JUDITH FORTES.
SUMÁRIO
01 Judith FORTES e a poesia de exportação
- 02
Uma ilustre desconhecida - 03 O MODO de Judith FORTES SER ARTISTA - 04
O TEMPO, LUGAR e a SOCIEDADE de JUDITH FORTES – 05
O TEMPO POLÌTICO de JUDITH FORTES - 06 O LUGAR de JUDITH FORTES -07 A SOCIEDADE de JUDITH FORTES - 08 A memória de Judith FORTES se ECLIPSA - 09 A estética e profissionalismo de
Judith FORTES resistem. - 10
O sentido das pesquisa, estudo e circulação da obra e pessoa de Judith
FORTES 11 -- Etapas da institucionalização da obra de
Judith FORTES - 12 - A pesquisa das obras de Judith FORTES apenas
está nos seus primórdios - CONCLUSÕES –
DIRECIONAMENTO da ACHADOS e FONTES BIBLIOGRÁFICAS e DIGITAIS
Fig. 01 – Obra de Judith FORTES num
leilão de arte da Suíça O pouco conhecimento e as raras obras desta artista - ativa em
Porto Alegre na primeira metade do século XX - são índices do muito esforço e
dedicação extrema era ser pintora na capital do Rio Grande do Sul numa época
onde tudo estava a ser feito na artes visuais locais.
01 -Judith FORTES e "Poesia de Exportação" -
Todos
sonham em ter um país competente para exportar a sua arte e sua poesia. Porém
quando esta exportação acontece de fato e direito, ninguém consegue garantir a
origem, o histórico e valor local desta artista aceita em outra cultura e nação.
Este fato aconteceu com a artista sul-rio-grandense Judith FORTES cuja obra apareceu, de repente, num leilão de arte da
Suíça.
Natural seria que o adquirente, desta obra, procurasse informações em Porto Alegre e no sistema de artes para conhecer um mínimo da biografia da artista. Porém: ¿ a quem se dirigir e onde procurar ?
Natural seria que o adquirente, desta obra, procurasse informações em Porto Alegre e no sistema de artes para conhecer um mínimo da biografia da artista. Porém: ¿ a quem se dirigir e onde procurar ?
Fig. 02 – O silencio da modelo é amplamente compensada prelo meio
pictóricos que Judith FORTES dominava e que usava com autonomia e com
personalidade própria Este silêncio parece que
prefigura a falta de informações que reina sobre a pessoa da artista e em
relação à sua memória.
02
Uma ilustre
desconhecida.
Na
verdade o objetivo, da presente postagem, é desvelar algo que tenha alguma relação com a artista sul-rio-grandense JUDITH
FORTES. Não se conhece sua foto, suas exposições individuais ou mesmo até
quando permaneceu ativa. Assim se faz uma resenha das obras que o autor conhece
até o momento.
Fig. 03 – Os índices da passagem do tempo que se depositaram sobre o tema
desta obra de Judith FORTES que ela capta e poetiza em traços, cores e sobras
grises. Assim não e o tema que cria esta obra. Esta obra se estrutura e
mantém no tempo devido ao pensamento da
artista que seleciona rigorosamente os seus meios plásticos para apresentar ao
expectador algo que é universal e ao mesmo tempo profundamente particular,
único e pessoal.
É
necessário juntar uns parcos registros e meia dúzia de obras dispersas -
inclusive agora na Suíça - e através delas buscar traços das fontes do
pensamento. Não se pretende entrar pelo campo da vitimização, da discriminação
ou outros atributos extra artísticos. O
nome de Judith FORTES parece conter a resposta e as sua OBRAS e conferem aval a que seja considerada alguém
digna do SEU MODO de SER ARTISTA.
Fig. 04 – A jovem sorridente que foi o tema desta obra de Judith
FORTES nos transporta ao um mundo
subjetivo e único O pouco conhecimento e as raras obras desta artista ativa em
Porto Alegre na primeira metade do século XX são índices do muito que
representa ser pintora na capital do Rio Grande do Sul numa época onde tudo
estava a ser feito na artes visuais locais.
Judite
Fortes nasceu em Porto Alegre no dia 18 de setembro de 1904 e era filha de
Bernardo Gonçalves Fortes.
