nas MARGENS do
LAGO GENESARÉ há muito de autobiográfico de Parreiras[2], Nascido em Niterói,
empregado no comércio, vagava pelas praias como a do ICARAI onde ele encontrava os discípulos de
GRIMM. A alva túnica dos enforcado. combina com metamorfose de TIRADENTES na
FIGURA de CRISTO realizado pelo recente
Regime Republicano
08
- Os DISCÍPLULOS da IABA no
RIO GRANDE do SUL
Não se conhece nenhuma
missão institucional envaida ao RIO GRANDE do SUL pela IMPERIAL ACADEMIA de
BELAS ARTES e pela ESCOLA NACIONAL de BELAS ARTES nem o inverso. Como também
nenhum protocolo de intenções ou algum convênio.
Foram professores ou ex-alunos
que vieram ao RIO GRANDE do SUL em caráter particular e sem qualquer missão
oficial. Isto acontecia quando a Europa estava convulsionada e inacessível devido a das frequentes guerras do Velho Continente
O pensamento e a
estética de Antônio PARREIRAS estão numa clara oposição aos paradigmas vigentes
na IABA do seu tempo. No entanto, apesar desta oposição, não deixa de ser uma
continuidade, ainda que involuntária e as avessas, das ideias expressas por LE
BRETON na sua carta. Parreiras percebeu e acrescentou
a dimensão de "SOBERANOS" a TODOS os ESTADOS do TERRITÓRIO BRASILEIRO, constituídos como tais, no início do Regime Republicano em 15 de novembro de 1889.
Estas ideias "SOBERANOS" tiveram franca repercussão no Rio Grande do Sul que vinha
cultivando este ideal político desde 1835.
[1] O CENTENARIO do MONUMENTO a
JÚLIO de CASTILHOS como ÍNDICE de um TEMPO e de suas CIRCUNSTÂNCIAS
[2] PARREIRAS, Antônio. História
de um pintor: contada por ele mesmo. Niterói: Diário Oficial, 1943. 255 p.
Fig. 10 – A
práticas dos SALÔES de ARTES foi uma prática introduzida pela MISSÃO ARTÍSTICA
FRANCESA no Brasil No RIO GRANDE do
SUL esta prática ganhou corpo, periodicidade e apoio do governo estadual como
IBA-RS já no REGIME UNIVERSITÁRIO
Outra equipe de ex-alunos
da ENBA esteve no Rio Grande do Sul, entre
1914 e 1918, como uma espécie de REFUGIADOS da I GUERRA MUNDIAL.
Impossibilitado de seguir para a EUROPA, Lucílio de ALBUQUERGE, Eugênio LA
TOUR, Eduardo de Sá, Antônio Augusto de FREITAS e Helios SEELINGER passaram temporadas
em Porto Alegre.
Oscar
BOEIRA (1883-1943) Acervo da Pinacoteca
Barão do Santa Ângelo – Instituto de Artes da UFRGS
Fig. 11 – Oscar
BOEIRA foi estudante da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro Com
profundo domínio do desenho e com um palheta cromática própria, traduziu os temas selecionados
na intimidade da sociedade que o cercava
em Porto Alegre. Transformou a Pintura na sua predileção e praticou a sua
arte silenciosamente sem se preocupar em vender ou comercializar a sua extensa
produção. No conjunto de sua obra é possível perceber aquilo que LE BRON queria
se referira ao escrever em relação às “ARTES NOBRES” distintas das “ARTES e
OFICIOS”..
