sábado, 19 de maio de 2018

232 ESTUDOS de ARTE


NO ATELIÊ DOS CONCEITOS: INSTITUIÇÃO / INSTITUCIONALIZAÇÃO



Neusa Rolita Cavedon




Pesquisadora integrante do

Grupo de Pesquisas AAMARGS



Este artigo tem por objetivo apresentar as distintas contribuições teóricas sobre os conceitos de instituição/institucionalização no âmbito de diferentes ciências para, posteriormente, procurar centrar as discussões no contexto das Artes.

Grupos, organizações e instituições

As primeiras distinções a serem trabalhadas estão ancoradas nos estudos de Lapassade (1983). O referido autor possui amplo conhecimento no campo da pedagogia e da psicossociologia. A contribuição significativa de Lapassade encontra-se na obra “Grupos, Organizações e Instituições”.

A reflexão inicial a ser apreendida é a que propugna a incompletude dos grupos, organizações e instituições. Contrapondo-se a autores que acreditam na maturidade dos grupos, das organizações e das instituições, Lapassade (1983) vê dinamicidade na construção desses fenômenos e, portanto, considera a lógica do processo, do inacabado, numa dialética cuja ação constantemente encontra-se em processo de recomeço. No entender do autor, não há possibilidade de totalização, o grupo não atingirá a maturidade e a organização não alcançará a unidade mediante a burocracia. Os grupos entendidos como solidificados, em verdade, encontram-se esclerosados e como tal não trazem contribuição significativa para o crescimento do ser humano. 

Para tornar claro os conceitos de grupos, organizações e instituições é preciso compreender que a unidade imposta de fora para dentro de um coletivo não configura a existência de um grupo, mas sim de uma série. O exemplo fornecido por Lapassade é das filas de ônibus parisienses que apresentam uma ordenação que pode ser dada pela ordem dos bilhetes (no caso brasileiro pela ordem de chegada ao ponto de ônibus), existe uma serialidade que não confere unidade interna a esse conjunto de pessoas, ao contrário, tem-se a dispersão como mote fomentador das relações entre esses indivíduos.

Por seu turno, o grupo “nasce da fusão da serialidade” (LAPASSADE, 1983, p. 228). A tensão presente em um grupo é aquela que oscila entre a dispersão e a totalidade. A busca pela unidade será sempre contraposta a uma eventual dispersão que levará a serialidade novamente. A forma encontrada para a manutenção da unidade se dá através do “juramento”. O grupo, portanto, tem como premissa lutar incessantemente contra a dispersão. Lapassade (1983, p. 229) assim define outros aspectos que caracterizam a existência de um grupo:

O grupo, com efeito, define-se não como um ser, mas como um ato. Esse último é o ato do grupo sobre si mesmo: o grupo se trabalha incessantemente; uma práxis comum, virada para o exterior, só é práxis de um grupo se aqueles que a efetuam juntos estabelecem uns com os outros as relações que constituem o grupo. Um grupo só é verdadeiramente tal se for fundado, de maneira permanente, ao mesmo tempo na autogestão, ou na autodeterminação, e na autocrítica, ou na autoanálise. A heterogestão destrói o grupo e provoca o retorno a serialidade.

Assim depreende-se que o grupo só se constitui a partir de movimentos endógenos, forças internas que irão nortear as ações conjuntas de maneira autogestionária.

Lapassade também alerta para a importância da qualidade em detrimento da quantidade. Numa configuração seriada, o décimo integrante representa uma ordenação, já no grupo o décimo integrante é todo mundo daquele coletivo e também é ninguém pois cada pessoa é relevante para a constituição dos dez participantes daquele conjunto, “cada um, no grupo, é agente totalizador, que a totalização se encontra, ao mesmo tempo, em todo lugar e em nenhum lugar” (LAPASSADE, 1983, p. 230). Essa busca pela totalização é processo, nunca acaba, descuidar-se das relações pode significar a volta da dispersão, portanto, a luta do grupo entre a força da unidade e a da dispersão é perpétua.

O grupo mantém-se unido enquanto tiver objetivos a atingir. Sendo assim, a unidade do grupo é prática e não de cunho ontológico. No grupo cada um é ele e o outro. Nesse momento não há um chefe, todos podem deliberar em nome do grupo.

Na fase do juramento, a luta contra a dispersão será implementada mediante o poder de cada integrante do coletivo sobre todos e de todos os integrantes sobre cada um, a liberdade do próprio sujeito será controlada, bem como a liberdade do outro. Os sujeitos aceitam a regra do jogo e assumem o compromisso de não sabotar a experiência coletiva.

Ao se estruturar e se burocratizar o grupo constitui-se em uma organização. O grupo busca se trabalhar para garantir a sua existência. Na estrutura definida, as pessoas receberam funções, a cada integrante será atribuída uma tarefa a ser cumprida. O risco que se apresenta nessa instância é a de que os objetivos que motivaram a construção da organização sejam relegados e a organização se torne um fim em si mesma, isto é, ela figura como sendo o objetivo.

Quando a organização se transforma em uma hierarquia, as funções passam a ser obrigações previamente definidas, as pressões, via terror, se fazem presentes, há um poder centrado na autoridade de comando em detrimento do consenso do grupo, emerge então a instituição. O poder instituído vai se dar pela força do terror. As instituições tendem a manter a ordem dominante através de ameaças.

Importante salientar novamente que Lapassade não entende esses diferentes fenômenos sociais como cristalizados, sempre haverá uma tensão inerente aos movimentos de unidade e de dispersão tanto nos grupos, como nas organizações e também nas instituições.



A vertente sociológica:
Berger e Luckmann e as instituições

A humanização decorre da capacidade do ser humano de construir a sua natureza, o que, por sua vez, implica a existência de formações sócio-culturais variadas. Para Berger e Luckmann (1985, p.75):

O ser humano solitário é um ser no nível animal (que, está claro, o homem partilha com outros animais). Logo que observamos fenômenos especificamente humanos entramos no reino do social. A humanidade específica do homem e sua socialidade estão inextricavelmente entrelaçadas. O Homo sapiens é sempre, e na mesma medida, homo socius.

A partir desses postulados, Berger e Luckmann (1985) referem que as atividades humanas são operacionalizadas mediante o hábito, de tal modo que em ações futuras podem ser repetidas as execuções habituais envidando uma economia de esforços.  O hábito reduz as pressões derivadas das tomadas de decisões, com isso a tensão, decorrente da escolha a ser feita dentre múltiplas alternativas, sob o ponto de vista psicológico torna-se menor. Os hábitos precedem a institucionalização. No dizer de Berger e Luckmann (1985, p. 79): “A institucionalização ocorre sempre que há uma interação recíproca de ações habituais por tipos de atores”.

A institucionalização também requer a existência de uma história compartilhada, bem como o controle das condutas humanas, ou seja, a institucionalização faz com que as atividades humanas fiquem submetidas ao controle social. A historicidade conduz a objetividade uma vez que os atores sociais se tornam capazes de tipificar reciprocamente suas condutas. Daí que quanto mais institucionalizada for uma conduta maior a capacidade de previsibilidade e de controle. Mas há que se considerar que a objetividade é produzida e construída pelo homem. Assim, o homem e o mundo social possuem uma relação dialética, isto é, um atua sobre o outro reciprocamente.

Por seu turno, a legitimação permite que o mundo institucional possa ser explicado e legitimado. Há um corpo de conhecimento, sob a forma de receituário, que estabelece as regras de conduta institucionalmente apropriadas e que precisam ser seguidas pelos respectivos atores no desempenho de seus papéis no universo da instituição da qual são parte integrante. Aquele ator que se desviar desses postulados instituídos como verdades poderá ser qualificado como doente mental ou moralmente degenerado à luz do contexto em questão. Portanto, existe um esforço institucional no sentido de que os significados sejam impregnados na consciência dos sujeitos de forma a que eles entendam a instituição como a solução permanente de um problema, elaborada de modo coletivo.

O mundo institucionalizado passa a integrar a experiência do sujeito mediante o desempenho de papéis. A vivência dos papéis permite a inserção no mundo social. Uma vez interiorizados os papéis experimentados pelo sujeito, o mundo ganha subjetivamente a conotação de real. O universo institucional é viável a partir da existência dos papéis a serem desempenhados pelos sujeitos.

No dizer de Berger e Luckmann (1985, p. 104):

Os papéis representam a ordem institucional. Esta representação realiza-se em dois níveis. Primeiramente a execução do papel representa a si mesma. Por exemplo, empenhar-se em julgar é representar o papel do juiz. O indivíduo julgador não está atuando “por sua própria conta”, mas qua juiz. Em segundo lugar, o papel representa uma completa necessidade institucional de conduta. O papel de juiz relaciona-se com outros papéis, cuja totalidade compreende a instituição da lei. O juiz atua como representante desta instituição. Somente mediante esta representação em papéis desempenhados é que a instituição pode manifestar-se na experiência real.

O desempenho de um papel não requer tão somente o conhecimento das rotinas, mas exige conhecimento para além daquilo que é passível de visualização externa, implica conhecimentos de outras ordens, inclusive afetiva.



A vertente antropológica: Mary Douglas e as instituições

Douglas (1998) inicia suas teorizações fazendo menção à dificuldade existente quando o que está em questão é a cooperação e a solidariedade grupal, isto porque em todo o grupo tende a haver também a rejeição e a desconfiança. A expectativa é a de que cada sujeito esteja disposto a se sacrificar pelo grupo, cada integrante deve se propor a tal desprendimento e espera igualmente que os demais participantes tenham a mesma predisposição. Todavia, em certas circunstâncias, a desconfiança pode ser tão grande a ponto de inviabilizar a cooperação grupal. Para que possa ocorrer solidariedade os indivíduos devem compartilhar categorias de pensamento. Essa unidade vai além de aspectos legais. No dizer de Douglas (1998, p. 23):

Não é qualquer ônibus lotado ou um ajuntamento aleatório de pessoas que merece o nome de sociedade. É preciso que entre seus membros exista algum pensamento e algum sentimento que se assemelhem. Isso não quer dizer, porém, que um grupo que se associa possua atitudes próprias. Se ele possui algo, é devido à teoria legal que o reveste de uma personalidade fictícia. A existência legal, entretanto, não basta. Os pressupostos legais não atribuem vezes emocionais ao grupo que se associa. Somente pelo fato de ser legalmente constituído não se pode dizer que um grupo “comporta-se” e muito menos que ele pensa ou sinta.

Douglas entende a instituição como um “agrupamento social legitimado”. Dentre os exemplos dados pela referida autora como instituições, tem-se a família, um jogo, uma cerimônia. A figura legitimadora pode estar centrada no âmbito de uma pessoa, a exemplo do pai em uma família; ou estar difusa desde que tenha o suporte da concordância comum em torno de algum princípio fundante. A instituição não pode estar baseada unicamente na ordem instrumental e provisória.    

A instituição incipiente granjeia alguma estabilidade através da naturalização das classificações sociais, todavia, vale destacar que o ato de classificar e de lembrar também é institucionalizado. 



Teorias Institucionais

No campo dos estudos organizacionais havia a premissa de que as decisões e ações empreendidas no âmbito das organizações se dava de maneira racional. Tal posicionamento foi rebatido pela Teoria Institucional ao incorporar a condição humana, visão que agrega aos processos e tomadas de decisões componentes conscientes e semiconscientes.

Para Carvalho e Vieira (2003, p. 28):

A perspectiva institucional abandona a concepção de um ambiente formado exclusivamente por recursos humanos, materiais e econômicos para destacar a presença de elementos culturais – valores, símbolos, mitos, sistema de crenças e programas profissionais. A consequência deste novo marco na interpretação organizacional revela-se quando a concorrência por recursos e clientes entre as organizações deixa lugar, na perspectiva organizacional, à concorrência para alcançar legitimidade institucional e aceitação do ambiente.