Ela ingressou cedo na Escola de Artes do ILBA-RS, em 1916[1] e que ela concluiu em 1922[2]. Nesta Escola ela exerceu o papel de professora substituta em várias ocasiões[3] e foi de membro das bancas de final de ano[4]. Em dezembro de 1938 ela enfrentou um sério revés profissional no IBA-RS, pois o seu nome foi preterido na cadeira de Anatomia Artística [5] face ao de Luiz Maristany de Trias[6]. Mas o fato parece que não a indispôs contra o IBA-RS, pois em 1942 estava contribuindo com uma obra sua[7] para construir o prédio do Instituto. Ela mantinha aberto um curso de Desenho para a preparação do seu vestibular, na frente a sede do Instituto [8]. Veio a falecer em 1964[1]
Ela ingressou cedo na Escola de Artes do ILBA-RS, em 1916[1] e que ela concluiu em 1922[2]. Nesta Escola ela exerceu o papel de professora substituta em várias ocasiões[3] e foi de membro das bancas de final de ano[4]. Em dezembro de 1938 ela enfrentou um sério revés profissional no IBA-RS, pois o seu nome foi preterido na cadeira de Anatomia Artística [5] face ao de Luiz Maristany de Trias[6]. Mas o fato parece que não a indispôs contra o IBA-RS, pois em 1942 estava contribuindo com uma obra sua[7] para construir o prédio do Instituto. Ela mantinha aberto um curso de Desenho para a preparação do seu vestibular, na frente a sede do Instituto [8]. Veio a falecer em 1964[1]
03 - O MODO de SER ARTISTA de Judith FORTES
Judith
FORTES manteve uma alta, sensível e forte expressão de autonomia como artista.
Ela sabia que não é a condição feminina que torna alguém artista. No
contraditório não há registro de que Judith FORTES tenha transformado o seu
gênero em bandeira, diferencial ou dispensa dos difíceis cânones que pesam sobre
as obras de alguém que possui o projeto de ser artista. Um dos índices da
seriedade de seu projeto de SER artista pode ser visto na sua escolha de enfrentar o duro e árduo
estudo, numa instituição erudita de artes. Evidente que pagou muito caro esta
sua escolha.
[1] - Relatório do ano de 1916 de Libindo
Ferrás{019Relat Fontes do Arquivo do IA e pasta arquivo nominal e
pessoal da aluna }
[2] - Relatório do ano de 1916 de Libindo Ferrás{019Relat}
[3] Relatório do presidente Marinho Chaves de 1922
[4] Atas de exames da Escola de Artes (1911-1936)
[5] - Judite Fortes se inscreveu no dia 10 de dezembro de
1938 para concorrer para docente da cadeira de Anatomia Artística. Livro-Caixa (borrador) do Instituto . Dia
10.12.1938.
[6] - Luiz
Maristany de Trias também se inscreveu no mesmo concurso para a mesma cadeira.
Não há registro da realização do concurso. Contudo Trias ocupava a cadeira de
Anatomia Artística, desde o dia 06 de
junho de 1938, conforme “Offício nº 353, acompanhado de 2ª via do
contrato” que lhe foi remetido com essa data. Livro nº 1 do protocolo do
I.B.A iniciado em 28.4.1936, p. 24. {067OFIC} . O certo é que Maristany
de Trias continuou a lecionar a disciplina de Anatomia Artística, enquanto o nome de Judith Fortes não consta
mais, depois disso, na relação de docentes do Instituto.
[7] - Catálogo da Grande Exposição de Belas Artes – Março
de 1942. {079Obr]
[8] - Depoimento oral da ex-aluna do Curso de Artes
Plásticas do IBA-RS, Cecília Zingano
Amaral, ao pesquisador .
Fig. 05 – Um logo da ESCOLA de ARTES de 1914 do Instituto de Belas Artes
do Rio Grande do Sul no qual Judith
FORTES ingressou em 1917. Neste ano o quadro docente era constituído apenas por Libindo
Ferrás que lecionava todas as disciplinas ao pequeno grupo de estudantes. As
bancas externas permitiam contatos com as opiniões do artistas locais como
Pedro Weingärtner e eventos artistas em trânsito por Porto Alegre
A
sua segurança e determinação também podem serem vistas no fato de abrir e
manter uma escola particular de artes[1]
na frente da escola na qual ela mesma se formara.