Os irmãos DIAS CORRÊA
nasceram no Rio Grande do Sul mas a sua formação foi no Rio de Janeiro. Ernani
DIAS CORRÊA cursou a ENBA em ARQUITETURA na turma de Lúcio Costa e Atílio
CORRÊA, O seu irmão Tasso Bolívar cursou e concluiu o Instituto Nacional de Música
já separado da EBA. Ernani foi fundamental para criar condições para o início
do ensino da Arquitetura no Rio Grande do Sul. As ideias e as práticas de Tasso
Bolívar DIAS CORRÊA introduziram o ensino das Artes no Instituto de Belas Artes
ainda na autonomia na modalidade e principio da Universidade BRASILEIRA nos
moldes do Decreto nº 19.852 de 11 de
abril de 1931. Com estes moldes jurídicos ele estreitou os vínculos com a ENBA
trazendo o ensino da Arquitetura da ENBA para Porto Alegre e que foram
implementados pelo seu irmão Ernani.
Helios
SEELINGER (1878-1965) - Acervo da
Pinacoteca Barão do Santa Ângelo
– Instituto de Artes da UFRGS http://www.ufrgs.br/acervoartes/obras/pintura/pintura/helios-seelinger/image_view_fullscreen
Fig. 12 – Porto
Alegre sempre teve ao seu dispor a conexão do Rio Guaíba com a Lagoa dos Patos
e desta para o porto de Montevidéu e Buenos Aires. Conexão que colocaram PORTO ALEGRE e o RIO GRANDE do SUL em contato mais íntimo
com a cultura e a ARTE PLATINA. Além disto, a MENTALIDADE REPUBLOCANA, arraigada dos sul-rio-grandenses,
sintonizava com o REGIME vigente na Argentina e no
Uruguai. No contradizia Oswaldo ARANHA
afirmava que , “no Rio Grande do
Sul os ventos de superfície sopravam em tidas as direções. No entanto as altas
correntes de ar sempre se dirigem ao BRASIL”..
09 – As TENTAÇÕES VINDAS do
RIO da PRATA
O Rio Grande do SUL
ganhou sentido e perfil lusitano com a fundação da COLÔNIA do SACRAMENTO em
1680. Se a permanência física e os lucros nesta cidade lusitana foram tumultuados,
controversos e breves permanecer as TENTAÇÕES e o MUNDO SIMBÓLICO projetou-se nas vontades, nas inteligências
e nos sentimentos ligados às metrópoles do RIO da PRATA Mais próximas e
atraentes do que LISBOA, SALVADOR e MESMO do RIO de JANEIRO a cultura que se
desenvolveu do RIO da PRATA era determinante para ECONOMIA, MODO de SER e
PENSAR do sul-rio-grandense.
Arquitetos, empresários,
artistas e intelectuais europeus que frequentavam BUENOS AIRES e MONTEVIDEO não
encontravam nenhuma fronteira intransponível, pois era o mesmo PAMPA, as mesmas etnias
básicas, as mesmas águas do Rio Uruguai e vento Minuano que imperavam nestas terras.
Assim o legado da MISSÃO
ARTÍSTICA FRANCESA teve de esperar até o REGIME REPUBLICANO vigente no RIO da
PRATA também fosse adotado no BRASIL INEIRO. A partir deste momento amiúdam as
visitas dos artista da agora ENBA sucessora IABA
Documento do ARQUIVO GERAL do INSTITUTO de ARTES da
UFGS
Fig. 13 – O logo
dos 50 anos do Instituto de Belas Artes do Rio Grande o Sul, do ano de
1958, expressa e atualiza o projeto em
Porto Alegre da MISSÃO ARTÍSTICA
FRANCESA O IBA_RS fundado sob a
égide das leis e normativas do REGIME REPUBLICANO Manteve autonomia me relação
à burocracia governamental e este na autonomia até o dia 30 de novembro de 1962 quando seguiu o a
sina da EBA e se integrou - como uma das unidades subordinadas à uma UNIVERSIDADE
REGIONAL que assumiu todo o seu patrimônio material e simbólico acumulado ao
longo de 54 anos de proveitosa autonomia para o CAMPO das FORÇAS da ARTE
10 – A
UNIVERSIDADE BRASILEIRA e a ARTE .