[...]

Deste modo, o mercado deixa de ser o motor da racionalização e da burocratização quando assume o Estado a dita função. O poder regulador e os modus operandi   legitimados das profissões são seus principais instrumentos. A cultura é elevada a uma posição determinante na formação da realidade organizacional sob esta perspectiva que atribui a difusão de procedimentos cotidianos às influências interorganizacionais e à conformidade e persistência dos valores culturais, mais do que à função que, inicialmente, lhes havia sido designada.

Nessa lógica de privilegiar aspectos culturais, os teóricos da teoria institucional advogam em prol dos mitos institucionalizados como forma de garantir a manutenção das organizações na sociedade. Sendo assim, não seria o mercado e nem mesmo o centralismo do Estado os responsáveis pela continuidade organizacional.

Os administradores apropriaram-se das teorizações elaboradas no âmbito das Ciências Sociais. Dessa abordagem sociológica é possível distinguir três abordagens da teoria institucional. Aquela de caráter regulador que vai se dar mediante o estabelecimento de normas com controle direto sobre os integrantes da organização e punitivo através de sanções e coerções, tal enfoque vai ao encontro de uma visão mais clássica da Administração, numa vertente taylorista. A vertente normativa vai ao encontro dos valores e normas como elementos institucionais captados pelo passar do tempo e utilização constante via interiorização por parte dos sujeitos organizacionais que tendem a assumir tais pressupostos como obrigações sociais. A vertente cognitiva vai ser aquela que entende serem as organizações realidades socialmente construídas, apresentando variações de meios, capacidades e objetivos a depender do contexto onde estão inseridas.

DiMaggio e Powell (2005) estudaram o isomorfismo institucional. A ideia central do isomorfismo advém do fato de que as organizações não competem apenas por clientes e por recursos, mas também por poder político, por legitimação institucional, por adequação social e também por posicionamento econômico adequado. A tipologia criada para classificar os três tipos de isomorfismo são: isomorfismo coercitivo que tem por base aspectos políticos e de legitimidade; isomorfismo mimético que corresponde às respostas padronizadas visando minimizar as incertezas; e, o isomorfismo normativo atrelado à profissionalização.

O isomorfismo coercitivo pode ser observado através de ações governamentais que visam coibir danos ambientais como a poluição de rios mediante o despejo de dejetos não tratados. As empresas objetivando não receber multas ou mesmo o fechamento da organização pela inobservância das leis acabam por mudar suas tecnologias ou adotar filtros que venham a melhorar a relação da empresa com o meio ambiente. As organizações sob a égide do Estado tendem a adotar práticas e estruturas que levam ao isomorfismo.  

O isomorfismo mimético decorre da tentativa de minimizar a incerteza. Ao observar as práticas e estruturas organizacionais tidas como legítimas ou bem-sucedidas, as demais organizações procuram imitar aquilo que julgam dar certo e, portanto, o risco de errar será menor, bem como o custo da busca de soluções, posto que existem experiências exitosas que podem ser copiadas. Algumas inovações tecnológicas podem ser implementadas - gerando isomorfismo mimético - não como algo necessário, imprescindível para a organização, mas sim porque sob um ponto de vista ritualístico as organizações julgam relevante dispor de um aparato tecnológico que as coloque em uma posição de inovadoras, de adaptadas aos avanços da era tecnológica.  

O isomorfismo normativo tem sua gênese principalmente na profissionalização. Algumas normas profissionais são ditadas pelo Estado, mas as associações de classes profissionais ditam determinadas posturas organizacionais a serem observadas. Os diferentes profissionais dentro de uma organização podem divergir entre si, mas os pertencentes a uma mesma categoria profissional terão semelhanças independentemente das organizações as quais estarão vinculados. Assim, engenheiros mecânicos podem diferir de engenheiros elétricos dentro da mesma organização, mas os engenheiros mecânicos serão semelhantes aos engenheiros mecânicos que atuam em outras organizações e os engenheiros elétricos terão pressupostos profissionais semelhantes aos engenheiros elétricos que se encontram em atuação em outras organizações.



Institucionalizar como processo

Andrade (2002) partindo dos estudos de Scott (1995) define instituição como o universo de atos cujo objetivo é de tipificar e tornar repetitivos padrões, hábitos, regras, de modo a viabilizar a gestão e o controle das funções e das representações ao longo do tempo atentando para a diversidade de valores, sentidos e interesses materiais. Andrade acrescenta que institucionalizar é gerar uma distinção de sentido. Ao implementar determinado procedimento dentro do espaço organizacional, de forma consentida pelos integrantes daquele universo, com a repetição tende a ocorrer uma sedimentação que terá como consequência a formulação de regras que deverão ser seguidas e que implicarão punições caso ocorram desvios. Mas, tal conceituação não resulta na noção de engessamento do ato de institucionalizar, ao contrário, Andrade postula pela dinamicidade, pelo contingencialismo, pela transitoriedade das institucionalizações.



Teoria Institucional da Arte

A dificuldade em definir a teoria institucional da arte passa prioritariamente pela dificuldade em conceituar o que é arte. No entanto, Geertz (1994, p. 118) afirma:

Pelo contrário, a percepção de que há algo importante em cada obra em particular ou nas artes em geral impele as pessoas a falarem (e a escreverem) incessantemente sobre elas. As coisas que tem um sentido para nós, não podem ser desprezadas, como se flutuassem na mera transcendência, por isso, descrevemos, analisamos, comparamos, julgamos e classificamos; por isso construímos teorias acerca da criatividade, da forma, da percepção, da função social; também por isso consideramos que a arte é uma linguagem, uma estrutura, um sistema, um ato, um símbolo, um modelo de sensações; finalmente, por isso empregamos metáforas científicas, espirituais, tecnológicas, políticas; e se tudo isso falha, encadeamos frases obscuras e esperamos  que algum outro as esclareça para nós. Parece que a aparente inutilidade de toda a reflexão sobre a arte rivaliza com a profunda necessidade que sentimos de falar interminavelmente sobre ela.

Dickie (1997) desenvolveu duas versões sobre a teoria institucional da arte, em ambas ele defende que as obras de arte são artefatos, porém, estes artefatos não precisam ser necessariamente objetos físicos, mas sim algo elaborado pelo homem.

A definição desenvolvida na primeira versão foi publicada, em 1974, no livro A Arte e a Estética. Neste estudo, a compreensão do que vem a ser Teoria Institucional da Arte é a seguinte:

Uma obra de arte, em sentido classificatório é: 1) um artefato; 2) uma série de aspectos que tenham sido conferidos por seu status de candidata para a apreciação dada por alguma pessoa ou pessoas atuando em nome de alguma instituição social (o mundo da arte).  

Em sua primeira teorização, Dickie (1997) apresenta como foco central de seus pressupostos o status que é conferido para a obra, status esse que deve estar imbricado com o aspecto legal atribuído pelo sistema cultural denominado de “mundo da arte”. Para exemplificar, o referido autor afirma que uma obra de arte colocada em uma mostra num museu é prova de que a ela foi conferido status por aquele ou aqueles que integram o “mundo da arte”. Dickie (1997) ao rever seus postulados entendeu que esse status conferido pelo “mundo da arte” se apresentava de maneira muito vaga. O “mundo da arte” não contempla a exatidão do sistema legal que costuma definir claramente os procedimentos e linhas de autoridade. O “mundo da arte” tem também suas normatizações, mas elas estão assentadas de modo mais significativo nas práticas habituais. Então, é preciso considerar, segundo Dickie (1997), que algumas instituições são formais e outras informais.

No que concerne à “candidatura à apreciação” delineada na primeira definição, Dickie (1997) esclarece que não se trata de uma classe especial de apreciação estética, mas sim “uma experimentação das qualidades de uma coisa”, sejam essas qualidades meritórias ou estimáveis. Numa perspectiva classificatória para que um artefato seja considerado como uma obra de arte é preciso que possua algum valor real. Assim, a artifactualidade, no caso de objetos naturais elevados a condição de obra de arte, é atribuída ao objeto mais que ao trabalho sobre ele dispendido. Daí ser possível afirmar que a artifactualidade pode se dar de duas maneiras: a) mediante o trabalho realizado para a confecção do objeto; e, por haver sido conferida ao objeto. Para Dickie (1997) a artifactualidade não exclui a criatividade. 

O autor afirma que quando um artista produz uma obra, ele a faz com vistas a um público. Mesmo aquelas obras que o artista opta por deixar guardadas em seu ateliê, sem torná-las públicas, seja porque as julga inacabadas ou de qualidade inferior, ainda assim elas são destinadas a um público. Esse público precisa ter conhecimento e compreensão, de modo que existem diferentes públicos para diferentes obras. Todavia, não há só o público, mas também os críticos, os curadores, os diretores e outros. 

A centralidade dos papéis de artista e de público no mundo da arte é destacada por Dickie (1997). O mundo da arte, na visão do referido autor, é formado por conjuntos de elementos individuais aos quais cabem papéis específicos aos artistas e ao público. Sendo assim, as regras envolvem diferentes classes quando o que está em questão é a instituição da arte. Existem algumas regras que são básicas e outras convencionais, essas últimas possuem dinamicidade, portanto, passíveis de mudança.

Na nova definição da teoria institucional da arte, Dickie (1997) traça a teorização e esclarece cada parte integrante da definição. Para ele: “Uma obra de arte é um artefato de uma classe criado para ser apresentado diante de um público do mundo da arte. Decompondo cada concepção envolvendo a definição anterior: a) o artista é a pessoa com competência para elaborar uma obra de arte; b) o público é constituído por pessoas com capacidade (formação) para compreender aquilo que lhe está sendo apresentado como arte; 3) o mundo da arte é formado por todos os sistemas que integram o mundo da arte: 4) por seu turno, um sistema do mundo da arte configura-se como um ponto de referência para a apresentação da obra de arte, por parte de um artista, frente a um público do mundo da arte. 

Dickie (1997) reconhece uma circularidade em suas duas definições de arte, na da primeira versão e também na da segunda versão. Todavia, ele justifica essa circularidade em razão da interdependência que as noções centrais possuem, uma vez que o fazer artístico envolve uma estrutura mutuamente dependente.

Ramme (2011) refere que Dickie em seus estudos descortinou aspectos ligados à sociologia e antropologia da arte, posto que o destaque nas teorizações se centrou nos papéis institucionalizados presentes no mundo da arte e que implicam comportamentos e práticas difundindo valores artísticos e estéticos compartilhados por uma cultura.

Nessa mesma linha Geertz (1994) já referia que atribuir aos objetos de arte um significado cultural apresenta sempre uma implicação com o universo local da cultura em questão. Apesar da qualidade intrínseca de um objeto de arte  lhe conferir um caráter emocional de cunho universal (algo que é inegável), ainda assim dentro de uma perspectiva da cultura local, a arte na China Clássica não é a mesma coisa que a arte do Islã Clássico, nem que a arte das Terras Altas de Nova Guiné. Os sistemas de crenças, de estrutura de parentesco, de classificação social se estendem para o universo das artes e acabam impregnando de aspectos peculiares aquelas obras de arte forjadas no contexto local. 

Um ponto destacado, por Ramme (2011), na teoria de Dickie é o sentido dado a um objeto de arte, algo que extrapola as questões de gosto ou experiência pessoal e igualmente evoca o caráter processual e transitório do status de arte conferido a um objeto. Aquilo que se encontra exposto em um museu, por exemplo, tem por fundamento a proposição de que seja arte, mas nada assegura que haja apreciação e duração no tempo dessa arte, que a depender do contexto e do momento pode vir a perder valor.

