O
PENSAMENTO de
OLYMPIO
OLINTO de OLIVEIRA
nas
ARTES do RIO GRANDE do SUL.
Fig. 01 – O pensamento do médico pediatra Olympio
Olinto de Oliveira (1866-1956) era
motivado pelas Ciências e pelas Artes conforme suas próprias palavras. O seu pensamento e seu amor pelas
Artes Visuais aparecem nos seus textos
uma década antes da criação do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul. Ele foi a alma e uma direção segura para esta instituição da qual
presidente de 1908 até 1920. Como bom pediatra acompanhou e aconselhou, do
seu posto do Ministério de Educação Pública, a adolescência e a afirmação
definitiva desta instituição voltada para as Artes
. 1 – Natureza do
PENSAMENTO de Olympio
Olinto de OLIVEIRA 2 – Obstáculos sociais e culturais que Olympio
Olinto de OLIVEIRA teve de
enfrentar no cultivo e divulgação do seu PENSAMENTO estético 3 – O contexto social econômico e
estético do PENSAMENTO de Olympio
Olinto de OLIVEIRA no Rio Grande do Sul. .4 – Olympio Olinto de OLIVEIRA
afirma o seu PENSAMENTO e cria
uma instituição de arte no contexto republicano apesar das fragilidades, resistências
e desistências. 5 – Leituras e narrativas estilísticas de Olympio
Olinto de OLIVEIRA em diversas manifestações da ARTE. 6 – O profissionalismo, a projeção e
permanência do PENSAMENTO de Olympio
Olinto de OLIVEIRA.. 7 – Etapas da
transição do PENSAMENTO de Olympio Olinto de OLIVEIRA ao mundo prático
e empírico. 8 - Permanência do potencial do PENSAMENTO de Olympio Olinto de OLIVEIRA apesar da sua ausência física, 09 – O pensamento
de OLINTO MUDA de endereço físico para
ampliar o seu potencial. 10 - O PENSAMENTO de Olympio
Olinto de OLIVEIRA e o seu legado
institucional .
1
– Natureza do PENSAMENTO de Olympio Olinto de
OLIVEIRA.
O pensamento do médico pediatra Olympio Olinto de Oliveira possui traços e expressões de autonomia na medida
em que ele entendeu as competências possíveis na sua sociedade, lugar e tempo e
nos limites nas quais ganhou forma e se socialização.
O pensamento de Olinto foi competente e fecundo na criação
e na implementação de sólidas pontes
entre o grupo de dentro das artes sul-rio-grandense com a sociedade de sua
época. Estas pontes foram criadas por TEMPO INDETERMINADO tornando-se duráveis
e se projetam até os dias atuais Para tanto se valeu do pensamento escrito e o
seu exemplo pessoal de profundas convicções dos meios institucionais.
O primeiro cronista e critico de artes do Correio
do Povo, o planejador e efetiva ação na Academia de Letras do Rio Grande do Sul[1],
fundador de um Instituto de Artes em 1897 e daquele criado em 22 de abril de
1908 do qual efetivo diretor e orientador até 1920. Três destas
instituições originadas do pensamento de Olinto de Oliveira continuam em
plena atividade em Porto Alegre no inicio do século XXI: o Instituto de Artes,
a Faculdade de Medicina e a Academia Sul-Rio-Grandense de Letras.
O seu pensamento e suas seguras narrativas
confluíram para o esboço da Universidade Brasileira que se tornou realidade em
1931. Olinto contava com a sua experiência na Direção da Faculdade de Medicina
de Porto Alegre, do Instituto de Artes e a sua ação na Letras. O âmbito do
Ministério da Educação e Saúde Publica (MESP) forneceu-lhe a oportunidade e as
possibilidades para expandir para toda nação brasileira toda a sua
sensibilidade, sua inteligência e o seu dinamismo. Entre estas estava a
implementação da Universidade Brasileira e politica da assistência à saúde
Infanto-Materna
O grande mérito do pensamento do médico e pediatra Olympio Olinto de Oliveira para a Arte
sul-rio-grandense foi o de estabelecer sólidas e duráveis pontes entre o grupo
de dentro das artes com a sociedade. Para tanto se valeu do pensamento escrito
e o seu exemplo pessoal de profundas convicções dos meios institucionais.
O primeiro cronista e critica de artes do Correio
do Povo, o planejador e efetiva ação na Academia de Letras do Rio Grande do
Sul, fundador de um instituto de Artes em 1897 e daquele criado em 22 de abril
de 1908 do qual efetivo diretor e orientador até 1918.
O seu pensamento e suas seguras narrativas
confluíram para a Direção da Faculdade de Medicina de Porto Alegre e sua
participação do esboço da Universidade Brasileira que se tornou realidade em
1931. O seu pensamento, a ação silenciosa e segura ganharam uma dimensão
nacional e internacional no âmbito do Ministério da Educação e Saúde Publica
(MESP)
2
– Obstáculos sociais e culturais que Olympio Olinto de OLIVEIRA teve
de enfrentar no cultivo e na divulgação do seu PENSAMENTO estético
É necessário ler o pensamento
de Olinto contra a dependências estéticas e científicas e técnicas de uma sociedade
recém saída da escravidão legal. Este médico, nascido e
educado no Regime imperial, estava cercado de um mar de positivistas e de
republicanos novatos. Na medida em que
ele se afirmava como profissional médico e esteta da alta estirpe, Olinto teve
enfrentar e romper com tabus de cientistas improvisados e de estéticas de
fachada.
