terça-feira, 11 de julho de 2017

208 – ESTUDOS de ARTE.

FALANDO com e sobre o POSTE.
Fig. 01 –   Contra toda a LÒGICA URBANA e da URBANIDADE “no MEIO da CALÇADA EXISTE um POSTE CONCRETO e GROSSO”. A incômoda lógica de sua  presença ganhou a reparação de um aviso de um anônimo.. A obstrução e silenciosa, mas altamente significativa de quem perpetrou esta posse indevida do caminho do pedestre.

Um inocente e inofensivo POSTE pode ser um estridente índice de uma civilização. Ele, na sua impessoalidade objetiva, pode indicar o rumo e o sentido a quem os  perdeu.   Ou, ao contrário, confirmar e apontar a  identidade, a  força e o  futuro ao transeunte da vida.
Fig. 02 – Quem não respeita as leis do ESPAÇO PÙBLICO não pode esperar - e muito menos exigir - justiça pelo seu ato delituoso.. Se se aprofundar o exame da vida deste delinquente certamente irão emergir uma infinidade de agressões ao BEM BÚBLICO na forma de aproveitamento indevido do trabalho alheio, da economia coletiva e da má fé ideológica e moral. Assim “o POSTE também FAZ JUSTIÇA SILENCISA”  punindo este delinquente

A sabedoria brasileira iniciou ao se deparar e ser desafiada pelo incômodo poste do pelourinho colonial. O colonizador luso tomava POSSE arbitrariamente e sem perguntar a ninguém pelo ato de  plantar um poste no lugar que dizia ser a SUA conquista. Este gesto provém vem das profundezas do tempo. Os acadianos fizeram uma rigorosa reforma do espaço publico tomaram a sua posse ao demarca-lo com postes (estelas) nos quatro ângulos do terreno. Os egípcios não perdiam ocasião para erguer um solene poste na forma de um obelisco, hábito no qual foram seguidos até os tempos presentes. Os romanos confiaram a sua história a colunas, postes e rostros náuticos[1]
Fig. 03 –   O poste do pelourinho lusitano da cidade de ALÂNTARA, no Maranhão, foi  arrancado e sumiu no lixo da cidade. Muito mais tarde foi descoberto nesta lixeira graças à memória oral de uma velhinha, da cidade que se lembrava do ATO de SUA DERRUBADA Evidente vale o aviso deste poste que a soberania, a liberdade e a autonomia dos povos é uma CONQUISTA DIÀRIA e CONSTANTE
A  ERA INDUSTRIAL vulgarizou o poste não conseguiu apagar de todo os sentidos provenientes das profundezas do tempo. Evidente ele é índice da sabedoria oculta de muitas outras coisas. Coisas banais, imperceptíveis para a maioria e sem notoriedade a ser registrada na História ou charme explícito de algo notável.
Fig. 04 –   A incômoda e infame presença do pelourinho era a memória material dos três séculos de dominação e colonialismo lusitano. A sua destruição foi silenciosa, mas em uníssono, pois este ato de lesa majestade podia ser castigado com a morte dos autores deste delito o poder monocrático dos conquistadores, Em muitas cidades o local do pelourinho deu o nome da praça sem que o poste físico da posse lusitana  tenha permanecido neste local, O caso mais famoso é a praça do  Pelourinho em Salvador na Bahia

Com o poste não é possível dialogar,  pois ele perderia a sua natureza de COISA ou OBJETO inanimado por si mesmo. No contraditório ele permite é ser portador passivo de mensagens sólidas de outro TEMPO, indicar outros LUGARES e ser um firme repositório de muitas informações de outras SOCIEDADES.   
Fig. 05 –   A rede de cabos, fios e equipamentos, que o poste sustenta, determina a sua obsolescência logo que estes equipamentos, fios e cabos estão Assim encontrar um poste com fios e equipamentos ao lado de muro de um cemitério é algo natural e coerente com a sua natureza  