Em Coli (1981) a percepção sobre o discurso concernente ao estatuto e ao objeto das artes já era referido como não unânime nem tampouco constante.

Coli (1981) assevera que a arte é uma viagem cujo rumo é imprevisível bem como as consequências desse empreendimento. Uma vez posta em execução essa proposta de viagem, o que vale não é a chegada, mas sim a evasão e o prazer obtidos. Evasão e prazer seriam alienantes apenas em um primeiro momento, na visão de Coli (1981), pois a posteriori essas concepções transformam a sensibilidade do sujeito o que faz com que a relação dele com o mundo se modifique. Então, aquilo que a princípio poderia ser enquadrado como alienação ganha a conotação de transformação.







Questões para reflexão:


- O que é a arte gaúcha?



- Como se configura a institucionalização da arte gaúcha?



- Diante dos conceitos apresentados, os pesquisadores vinculados aos projetos de pesquisa que estão sendo desenvolvidos na AAMARGS tendem a se manter como um grupo, uma organização ou uma instituição?



- Qual a noção de instituição/institucionalização que irá nortear os estudos a serem desenvolvidos nos próximos encontros dos pesquisadores do Grupo de Pesquisas da AAMARGS?



Referências Bibliográficas

ANDRADE, Rogério Ferreira de. As análises institucionalistas nas organizações e o conceito de “institucional”. Caleidoscópio. Revista de Comunicação e Cultura. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia. Lisboa, n. 3, 2002, p. 49-64.



BERGER, Peter L. e LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 1985.



CARVALHO, Cristina Amélia e VIEIRA, Marcelo Milano Falcão. Organizações, Cultura e Desenvolvimento Local: a agenda de pesquisa do observatório da realidade organizacional. Recife: EDUFEPE, 2003.



COLI. Jorge. O que é arte. Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Círculo do Livro, 1981. v. 7, p. 11-90.



DICKIE, George. Introduction to Aesthetic: an analytical approach. New York, Oxford University Press, 1997, p. 82–93.



DIMAGGIO, Paul J. e POWELL, Walter W. A Gaiola de Ferro Revisitada: Isomorfismo Institucional e Racionalidade Coletiva nos Campos Organizacionais. Revista de Administração de Empresas, v.45, n. 2, abr./jun. 2005, p. 74-89.



DOUGLAS, Mary. Como as instituições pensam. São Paulo: Editora da USP, 1998.



GEERTZ, Clifford. Conocimiento local. Barcelona: Paidós, 1994

.

LAPASSADE, Georges. Grupos, Organizações e Instituições. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983. 



RAMME, Noéli. A teoria institucional e a definição de arte. Revista Poiésis, n. 17,  jul. 2011, p. 91-103.

  




sábado, 12 de maio de 2018

231 ESTUDOS de ARTE


As IMAGENS e o MAIO de 1968

SUMÁRIO
01 - O MAIO de 1968 como um EVENTO do PASSADO materializado na IMAGEM   -  02   RAZÕES para EVOCAR o  MAIO de 1968  - 03 O MAIO de 1968 como um dos SIGNOs da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL EMERGENTE  - 04  O  ANTES e DEPOIS de MAIO de 1968   05  O MAIO de 1968 possui por LOCUS a UNIVERSIDADE     - 06  A UNIVERSIDADE BRASILEIRA e o MAIO de 1968    - 07 As ARTES no CONTEXTO do MAIO de 1968 - 08 APÒS o MAIO de 1968 CONTROLA-SE a RUA e se CRIPTOGRAFA a ECONOMIA - 09 -A REAÇÃO ao MAIO de 1968  - 10  O USO das IMAGENS  SIGNIFICATIVAS no MAIO de 1968   11  -- O QUE de FATO MUDOU ao LONGO o ANO de 1968     - 12 -  TESE, ANTÍTESE e SINTES do  MAIO de 1968    - CONCLUSÕESSEIS ANEXOS -  FONTES BIBLIOGRÁFICAS e DIGITAIS
MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da França
Fig. 01 –  A mentalidade da ERA INDUSTRIAL modelou o pensamento e os julgamentos políticos, econômicos e sociais dos agentes da manifestações de Paris em maio de 1968.  O cartaz evidencia a lógica  da linha montagem do sistema industrial orientada para uma  ENTRADA – ELABORAÇÂO- DESCARTE  com vistas aos PRODUTOS FINAIS rigorosamente iguais entre si num estreito padrão de qualidade. 

- 01 - MAIO de 1968 como um EVENTO do PASSADO materializado na IMAGEM.  
Os eventos do MAIO de 1968[1] evidenciaram  as forças subliminares que estavam movendo a cultura da ERA INDUSTRIAL em direção das circunstância da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL. No entanto um EVENTO do PASSADO, como o MAIO de 1968, não se repete. O que permanece é o pensamento. Na concepção de Le Corbusier (in Boesiger, 1970, p.168) [2]Nada é transmissível a não ser o pensamento”. A IMAGEM é o mais duradouro suporte deste pensamento. O pensamento dos homens das cavernas, do mundo egípcio ou dos incas nos é contemporâneo nas  IMAGENS que produziram nestes períodos remotos. Então é justo que as IMAGENS do maio de 1968 mereçam a devida atenção, estudo e hermenêutica.
A HISTÓRIA NÃO SE REPETE a NÃO SER na FORMA de uma FARSA. Nem mesmo como ENTE separado de uma civilização a EXISTE HISTÓRIA. O CAMPO DE FORÇAS - do que se denomina de HISTÓRIA - trabalha nesta civilização com expressões e manifestações que  são agrupadas em narrativas. Narrativas que se alimentam das migalhas, dos eventos ou de simples mitos. Mitos que permanecem na memória humana como significativas de um ideal  ou de um ente primitivo denominado HISTÓRIA. Ente primitivo que ganha materialidade nas suas imagens.
Um ESTADO ONIPOTENTE, ONISCIENTE, ETERNO e ONIPRESENTE acionava o motor as narrativas geradas a partir dos mitos da ERA INDUSTRIAL. Motor que  fazia funcionar a ESPERANÇA que estava naufragando no MAIO de 1968. Os eventos do MAIO de 1968 buscam expor e desvendar este MITO e esta ESPERANÇA IMPONDERÁVEL na INSTITUÇÃO UNIVERSITÁRIA. 
Evidente que a mentalidade e os juízos dos próprios agentes do MAIO de 1968 deviam um profundo tributo intelectual à lógica da ERA INDUSTRIAL e esta UNIVERSIDADE. Os pensadores dos primórdios da ERA INDUSTRIAL reconheciam este tributo e erigiram o SISTEMA INDUSTRIAL COM INDISPENSÀVEL para manter aceso o motor da ESPERANÇA era um ESTADO ONIPOTENTE, ONISCIENTE, ETERNO e ONIPRESENTE.  Assim tanto para Fichte (1984: 311) como para  Hegel (1980: 133), toda a ação seria perigosa se não fosse vetorizada pela força coletivizadora sobre-humana do ESTADO. Fica claro que a modernização do Estado nada tinha a ver efetivamente com a democratização do Estado. No Brasil, o próprio Getúlio Vargas foi explícito quando proclamou, no dia 08 de setembro de 1933, que “a chave de toda a organização política moderna é a segurança e eficiência desse equilíbrio. Onde ele faltar, há perturbação, entrechoques e dispersão de energias”. Esse equilíbrio, fixado de antemão por cima e por fora e mantido pela segurança do Estado, só podia, gerar uma universidade para ser mais um instrumento coletivizador e corporativo a serviço da segurança do Estado e não da liberdade do cidadão.
Portanto todos os períodos não podem ser absolutos e nem como último momento no tempo e no espaço. “Se fossemos tão inteligentes como julgamos ser, já teríamos chegado à sabedoria” diria Sêneca[3]. Ou habituar-se ao “exame do problema sob todos os ângulos” como Mao-Tse-Tung prescrevia aos estudantes no seu Livro Vermelho, uma das bíblias ideológicas do maio de 1968.



[1] - Cronologia do mês de Maio de 1968 em Paris  http://www.mai-68.fr/dossiers/dossiers.php?val=20_chronologie/

[2] BOESIGER, Willy .  Le Corbusier Les Derniers  œuvres  Zurich : Artemis, œuvres complètes 1970, , v.8,  208 p.
[3] SÊNECA da TRANQUILIDADA da ALMA p.16 http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bk000487.pdf
MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da França
Fig. 02 –  A lógica do funcionamento  da ERA INDUSTRIAL provocou um acúmulo de gente, de capital, de insumos, de maquinas e dos modos de habitar Os eventos do maio de 1968  evidenciaram esse acúmulo de gente nos meios urbanos. Enquanto isto o MEIO RURAL se  DEGRADAVA e se  ESVAZIAVA. Este  MEIO RURAL  DEGRADADO e INTOXICADO pelos pesticidas, fungicidas, e plantas transgênicas começou a preocupar os ecologistas e nutricionistas. Estes alertaram que o MEIO RURAL era um lugar de venenos intensos e rejeitos dos produtos das descobertas e aplicações do código genético em mãos e mentes nem sempre preocupados com a ética, mas apenas com o lucro econômico.

02  -  RAZÕES para EVOCAR o MAIO de 1968.
O fugaz mês de MAIO de 1968 teve por epicentro a INSTITUIÇÃO UNIVERSITÁRIA com alguns repiques entre o operariado das fábricas francesas. No âmbito da INSTITUIÇÃO UNIVERSITÁRIA os movimentos do MAIO de 1968 tiveram o mérito acender o interesse coletivo estudantil  apesar dele saber que ele é passageiro e desarticulado. A desarticulada e amedrontada INSTITUIÇÃO UNIVERSITÁRIA insistia e arrastava os velhos hábitos MEDIEVAIS da ERA AGRÍCOLA. Se de um lado a lógica pragmática - que comandava a ERA INDUSTRIAL - também era disfuncional e com dias contados a lógica que comanda a ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL. Estava nos leves albores e engatinhava nos meios eletrônicos, nos computadores e os robôs estavam longe de mostrar e evidenciar as suas potencialidades e os seus limites. 
MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da França
Fig. 03 –  As engrenagens  da ERA INDUSTRIAL obsoleta não tinham mais sentido para uma realidade que se estava infiltrando em toda s cultura humana cada vez sob o influxo da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL  Porem este caminho está num devir nebuloso no qual são visíveis os descartes sem que tenha surgido  um novo projeto que mereça um contrato coletivo consistente para o trabalho humano.

O âmbito abafado da política nacional brasileira do violento AI5,  de dezembro de 1968,   somou-se com a REFORMA UNIVERSITÁRIA de 1968 na EDUCAÇÃO. Os atos arbitrários do AI 5 e a REFORMA UNIVERSITÁRIA de 1968 exigiram a construção de um pensamento expresso no âmbito coletivo institucional e não mais se refugiar nas intimidades alienadas da instituição.
 A UNIVERSIDADE BRASILEIRA tinha sido criada, em 1931, por um decreto de um GOVERNO PROVISÓRIO. Este fato  obrigou os entusiastas do maio de 1968 a construir, no BRASIL, outra mentalidade diferente do que estava acontecendo com universidades europeias consolidadas por séculos de experimentos de toda ordem.
MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da França
Fig. 04 –  A grafia, dos pichadores e dos grafiteiros tomou conta e se apropriou de ruas, praças e prédios após o maio de 1968. Arruinou a  logica visual  da Arquitetura e Urbanismo da ERA INDUSTRIAL. O que é evidente que as imagem das ruas das cidades são completamente diferentes ANTES e DEPPOIS do maio de 1968. Os pôsteres e os reclames de propaganda visual de empresas, produzidos em série, deu lugar para as pichações e os grafites personalizados e únicos. Evidente que não é possível estabelecer que os eventos do maio de 1968 foram a causa deste movimento mundial. No entanto o ESTADO, após o maio de 1968,  perdeu a iniciativa e o controle visual deste  MEIO URBANO  DEGRADADO pelos cidadãos jogados na marginalidade pela ERA INDUSTRIAL em franca retirada

03 - O MAIO de 1968  como um dos SIGNOS da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL EMERGENTE.