Judith
FORTES confia na sua autonomia e materializados na sua obra que ela constrói
com todo desvelo. Desvelo próprio e impregnado pelos seus DIAS, na sua CIDADE e
nas PESSOAS que a cercavam.
[1] Depoimento oral da ex-aluna
do Curso de Artes Plásticas do IBA-RS,
Cecília Zingano Amaral, ao pesquisador
Fig. 06 – A falta evidente de um contrato social, político e econômico
atingiram a frágil Escola de Artes do IBA-RS e que assim esteve a mercê das
circunstância politicas, econômicas da capital do Rio Grande do Sul. A sua
mantenedora, o instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul era o único no gênero em funcionamento continuado desde o dia 22 de
abril de 1908.
[CLIQUE SOBRE A FIGURA
PARA AMPLIAR]
04 - O TEMPO,
o LUGAR e a SOCIEDADE de JUDITH FORTES
O
que particularmente chama atenção é a sua constante interação com aqueles que
haviam frequentado a mesma Escola de Artes e com o meio artístico de Porto
Alegre. Realiza esta interação pela sua obra e pelo trabalho de ser artista. É
o trabalho em comum que constitui a base e uma entidade associativa. Theotônio
SANTOS afirma que “o trabalho em conjunto constitui uma classe”[1]
Fig. 07 – O Salão de ARTES PLÁSTICAS da ESCOLA DE ARTES do IBA-RS ,
inaugurado no Theatro São Pedro, no dia 15 de novembro de 1929, contou com três
obras de Judith FORTES. Os nomes dos
artistas expositores compõem o circulo de pertencimento desta artista. Entre
eles estão vários amadores ou alunos da Escola de Artes e sem grande autonomia
estética com reconheceu Ângelo Guido. Este Salão teve pouca sorte, pois o
terremoto econômico e político que aconteceram a partir do dia 29 de outubro de
1929 com a Quebra da Bolsa de Nova York,
também se refletiu em Porto Alegre. .
[CLIQUE SOBRE o GRÁFICO para AMPLIAR]
Judith
FORTES estava presente no Salão de Belas Artes, aberto no dia 15 de novembro de
1929, onde apresentou três obras. Ângelo Guido anotou a sua participação na
Revista do Globo (nº 23 de 14.12.1929, p. 05) “Judith Fortes expõe duas cabeças a pastel interessantes pela largueza
com que são conseguidos e robustez de cor.... a ex-aluna [da
Escola de Artes] Judith
Fortes manifesta no traço a sua
personalidade.”
Judith FORTES foi uma das fundadoras da
Associação Francisco Lisboa. Esta agremiação de artistas visuais nasceu em agosto de 1938 e foi aquela de maior
continuidade[1]
entre as demais que surgiram em Porto Alegre. Fundada nove meses após a
proclamação do Estado Novo[2],
os seus integrantes procuravam fazer do seu ofício, como trabalhadores
especializados, a razão de sua união. Essa intenção Kern registrou (1981, f.
113). “A Associação Francisco Lisboa foi
fundada com o objetivo de reunir os artistas que se encontram isolados e que
tem dificuldades para se fazer conhecer seus trabalhos”. Ao acompanhar a
nominata dos seus fundadores constata-se a presença significativa de
integrantes do IBA-RS. A sua primeira formação era constituída por:
“um grupo de jovens
artistas: João Faria Vianna, Carlos Scliar, Mário Mônaco, Edla Silva, Nelson
Boeira Faedrich e Gaston Hofstetter. Nesse mesmo ano ingressam Guido Mondin,
João Fontana, Arnildo Kuwe Kindler, João Fahrion. Judith Fortes, José Rasgado
Filho, Gustav Epstein, Mário Berhauser, Júlia Felizardo e Romano Reif.” (KERN.
1981 ff. 112 e 113).
Nessa
lista é possível verificar que todas
as artistas frequentaram a Escola de Artes do ILBA e ali concluíram o
curso superior. Assim, Judite Fortes
o concluiu em 1922[3], tendo ingressado em 1916[4] Depois exerceu o papel de professora substituta
em várias ocasiões, membro das bancas de final de ano e presença constante nos
salões promovidos por esta entidade.