A criação da
UNINIVERSIDADE BRASILEIRA foi TARDIA, mas abrangente de TODO SABER ERUDITO e
uniforme para TODOS os ESTADOS do TERRITÓRIO.
A partir da Revolução de 1930 o ESTADO NACIONAL intervinha da UNIVERSIDADE,
unificava e se colocava de forma SOBERANA acima de qualquer outra
hierarquia. A ENBA foi incluída nesta
UNIVERSIDADE pelos DECRETOS nº 19.851
e de nº 19.852 de 11 da abril de 1931.
Fig. 14 – O
contrato e avida de Ado Malagoli no RIO GRANDE do SUL reforçou os laços entre
EBA e o IBA-RS. Malagoli acompanhou a passagem da ENBA para a Universidade
Brasileira Com especialização nos Estados Unidos durante a II GUERRA
MUNDIAL trouxe as experiências norte-americanas das instituições museológicas.
O resultado foi que agora
a ENBA e o IBA-RS possuíam um canal interno no ESTADO BRASILEIRO. Ainda que as
suas administrações fossem distintas, a
interação via currículo único foi imediato e determinante. Teoricamente os seus
estudantes podiam circular entre estas instituições. Porém na prática esta
circulação se limitava a alguns catedráticos
avulsos em BANCAS de INGRESSO de
docentes em CONCURSOS PÚBLICOS. Posteriormente esta prática se estendeu para
bancas de concluintes de Programas de Pós-graduação.
Manuel
ARAUJO PORTO-ALEGRE presumido retrato de Evaristo da VEIGA ´Pinacoteca APLUB
Fig. 15 – Manuel
Araújo Porto-alegre precisou ajudo do governo imperial para poder acompanhar os
eu mestre Jean Baptiste DEBRET na sua volta para Paris no final da MISSÃO
ARTÍSTICA FRANCESA. Evaristo da VEIGA interferiu na corte e conseguiu estes
subsídios. Julga-se,- ainda sem
documentação adequada - que a figura acima seja o retrato do seu benfeitor.
Caso isto se confirmar seria mais uma evidência que o governo imperial estava
apostando num autêntico e verdadeiro PROJETO CIVILIZATÓRIO COMPENSADOR da
VIOLÊNCIA como Afonso Carlos MARQUES dos
SANTOS defendeu no Seminário 180 anos da EBA realizado em 1996[1]
11
– ESTUDO de CASO: a CARTA
de LE BRETON ao CONDE da BARCA
O que
permanece é o PENSAMENTO. O PENSAMENTO da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA permaneceu
143 anos distante de qualquer conhecimento além do seu autor JOAQUIM LE BRETON
e alguns desconhecidos. Este PENSAMENTO foi formalizado no dia 12 de junho de
1816 numa longa e detalhada CARTA que algum zeloso funcionário publico
embalsamada por no fundo de uma gaveta
de um serviço burocrático. O projeto de 1816 para um seleto grupo de
intelectuais brasileiros ficou mofando no papel até 1959 o pesquisado Mário
Barata achou, traduziu e divulgou a carta de Le Breton chefe da Missão Artística
ao Rei Dom João VI, publicou[2] Mário comentou que:
“nas
indicações dadas pelo texto comprovam a influência de Humboldt sobre Le Breton,
no tocante à criação de uma escola de Artes, mas delas se deduz,
definitivamente, o fato de que a Missão Artística foi concebida pelo antigo
secretário do Instituto de França, ficando com o Conde da Barca e D. João VI o
mérito (já bastante grande) de terem
aceito a proposta e procurado de certo modo realizá-la. O decreto de
12 de agosta, posterior apenas de um mês e três dias a data do segundo
rascunho, já não seguia, porem, as linhas do plano de Le Breton, nem o projeto de lei por ele elaborado”.