Diante das evidências da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL não é possível examinar apenas o mundo empírico daquilo que aconteceu, no mês de maio de 1968 em Paris. na América ou em Porto Alegre.
 Na manhã do dia 08 de agosto de 1945 os céus de HIROSHIMA foram rasgados pela arrasadora energia nuclear mostrando ao mundo estupefato os primeiros signos da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL. Os hippies cantaram, versejaram e reagiram a estas estranhas “ROSAS de HIROSHIMA e de NAGASAKI”. As evidencias deste estupor ainda continuam fazendo ecos cada vez mais fortes, em maio de 2018, assustando o mundo 
 O mundo empírico dos movimentos desta época continham também o pensamento e que o torna cada vez mais visível nos índices dos primeiros sintomas da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL nas migalhas que sobraram dos eventos do  mês de MAIO de 1968. Neste mês  a criatura humana estava tateando para abrir e domar as forças de novas fontes da energia, do código genético e se munia com as ferramentas oriundas da lógica Booleana e aplicando-os ao processamento eletrônico e na comunicação. Nas suas costas estava o medo do retorno ao massacre universal da Segunda Guerra Mundial e na sua frente o potencial da conquista do espaço extraterrestre. Pela mundialização irreversível eles evidenciaram outras ferramentas de mundialização que conectava tanto Porto Alegre com a América ou com Paris.
MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da França
Fig. 05 –  Para Max WEBER a UNIVERSIDADE foi uma das raras  criação tipicamente europeias  O que é de se reconhecer que esta UNIVERSIDADE  sempre foi uma instituição supra nacional is estudantes universitário de Maio de 1968 sublinham esta sua natureza. Assim reforçam a rede mundial  que desenha com a ajuda da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL

No maio de 1968 a juventude sentiu-se chamada a ocupar o seu lugar neste cenário pós Guerra da Coréia. Alimentava o seu ideal na ideologia da Revolução Maoísta e contra o desastre em andamento no Vietnã. Esta juventude ocupava o lugar e que era estrepitosamente reivindicado pelo “FAÇA AMOR e NÃO a GUERRA” dos hippies, ou silenciosamente pela juventude americana da pílula. Em nome destes princípios imponderáveis os estudantes de Paris enveredavam para a desobediência civil por meio dos maiores escândalos mediatizados pela TV. TV que estava se tornando planetária e tomando lugar dos rolos de filmes enlatados exibidos nos cinemas de calçada da ERA INDUSTRIAL.
MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da França + CORREIO do POVO ano 123, nº 221 - . Contracapa  -  Dia  09..05. 2018  - LISTA DISRIMINATÓRIA
Fig. 06 –   Maio de 1968 em Paris possui semelhança ao maio de 2018 em Porto Alegre. A  obsolescência da ERA INDUSTRIAL quebrou os tradicionais contratos de trabalho. O poder econômico recuperou o queijo e faca em relação a uma força de trabalho. Na ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL  o poder econômico não necessita mais do esforço físico e nem as rotinas das linhas de montagem ocupadas pelos incansáveis robôs.

04 - O ANTES e o DEPOIS do MAIO de 1968 
As inflamadas discussões que cercaram o maio de 1968, que se projetam até o presente[1], estão acesas nas contradições, os desconfortos[2] e na vontade da busca de uma unidade no pensamento. Durante a revolta estudantil na França o consagrado filósofo Sartre colocou-se ao lado dos estudantes da barricada para ajudar na  circulação do pensamento dos novos atores da história.

Pode-se usar o mês de MAIO de 1968 como indicador de passagem tanto no mundo tecnológico como na economia como no modo de fazer política. No mundo tecnológico o modo de produção se automatizou cada vez mais. O esforço físico havia sido resolvido com as máquinas da ERA INDUSTRIAL. Depois do mês de maio de 1968  os computadores, os robôs e as rotinas da produção da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL dispensaram cada vez mais conhecimentos intelectuais. Estes estão estocados e disponíveis “Just of time’ na memória eletrônica. O crescimento do desemprego tornou-se assustador em regiões que não acompanharam ou tiveram condições de entra neste novo modo de produção.

Na economia a confusão -  reinante a partir da GUERRA das IDEIAS - foi hábil e pragmaticamente aproveitada pelo sistema financeiro que escolhia o lado de maior lucro e de benefícios.



[1] O projeto torna a criatura humana histórica. Marc Bloch escreveu (1976, p.42) que: “é tal a força da solidariedade das épocas que os laços da inteligibilidade entre elas se tecem verdadeiramente nos dois sentidos. A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado. Mas talvez não seja mais útil esforçar-nos por compreender o passado se nada sabemos do presente”.
             BLOCH, Marc (1886-1944)  . Introdução à História.[3ª ed] Conclusão de Lucian FEBVRE - .Lisboa :Europa- América  1976  179 p.

[2] - FREUD, Sigmund.(1858-1939).O mal estar na civilização (1930). Rio de Janeiro : Imago, 1974. pp. 66-150.  (Edição standard brasileira de obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v.13)

MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da Fran
Fig. 07 –   Depois das lições do Dr. Joseph GOEBELS no manjo do MEIO de COMUNICAÇÂO o maio  de 1968 em Paris possui semelhança ao maio de 2018 em Porto Alegre. Com a obsolescência da ERA INDUSTRIAL e a entrada dos robôs, da informática na produção de bens não só mudou as profissões, mas tornou obsoletas e  inúteis as velhas práticas da linha de montagem industrial  dos periódicos.


   No do de política as armas da PROPAGANDA e do MARKETING tornara-se avassaladoras. A GUERRA das IDEIAS ganhou capítulos que estão muito longe de serem entendidos, contraditos ou registrado em narrativas consensuais. A GUERRA FRIA ganhou capítulos de jogadas planetárias nas quais os ditadores anteriores ao maio de 1968 foram duramente testados. Impérios construídos sobre ideologias desmoronaram, como a União Soviética ou se adaptaram a sua ideologia aos meio eletrônicos  como a China.

MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da França
Fig. 08 –   Por mais que os mentores do eventos do MAIO de 1968 a episódios clássicos da REVOLUÇÂO como a inglesa, norte-americana, francesa ou soviética  não se concretizou em Paris no maio  de 1968. A História não se repete e se se alguém forçar no máximo conseguirá uma farsa. De REVOLUÇÂO. A  ÉPOCA PÒS-INDUSTRIAL não só possui a ONU, mas a interlocução da economia, da cultura e da técnica conseguem reverte estas forças ou condicioná-las à sua verdadeira proporção.


        Evidente que todos estes índices não tocaram na essência e na natureza da criatura humana. Apenas acrescentaram e projetaram o medo, a insegurança.  Abriram rombos imensos para aqueles que sabem fazer negócio com qualquer necessidade humana e em qualquer circunstância. As armas individuais escaparam do controle do Estado Nacional. Este fato gerou mais um capítulo do descrédito em relação ao ESTADO NACIONAL incompetente para fazer justiça no contrato com o cidadão avulso  que abdicara fazer justiça com as próprias mãos e meios .
MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da França
Fig. 09   Adjetivar uma Universidade consiste em cravar-lhe um alfinete nas suas costas e exibi-la num quadro de exemplares semelhantes, porém nunca realiza  a sua essência  . A universidade possui por essência o cultivo do hábito de integridade intelectual, moral e estética.  Transformaras ideias em ferramentas   em cavalos de batalha e assim invadir ruas, fábricas não acrescenta a algo que se denomina de partido. De outro lado a transformação da universidade em cursos superiores profissionalizantes invade a área das empresas.

05  O MAIO de 1968 possui por LOCUS a UNIVERSIDADE.
Os eventos de maio de 1968 valeram especialmente da universidade para dar visibilidade para as suas concepções. A universidade brasileira não tinham atingido a maturidade e a massa crítica autônoma para marchar ao lado das multisseculares e sólidas instituições europeias. Anísio TEIXEIRA escrevia  (1989: 74) que
 Uma das funções primaciais da universidade é cultivar e transmitir a cultura comum; não havendo o Brasil criado a Universidade, mas apenas cursos profissionais superiores, deixou de ter o órgão matriz da cultura nacional a qual elabora pelo cultivo da língua, da literatura e das ciências naturais e sociais da universidade.”   ,.
A universidade pode desempenhar, tanto o papel de instrumento de consolidação da ordem social vigente, como atuar na qualidade de órgão transformador, no dizer de Darcy Ribeiro (1982: 173).  A interpretação de que a universidade poderia representar um motor potente para o desenvolvimento nacional reforçou o exacerbado nacionalismo da Era Vargas, como depois o Regime Militar, na década de 1960. O progresso seria o resultado da aplicação da ciência através da tecnologia. A exemplo de muitos países capitalistas, a universidade tornou-se um instrumento de utilização do saber e não uma instância de saber. Fávero, (1980: 23), escreveu nos países capitalistas, as instituições universitárias vivem sempre numa situação de ambigüidade, podendo se apresentar ora como instrumento de utilização do saber, no sentido da eficácia, ora como instância de saber, de geradora de conhecimento”. Ambigüidade que se confundia com o ecletismo que Mário de Andrade fustigava (1955: 13) na época do Estado Novo como “acomodatício e máscara de todas as covardias”. Para tirar essa máscara de todas as covardias do ecletismo, era necessário gerar, preliminarmente, uma identidade do universo acadêmico adequado para o seu efetivo funcionamento[1]. Para Ortiz (1985: 40), “não é por acaso que a USP é fundada nos anos 30. Ela corresponde à criação de um espaço institucional onde se ensinam técnicas e regras específicas ao universo acadêmico”. Era primordial gerar o habitus acadêmico brasileiro[2].


[1] - A universidade brasileira, submetida ao regime militar brasileiro, serviu de cenário para a GOMES, Roberto, Alegres memórias de um cadáver. Curitiba : Criar, 1981 140 p. Essa obra foi analisada, antes da edição, por DACANAL, José Hildebrando «Um cadáver na universidade» in Correio do Povo Caderno de  Sábado Volume , ano VII,  no 606, 08.03.1980, p. 2,  onde ele afirmou que  num país dependente as universidades estão destinadas a receber e não a produzir ciência, mesmo porque não teriam para quem vender suas invenções e teorias”.

[2] - O único objetivo da universidade é cultivar o hábito da integridade intelectual, ou como Max WEBER afirmou (1989: 70) que:o único elemento, entre todos os “autênticos” pontos de vista essenciais que elas (as universidades) podem, legitimamente, oferecer aos seus estudantes, para ajudá-los em seu caminho pela vida afora, é o hábito de assumir o dever da integridade intelectual; isso acarreta necessariamente uma inexorável lucidez a respeito de si mesmos WEBER, Max.  Sobre a universidade. São Paulo : Cortez, 1989.  152 p.

MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da França
Fig. 10   A aula magna da ocupação da tradicional UNIVERSIDADE da SORBONNE exibia a autonomia deste ente face a possibilidade da livre toca de ideias e coerentes com uma instituição desta natureza. Esta universidade se distingue das ESCOLAS PROFISSIONALIZANTES de alto nível e nas o ESTADO FRANCÊS prepara e qualifica os seus agentes administrativos

A democracia ficava apenas nos discursos motivadores para esse habitus acadêmico universitário brasileiro como Teixeira afirmou (1994: 170). De fato, a democracia foi substituída por um nacionalismo populista corporativo e acomodatício.
A universidade que institucionaliza arte necessita um paradigma que sustenta a potência de um projeto civilizatório, matriz para a totalidade da cultura brasileira.
MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da França
Fig. 11   OS LEVES SALÀRIOS e os PESADOS TANQUES era uma metáfora também aplicável à universidade. Os salários deprimidos e os intensos expurgos dos intelectuais, especialmente da Filosofia eram sustentados pels máquinas bélicas voltadas contra a universidade brasileira

06  A UNIVERSIDADE BRASILEIRA e o MAIO de 1968   
No Brasil os professores dos Cursos Superiores da Primeira Republica  eram intelectuais submissos aos agentes o governo desde a sua origem. A burocratização dos docentes dos Cursos Superiores era mais um local para o qual a política indicava e mantinha aqueles submissos e rigidamente controlados por extensos regulamentos. A Revolução de 1930 fez passar os eruditos da sua situação deprimida e de submissão para a condição de agentes controladores da instituição universitária. Assim revertiam a situação dos cursos superiores livres da Primeira Republica e do regime imperial. Estes antigos cursos eram dirigidos burocraticamente por políticos indicados pelas mantenedoras.
No campo da ética é necessário pensar em Lück (1985: 148) ao afirmar o que acontece na escola depende, diretamente, e é influenciado efetivamente pela maneira como os organismos controladores a concebem e sobre ela atuam”. No entanto se o intelectual e o artista ganharam esse espaço, esse lugar e essa instituição, não escaparão de um permanente reexame como Pécaut  percebeu (1990: 33)[1] as ‘articulações entre o campo intelectual e a esfera política,
Com a Revolução de 1930 o intelectual foi guindado e se constituiu num  longo braço do Estado brasileiro, agindo tanto dentro da universidade e o controle das funções publicas[2].
O maio de 1968 alertou para este perigo de agente duplo especialmente depois dos rigorosos expurgos e cassações promovidos no seio da universidade. O GOLPE de 1964 não teve pejo e nem limites diante da AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA. Na lógica dos golpistas a universidade nada mais era do que um longo braço do governo do qual eles se haviam apropriado e mantinham na ponta das baionetas.
O maio de 1968 teve o mérito de evidenciar que os expurgos dos professores universitários se voltavam preferencialmente contra aqueles dedicados ao pensamento e à sensibilidade estética. A FILOSOFIA foi desmantelada e perdeu o seu papel de matriz da universidade. Os expurgos destes intelectuais evidenciam que não existem militares filósofos e nem artistas, pois não podem pensar com autonomia e nem expressar os seus sentimentos individuais.
Se em Paris do mês de  maio de 1964  um militar era presidente,  nada mais natural a intervenção e a truculência militar contra a universidade. Porém, se em Paris, esta intervenção militar foi pontual, na universidade brasileira esta intervenção militar sentou praça em longos, longos anos de chumbo para a universidade e que ainda encontra defensores em maio de 2018[3].
Quanto ao intelectual da universidade ocupar cargos burocráticos ainda está para ser examinado o período de governo de Fernando Henrique Cardoso[4] ocupar, entre 1996-2002, o 1º posto burocrático executivo do Estado Brasileiro.


[1] No final do presente capítulo segue-se a pauta de Ortiz (1995: 139) nesse reexame e que ficará mais clara diante da interação dos agentes intelectuais artistas face à universidade.
[2] - Com abertura dos duzentos mil documentos do arquivo pessoal de Gustavo Capanema (Gomes, 2000: 38), essa cooptação do intelectual dessa época, vista com olhos tão críticos por Faoro, pode ser  revisitada e contemplada por outros olhares.
[3] DESCULPAS ESFARRAPADAS, no MAIO de 2018  das execuções  sumárias no REGIME MILITAR BRASILEIRO

MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da França
Fig. 12   O grito humano é universal e liga a espécie humana aos urros, aos berros e guinchos das espécie vivas. O grito humano é a expressam maior de sua alegria, dor ou revolta. O maio de 1968 poe ser comparado a ea um alerta de algo anda mal e prenúncio de uma catástrofe eminente. AS artes possuem esta competência de expressar algo que ainda não se corporificou

 07 – As ARTES no CONTEXTO do MAIO de 1968.
O Brasil foi um dos pioneiros mundiais em institucionalizar a arte na universidade. Isto foi possível graças a coletivo desta recente universidade ter adquirido,  aos poucos, a certeza de que a arte era competente para examinar as expressões humanas e técnicas, sob todos os ângulos e era um caminho elevá-las ao SABER ERUDITO. Assim a arte constitui-se em conhecimento e uma disposição da vontade, pois ela conhece e sabe o ‘porquê’ e a ‘causa’ e não a experiência, que apenas sabe o ‘quê´ na expressão de Aristóteles (1972, p.212 Metafísica I cap. I(7)).. Garantida esta competência do artista, o filósofo concedia a autonomia à sua arte e o retirou da lista dos escravos que não deliberavam e decidiam, portanto não eram humanos.  
     Supondo esta competência do artista passemos a examinar as circunstâncias do Maio de 1968 nas artes.

 A pesada intervenção militar, econômica e política  levou para a escola brasileira expressões equivocadas de arte. Assim a partir do maio de 1968, as  expressões equivocadas de arte serviram mais para mascarar e estetizar. A pedagoga Ana Mae Barbosa conceitua (1983: 1090), a obra desses pseudo intelectuais, como a “pedagogização da arte”[1].
Touraine os recoloca (1992: 185junto com a obsolescência da ERA INDUSTRIAL no seu devido lugar), pois, “os intelectuais se identificaram tão completamente com a imagem racionalista, iluminista da modernidade, e após terem triunfado juntos se decompuseram como ela, ao passo que as condutas sociais e culturais em todas as partes do mundo se deixam cada vez menos conduzir por essa representação”. Uma dessas condutas culturais possui umas das suas melhores expressões na ação e na obra do artista.
Enquanto a indústria CULTURAL triunfava, a ARTE perdia Marcel Duchamp no mítico ano de 1968 (2 de outubro). Ele havia entendido e expresso em obras, de forma única, esta distinção entre CULTURA e ARTE. O artista e ambientalista Joseph Beuys fundou em 1967 o Partido Alemão dos Estudantes onde apregoava que "Todo mundo é um artista.", "Libertar as pessoas é o objetivo da arte, portanto a arte para mim é a ciência da liberdade." "Tornai os segredos produtivos."  Em 1970 Beuys criava a  Organização para a Democracia Direta enquanto continuava ligado ao movimento Fluxus iniciado em 1962, e onde também atuava o artista e músico John Milton Cage (1912-1992).
Cage  interagia com o bailarino  Merce Cunningham e fora professor de Rauschenberg que era um dos ícones da Pop Art.
O ano de 1968 assista ao apogeu do movimento Pop com Andy Warhol (1927-1987), Robert Rauschenberg (1925-2008) e Roy Lichtenstein (1923-1997).em plena atividade criativa, Este apogeu coincide com a culminância da filosofia existencialista, do movimento Hippie e do grupo dos Beatles. A partir deste ano o movimento vulgarizou-se, confundindo-se com o marketing cultural. A POP ART figurativa, simplificada e explícita, colocava-se no contraditório do expressionismo abstrato, antes vivido por Jackson Pollock (1912-1956) e que virava ícone cult.
No Brasil a Bahia preparava, no ano de 1968, a sua 2ª Bienal[2], cuja abertura coincidiu com a edição do AI5. Este ato arbitrário repercutiu intensamente Slavador, a 1ª capital brasileira. Para bafr estes repercussões o Recôncavo vibrava com as melodias da Tropicália com venda discos em todas as esquinas, dando som as imagens da TV em preto e branco e nos aparelho de rádios transistorizados, cada vez menores e mais potentes. Melodias que rimavam com a visualidade nas obras de Genaro de Carvalho (1926 1971), Carybé (Hector Julio Páride Bernabó 1911 - 1997 e Jenner Augusto da Silveira (1924—2003. Esta visualidade era sustentada pelo mundo imaterial dos personagens da obra de Jorge Amado.
A universidade incorporou as forças do campo arte quando ela percebeu esta capacidade no artista examinar, sob todos os ângulos, o problema da sua sensibilidade.

No presente encontro busca-se entender a circulação[3] do pensamento da arte na sua institucionalização e o que significou o MAIO de 1968 neste processo. Deixa-se de lado uma possível estética e um ordenamento de obras e artistas.

Preliminarmente é necessário distinguir CULTURA de ARTE. A indústria CULTURAL está munida dos mais subliminares instrumentos de difusão avassaladora, inculcação e a geração artificial de necessidades que levam aos objetos programados para a obsolescência e ao kitsch.

08 - APÓS  o MAIO de 1968: CONTROLA-SE a RUA e a ECONOMIA é CRIPTOGRAFADA. 
A grande virada política da ABERTURA POLÍTICA, acontecida entre 1979 e 1985, apesar de sua fragilidade, da sua pouca densidade e suas evidentes contradições, devem muito ao MAIO de 1968. O artista foi induzido a aprender esta capacidade de discutir coletivamente tendo por parâmetro o que aconteceu neste mês mítico e passageiro. Viu-se compelido a deliberar e decidir na autonomia, no seu direito de selecionar e usar todas as concepções e as tecnologias atuais mais eficientes para expressar as suas competências intransferíveis.
No polo oposto o sistema político associou-se definitivamente e profundamente à uma economia inacessível ao PODER ORIGINÁRIO. A economia raptou e arrastou a política para os porões da criptografia que a informática possibilitou e  garantiu por senhas, por novas linguagens incompreensíveis ao grande publico.
O lastro e o padrão ouro foram abandonados. Vale o PIB  nacional brasileiro[4] que informa em relação ao crescimento do emprego e da produção de uma nação

09 -A REAÇÃO ao MAIO de 1968.
A toda a ação corresponde uma reação igual e contrária. A reação, às esperanças e atitudes inusitadas, veio no final de 1968 com o adensamento dos anos de chumbo.  A reação ao Maio de 1968 veio com o AI5 - Ato Institucional nº5- (ver anexo 04 ) e a REFORMA UNIVERSITÁRIA (ver anexo 06), ambos editados ao apagar da luzes deste mesmo ano mágico. Esta reação não foi gratuita para uma cultura cujas raízes e cerne eram o colonialismo e a escravidão, não só na memória coletiva, mas ainda viva e praticada. A toda a originalidade de o Maio de 1968 incomodava quem não estava disposto, ou não podia, acompanhá-la. O argumento, para implantar os anos de chumbo, eram que esperanças e atitudes inusitadas eram estranhas ao “poder originário” que alguns donos perpétuos do poder cultivavam como se fosse algo hereditário e congênito.
O “AME-O ou DEIXE-“ era o conselho paternalista[5] para quem não se sentisse confortável neste colonialismo, para quem desconfiasse de ser vítima da escravidão brasileira latente e quem não sintonizasse com o poder originário violado e corrompido inclusive ser eliminado fisicamente[6] .
Querer o bem com demais força e de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal por principiar. Esses homens ! Todos puxavam o mundo para si, para concertar consertando. Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo      