[1] - SCARINCI, Carlos «Da
Francisco Lisboa ao Pseudo-Salão Moderno de 1942» in Correio do Povo, Caderno de Sábado, Volume CVI, Ano
VIII, no 606, 08.03.1980, pp 8/9.
[2] - Carlos Scarinci escreveu (1980, p.8, col.1) “Os
objetivos da nova entidade não podem ser definidos como uma tomada de posição de classe, mas sua criação
coincide quase com a transformação da Associação Paulista de Belas Artes em
Sindicato dos artistas políticos(1937) que coincide também com as orientações sindicalistas do
Estado Novo recentemente implantado”.
[3] - Relatório do ano de 1916
de Libindo Ferrás{019Relat}
[4] - Relatório do ano de 1916
de Libindo Ferrás{019Relat}
Fig. 08 – Judith FORTES obteve, em 1938, da UNIVERSIDADE de PORTO ALEGRE o
reconhecimento do seu Curso Superior concluído
em 1922, na Escola de Artes do IBA-RS. Tratava-se de qualificar o corpo docente no âmbito universidade
e para efeito de concurso para a cátedra em Artes Visuais. Com a sumária e
repentina exclusão do IBA-RS da Universidade de Porto Alegre este projeto não
prosperou. O musico e advogado Tasso Corrêa[1] usou todos seus
conhecimentos e influências - locais e nacionais - para superar este impasse, do seu modo. De
fato, tudo estava a ser feito nas artes visuais locais no Rio Grande do Sul
neta época de profundas mudanças. Com profissionais reconhecidos no meio
cultural de Porto Alegre para formar uma equipe que se conduziu pelas normas da
universidade brasileira. Judith FORTES no foi aproveitada apesar de ter obtivo
o seu diploma pela UPA. Ela Permaneceu autônima com o seu curso de Artes Visuais, aberto em frente ai prédio do IBA e para onde
Tasso Corrêa encaminhava os candidatos ao vestibular do IBA-RS
[CLIQUE SOBRE A FIGURA
PARA AMPLIAR]
Em
1939 Judith FORTES participava do Salão de Belas organizado pelo INSTITUTO de
BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL.
[1] PENSAMENTO
de TASSO BOLIVAR DIAS CORRÊA http://profciriosimon.blogspot.com.br/2016/04/171-o-pensamento-de-tasso-correa.html
Fig. 09 – O Salão de Belas Artes de 1939 - realizado pelo IBA-RS - antes
de mais nada é um grito de autonomia deste instituto excluído no dia 05 de
janeiro de 1939 da Universidade de Porto Alegre. Este
evento marca o início da afirmação e hegemonia das ARTES VISUAIS neste ambiente
erudito. Em pouco tempo os artistas visuais começaram a superar numericamente e
nas suas iniciativas o papel que antes era exercido no IBA-RS. Multiplicaram-se
as ofertas de cursos, de contratos de docentes e turmas de estudantes
selecionados em apertados e concorridos vestibulares. Esta dinâmica interna se
traduziu em prédios e projetos de expansão externa e que ainda são as marcas do
atual Instituto de Artes após o seu regresso ao seio da Universidade Federal no
dia 30 de novembro de 1962.
Um
destes quadros da exposição de 1939 foi enviada ao XLVI Salão Nacional de Belas
Artes. É precisamente esta obra que foi objeto do leilão na Suíça em
2018.
CENTRO CULTURAL
da SANTA CASA de PORTO ALEGRE http://www.centrohistoricosantacasa.com.br
Fig. 10 – O Retrato de ARCHIMEDES FORTINI[1] como provedor da SANTA
CASA de PORTO ALEGRE realizado por Judith FORTES. A
saúde e a arte sempre tiveram estreitos vínculos. Parece que o medico mantem e
restaura a saúde do paciente para que este possa apreciar o que mais nobre e
permanente a criatura humana produz, ou, senão ele mesmo, experimentar a sua
própria criatividade que o colocam acima da Natureza dada. O dinâmico
jornalista Arquimedes Fortini parec ter comprrendido esta dimensão. .