A rápida obsolescência e a perda do sentido primeiro do poste torna-o  um  elemento de uma cadeia de usos e testemunha fiel e digna destes sentido no tempo. Assim a arqueologia da ERA INDUSTRIAL era industrial tornou-se algo que espanta as gerações humanas ainda lúcidas e vivas que se tornam testemunhos da aceleração dos processos civilizatórios desencadeados na ÉPOCA PÓS- INDUSTRIAL 
Fig. 06 – O poste torna-se  testemunha trágica e silenciosa da neurose, da incompreensão dos limites do SER HUMANO entregue aos seus impulsos primários no comando de uma máquina. Máquina  que deveria civilizar, ajudar e melhorar o mundo torna-se seu inferno senão aniquilamento e a sua destruição sinistra e irreversível,

As frequentes mudanças técnicas, econômicas e ideológicas provocadas pela ERA INDUSTRIAL triunfante induziu  outras tantas destruições, vulgarizações e guerras. Um dos alvos destas guerras, vulgarizações e destruições foram os testemunhos de um passado recente ou remoto contra os quais se elevava um novo sentimento, vontade e conhecimento.
Fig. 07 –   A destruição e aniquilamento do Coluna Vendôme, pela Comuna da Paris de 1871,  evidenciou o furor de um sentimento de uma era empurrada para frente pelas máquinas, pela produção industrial e pela necessária obsolescência programada daquilo que não era coerente com este TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE. A ruidosa destruição evidentemente produziu a ação contrária. A grande massa da Comuna de Paris foi fuzilada sumariamente e os  vencedores de ocasião restauraram e reconstruíram este poste urbano.

A história do poste comemorativo ganhou a sua versão em pedra já nos primórdios da civilização humana. Estes testemunhos líticos se espalham pelo planeta na forma de menhires, obeliscos, dolmens reunidos em alinhamentos. A remota Ilha da Páscoa ganhou postes antropomorfos que desafiam, até o presente, o TEMPO, o CONHECIMENTO humana e os poderosos sentimentos que emanam das profundezas  de remotas eras passadas. 
Fig. 08 –   O mistério dos menhires, dolmens e alinhamentos de pedras gigantescas alimenta a imaginação do presente que se apropriou destas manifestações pretéritas e lhe conferem um sentido lúdico e com profundos vínculos com os recursos da ERA INDUSTRIAL e a ÈPOC PÓS-INDUSTRIAL . A figura do OBELIX carregando a sua pedra  cumpre este papel ao mesmo tempo que diz deste povo formador da identidade francesa.
O pouco que sabemos das origens da nossa civilização necessita ser buscada em pedras testemunhos, Assim as próprio Decálogo de Moises esteve inscritos em   duas pedras testemunhas e que pautaram os primórdios de varias civilizações que se projetam até os dias atuais. 
Fig. 09 –   Os cemitérios da guerras estão pontilhadas de pedras testemunhas de vidas que foram ceifadas pela fúria humana. A narrativa destas cruéis conquistas  guerreiras está presente na iconografia  da estela do rei Acadiano de NARAM – SIN de cerca de 3.200 a. C

As numerosas variações do obelisco egípcio se espalharam mundo afora. Poucas cidades do mundo escaparam de um obelisco seja ele a Torre Eiffel ou a Torre de Brasília na sua versão e ferro e aço ou de concreto ou de um único bloco lítico na versão original egípcia. Contudo esta imensa variedade não deixa de ser o poste ou pelourinho de posse lusitana.    
Fig. 10 –   A cidade de São Paulo como também Buenos Aires e Washington ostentam  o seu obelisco monumental e escala monumental muito maior do que os originais egípcios talhados numa única pedra.  . Além do seu aspecto comemorativo desempenham um papel de identidade e orientação urbana;
A evidente função comemorativa e a sinalização do espaço público a odeia da conquista, da posse material não afastam os aspectos fálicos, da iniciativa e da  fortuna da procriação da espécie humana. 
Fig. 11 –   A forma fálica deste menhir da pré-história reforça a busca da continuidade, não só da memória humana, como a sua firme e concreta sucessão geracional de um grupo ou do clã dominante da época.. Evidente os totens em madeira e materiais perecíveis eram bem mais antigos e numerosos como é possível verificar nos totens dos indígenas canadenses