Nestes 143 anos a Imperial
Academia de Belas Artes convivia com os arraigados hábitos da escravidão e com
as práticas do regime colonial pesado e alienante. Neste meio tempo, a seção
burocrática e imperial nominalmente das BELAS ARTES era sustentada pelas
províncias, como o Rio Grande do Sul. No entanto estas nada recebiam em troca
além da obrigação de enviarem os seus
filhos de elite para a corte
centralizadora do Rio de Janeiro.
As províncias não tinham
direito à uma destas INSTITUIÇÕES de ARTES, nem a algum evento das Artes
Visuais ou mesmo a alguma obra de arte digna deste nome. As capitais das
províncias imperiais continuavam com a sua aparência visual e a sua vida
cultural do período colonial lusitano.
OLÉGIO
SANTA TERESA _ Porto Alegre - Projeto Auguste GRANDJEAN de MONTIGNY 1845
https://www.facebook.com/coresdamemoria/photos/a.2241272096099488/2445345532358809/?type=3&theater&ifg=1 MORRO
SANTA TERESA https://pt.wikipedia.org/wiki/Morro_Santa_Teresa
Fig. 16 – Logo
após o final da Revolução Farroupilha Dom Pedro II visitou demoradamente Porto
Alegre, quando inclusive recebeu com todas as honras ao líder Bento Gonçalves No atual MORRO de SANTA TERESA, de Porto Alegre, o Governo
Imperial criou pelo decreto nº 439 de 02.12.1845, o Colégio SANTA
TERESA (SCHNEIDERS,1993 p. 74)[1] e mandou construir o
respectivo prédio . O projeto, deste prédio, coube
ao arquiteto Auguste GRANDJEAN de MONTIGNY (1775-1850)[2] um dos integrantes da MISSÂO ARTÌSTICA FRANCESA Preservou-se o nome do morro
porem existem poucos documentos desta obra de um dos membros originais da
Missão Artística Francesa, de 1816, em solo sul-rio-grandense
.
[1] - SCHEIDER, Regina Portela A
instrução Pública no Rio Grande do Sul (1770-1889)- Porto Alegre: UFRGS
1993,496 p.
[2] GRANJEAM MONTIGNY https://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Henri_Victor_Grandjean_de_Montigny
[2] GRANJEAM MONTIGNY https://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Henri_Victor_Grandjean_de_Montigny
Assim o ESTADO IMPERIAL
concedia SEGURANÇA JURÍDICA e ECONÕMICA
ao preço da renúncia da AUTONOMIA do CAMPO das ARTES. O ESTADO NACIONALISTA, da
ERA INDUSTRIAL, lançou a semente no CAMPO da ESTÉTICA e da INDÚSTRIA CULTURAL.
A Carta de LE BREON
continuava estrategicamente na gaveta. Na essência este projeto propunha duas
escolas. Uma para as BELAS ARTES e outra
para as ARTES e os OFICIOS
“eu proporei não se esperar a sucessão de tempo necessária para que a
influência de vossa principal escola chegue às oficinas do Artesão, e
ofereço-me para organizar, com o ensino das Belas Artes, a propagação
simultânea do desenho nas artes e ofícios que dele podem tirar proveito”.
O que fato incomodava os cortesões - no
aguardo de uma POSSE de um CARGO PUBLICO- era
a proposta de uma dupla
instituição, porém com os mesmos professores e em número pequeno e
eficiente “Professores de
uma dupla escola das artes do desenho bastarão para todo o ensino dessas ates,
e mesmo de suas aplicações aos ofícios.” Esta economia era impensável.
A premonição de Le Breton tinha
endereço certeiro:
“é essencial que se determine bem o emprego
de cada um, e não se deixe ao patronato, desprovido de luzes, nem às pretensões
pessoais dos artistas, a possibilidade de intervir ou enfraquecer a ordem do
ensino pela invasão de qualquer Professor medíocre ou não clássico, pois a
escola, desde o início, germes de fraqueza e de torpor que não tardariam a
prejudicá-la”.