05 - O TEMPO POLÍTICO e CULTURAL de JUDITH FORTES -
A
primeira metade do século XX encontrou Porto Alegre sob o domínio do primeiro
regime republicano brasileiro. É possível encontrar um paralelo entre a
produção artística de Judith Fortes e a ‘curva
de Gauss’ formada pela origem, a culminância e o declínio da Primeira República
no Rio Grande do Sul. O declínio da obra e especialmente o silêncio que cercam,
agora, o nome de Judith Fortes e as suas
realizações da pintura possui algo em comum com o PRR e sua definitiva abolição
no Estado Novo em 10 de novembro de 1937.
[1] Livro de Archimedes FORTINI https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-998941011-o-passado-atraves-da-fotografia-archimedes-fortini-_JM
Fig. 11 – As atividades, os objetos e o ambiente doméstico inspiraram esta
obra de Judith FORTES. Porém as finas e
delicadas cores do pastel nos transportam
ao um mundo subjetivo e único apesar da infinitas obras que tiveram este mesmo
tema O
tema é secundário nesta criação visual. Importa
o pensamento tranquilo e inquiridor da artista na busca da cor, das formas e da
atmosfera adequada que estes meios plásticos geram e transmitem ao público da
obra.
O
mercado de arte, os artigos de periódicos e raros livros se calam em relação à
Judith FORTES e a sua obra. Ela simplesmente recebeu o um alfinete nas costas e
foi espetada no quadro dos ‘pintores de retrato’ e de ‘artistas acadêmicos’.
Fig. 12 – Libindo FERRÁS foi fundador, diretor e professor da Escola de
Artes do IBA-RS entre os anos de 1910 e 1937.
Convidado por Olympio Olinto de
Oliveira[1] integrou a COMISSÂO
CENTRAL do IBA em 1908 da qual se desvinculou para assumir cargo remunerado na
instituição. Porém sempre manteve o cargo, não remunerado de PROVEDOR, do
IBA-RS. Com uma dúzia de estudantes na Escola de Artes, e que pagavam o
IBA-RS teve pouca autonomia econômica
além do pioneirismo de manter aberto um espaço público da artes visuais em Porto
Alegre.
Judith FORTES perdeu todo interesse para estes apressados e
superficiais. O mesmo destino mereceu a documentação a seu respeito e que assim
se perdeu ou escondeu completamente. A esperança é que ela esteja escondida a
espera de um pesquisador mais consciente dos calores locais competente para
trazê-la ao presente.
FORTES Judith 1896
- e OBERMAYER - Max - Casa Genta -1943 -
Santa Casa POA-RS Pesquisa Mariana Wertheimer
Fig. 13 – A assinatura de Judith
FORTES no vitral que ela desenhou para a SANTA CASA se PORTO ALEGRE. É uma
assinatura caricterística e ~única pela qual se possui um caminho para
desvendar outras obras desta artista silenciosa e inteiramente entregue às
artes visuais de Porto Alegre
06 O LUGAR de JUDITH FORTES
Porto Alegre constitui uma escolha para um artista
visual na medida em que esta capital possui um pequeno circuito silencioso[1]
de criadores de uma aere pessoal e que, ara tanto, buscam refúgios nos seus
ateliers e ai passam desapercebidos e sem maior alarde.
Se Judith FORTES não
escolheu estas circunstâncias a sua fidelidade à cidade lhe permitiu elaborar
com as suas cores sóbrias e sensíveis a materialização deste silêncio que
envolve a sua obra
[1] ARISTAS VISUAIS SILENCIOSOS de PORTO ALEGRE http://profciriosimon.blogspot.com.br/2011/09/isto-e-arte-007.html
FORTES. Judith 1896 -
e OBERMAYER, Max - Casa Genta -1943 - Santa Casa POA-RS Pesquisa Mariana
Wertheimer
Fig. 14 – Porto Alegre conheceu o renascimento do vitral ao longo da
primeira metades de século XX. Arte, artesanato e técnicas industriais se
aliaram para apreciável produção do vitral e estudado por Mariana WERTHEIMER
nos ateliers de capital do Estado do Rio Grande do Sul.
Judith FORTES deu a sua contribuição para esta arte. A harmonia
entre os seus cinzas cores contidas foram interpretados pelos técnicos
pela abundante grisalha[1] e distribuição das cores .
Os traços preciosos e expressivos combinaram com as barras de chumbo
determinando o contorna da figura e o seus traços expressivos. De outra parte o
ambiente de uma Santa Casa com suas dores e sofrimentos encontram alguma
transcendência e lenitivo na luz dominada e filtrada por esta obra.