[1] - Ana Mae Barbosa ao estudar a arte educação no Brasil verifica (in Zanini, 1983 p. 1090) que “O Estado Novo (1937-1945) é o início da pedagogização numa utilização instrumental da arte na escola treinar o olho e a visão ou para a liberação emocional”
[2] A segunda edição da Bienal da Bahia, inaugurada em dezembro de 1968 no Convento da Lapa, sofre de perto as conseqüências da ditadura militar: é fechada durante um mês, no dia seguinte à sua inauguração. Dez das obras expostas são confiscadas antes da reabertura, consideradas "subversivas". Com ela, encerram-se as Bienais Nacionais de Artes Plásticas da Bahia.
[3] - Para uma concepção da circulação do poder indica-se FOUCAULT, Michel.  Microfísica do poder. Rio de Janeiro : Graal, 1995. 295
[4] Em maio de 2018 o Brasil ocupa o 47º lugar entre 47 países no ranking do PIB https://g1.globo.com/economia/noticia/pib-do-brasil-fica-em-ultimo-lugar-em-ranking-com-45-paises.ghtml

[5] Na época da Ditadura militar 1964/85 surgiram, os lemas e as músicas de apoio ao governo. As pessoas (principalmente as crianças) eram incentivadas a usar adesivos "Brasil: Ame-o ou deixe-o!" nas janelas dos automóveis, de casa etc. alusão a uma obra escrita pelo conde Afonso Celso cujo título é “Por que me ufano pelo meu país”. Foram criadas as mais diversas frases de efeito, por exemplo:"Brasil: Ame-o ou deixe-o!", era usada por adultos e crianças, ostentada em objetos e nas janelas dos automóveis. "Brasil:AME-O", muitas empresas de transportes de valores utilizavam-na ostentada em seus veículos. "Quem não vive para servir ao Brasil, não serve para viver no Brasil. Na copa do mundo de 1970, surgiu então o hino "Pra Frente Brasil", "Noventa Milhões em Ação - Pra Frente Brasil” – Fonte Wikipédia.

MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da França
Fig. 13  A GUERRA das IDEIAS alimenta a MÌDIA que por sua vez legitima o uso dos APAREHOS AVERSIVOS do ESTADO NACIONAL  O maio de 1968 criou e difundiu as suas IDEIAS por imagens do repertório popular   com o mínimo, ou ausência, de texto escrito 

10 - O USO das  IMAGENS  SIGNIFICATIVAS no MAIO de 1968 

Os agentes do maio de 1968 de Paris usaram as imagens abundantemente.  Pode-se afirmar que o maio de 1968 foi um movimento social, politico e intelectual conduzido e se expressou por meio de cartazes. Cartazes com poucas palavras – as palavras de ordem – gravadas na memória coletiva com imagens fortes diretas e com cores planas conseguidos com os meios gráficos essenciais. Quem escreve em relação ao maio de 1968 sem referir ou publicar as imagens deste movimento. Imagens que se constituem numa língua universal apesar das poucas e fortes palavras de ordem em francês.
Contribui o fato de Paris ser - e continuar a ser - uma das fortes matrizes das artes visuais universais. Esta tradição está expressa na destreza e objetividade das imagens escolhidas.
A civilização ocidental também confiou os seus pensamentos à representação icônica. Pode argumentar com Chartier (1998: 179)[1] de que “com a imagem não se discute”. Foi da imagem que nasceram os pictogramas das primeiras civilizações humanas. A Idade Média traduziu a Bíblia esculpida e pinta nas paredes das catedrais. A reação iconoclasta bizantina reforçou a tradição muçulmana e israelita da desconfiança da imagem como objeto em si mesmo.
O maio de 1968 tomou a imagem de sua reprodutibilidade industrial em séries infinitas de imagens iguais buscando. Reprodutibilidade buscando a saturação e ao mesmo impondo uma leitura unívoca linear da propaganda e de marketing. Para ter êxito e se diferenciar retornou ao grafismo elementar infantil, para as cores planas e recortadas. Tecnicamente o maio de 1968 prefere os meios de sua multiplicação pela xilogravura, pelo silkscreen e pela foto.
No contraditório é possível afirmar que o maio de 1968 caiu na vala comum de reprodutibilidade industrial da imagem somando-se ao ruído geral e uma civilização desajustada e cheia de ruídos. Porém é competente para elevar este ruído ao máximo possível de sua contundência visual  e sem concessões estéticas fáceis, confusas e ecléticas.
A indústria CULTURAL está munida dos mais subliminares instrumentos de difusão avassaladora, inculcação e a geração artificial de necessidades que levam aos objetos programados para a obsolescência e ao kitsch.


11  O QUE de FATO MUDOU ao LONGO o ANO de 1968

A lenta e imperceptível mudança se mistura a aquilo que dura e atravessa o TEMPO
O mês de MAIO de 1968 já terá realizado a teleologia, que lhe é imanente, se tiver ainda a fortuna de jogar luz sobre estas contradições que habitam, muitas vezes, no mesmo cidadão.
Na arte o MAIO de 1968 foi um passo para o artista tornar-se competente e adulto para doar mais de si mesmo do que simplesmente receber, como na era natural na infância. Com esta maturidade saberá por que o Instituto de Artes  será formado pelas doações e liberalidades das pessoas que verdadeiramente se interessem pelo desenvolvimento das artes entre nós”.

12 -  TESE, ANTÍTESE e SINTESE do  MAIO de 1968.

Evidente que as TESES defendidas  em MAIO de 1968 permaneceram nas mentes dos seus agentes. O que estes agentes conseguiram materializar em textos, cartazes, imagens e e ruidoso eventos não conseguiram  suportara, por muito tempo, a  ANTÌTESE representada pela cultura calejada e oportunista da ERA INDUSTRIAL . Esta se valeu da PRPROPGANDA SUBLIMINAR, os CONTROLES ECNÔMICOS e POLÌTICOS para fazer o mesmo que iria fazer no ano de 1969 com  os HIPPIES em WOODSTOCK[2]. Todo terminou nos últimos gritos e como s bolsos vazios para continuar a manter os eventos. ao deliberar e ao decidir no contexto desta autonomia, erguem-se exércitos de pseudo-artistas “NETOS e BISNETOS de TODAS as DITADURAS” que se jogam na heteronomia do imaginado ESTADO ONIPOTENTE, ONISCIENTE, ETERNO e ONIPRESENTE. Para este exército na heteronomia um “ESTADO PAI, AVÔ E BISAVÔ IDEAL” deve PROVER tudo, isentar o artista e desculpá-lo por ele não ser competente no seu deliberar e decidir autônomo e coletivo. Caso contrário o ESTADO PROVEDOR será, para este aspirante da artista na heteronomia, o CULPADO de TUDO, uma DESCULPA de PLANTÃO e PERMANENTE, para todas as emergências aversivas que ele não quer enfrentar. Este exército, na heteronomia do ESTADO PROVEDOR IMAGINADO, não sabe nada de política e nem quer saber do passado recente. Estes “NETOS da DITADURA” praticam esta política para continuar o JOGO de SOCIALIZAR o PREJUÍZO e EMBOLSAR eventuais LUCROS. Assim, conforme Johann von Goethe, estas pessoas tendem a colocar palavras onde faltam ideias  especialmente de uma nova etapa na qual tudo está em permanente mudança, obsolescência e desafios sem fim.
Na SÌNTESE é possível perceber que a ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL estava mostrando que “TUDO o QUE SÓLIDO se DESMANCHA no AR”[3]. A falência da FÀBRICA - da ERA INDUSTRIAL - com suas carreiras, seus empregos e os seus contratos deixaram a criatura humana na necessidade de inventar um “OUTRO MUNDO POSSÌVEL”, Contudo este “OUTRO MUNDO POSSÌVEL” possui também possui OUTRA lógica, hábitos diferentes e mentalidades incompatíveis com a etapa anterior. O FÓRUM SOCIAL MUNDIAL  de PORTO ALEGRE[4] foi um eco distante do maio de 1968 e levou para rede planetária o seu projeto de que “OUTRO MUNDO POSSÌVEL”
No contraditório a criatura humana enfrenta o trauma de um parto para OUTRO MUNDO POSSÌVEL. Parto no qual é necessário abandonar o conforto do Útero materno da ERA INDUSTRIAL. No lado externo impõe-se  enfrentar um mundo hostil e pouca amigável da alvorada da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL.
 A SÍNTESE desta MUDANÇA da logica de ERA INDUSTRIAL é possível na medida do conhecimento, aceitação consciente, da implementação  e manutenção da lógica coerente com ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL.

CONCLUSÕES.

A  coerência, a aceitação e a coerência com a lógica da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL impõe rever, romper com as suas convicções anteriores e jogar o futuro no mundo aberto.
Mundo aberto que impõe a conquista do direito de deliberar e decidir sobre suas novas competências. Deliberar e decidir, não só na sua cápsula individual, mas aprender a deliberar e decidir em bases coletivas usando as novas circunstâncias.
Neste mundo, entreaberto pelo o Maio de 1968,  a criatividade, o novo e original sempre foi e território próprio das artes. Arte temida pelas mães, pois elas nunca sabem os resultados dos primeiros passos dos seus filhos colocados face ao mundo sob o qual ela não possui controle.
  O mês histórico de maio de 1968, foi um ponto de inflexão que obrigou o artista não ter deixado nas artes um legado sensível e unívoco, este
O cidadão brasileiro sonhado por Riobaldo Tatarana, valendo-se da luz do MAIO de 1968, poderá “querer o bem, a verdade e a beleza com força adequada e de jeito certo” nas suas necessárias rotas pelas veredas dos sertões brasileiros.





[1] -  CHARTIER,  Roger.   Au bord de la falaise:  l´histoire entre certitudes et inquiétude. Paris  : Albin Michel, 1998.  293p.

[3] BERMAN, Marshall  - Tudo Que E Solido Desmancha No Ar - A Aventura Da Modernidade- São Paulo: Companhia Das Letras- 2007


MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da França
Fig. 14     É possível resumir o MAIO de 1968 como uma AGRESSÂO COLETIVA contra os MITOS NACIONAIS gastos pela MÌDIA e que disfarçam os APARELHOS AVERSIVOS do ESTADO NACIONAL[1] da ERA INDUSTRIAL  No entanto  este maio de 1968 não trouxe om projeto exequível na ÉPOCA PÓS_INDUSTRISAL 