O castigo desta falta de projeto e planejamento seria imediato e atroz. ”sem
isto teríeis rapidamente, sr. Conde, um formigueiro de artistas-abortos, saídos
de vossa escola, e que seriam mais importunos que úteis”. Certamente isto
aconteceu mais do que conhece e divulga. O erário público foi gasto sem garantia de
resultados e eficiência de espécie alguma. O descrédito do campo de artes é
proveniente tanto da não divulgação dos projetos, dos contratos e dos
resultados mesmo que sejam de longo prazo.
.
.
Fig. 17 – O
imenso prédio do Hospital São Pedro, de Porto Alegre, foi mandado construir pelo
Governo Imperial após a Guerra do Paraguai. O projeto guarda, ainda, traços da
estítica dos integrantes da Missão Artística Francesa. No entanto ele perrence já a uma etapa na
qual esta opção estética havia se consolidada em grande numero de prédio
oficiais e particulares.
LE BRETON previu a necessidade que a
população detenha acesso a esta produção artística desenvolvida no Brasil:
“por
este meio bastante natural, cuja despesa não seria assustadora, a escola
brasileira, desde o nascimento, iniciaria um Museu Nacional interessante, que
se enriqueceria, cada ano, e logo se estenderia até a descrição pitoresca do
País”. Mais adiante continua “é,
portanto, necessário reunir quadros de diversas escolas, telas que possam
servir às lições práticas, como demonstração, ao mesmo tempo em que guiem e
mesmo inspirem professores”
E qualifica este Museu “escolhendo bem e pondo de lado a pretensão e
a mania de possuir coisas demasiados raras”. Na sua CARTA Le BRETON já
previu um DIA da ARTE “todos estes trabalhos se
exporiam publicamente no aniversário natalício do Rei. O folheto explicativo da
exposição poderia ser vendido em proveito da escola”. Este evento
fixou-se no dia 12 de agosto em função de decreto que criava a Escola Real de
Belas Artes e Ofícios, no ano de 1816[3].
Ao reportar-se às províncias
brasileiras, LE BRETON cita o exemplo da
interiorização deste saber na França:
” os
Intendentes e os Bispos abriram várias dessas escolas nas províncias a exemplo
de Paris, com regulamento feito por Bachelier; assim, imprimiu-se à indústria
francesa um movimento de melhora que se fez sentir em toda parte, e que nada
custou ao tesouro público”.
De fato o posterior Regime Republicano
demonstrou que a criação, tanto de
instituições de Belas Artes como de Arte e Ofícios, praticamente nada custaram os erário nacional.
Os bispos da época eram funcionários do governo real Em contrapartida a
distribuição de renda e os impostos derivados foram e continuam ser uma fonte
ainda não esgotada
No entanto o hábito da
dependência, da heterônoma da vontade, da inteligência e dos sentimentos
continuaram a se pautar pelo colonialismo, pela escravidão e burocratização
derivado de um sistema jurídico adequado à inércia, a encontrar um culpado de
tudo e transformar qualquer assunto, sério e consequente, em piada, deboche e desqualificação de qualquer
crédito.
