segunda-feira, 2 de agosto de 2010

ARTE em PORTO ALEGRE APÓS 1945 – 08


Foto Círio SIMON

Fig 01 – Círculo de Pedras do Mundo – 1º Fórum Mundial – Parque Marinha do Brasil.


Porto Alegre reforçou, depois de 1945, o seu projeto de pesquisa estética nas mais variadas conexões com cultura planetária contemporânea. A força destas conexões planetárias, torna-se visível tanto na produção, que revela diversos interesses e dá livre curso em estéticas inéditas, como aquelas que insistem na continuidade individual e coletiva deste projeto de pesquisa.


Foto Círio SIMON

Fig 02 – Monolito do 1º Fórum Mundial – Parque Marinha do Brasil.

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Para citar apenas uma das conexões, que ganhou corpo e visibilidade mundial, basta sublinhar as diversas edições do Fórum Social Mundial[1] que projetaram o espaço humano e geográfico de Porto Alegre física e conceitualmente. Os meios para estas conexões estão cada vez mais presentes, além daquelas dos novos meios numéricos digitais




Foto Círio SIMON

Fig 03 – Porto Alegre - Ponte do Guaíba no solstício de Inverno de 2010.

Entre os contatos físicos, no plano externo, iniciam com a sua vizinhança mais próxima das três capitais do Mercosul de fala hispânica. Este espaço é o lócus preferencial da Bienal do Mercosul[1].

No plano interno da cidade, estas linhas de força de renovação estão ganhando os reforços de instituições, como o Museu Iberê Camargo[2], e as buscas consolidadas em diversos programas de graduação e pós-graduação que possuem as artes visuais como campo de investigação. O mercado de arte foi reforçado por colecionadores e leilões. O ensino sistemático, ou assistemático, é realizado das escolinhas de arte até o ensino superior e pós-graduação.





Fig. 04 – Porto Alegre – A infra-estrutura e o poder humano na diacronia e sincronia;.

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Se o campo artístico perdeu aparentemente uma visão unitária, também é verdade que esta unidade monolítica foi substituída pelo conceito de um sistema de artes. Esta mentalidade do “campo de forças” e as praticas dali decorrentes, permitem o fluxo, uso-fruto e sistematização nas mais diversas correntes estéticas que o atravessam. A metáfora do “campo em migalhas”, emprestado da História, permite que este campo de forças seja loteado pelos mais diversos agentes e portadores das mais diversas mentalidade e estéticas correspondentes.


Foto Círio SIMON

Fig 05 – Porto Alegre - Praça Itália – Solstício de Inverno de 2010

Estas conexões ocorreram também no âmbito interno de Porto Alegre. Assim é possível rastrear índices de um incipiente sistema de artes visuais. O atelier, individual e coletivo, mantém-se por mais tempo e com um número maior de praticantes. Entre os atelieres coletivos, certamente o Atelier Livre de Porto Alegre, mantido pela Prefeitura Municipal, desde 1960, merece um destaque especial. Galerias específicas de arte começam a se destacar de ambientes ocasionais.


Foto Círio SIMON

Fig 06 – Porto Alegre - Ponte e Igreja Navegantes no solstício de Inverno de 2010 .


A arte de Porto Alegre sob o império conceitual.



Mesmo que não se queira admitir, a arte em Porto Alegre nasceu no contexto do projeto da Contra-Reforma. Este projeto decorreu do Maneirismo e que prolongava a expressão renascentista de Leonardo da Vinci de que “a pintura é algo mental”. A Propaganda da Fé usou esta mentalidade fazendo com que os objetos físicos, das artes plásticas e visuais, fossem portadores de uma mensagem, além daquele do seu tema. A mensagem era mediada pelo maior número possível de sentidos humanos.


Foto Círio SIMON

Fig 07 – Fernando Limberger - Cubo de Pedras[1] - 1992 – Parque Marinha do Brasil.

Na contemporaneidade, Lê Corbusier voltou a insistir, como artista plástico e arquiteto, de que “o que permanece numa obra é o pensamento”. Não se estudou ainda a projeção das concepções deste artista e arquiteto sob a mentalidade dominante na arte e na cultura de Porto Alegre. Mas o que é certo que o Prof. Fernando Corona guiou uma turma de estudantes de Porto Alegre para conhecer a pessoa, o atelier e obra deste pensador e criador universalmente respeitado e seguido.

Sob uma outra ótica o trabalho daqueles que pensaram, sistematizaram e divulgaram a arte de Porto Alegre numa linguagem mais ampla e coerente com a produção local, também não encontrou alguém que lhe forneça uma obra coerente interna e com os meios externos de socialização contemporâneos.