-07 A SOCIEDADE de JUDITH
FORTES -
A classe média que cercou a origem, a formação
e obra aduro de Judith FORTES tinha
referenciais estéticas muito resumidas e orientados para um pragmatismo
evidente. A pintura de retratos, de natureza morta e raras obras sacras da
pintura é simétrica a este universo cultura da capital de província que caminha
nas pontinha dos pés para se colocar a altura desta estética incipiente, mediada
e rala.
Apesar de todo aparato mediático que pode
cercar e projetar uma pessoa, são os seus pensamentos que permanecem. Permanecem
na medida da cultura, da saúde e das instituições da civilização.
Fig. 15 – A geração dos colegas de Judith FORTES na ESCOLA de ARTE do IBA-RS. Antes
da Universidade e do seu vestibular o estudante ingressava, com a autorização
dos pais, quando sabia ler e dominava as quatro operações básicas da Matemática. Ali estudava arte no turno inverso da escola
onde estivesse matriculado. Era admitido
no CURSO RELINAR ou então pleiteava o grau no qual queria estudar e se submetia
a uma banca externa para comprovar a suas capacidade para o CURSO MÉDIO. Após
uma serie de bancas em todas disciplina, atingia o CURSO SUPERIOR. Esse reunia
a atual GRADUAÇÂO e LICENCIATURA ao MAGISTÈRIO do DESENHO. A frequência às AULAS era livre. porém necessárias para as severas bancas
externas
[CLIQUE SOBRE A FIGURA
PARA AMPLIAR]
09 A estética e o profissionalismo de Judith FORTES
resistem.
Antes
de submeter a obra de Judith FORTES ao rolo compressor e descarte sumário é
necessário entender as circunstâncias, o projeto e os limites que a artista de
impôs na sua autonomia. O estudioso e o critico consciente e despido de outros
interesses possui esta atenção á uma
obra regional. Ele é competente para situá-la no tempo, no espaço e na cultura de sua origem.
Competente também para protegê-la dos grandes e fortes paradigmas estéticos
dominantes. Paradigmas, que na maioria das vezes, resultam de fortes impulsos e traços de uma cultura a
serviço do colonialismo e movidos por
interesses extra estéticos.
A
obra de Judith FORTES permite vislumbrar um humanismo que a cultura planetária
atual carece. Porém antes deste elevado ideal a estética e o
profissionalismo de Judith FORTES resistem. Elas resistem devido ao pensamento que a sua autora os dotou no momento da sua construção
formal. Esta obra se defende sozinha no mundo por meio desta natureza intrínseca
da sua construção formal.
Fig. 16 – O cuidado profissional com as sua é visível no verso do quadro
em leilão de Judith FORTES na Suíça (fig. 01) A
assinatura consta tanto no verso da moldura como da pintura. Além distocarrega
o carmbo de exposição no IBA-RS em 1939 como no Salão Nacional de Belas artes
do Rio de Janeiro
Capa do catálogo do XLVI Salão
Nacional de Belas Artes http://www.budanoleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=1647265
[CLIQUE SOBRE A FIGURA
PARA AMPLIAR]
- 10 O
sentido das pesquisa, estudo e circulação da obras de Judith
Se
uma obra de artes apareceu no mercado de arte da Suíça isto não significa que
ela possui pretensões na rede planetária. Poderá vir a ser na medida em que ela
tiver um pesquisa séria, consequente e coerente com a sua origem e sentido de
sua existência.
No
mínimo ela é uma referência na rede de interações, personagens e obstáculos que
ela transpõe em algumas parcas obras para sobreviver e vencer o tempo que lhe
foi concedido.
De
outro lado a raridade de obras desta artista é um fator de busca e consequente
consolidação do valor patrimonial que representa constituição fazendo falta numa elação de Judith FORTES como
o IA.
Fig. 17 – As duas obras de Judith FORTES
com o mesma tema são índices das dúvidas, pesquisas e das etapas que a
mesma tendência est´tic permitem. O
pouco conhecimento e as raras obras desta artista ativa em Porto Alegre na
primeira metade do século XX são índices do muito que representa ser pintora na
capital do Rio Grande do Sul numa época onde tudo estava a ser feito na artes
visuais locais
11 -- Etapas
da institucionalização da obra de Judith FORTES -
É
necessária muita atenção na busca e na sistematização das poucas referências
disponíveis em relação a Judith FORTES.