[1] MARQUES dos
SANTOS, Afonso Carlos «A Academia Imperial de Belas Artes e o projeto Civilizatório do Império» in 180 anos de Escola de Belas Artes Anais do
Seminário EBA 180. Rio de Janeiro : UFRJ, 1997, pp. 127/146
EVISTA do PATRIMÔNIO ARTISTICO NACIONAL -
nº 14 - 1959
[3] Os advogados escolheram o
dia 11 de agosto em função da primera Faculdade de Direito fundada 11 anos
depois
Manuel
ARAUJO PORTO-ALEGRE presumido retrato de Evaristo da VEIGA Pianacoteca APLUB
Fig. 18 – Manuel
Araújo Porto-alegre introduziu e oficializou a caricatura no Brasil. No entanto
esta arma da imprensa, voltou-se
rapidamente contra o seu introdutor e que pagou muito caro esta novidade na
imprensa brasileira. A caricatura, acima, reflete não só espirito
irreverente do carioca, como ataca os resultados do legado MISSÂO ARTÌSTICA
FRANCESA e um dos seus principais continuadores. O autor desconhecido e anônimo
desta desqualificação visual tinha razão na sua frustração incontida. Mas não
tinha razão ao personalizar e achar um
CULPADO de TUDO em quem sempre relutou e ser professor e diretor de uma
instituição sabidamente muito distante do ideal esboçado na Carta de LE BRETON foge de todo e qualquer PROJETO CIVILIZATÓRIO
Não
seria LE BRETON, Manuel Araújo Porto-alegre ou qualquer um dos membros isolados
da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA que reverteriam a falta crônica da
industrialização do Brasil. Impossível dar um final para o trabalho escravo e ,
nos seu lugar implantar uma mentalidade favorável à LIBERDADE, à CIDADANIA e à
ARTE. Nesta impossibilidade, de um sistema, cada um fez a sua tarefa contra as
piores condições. Assim muito devem muitas coisas a alguns poucos abnegados que
acreditaram na mudança de uma mentalidade parada no tempo e acomodada com o
sistema secular imperante no Brasil até os dias atuais.
Desembarque
de Dona Leopoldina no Brasil, gravura de Charles-Simon Pradier segundo
Jean-Baptiste Debret.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal
Fig. 17 – Uma da
primeiras manifestações da MISSÂO
ARTÌSTICA FRANCESA a chegarem ao Rio Grande do Sul foram as gravuras de Charles
Simon Pradier (1786-1847)[1]
sobre pinturas de Jean Baptiste DEBRET. Manuel Araújo Porto-alegre ainda jovem, conheceu estas gravuras na
capital do Rio Grande do Sul como novidade produzida no Brasil . Pradier
era um dos técnicos altamente especializados e que acompanhava e reforçava os
artistas criadores da MISSÂO ARTÌSTICA
FRANCESA. Deveria ser um dos elos entre as ARTES NOBRES e a INDÚSTRIA CULTURAL
no Brasil. Não encontrou esta base industrial e retornou para Paris em 1818.
O
espirito inquieto, aguerrido e sempre se reinventando, de Manuel Araújo
Porto-alegre, projetou esta mentalidade
da cidade na qual cresceu, da qual adotou o apelido e o sobrenome pelo qual é
conhecido como pessoa, a sua obras, seu pensamento e o seu legado.
O
impulso para universalizar o seu legado, o seu pensamento, a sua obra e sua
pessoa, ele o deve às preciosas e oportunas interações com os mestres da MISSÃO
ARTÍSTICA FRANCESA.
FONTESBIOGRÀFICAS
DAMASCENO. Athos (1902-1975) Artes plásticas no Rio Grande do Sul
(1755-1900). Porto Alegre : Globo, 1971, 520 p
DEBRET Jean Baptiste Voyage pittoresque et historique au Bresil Paris: Firmin Didot
Frères. 1834 – 3 vol
ISABELLE, Arsène (1806-1888) Viagem ao Rio
Grande do Sul ( tradução de Teodomiro Tostes) Brasília: Senado, 2006, 349 p
MARQUES dos SANTOS, Afonso Carlos «A Academia Imperial de Belas Artes e o projeto Civilizatório do Império» in 180 anos de Escola de Belas Artes Anais do
Seminário EBA 180. Rio
de Janeiro : UFRJ, 1997, pp. 127/146
PARREIRAS, Antônio. História de um pintor: contada por ele
mesmo. Niterói: Diário Oficial,
1943. 255 p.