SEIS ANEXOS
ANEXO 01 – OS VENTOS da CULTURA FRANCESA e MUNDIAL no ano de 1968
Em maio, fortíssimos ventos europeus avivavam o braseiro nacional. A cidade de Paris e, a seguir, a França, foram convulsionadas pela estudantada universitária “enragé”. Muito logo, o movimento operário iniciou dura e longa greve geral. O governo De Gaulle recuou, a ordem burguesa tremeu, falou-se em governo popular, antes que o Partido Comunista Francês canalizasse a mobilização da rua e as ocupações de fábrica para a luta institucional, enterrando-as sob um estrondoso fracasso eleitoral.
O maio francês galvanizou o mundo, colocando quase nas sombras as lutas estudantis e operárias igualmente muito duras na Itália e na própria Alemanha Federal, avivada neste último país pelo atentado ao líder estudantil Rudi Dutschke, em 11 de abril de 1968. No mesmo mês era assassinado Martin Luther King, em Memphis, Tennessee. Na França, lutara-se contra o autoritarismo, contra a discriminação, contra os privilégios, pelo socialismo operário e democrático. Uma geração de líderes de vinte anos conquistava a juventude do mundo, com seu radicalismo, inconformismo, desprendimento, coerência - Daniel Cohn-Bendit, Alain Krivine, Jacques Sauvageot, etc.
A vitória cubana impusera o princípio de­ que a revolução iniciaria pela ação exemplar de alguns guerrilheiros. Em 1967, o “foquismo” seria teorizado, em "Revolução na revolução?", pelo jovem francês Regis Debrey, intelectual de rápida vocação guerrilheira de pouco sucesso. Se o foco não pudesse ser lançada no campo, seria iniciado na cidade. Desde janeiro de 1967, o ativismo dos Guardas Vermelhas contra a restauração capitalista, hoje plenamente vitoriosa, prestigiava o maoísmo, sobretudo entre os jovens católicos radicalizados. A ação das organizações trotskistas na França propagandearam o marxismo-revolucionário, o ante estalinismo, o anti-burocrático, tornando a seguir Ernest Mandel figura pública mundial.
A Revolução Cultural na China foi lançada em 1966 por Mao Tse Tung. Foi realizada basicamente pela Guarda Vermelha e teria paralisado o progresso material e tecnológico do país. Seus princípios inspiraram a constituição. A Revolução Cultural da China (ou, de modo completo, Grande Revolução Cultural Proletária) foi um movimento de massas na República Popular da China dentre os anos de 1966 e 1976, por parte de estudantes e trabalhadores, contra a burocracia que tomava conta do Partido Comunista Chinês. Incidentalmente ou intencionalmente, o movimento acabou enfraquecendo os adversários de Mao Zedong que ganhavam força então. (A Revolução Cultural representou uma depuração partidária, contra o revisionismo que se insinuava.) O processo foi oficialmente terminado por Mao em 1969, mas os especialistas dizem que ele durou até o golpe contra os seguidores próximos e Jiang Qing, esposa de Mao (a Camarilha dos Quatro), 1976. Entre 1966 e 1969 Mao encorajou a formação de comitês revolucionários (bases da Guarda Vermelha), compostos pelas mais diversas forças (militares, camponeses, elementos do partido, governo etc) e destinados a tomar o poder onde necessário. Como na intelectualidade se encontravam alguns dos inimigos da revolução, o ensino superior foi praticamente desativado no país.
                                                                                                                                [ Wikipedia em 25.05.2008]
A Primavera de Praga, realizada em 1968 na Tchecoslováquia, é o movimento liderado por intelectuais reformistas do Partido Comunista Tcheco interessados em promover grandes mudanças na estrutura política, económica e social do país. A experiência de um "socialismo com face humana” foi comandada pelo líder do Partido Comunista local, Alexander Dubcek. A proposta surpreendeu a sociedade tcheca, que em 5 de Abril de 1968 soube das propostas reformistas dos intelectuais comunistas.
O objetivo de Dubcek era "desestalinizar" o país, removendo os vestígios de despotismo e autoritarismo, que considerava aberrações no sistema socialista. Com isso, o secretário-geral do partido prometeu uma revisão da Constituição, que garantiria a liberdade do cidadão e os direitos civis. A abertura política abrangia o fim do monopólio do partido comunista e a livre organização partidária, com uma Assembleia Nacional que reuniria democraticamente todos os segmentos da sociedade tcheca. A liberdade de imprensa, o Poder Judiciário independente e a tolerância religiosa eram outras garantias expostas por Dubcek.
As propostas foram apoiadas pela população. O movimento que propôs a mudança radical da Tchecoslováquia, dentro da área de influência da União Soviética, foi chamada de Primavera de Praga. Assim sendo, diversos setores sociais se manifestaram em favor da rápida democratização. No mês de junho, um texto de “Duas Mil Palavras” saiu publicado na Liternární Listy (Gazeta Literária), escrito por Ludvík Vaculík e assinado por personalidades de todos sectores sociais, pedindo a Dubcek que acelerasse o processo de abertura política. Eles acreditavam que era possível transformar, pacificamente, um regime ortodoxo comunista para uma social-democracia aos moldes ocidentais. Com estas propostas, Dubcek tentava provar a possibilidade de uma economia coletivizada conviver com ampla liberdade democrática.
A União Soviética, temendo a influência que uma Tchecoslováquia democrática e socialista, independente da influência soviética e com garantias de liberdades à sociedade, pudesse passar às nações socialistas e às "democracias populares", mandou tanques do Pacto de Varsóvia invadirem a capital Praga em 20 de Agosto de 1968. Dubcek foi detido por soldados soviéticos e levado a Moscou . Na cidade de Praga a população reagiu a invasão soviética de forma não violenta, desnorteando as tropas. A organização quase espontânea foi em parte liderada pela cadeia de vários pequenos transmissores construídos às pressas por membros do exército tcheco e aficcionados por radiotransmissores: a Rádio Tchecoslováquia Livre. Cada emissora transmitia instruções para a população por não mais que 9 minutos e depois saia do ar, dando o espaço para uma outra, impossibilitando assim a triangulação do sinal. Suas instruções eram para a população manter a calma e sobretudo não colaborar com os invasores. Os russos ainda tentaram trazer uma potente estação de rádio para criar interferências nos sinais, porém, os ferroviários tchecos com uma extrema negligência, atrasaram a entrega e quando a estação chegou ao seu destino estava inutilizável.
Os russos conseguiram uma ocupação total em poucas horas, porém chegaram a um impasse político, as diversas tentativas para criar um governo colaboracionista fracassaram e a população tcheca foi eficiente em minar a moral das tropas. No dia 23 se iniciou uma greve geral e no dia 26 se publicou o decálogo da não cooperação: não sei, não conheço, não direi, não tenho, não sei fazer, não darei, não posso, não irei, não ensinarei, não farei!
A paralisação dos trens, interrompeu a comunicação com os países aliados e para evitar que os tanques chegassem até Praga, as placas foram invertidas e depois pintadas com uma tinta comum, quando os soldados raspavam as tintas para verem a indicação correta, acabavam indo na direção de Moscou.
Enquanto isso, os raptores contavam a Dubcek que a população tcheka estava sendo massacrada como fora a população húngara 12 anos antes, o que o levou a assinar um acordo de renúncia.
As reformas foram canceladas e o regime de partido único continuou a vigorar na Tchecoslováquia. Em protesto contra o fim das liberdades conquistadas, o jovem Jan Palach ateou fogo ao próprio corpo numa praça de Praga em 16 de Janeiro de 1969.
Um dos livros que fazem referência à Primavera de Praga é o Livro "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera. Relata o Amor de dois casais e seus conflitos amorosos. Bastante repetição de acontecimentos. Vistos de outros ângulos. Ótima leitura para quem quiser se "familiarizar" mais um pouco com a Primavera de Praga. Uma luta heróica de um Povo em busca da verdadeira Liberdade                                            [ Wikipedia em 25.05.2008]


[1] - APARELHO AVERSIVO DO ESTADO NACIONAL em SERGIPE https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/5707/1/THAYZA_SOUZA_CARVALHO.pdf

MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da França
Fig. 15    Com o final da ERA INDUSTRIAL e com os EMPREGOS desaparecendo restou ao ESTADO NACIONAL prolongar o máximo a permanência na escola  Neste quadro a ESCOLA tornou-se uma PRISãO na qual a nova geração gasta  melhor de suas energias percorrendo tábuas curriculares que em nada respondem ao ENTE do estudante como SER HUMANO  com os seus anseios e necessidades básicas. No máximo esta escola - perdida no tempo, no espaço e na sociedade errada - impõe um exercício de paciência, de treinamento e de submissão ilimitada.