O arquivo geral do Instituto de Artes da UFRGS[1]
guarda algumas informações de sua passagem pela ESCOLA DE ARTES.
A
sua FORMAÇÃO ARTÍSTICA institucional iniciou as 13 anos ao se se matricular no 13.03.1917 no Curso
Preliminar da Escola de Artes. Atinge no Curso Médio de Pintura em 1919. No ano
de 1920 ela está no 1º ano do Curso Superior. Conclui o Curso Superior em 01.12.1922, submetendo-se a banca de
Francis Pelichek, Francisco Bellanca e
Libindo Ferrás obtendo grau 10 em Desenho Figurado.
Na
sua AÇÃO ARTÍSTICA institucional ela faz
parte da banca examinadora da Escola de Artes, no dia 30.11.1923 ao lado de
Ricardo Machado, Pelichek e Ferrás. Apresentou trabalho na Exposição de
Desenhos promovida, em 24.11.1928. pelo
Instituto de Artes. Concorreu com três obras ao Salão de Belas Artes da Escola
de Artes do IBA-RS realizado no Theatro São Pedro aberto no dia 15.11.1929.
Judith
FORTES inscreveu-se,
no dia 10.12.1938, no concurso para professora catedrática de Anatomia
Artística do Instituto. Como comprovante apresentou como credenciais haver
lecionado Desenho no Instituto Júlio de Castilhos e Paula Soares. O diploma do
seu curso superior foi-lhe concedido pela Universidade de Porto Alegre, no dia
12.05. 1938 e renovado em 16.12.1958.
O
que é de se notar, que na passagem institucional Judith FORTES pela ESCOLA DE ARTES, não
há registro de elogios fáceis nem prêmios. Certamente o que não é de esperar
numa universidade é o elogio fácil e nem a premiação que não passa, muitas
vezes, de encenações que nada tem em comum com a obra produzida.
Até
o momento parece que a presente postagem seja o primeiro texto publico
exclusivamente dedicado à obra e à pessoa de Judith FORTES. Não se encontrou
nenhum registro de uma exposição individual, crônica pública ou crítica
especifica dedicada exclusivamente à ela ou produção visual. Ela não possui
obra no acervo do MARGS e nem é registrada em algum dicionário de Artes
Plásticas Assim torna-se mais surpreendente o aparecimento de uma obra sua no
mercado de arte europeu.
[1] Endereço
do ARQUIVO GERAL do IA_UFRGS http://www.ufrgs.br/arquivo-artes/icaatom/web/index.php/page/contato
Fig. 18 – Uma das caraterísticas as obras de Judith FORTES e a falta de um
TÍTULO PRECISO e UNIVOCO apesar do tema
evidente e legível. O título genérico de
“CIGANA”, pode induzir ao pensamento da
autora “ minhas obras são construídos raços, linhas e cores e o meu objetivo é
que você observe esat construção pictórica” ,. O titulo PRECISO e UNIVOCO poderia ser um ruído neste pensamento da pintora.
12 - A pesquisa
das obras de Judith FORTES apenas está nos seus primórdios - CONCLUSÕES – DIRECIONAMENTO da ACHADOS.
A
presente postagem busca outros registros em relação à obra e a pessoa de Judith
FORTE. A arte está em QUEM PRODUZ. Trabalha-se para que a OBRA não supere e
obscureça a sua AUTORA.
Evidente que as poucas e as avaras informações
deste ENTE são preciosas no seu modo de SER pintora artista. De outro lado, a
PESSOA da AUTORA continua ser um desafio para os pesquisadores das artes
visuais de Porto Alegre.
Estas
informações são preciosas não só para a artista. Elas formam uma rede de dados
relativos à classe média que cercou a origem, a formação e a obra madura de
Judith FORTE. A obra de arte carrega sempre, no seu mínimo material, o máximo
de informações dos sentimentos, conhecimentos e vontades possíveis numa
determinada época, local e sociedade que a
PESSOA da AUTORA viveu.