PINACOTECA BARÃO de SANTO ÂNGELO Instituto
de Artes – UFRGS CATÀLOGO GERAL 1910-2014
Organização Paulo Gomes et alii- Porto Alegre: Editora UFRGS - 2015
- 2v - 688p. il. 21 x 28 cm
ISBN
978-85-386-0268-2 –
PINTO de COUTO, Rodolfo (1888-1945) O
MONUMENTO ao BARÂO de SANTO ÂNGELO : algumas notas, e informações do caso das maquetes. Rio de janeiro:
Pimenta de Melo, 1918, 102 p
SAINT-HILAIRE, Auguste (1779-1853) . Viagem ao Rio Grande do Sul Belo Horizonte: Itatiaia, 1999, 215 p.,
SCHEIDER, Regina Portela A
instrução Pública no Rio Grande do Sul (1770-1889)- Porto Alegre: UFRGS
1993,496 p.
SIMMEL, Georg Sociología
y estudios sobre las formas de socialización. Madrid: Alianza. 1986, 817. 2v.
XAVIER, Paulo Jaurés
Pedroso (1917 - 2007)[1]
.CADERNOS de ARTES - nº 01 - Porto Alegre : Instituto de
Artes da UFRGS Jun 1980. (Dedicado
integralmente a Manuel Araújo Porto Alegre)
---------Família de um
povoador: contribuição à genealogia de Manuel Araújo Porto-Alegre (1806-1979) Porto Alegre: UFRGS Departamento de Artes Visuais IA, 1980,
49 p.
-----------. «Ascendência Brasileira de Araújo
Porto Alegre» in Correio do Povo. Caderno
de Sábado . Volume XCVI , ano VII , n
o 596, 29.12.1979. p. 16
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
O DIA da ARTE: 12 de
agosto.
A MISSÃO
ARTISTICA e a ERA INDUSTRIAL no BRASIL
A MISSÃO ARTÍSTICA
FRANCESA e a INICIATIVA CIDADÃ no BRASILhttp://profciriosimon.blogspot.com.br/2016/03/161-estudo-das-artes-arte-e-iniciativa.html
A MISSÃO ARTÌSTICA FRANCESA no BRASIL – Sumário
COLÉGIO
SANTA TERESA - Porto Alegre - Projeto Auguste GRANDJEAN de MONTIGNY - 1845
Controvérsia
da presença de Debret no Rio Grande
do Sul
Debret em OSÒRIO-RS?
Debret em
TORRES ?
Uma obra de
Manuel Araújo Porto-alegre
Carta se Bento
Gonçalves ao Regente Padre Feijó
Imagens do RIO
GRANDE do SUL em DEBRET
Liceu de Artes
e Ofícios do Rio de Janeiro
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/instituicao115540/liceu-de-artes-e-oficios-rio-de-janeiro-rj
Estado do
Paraná
O CENTENARIO
do MONUMENTO a JÚLIO de CASTILHOS como ÍNDICE de um TEMPO e de suas
CIRCUNSTÂNCIAS
ESTUDOS de CASOS
1 – Carta de LE BRETON ao REI DOM JOÃO VI
2 LE BRETON e os IRMÂOS HUMBOLD
3 – PAPEL da ARAÚJO PORTO ALEGRE como CONTINUADOR e HERDEIRO da MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA- Uma
obra de Manuel Araújo Porto-alegre =
http://profciriosimon.blogspot.com.br/2016/09/181-iconografia-sul-rio-grandense.html
4 – A ARTE na
UNIVERSIDADE BRASILEIRA
Tradução de MÁRIO BARATA (*20.09.1921 +14.09.2007)
Publicado na REVISTA do PATRIMÔNIO
ARTISTICO NACIONAL - nº 14 - 1959
DOCUMENTOS CONSERVADO com o título “ Relação dos manuscrito a respeito do Brasil,
existentes no Arquivo da Secretaria de Estados dos Negócios Estrangeiros”,
pp. 394398. Na p. 395 estão indicadas “Cartas e Memórias do Mr. Chevalier
Jochim (sic) Le Breton para o estabelecimento
das Escola das Belas Artes no Rio de Janeiro”.
[1] CORREIO
entre SÃO PAULO e PORTO ALEGRE
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