terça-feira, 3 de novembro de 2009

O GAÚCHO NÃO É TEIMOSO

O GAÚCHO NÃO É TEIMOSO:

TEIMOSO é QUEM TEIMA GOVERNAR o GAÚCHO.

O caráter do sulista foi moldada pela pobreza de sua origem, o abandono numa fronteira hostil e uma terra que nada fornece sem trabalho. Este sulista despreza qualquer favor ou prêmio conferido em cima dele. Percebe qualquer governo, liderança ou força aglutinadora como primeiro passo para a heteronomia de sua vontade. Assim afasta liminarmente qualquer cooperação ou participação que considera indigna do seu caráter.

A maturidade política do sul-rio-grandense confere com o ensino de Piaget que advertiram os bretes dos discursos e das práticas que possuem a cooperação e participação como mote. Subliminar à cooperação encontra-se a falta de qualquer discussão antes, durante e o após de qualquer ação e que normalmente fica para o proponente da ação. A participação está vetorizada pela aglutinação emocional da vontade.

Apenas quando a criatura humana atinge a atmosfera e o terreno comandado pelo contrato claro, objetivo e seguro - antes, durante e ao longo da ação - é possível falar-se de uma interação madura e coerente entre duas partes que, pelo contrato, trocam as suas perdas e seus lucros.

Evidente que o sul-rio-grandense - para chegar a estas conclusões - não pesquisou Jean William Fritz PIAGET (1896-1980) ou as elaboradas teorias - da circulação do poder - nos textos de Michel FOUCAULT (1926-1984). Aprendeu na escola da dura lida com a natureza e com os parcos resultados econômicos dos seus esforços. Aprendeu com as trocas com a criatura humana daquilo que lhe rendia o seu trabalho. Trabalho no qual colocava o melhor de si mesmo, senão a própria vida.

Augustin François César Prouvençal de SAINT-HILAIRE (1779 – 1853) percebeu este traço nos sul-rio-grandenses na sua viagem ao Sul do Brasil quando (1819) os comparou com os mineiros (Mineurs)

Les Mineurs dépensent leur argent avec ostentation: les hommes de Rio-Grande ont souvent une fortune considérable, mais, à voir leurs habitations et là manière dont ils vivent, on les croiroit dans l'indigence. La capitainerie dês Mines s'épuise : celle de Rio-Grande s'enrichit.SAINT HILAIRE 1823- pp. 54 e 55[1]

Para quem possui a teimosia de governá-los é necessário aceitar o contrato de que os sul-rio-grandenses o avaliem (ANTES) e ao longo (DURANTE) de todo o período do instalado no poder. O mais cruel é o DEPOIS onde eles contabilizam qualquer erro e a eficiência deverá ser a máxima e por tempo indeterminado. Em política, em arte e no esporte não há como pedir perdão pelo erro cometido. As experiências das re-eleições de Borges de Medeiros talvez são uma das suas heranças mais amargas. Re-eleições que de fato era o continuísmo das ações de uma máquina paralela do corporativismo de quem era favorecido.

O erro fatal quando -este candidato a governar o sul-rio-grandense - ignora o ANTES do PODER ORIGINÁRIO[2] do Estado, do Município ou partido que ele pretende governar. Como este PODER ORIGINÁRIO possui a sua própria lógica é impossível a improvisação ou sinais de anarquia da vontade.



[1] SAINT-HILAIRE, Augustin Aperçu d’une Voyage dans l’intereur du Brésil dans la Province Cisplatine e les Mission dites du Paragay. Paris : Imprimerie de S. Belin, 1823, 73 p.

Disponível integralmente em http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/01417800

[2] - PODER ORIGINÁRIO Ver o desenvolvimento deste conceito em http://www.ciriosimon.pro.br/pol/pol.html

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