Na
conclusão é necessário reconhecer a verdade bíblica de que “NENHUM PROFETA É BEM RECEBIDO na sua PRÓPRIA
TERRA”. A artista Judith FORTES também não foi bem recebida na sua própria terra.
Foi necessário que um estrangeiro suíço descobrisse as qualidades de uma das obra para que ele chamasse atenção aos conterrâneos da pintora. Qualidades que o estrangeiro percebeu pelo fato concreto de que
ela foi fruto das limitadas circunstâncias de sua terra. De
fato a sua formação, a sua produção estão no limites daquilo que Porto Alegre
podia oferecer naquela época. Evidente que Judith tinha alguma atualização de
sua inteligência
em relação ao mundo externo de sua época. No entanto o que salva sua
obra não é esta inteligência atualizada mas a pesquisa plástica
e pictórica de sua obra.
Diante
destas conclusões realiza-se um chamado aqueles que forem detentores de
informações relativas à pessoa e à obra de Judith FORTES. Para não desperdiçar
estas frágeis e raras informações, recomenda-se encaminhar para o ARQUIVO do Instituto
de Artes da UFRGS que possui o maior acervo de dados relativos à Judith FORTES.
Endereço.
ARQUIVO do INSTITUTO de ARTES da UFRGS[1]
Ria Sarmento Leite, n} 550 CEP 90.050-100 Porto Alegre- RA
Ria Sarmento Leite, n} 550 CEP 90.050-100 Porto Alegre- RA
Fones+55
(51) 3308 3391 - 3308 3563
E-mail: ahia@ufrgs.br Home page:nwww.ufrgs.br/artes/arquivo
E-mail: ahia@ufrgs.br Home page:nwww.ufrgs.br/artes/arquivo
FONTES
BIBLIOGRÁFICAS
GUIDO, Ângelo et BARROS, Fábio ‘O Salão da Escola de Belas Artes’.
Porto Alegre: revista da Globo ano I nº
23 14.12.1929 pp.05-07
KERN, Maria Lúcia Bastos. Les origines de la peinture
"Moderniste” au Rio Grande do Sul - Brésil. Paris : Université de
Paris I- Panthéon.Sorbonne , tese, 1981.
435 fls.
SANTOS, Theotônio dos .Conceito de classes sociais. Petrópolis: Vozes, 1982. 81p.
FONTES NUMÉRICAS
DIGITAIS
ARTISTAS
VISUAIS SILENCIOSOS de PORTO ALEGRE
CENTRO
CULTURAL da SANTA CASA de PORTO ALEGRE
Endereço e
localização do ARQUIVO IA-UFRGS
OBRA de Judith
FORTES em COLEÇÂO SUIÇA.
A
OBRA
[frente
– verso]
Exposta no
Salão do IBA-RS Nov. 1939 e no XLVI Salão Nacional de Belas Artes
Catálogo do
XLVI SALÂO http://www.budanoleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=1647265
Judith FORTES
na PINACOTECA do IA-UFRGS
Endereço do
ARQUIVO GERAL do IA_UFRGS http://www.ufrgs.br/arquivo-artes/icaatom/web/index.php/page/contato
GRISALHA
ÍNDICES do
SALÂO de 1929 da ESCOLA de ARTES do IBA-RS
O PENSAMENTO de OLYMPIO OLINTO de
OLIVEIRA
PENSAMENTO de TASSO BOLIVAR DIAS CORRÊA
PINACOTECA
RUBEM BERTA
Referência
ARTE SACRA – Santa Casa
Origens do
INSTITUTO de ARTES da UFRGS : ( Parágrafo
no texto da versão 2000)
3.7.15 – 5.12.9
SIMON, Cirio - Origens do Instituto de Artes da UFRGS:
etapas entre 1908-1962 e contribuições nas constituição de expressões de
autonomia dos sistema de artes visuais no Rio Grande do Sul Porto
Alegre : Orientação KERN, Maria Lúcia Bastos .PUC - RS, 2003—570 p..- versão
2012. em DVD
Disponível digitalmente:
DOMÍNIO PÚBLICO http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp000043.pdf
[1] Endereço e localização do ARQUIVO
IA-UFRSG http://www.ufrgs.br/arquivo-artes/icaatom/web/index.php/page/contato
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Só nos resta o agradecimento. Mais uma vez, obrigado porf. Círio. Arnoldo Doberstein.
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