Nas fábulas humanas o poste não possui voz e nem se move por si mesmo. Ele é um objeto como o poste, ou a tora, que Zeus jogou na água para ser o REI das RÃS insatisfeitas e irrequietas. O estrondo da queda e o repuxo da água foram seguidos pelo silêncio absoluto e imobilidade características de um poste, Este silêncio e imobilidade logo encorajaram a rebeldia das rãs, o deboche e as mais audazes demonstrações de desrespeito e desobediência a este ser inerte. Com o envio da garça por Zeus foi o fim da festa e do reino amotinado das rãs que foram devorados pela faminta e perspicaz ave e sem chance para os batráquios amotinados
AS RÂS PEDEM um REI – Zeus Manda um POSTE  http://chaverde.blogspot.com.br/2004/10/
Fig. 12 – Na medida da falta de iniciativa, de ânimo e personalidade própria o poste é objeto de deboche, de comparações com pessoas sem iniciativa e projeto Assim está sujeito à obsolescência, esquecimento senão é sacrificado como matéria prima  nas fogueiras domesticas e públicas.

O poste é uma forma primária e universal de assinalar o espaço natural. Quer seja pelo alinhamento de um cerca ou o apoio de uma rede elétrica ou de cabos de comunicação. Ao mesmo tempo ele e sinal evidente de um  projeto humano. Isto não afasta os imprevistos, a possibilidade de interferência intencional no seu ordenamento, Assim as escritas não deixam de ser alinhamentos de pequenos postes com formatos e disposições variadas e significativas. A redução ao código binário do poste (l) e a sua ausência (.)   remete à numeração maia ou romana.
Fig. 13 –   O imprevisto, o acidente e o inusitado da cena  não deixa de intrigar e chamar a atenção. . Assim o poste pode ser visto como um instrumento material da afirmação da presença humana  na cena  a que ela usa contra o caos, a entropia e os imprevistos naturais. Assim o espantalho na lavoura invariavelmente vem montado sobre um poste,
Espantalho na lavoura

A força da resistência a uma civilização artificial e estabelecida artificialmente é tão importante como a sua conservação. A eterna luta entre EROS e TÂNATOS está presente em todas as esferas vivas com também em toda e qualquer organização humana.  O determinismo de uma colônia de insetos - formada por clones rigorosamente iguais -  possui as suas evidentes vantagens. Porem este rigoroso planejamento também é o seu inimigo mortal. Basta descobrir este mecanismo unificador para agir sobre ele para provocar não só o caos como a morte desta organização e de todos os seus clones. 
Fig. 14 – A teimosia humana - em seguir impávido e decidido em explorar o SENTIDO COTRÀRIO ás convenções aceitas por todos - possui sentido e orientação na medida da lógica de ama TESE, que possui a ANTÍTESE  para chegar até a SÌNTESE. . Porém poucas vezes esta esperada SÌNTESE chega as se concretizar e tomar FORMA COERENTE com o PROJETO original,

A harmonia do conjunto, a sinfonia e todo no qual as diferenças são essenciais são produzidos pelo conhecimento das diferenças, a sua aceitação e a busca da complementariedade por outros meios. O grande desafio desta harmonia é descobrir o ENTE no seu MODO de SER num processo continuado e sem  começo e nem fim. O fluxo contínuo do TEMPO, a diversidade de LUGARES e os contratos que sustentam as diversas SOCIEDADES humanas não podem serem congelados num único conceito.  Muito menos numa única PALAVRA mágica definidora deste conjunto e do processo no qual flui. Foi a tentativa equivocada e ultrapassada da ERA INDUSTRIAL na busca do TIPO ideal, na STANDARTIZAÇÂO da educação e ações humanas.
Ato continuo é necessário buscar e encontrar um alfinete e cravá-lo nas costas do objeto discrepante e espetá-lo num quadro classificatório único. Assim está pronto para ser fixado num poste como solução eficaz e universal de todos os males. E existe gente que acredita nesta PALAVRA mágica e única.
Fig. 15 –   No PRINCIPIO o VERBO ERA DEUS e capaz de nomear e classificar todas as coisas. A PALAVRA -  ou VERBO -  que não se DIZ é rigorosamente escamoteado sob o esquecimento senão desqualificado como heresia..  .Todas as ideias, os conceitos e as ideologias são perfeitas em si mesmas. Elas valem para a construção de ortodoxias, de  cânones e leis absolutamente coerentes internamente. O drama e a contradição inicia   quando são colocadas no mundo empírico. Mundo empírico flui incessantemente o TEMPO  modificando LUGARES e gerando organizações humanas absolutamente distintas e ireconciáveis

