terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

CENTENÁRIO da ESCOLA de ARTES

10 de fevereiro de 1910
CRIAÇÃO da ESCOLA de ARTES do INSTITUTO LIVRE de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL

Fig. 01 – ATELIER da ESCOLA de ARTES do INSTITUTO LIVRE de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL.

Arquivo Geral do Instituto de Artes da UFRGS -. 1914


A Comissão Central do Instituto autorizou, no dia 10 de fevereiro de 1910, o pintor e artista Libindo Ferrás a abrir uma Escola de Artes.


Esta Comissão, de 25 membros, era a mantenedora deste Instituto e havia sido constituída no dia 22 de abril de 1908. Era a Central, pois concentrava, na capital, as 65 Comissões regionais distribuídas em locais do Estado onde o Instituto poderia abrir Conservatórios e Escola de Artes. Com a criação do Conservatório em 1909, destinado à Música, chegava, em 1910, a vez das Artes Plásticas. Os anos de 1908 e 1909 foram usados pelo Instituto para consolidar a sua base institucional ideal para ingressar no mundo empírico.



O mundo ideal deste Instituto foi descrito, no dia 05 de maio de 1908, e registrado no livro de Atas da Comissão Central na folha 3v. como:.



“O que constitue a pessoa juridica em associações do typo da nossa, não é propriamente o conjuncto dos socios; é antes o seu patrimonio, o qual no caso occorrente, será formado pelas doações e liberalidades, das pessôas que verdadeiramente se interessem pelo desenvolvimento das artes entre nós”.



O enunciado da função do Instituto, no mundo empírico, era claro no artigo 1º do seu estatuto

Art. 1º - O Instituto de Bellas Artes, com séde na cidade de Porto Alegre capital do Rio Grande do Sul, e organizado de acôrdo com a Lei nº 173, de 10 de setembro de 1893, tem por fim o ensino theórico e prático das Bellas-Artes.

§ único - Este ensino será feito mediante cursos systematisados, formando dous grupos, ou secções distinctas: - a ESCOLA ou CONSERVATÓRIO DE MÚSICA, compreendendo a theoria da musica, a composição e a música vocal e instrumental; a ESCOLA de ARTES, compreendendo a pintura, a escultura, architectura e as artes de applicação industrial.



As dificuldades eram imensas num território ainda prenhe das mentalidades imperiais, da escravidão latente mas explícita e aberta paraos objetivos da ideologia positivista. Estas dificuldades iniciais não deixaram de crescer com o passar de tempo e tornar-se mais complexas e caras. Estas dificuldades conferem um sabor especial para a permanência do projeto civilizatório da Escola de Artes ao longo de um século de existência continuada.



O estudante ingressava na Escola de Artes aos 14 anos, sabendo ler e escrever, freqüentando uma escola formal no turno inverso. Galgava as etapas até alcançar o Curso Superior. Quem quisesse lecionar realizava uma espacialização para tanto.

Fig. 02 – TURMA de ESTUDANTES com os seus PROFESSORES no ATELIER da ESCOLA de ARTES do INSTITUTO LIVRE de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL.

[ da direita para a esquerda do observador] Luiz Augusto de Freitas, Libindo Ferrás e Francis Pelichek (sentado) - Arquivo Geral do Instituto de Artes da UFRGS – Diári da Francis Pelichek c. 1925.


Com a criação da Universidade de Porto Alegre, da qual o Instituto foi um dos fundadores, em 1934, a ‘Escola de Artes’ passou a se designar com ‘Curso Superior de Artes Plásticas’ e, para o qual, era exigido o vestibular. Este Curso passou a se designar ‘Departamento de Artes Visuais’ quando da Reforma universitária de 1968. Com este nome, e sem trocas significativas, as práticas e os objetivos de 1910, ficaram idênticos, só se tornando mais complexas e especificas.

Esta Escola, além de formar profissionais competentes e qualificados, foram estes profissionais que cumpriram as promessas das Comissões Regionais de abrir e manter Escolas de Artes pelo Rio Grande do Sul afora. No início do século XXI o Rio Grande do Sul possui 15 destes cursos superiores. Este número cresce imensamente se for considerada a atividade do magistério de artes no ensino fundamental e médio.

Se o papel da reprodução institucional é importante, não é menos importante, para Porto Alegre, e o Estado, ser o endereço e a residência definitiva de artistas visuais de qualidade. Este objetivo escapa para a maioria da população, mesmo aquela denominada culta. Trata-se de artistas realizar esta permanência definitiva devido ao se vinculo institucional com o Departamento de Artes Visuais, com Curso Superior de Artes Plásticas que a seguiu ou, no início, com a Escola de Artes.


Considerando as contribuições institucionais, a permanência de profissionais e teóricos das artes visuais no estado, contabilizando a rede de agentes espalhados pelo Estado do Rio Grande do Sul, pelo país e mundo, é possível realizar um balanço muito positivo a favor do projeto civilizatório instalado, em 1910, em Porto Alegre com a sua Escola de Artes.

Fig. 03 – PRÉDIO do INSTITUTO LIVRE de BELAS ARTES do RIO GRANDE do SUL com o ATELIER da ESCOLA de ARTES na sua PARTE SUPERIOR.

Prédio alugado em 1909, adquirido em 1913, a sala do atelier acrescida em 1914 e demolido em 1941 para dar lugar ao atual prédio do Instituto de Artes da UFRGS- Arquivo Geral do Instituto de Artes da UFRGS -.



Este blog colocará na rede, ao longo de mês de março de 2010, onze artigos nos quais detalhará este centenário da Escola de Artes

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