Os médicos, cronistas e críticos Olinto de Oliveira e Fábio Barros não deixaram discípulos. Destaca-se aqui a figura de Ângelo Guido. Com a universidade o campo da Filosofia desdobrou o se campo competência através da Estética e orientou a Crítica e a História de Arte. Os cronistas Athos Damasceno[2] e Aldo Obino[3] certamente colaboraram, ao longo do século XX, no registro jornalístico da arte em Porto Alegre como na sua circulação.


O autor da presente narrativa - História das Artes Visuais de Porto Alegre - acredita que ela é diferente das numerosas que já foram realizadas e que é diversa daquelas que necessariamente deverão surgir num futuro próximo ou remoto. Cada época, ideologia ou infra-estrutura diferente necessita gerar uma narrativa coerente com a mentalidade que é dominante ou lhe oferece suporte.


Quanto a presente narrativa a sua infra-estrutura utilizada na sua geração e difusão foram os meios eletrônicos numérico-digitais. A época é o inicio do terceiro milênio. Quanto à ideologia autor da presente acredita que viu e se orientou pelos índices evidentes do poder originário no âmbito político, cultural e estético.


O estímulo para esta narrativa veio daquela cidade de Porto Alegre que o seu autor viveu e interagiu ao longo de meio século. Num olhar retrospectivo é possível constatar que esta cidade capital foi exemplar em todos os períodos em permitir o fluxo deste poder originário e não possui menor receio do contraditório pois cultivou desde a sua origem o hábito da integridade intelectual custe o que custar.




[1] - Alves,2004, p.186


Foto Círio SIMON

Fig 08 – Poente no solstício de Inverno de 2010 na Praça Itália – Porto Alegre


As conexões necessárias em qualquer sistema encontram a sua forma privilegiada no associativismo humano.

O lado do indivíduo isolado, a necessidade de o artista plástico buscar novas formas de se associar[1] como uma das condições para a reprodução da arte derivava do plano mundial, como na Europa, ao longo de século XIX[2]. O artista plástico transforma a sua contradição em complementaridade, levando o seu trabalho isolado em buscar o seu oposto: a associação.

Ainda não foram realizados os estudos e a sistematização coerente das formas que estes movimentos associativos de artistas tomaram, ao longo do tempo, e com o todo sistema do campo de forças das artes visuais em Porto Alegre.


A complexidade e a proximidade dos fatos atuais, fatalmente limitam, afetam e contaminam as narrativas históricas. Contudo esta proximidade pode transformar estas narrativas em documentos de época. Nesta perspectiva irá se analisar matérias atinentes às artes visuais de Porto Alegre nos próximos artigos, como:


  • 08.01 - AAPA: uma ASSOCIAÇÂO de ARTISTAS em PORTO ALEGRE.

  • 08.02 - PRIMEIRA TURMA de ARQUITETOS com FORMAÇÂO SUPERIOR ESPECÌFICA em PORTO ALEGRE

  • 08.03 - Iberê Camargo: figura emblemática do período

  • 08.04 - As artes visuais em Porto Alegre: patrimônio e a logística de sua conservação e socialização.

  • 08.05 - As quatro instâncias administrativas e políticas que atuam nas artes visuais de Porto Alegre

FONTES BIBLIOGRÁFICAS e NUMÉRICAS DIGITAIS


ALVES, José Francisco. A Escultura pública de Porto Alegre – História, contexto e significado – Porto Alegre : Artfólio, 2004 246 p.

ARTISTAS PROFESSORES da UFRGS - obras do acervo da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo. Porto Alegre : Ed. UFRGS, 2002. 127 p..- Confira tabém as imagens das obras disponíveis no site do ACERVO da PINACOTECA do IA-UFRGS


ATELIER LIVRE: 30 anos. Porto Alegre : Secretaria Municipal de Cultura/ Coordenação de Artes Plásticas.

1992, 100p.


Veja mais imagens de Porto Alegre em:

Imagens atuais e históricas em http://www.portoimagem.com/

Editor : Gilberto Simon - contato portoimagem.com

Confira a bibliografia relativa a Porto Alegre deste site




[1] - Entre as formas para associar artistas é possível incluir o espaço virtual http://www.artistasgauchos.com.br/

[2] - Peter Gay escreveu (2001, p.84) "as associações privadas de artes que surgiram por volta de 1800 em vários países e se multiplicaram no século XIX - em 1896 havia noventa dessas associações, com cerca de 100 mil membros por toda a Alemanha - participavam do empreendimento didático com exposições e leilões"

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