 A criatura humana é jogada no seu caminho ao se colocar face ao POSTE EXTERNO. Deste confronto - entre a algo VIVO e ALGO INERTE - ativa a potencialidade  da REFLEXÂO. REFLEXÂO que abre a possibilidade de a criatura humana  receber a fria lufada da VERDADE deste POSTE EXTERNO. Receber deste POSTE EXTERNO a VERDADE que  NÂO POSSUI nada POR DENTRO e não pode ajudar na decifração do enigma da VIDA. No máximo este POSTE EXTERNO poder ser mais um totem, um ídolo ou índice que ele oculta e NÃO PODE ENUNCIAR em narrativa, em  discurso ou cânone unívoco e linear aos modo da ERA INDUSTIAL.
Fig. 16 –   A incômoda presença do pelourinho lusitana era memória der três séculos de dominação e colonialismo. A sua destruição foi silenciosa, mas em uníssono, pois este ato de lesa majestade e seu poder monocrático  podia ser castigado com a morte doas autores deste delito

Não existe diálogo com o poste ou enunciado numa narrativa, num  discurso ou num cânone unívoco e linear. O poste é semelhante aos peixes do Padre Vieira. É pretexto para a retórica, para a representação do mundo externo e um duro confronto com a objetividade.
O poste  é um objeto externo humano e pertence a ordem da  Natureza que não possui nada por dentro. Esta impessoalidade de reflexão sobre si mesmo o condena a ser objeto tanto como suporte de sublimes ideias como de seu silencioso deslize de retorno para sua origem
Fig. 17 –   Em arte, politica e esporte não cabem desculpas nem pedidos de perdão.. Qem se entrega e pratica estas atividades o faz por livre iniciativa e risco. O máximo que pode fazer é tentar recomeçar por outro caminho e meios cuidando para não cair no mesmo. Por este meio ela se vincula à CIÊNCIA que PROGRIDE por TENTATIVA e ERRO ate atingir o objetivo almejado

Estes poucos exemplos, imagens e concepções conferem ao POSTE o papel de se constituir num estridente índice de uma civilização. Na sua impessoalidade -  de COISA objetiva, na concepção de DURKHEIM - ele pode indicar o rumo e o sentido que a criatura humana  perdeu ao longo do seu caminho. Ao mesmo possui a potencialidade implícita de  indicar, ao transeunte da vida, de ONDE ele PROCEDE, contemplar neste espelho o QUE É e mostrar para ONDE esta criatura humana pode IR.
Fig. 18 –   A dualidade do  TABU e o TOTEM representam a eterna luta da transformação de algo proibido, banal e feio em algo permitido, extraordinário e adorável.. Foi a luta de Paul Gauguin (1848-1903)  ao se despir de uma civilização para reencontra as origens das sociedades humanas.  O suporte material das suas concepções  foram um simples toco, um canivete  e uma concha. Este mergulho nos primórdios da civilização humana artificial acelerou as suas concepções que se materializaram num titulo como “DONDE VIEMOS, QUEM SOMOS, PARA ONDE VAMOS” de uma das suas obras.

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS

COLUNA VANDÔME PARIS

DERRUBANDO do PELORINHO COLONIAL

 DOIS IDOLOS Paul Gauguin
Em esporte não cabe desculpa

Espantalho na lavoura,

Estala da NARAN-SIN c. 2.200 aC-ACADIANOS
FALANDO com o POSTE – vídeo
MENHIR

OBELIX e ASTERIX
PENSO logo RESISTO

RÂS PEDEM um REI – Zeus Manda um POSTE
SUMÈRIO e ACADIANOS

totens dos indígenas canadenses
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