ANEXO 02 – No BRASIL a REAÇÃO ao GOLPE de 1964
Fragilizado pela derrota de 1964, o PCB explodia em uma constelação de grupos radicalizados. Jovens chegados em boa parte da Juventude Universitária Católica [JUC] e da Juventude Operária Católica [JOC] aderiam à luta anti-imperialista e anti-capitalista. Então, o Brasil conhece uma multiplicidade de pequenas organizações revolucionárias - ALN, PCBR, AP, POLOP, VAR-Palmares, POC, Fração Bolchevique-Trotskista, MRT, etc. - com algumas centenas de militantes, mais comumente de 17 a 25 anos, e abrangência em geral regional.
A juventude universitária e secundarista abraçava a luta política, cultural e ideológica, com destemor, magnanimidade e impaciência. Saia às ruas pichando - literalmente, pois, na época, não havia o spray - "Mais verbas e menos canhões"; "Um, dois, mil Vietnãs", "O povo unido derruba a ditadura", "Viva a aliança operário-estudantil". Conscientes que não há prática sem teoria, os jovens militantes liam sem cessar, sobretudo história, economia, sociologia - A revolução russa, de Trotsky; O diário na Bolívia, de Guevara; os três Profetas, de Isaac Deutscher; A revolução brasileira, de Caio Prado Júnior; O livro vermelho, de Mao[1]; os Poemas do Cárcere, de Ho Chi Minh.
Em 1968, por primeira vez no Brasil, a Civilização Brasileira publicava O capital, de Kark Marx. Militantes imberbes devoravam os grossos volumes, de fio a pavio, página por página, sem compreenderem muito. Estudavam-se e debatiam-se os mínimos detalhes da revolução russa, chinesa e cubana, ainda que fosse bem menor o interesse sobre a história do Brasil, sobretudo do período anterior a 1930, durante o qual as categorias da sociologia do capitalismo não eram plenamente funcionais. Pelo país afora, discutia-se e polemizava-se duramente. O futuro estava ao alcance da mão. Abraçavam-se as nuvens, em um assalto aos céus.
ANEXO 03 – NO BRASIL IMEDIATAMENTE ANTES do MAIO de 1968
Em 28 de março de 1968, três dias antes do quarto aniversário do golpe, as polícias militares do Exército e da Aeronáutica invadem o restaurante do Calabouço, no Rio de Janeiro, e disparam, a queima-roupa, contra os estudantes, matando Édison Luís de Lima Souto, de 18 anos.
No dia seguinte, sexta-feira, a antiga capital da República pára para que sessenta mil populares acompanhem a despedida ao secundarista. A resposta é violenta. Por diversos dias, a cidade tornou-se campo de acirrada batalha. De um lado, estudantes e populares. Do outro, polícia e exército. Universitários, secundaristas e populares são mortos. Ao deslocarem-se pelas ruas do Centro, os soldados protegem-se debaixo das marquises dos objetos atirados desde os edifícios. Um policial militar, a cavalo, morre ao receber na cabeça um pesado balde ainda carregando cimento fresco, lançado desde um edifício em construção.
ANEXO 04 – O ATO INSTITUCIONAL Nº 5 (AI 5)
Durante o governo de Arthur da Costa e Silva - 15 de março de 1967 à 31 de agosto de 1969 - o país conheceu o mais cruel de seus Atos Institucionais. O Ato Institucional Nº 5, ou simplesmente AI 5, que entrou em vigor em 13 de dezembro de 1968, era o mais abrangente e autoritário de todos os outros atos institucionais, e na prática revogou os dispositivos constitucionais de 67, além de reforçar os poderes discricionários do regime militar. O Ato vigorou até 31 de dezembro de 1978.
O  AI-5 na íntegra,:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL , ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e
CONSIDERANDO que a Revolução brasileira de 31 de março de 1964 teve, conforme decorre dos Atos com os quais se institucionalizou, fundamentos e propósitos que visavam a dar ao País um regime que, atendendo às exigências de um sistema jurídico e político, assegurasse autêntica ordem democrática, baseada na liberdade, no respeito à dignidade da pessoa humana, no combate à subversão e às ideologias contrárias às tradições de nosso povo, na luta contra a corrupção, buscando, deste modo, "os. meios indispensáveis à obra de reconstrução econômica, financeira, política e moral do Brasil, de maneira a poder enfrentar, de modo direito e imediato, os graves e urgentes problemas de que depende a restauração da ordem interna e do prestígio internacional da nossa pátria" (Preâmbulo do Ato Institucional nº 1, de 9 de abril de 1964);
CONSIDERANDO que o Governo da República, responsável pela execução daqueles objetivos e pela ordem e segurança internas, não só não pode permitir que pessoas ou grupos anti-revolucionários contra ela trabalhem, tramem ou ajam, sob pena de estar faltando a compromissos que assumiu com o povo brasileiro, bem como porque o Poder Revolucionário, ao editar o Ato Institucional nº 2, afirmou, categoricamente, que "não se disse que a Resolução foi, mas que é e continuará" e, portanto, o processo revolucionário em desenvolvimento não pode ser detido;
CONSIDERANDO que esse mesmo Poder Revolucionário, exercido pelo Presidente da República, ao convocar o Congresso Nacional para discutir, votar e promulgar a nova Constituição, estabeleceu que esta, além de representar "a institucionalização dos ideais e princípios da Revolução", deveria "assegurar a continuidade da obra revolucionária" (Ato Institucional nº 4, de 7 de dezembro de 1966);
CONSIDERANDO, no entanto, que atos nitidamente subversivos, oriundos dos mais distintos setores políticos e culturais, comprovam que os instrumentos jurídicos, que a Revolução vitoriosa outorgou à Nação para sua defesa, desenvolvimento e bem-estar de seu povo, estão servindo de meios para combatê-la e destruí-la;
CONSIDERANDO que, assim, se torna imperiosa a adoção de medidas que impeçam sejam frustrados os ideais superiores da Revolução, preservando a ordem, a segurança, a tranqüilidade, o desenvolvimento econômico e cultural e a harmonia política e social do País comprometidos por processos subversivos e de guerra revolucionária;
CONSIDERANDO que todos esses fatos perturbadores, da ordem são contrários aos ideais e à consolidação do Movimento de março de 1964, obrigando os que por ele se responsabilizaram e juraram defendê-lo, a adotarem as providências necessárias, que evitem sua destruição,
Resolve editar o seguinte:
ATO INSTITUCIONAL
Art 1º - São mantidas a Constituição de 24 de janeiro de 1967 e as Constituições estaduais, com as modificações constantes deste Ato Institucional.
Art 2º - O Presidente da República poderá decretar o recesso do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, por Ato Complementar, em estado de sitio ou fora dele, só voltando os mesmos a funcionar quando convocados pelo Presidente da República.
§ 1º - Decretado o recesso parlamentar, o Poder Executivo correspondente fica autorizado a legislar em todas as matérias e exercer as atribuições previstas nas Constituições ou na Lei Orgânica dos Municípios.
§ 2º - Durante o período de recesso, os Senadores, os Deputados federais, estaduais e os Vereadores só perceberão a parte fixa de seus subsídios.
§ 3º - Em caso de recesso da Câmara Municipal, a fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios que não possuam Tribunal de Contas, será exercida pelo do respectivo Estado, estendendo sua ação às funções de auditoria, julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis por bens e valores públicos.
Art 3º - O Presidente da República, no interesse nacional, poderá decretar a intervenção nos Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição.
Parágrafo único - Os interventores nos Estados e Municípios serão nomeados pelo Presidente da República e exercerão todas as funções e atribuições que caibam, respectivamente, aos Governadores ou Prefeitos, e gozarão das prerrogativas, vencimentos e vantagens fixados em lei.
Art 4º - No interesse de preservar a Revolução, o Presidente da República, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e sem as limitações previstas na Constituição, poderá suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.
Parágrafo único - Aos membros dos Legislativos federal, estaduais e municipais, que tiverem seus mandatos cassados, não serão dados substitutos, determinando-se o quorum parlamentar em função dos lugares efetivamente preenchidos.
Art 5º - A suspensão dos direitos políticos, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em:
I - cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função;
II - suspensão do direito de votar e de ser votado nas eleições sindicais;
III - proibição de atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política;
IV - aplicação, quando necessária, das seguintes medidas de segurança:
a) liberdade vigiada;
b) proibição de freqüentar determinados lugares;
c) domicílio determinado,
§ 1º - o ato que decretar a suspensão dos direitos políticos poderá fixar restrições ou proibições relativamente ao exercício de quaisquer outros direitos públicos ou privados.
§ 2º - As medidas de segurança de que trata o item IV deste artigo serão aplicadas pelo Ministro de Estado da Justiça, defesa a apreciação de seu ato pelo Poder Judiciário.
Art 6º - Ficam suspensas as garantias constitucionais ou legais de: vitaliciedade, mamovibilidade e estabilidade, bem como a de exercício em funções por prazo certo.
§ 1º - O Presidente da República poderá mediante decreto, demitir, remover, aposentar ou pôr em disponibilidade quaisquer titulares das garantias referidas neste artigo, assim como empregado de autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista, e demitir, transferir para a reserva ou reformar militares ou membros das polícias militares, assegurados, quando for o caso, os vencimentos e vantagens proporcionais ao tempo de serviço.
§ 2º - O disposto neste artigo e seu § 1º aplica-se, também, nos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.
Art 7º - O Presidente da República, em qualquer dos casos previstos na Constituição, poderá decretar o estado de sítio e prorrogá-lo, fixando o respectivo prazo.
Art 8º - O Presidente da República poderá, após investigação, decretar o confisco de bens de todos quantos tenham enriquecido, ilicitamente, no exercício de cargo ou função pública, inclusive de autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
Parágrafo único - Provada a legitimidade da aquisição dos bens, far-se-á sua restituição.
Art 9º - O Presidente da República poderá baixar Atos Complementares para a execução deste Ato Institucional, bem como adotar, se necessário à defesa da Revolução, as medidas previstas nas alíneas d e e do § 2º do art. 152 da Constituição.
Art 10 - Fica suspensa a garantia de habeas corpus , nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular.
Art 11 - Excluem-se de qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato institucional e seus Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos.
Art 12 - O presente Ato Institucional entra em vigor nesta data, revogadas as disposições em contrário.
Brasília, 13 de dezembro de 1968; 147º da Independência e 80º da República.
A. COSTA E SILVA
Luís Antônio da Gama e Silva
Augusto Hamann Rademaker Grünewald
Aurélio de Lyra Tavares
José de Magalhães Pinto
Antônio Delfim Netto
Mário David Andreazza
Ivo Arzua Pereira
Tarso Dutra
Jarbas G. Passarinho
Márcio de Souza e Mello
Leonel Miranda
José Costa Cavalcanti
Edmundo de Macedo Soares
Hélio Beltrão
Afonso A. Lima
Carlos F. de Simas

Fonte: Acervoditadura.rs.gov.br
MAIO de 1968 cartaz do arquivo da  Biblioteca Nacional da França
Fig. 16O jovem ferido pelos APAREHOS AVERSIVOS do ESTADO NACIONAL enfaixado pela MÌDIA GUERRA das IDEIAS  Jovem condicionado pela SERVIDÂO involuntária e cuja revolta tornou-se visível em maio de 1968. As cicatrizes nunca desapareceram na  auto imagem de alguém inútil e sem projeto próprio, aguardando de alguém as ordens do que deve fazer e parecer

ANEXO 06 -  Reforma Universitária de 1968

Celso da Costa Frauches(*)

Transcorriam os "anos de chumbo" da ditadura militar, instaurada em 1964.  O general Costa e Silva representava os militares na presidência da República. Em 1968, o Congresso Nacional aprovou a Reforma Universitária, pela Lei n° 5.540, de 28/11/68, fixando normas de organização e funcionamento do ensino superior, e o presidente da República, invocando o Ato Institucional n° 5, de 13/12/68, editou o Decreto-lei nº 464, de 11/2/1969, estabelecendo "normas complementares à Lei nº 5.540". O gaúcho Tarso Dutra era o ministro da Educação e Cultura.
Trata-se, na realidade, de uma LDB para o ensino superior, revogando os dispositivos da Lei 4.024, de 1961, sobre esse nível de ensino.
Características principais da Reforma Universitária de 1968:
§ensino indissociável da pesquisa;
§ assegura autonomia das universidades (didático-científica, disciplinar, administrativa e financeira);
§ a universidade como ambiente prioritário para o desenvolvimento do ensino superior, embora permita a existência dos estabelecimentos isolados (vide Reforma Francisco Campos);
§ modelo organizacional único para as universidades, públicas ou privadas (art. 11):
§ primeiro ciclo de estudos (ciclo básico), tendo por objetivo a recuperação de insuficiências evidenciadas pelo concurso vestibular na formação de alunos; orientação para escolha da carreira e realização de estudos básicos para ciclos ulteriores;
§ elimina a cátedra e a sua vitaliciedade;
§ estabelece o Departamento como "a menor fração da estrutura universitária para todos os efeitos de organização administrativa, didático-científica e de distribuição de pessoal", compreendendo disciplinas afins;
§ impõe o regime de matrícula semestral por disciplina, em substituição à matrícula por série anual (até então vigente), com pré-requisitos;
§ o Crédito como unidade de medida para a contabilidade acadêmica de integralização curricular;
§ a extensão como instrumento para a melhoria das condições de vida da comunidade e participação no processo de desenvolvimento;
§ vestibular unificado para todos os cursos da mesma instituição;
§ renovação periódica do reconhecimento de universidades e estabelecimentos isolados de ensino superior;
§  necessidade social como requisito para a autorização de instituições e cursos superiores;
§  representação estudantil nos órgãos colegiados; estimula a criação dos diretórios centrais dos estudantes e dos diretórios setoriais ou centros acadêmicos;
A Reforma Universitária de 68 teve início, efetivamente, em 1967, com a edição de decretos-leis voltados para as instituições federais de ensino. A Lei 5.540/68 e o Decreto-lei 464/69 vieram consolidar a reforma e ampliá-la para todos os sistemas de ensino.
A reforma de 1968 representa, sem dúvida, considerável avanço na modernização da educação superior brasileira, ressalvados os aspectos autocráticos, frutos do regime então vigente, centralizador e ditatorial.
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BERMAN, Marshall – Tudo o que é sólido desmancha no ar: a aventura as modernidade-. São Paulo: Companhia das Letras, 2007  ISBN: 9788585095055 https://www.abebooks.com/9788585095055/Tudo-Sólido-Desmancha-Ar-Marshall-8585095059/plp

BLOCH, Marc (1886-1944). Introdução à História.[3ª ed.] Conclusão de Lucian FEBVRE - .Lisboa: Europa- América  1976  179 p.

BOESIGER, Willy .  Le Corbusier Les Derniers  œuvres  Zurich: Artemis, œuvres complètes 1970, v.8, 
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WEBER, Max.  Sobre a universidade. São Paulo: Cortez, 1989.  152 p.


FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
LE MONDE: o mês de MAIO de 1968 de PARIS DIA a DIA
Final e endereços eletrônicos

Cronologia do mês de Maio de 1968 em Paris
Execuções  sumárias no REGIME MILITAR BRASILEIRO
CONTORNANDO  as notícias das execuções  sumárias no REGIME MILITAR BRASILEIRO
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APARELHO AVERSIVO DO ESTADO NACIONAL em SERGIPE https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/5707/1/THAYZA_SOUZA_CARVALHO.pdf

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL

Em maio de 2018 o Brasil ocupa o 47º lugar entre 47 países no ranking do PIB https://g1.globo.com/economia/noticia/pib-do-brasil-fica-em-ultimo-lugar-em-ranking-com-45-paises.ghtml


GOVERBO FHC 1995-2002

HIPPIES WOODSTOCK 1969

NYT :  CARTAZES do MAIO de 1968 de PARIS


(*)  Consultor sênior do Instituto Latino-Americano de Planejamento Educacional, Brasília, DF. www.inpeau.ufsc.br/

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