Assim a nossa leitura necessita ir contra as
concepções improvisadas de uma sociedade que importava o pensamento alheio,
gerado e comandado pelos paradigmas europeus. Esta importação acrítica - sem
filtro continuando em relação ao colonialismo cientifico, estético e técnico -
limitava ou tolhia todo interesse numa pesquisa local e coerente. Assim Olinto
tinha na sua frente as resistências, os silêncios ou, até, as francas
hostilidades. O pensamento e a ação do médico pediatra Olinto de Oliveira estavam
em prova permanente no campo das artes e da educação científica e estética do
seu tempo e sociedade local.
[1] ELVO CLEMENTE « 95 anos de Academia» in Correio do Povo. Porto Alegre, ano 102, no 66, p.4, dia 05.12.1996
OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA no
mural de Aldo Locatelli para o CINQUENTENÀIO do INSTITUTO de ARTES do Rio
Grande do Sul pintado, em 1958, na Sala do Conselho Universitário da UFRGS
Fig. 02 – A imagem de Olympio
Olinto de Oliveira no mural do Conselho da Universitário da UFRGS é justa e verdadeira.
Com uma
vida pública exemplar e alma de uma direção segura de uma instituição superior
estadual, da qual presidente entre 1908 até 1920 e depois atuando no centro do
poder nacional merecem esta exaltação e lembrança continuada nas sessões maiores
da instância máxima desta universidade federal..
Todo este conjunto estava mergulhado numa economia
agrícola e pastoril e que comandava a política e as grandes decisões estaduais
e nacionais. Política e economia que rapidamente foram rotulados como REPUBLICA
VELHA. Olinto clinicava, há uma década, na Capital Federal quando da virada
deste quadro político se deu com a Revolução de 1930. Sem aderir a qualquer
facção ideológica e política não se negou a prestar os seus conhecimentos de
médico pediatra e de agente educacional no âmbito do recém-criado MESP. Na
saúde cuidou da sua especialidade infanto materna. Na educação foi conselheiro
na criação da Universidade Brasileira
para todo território nacional.
Teve de contrariar as aspirações econômicas de sua própria
categoria médica fascinada pelo retorno financeira de sua profissão. No âmbito
institucional e oficial insurgiu-se contra um puro parasitismo burocrático e o
progresso a qualquer preço como plataforma governamental de alguns políticos
carreiristas e marqueteiros. Assim a sua figura e o seu nome são raramente
lembrados no contexto nacional e mesmo sul-rio-grandenses.
Assim o pensamento de Olinto jaz sob esta lousa
fria depois de ser anatematizado como
retrógrado e sem utilidade por modas de pensamentos importados, de impacto
midiático e já caducos em outros ambientes.
3 – O
contexto social econômico e estético do PENSAMENTO de Olympio
Olinto de OLIVEIRA no Rio
Grande do Sul.
A alma que o Instituto precisou, para vir a mundo
numa região econômica tão carente, foi encontrada no médico pediatra Olympio Olinto de
Oliveira. Ele assumiu
integralmente o seu papel de animador cultural num ambiente carente de uma
tradição consciente e amadurecida. Assim
foi uma figura presente na sua profissão, de médico pediatra, através da qual
estabeleceu as conexões com a sociedade local, ao mesmo tempo, ajudando a
consolidar a reprodução de sua profissão de médico de qualidade e lhe dando os suportes para o seu
exercício.
OLINTO de OLIVEIRA e CARLOS BARBOSA no mural de Aldo Locatelli para o CINQUENTENÀIO
do INSTITUTO de ARTES do Rio Grande do Sul pintado, em 1958, no oitavo andar do
prédio sede do IA-UFRGS
Fig. 03 – A oportuna, justificada e
decidida intervenção de Olympio
OLINTO de OLIVEIRA no prodigioso governo de Carlos BARBOSA GONÇALVES
(1851-1933) garantiram para este governo a posse e e a deflagração de um PROJETO
CIVILIZATÒRIO COMPENSADOR da eventual VIOLÊNCIA necessária no exercício de suas
funções e delegada e contratada pelos
cidadãos a todo e qualquer governo No
mural . No mural pintado por ocasião do
cinquentenário - da realização e implantação deste projeto - o artista Aldo
Locatelli associa as duas faces doi dois personagens. le foi a alma e uma
direção segura para esta instituição da qual presidente de 1908 até 1920.
Ao remeter
o seu relatório de 1909-1912 ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul Olinto
registrou que:
“Como deveis estar lembrados, foi
esta associação fundada por iniciativa do Exmo. Sr. Dr. Carlos Barbosa, muito
digno Presidente do Estado, pouco tempo depois de ter assumido o exercício do
seu elevado cargo. A convite de S. Exª effectuou-se no dia 22 de abril de 1908,
em uma das salas da Biblioteca Pública, uma sessão inicial”.
Olinto não
esqueceu que a vida deve possuir uma motivação, que ele encontrou na arte, e que o seduziu, nas suas próprias palavras.
Assim ele tomou todas as iniciativas, que estivessem a sua dispor na época,
para consolidar as suas instituições. Entre elas estava o Instituto Livre de
Belas Artes do Rio Grande do Sul.
Com estas
motivações pessoas ele se comportou socialmente dentro da rígida etiquete da
nobreza imperial[1],
apesar de politicamente ser republicano, não só convicto, mas devotado à causa
do novo regime. Coerente com as determinações deste novo regime Olinto escreve
no seu relatório de 1909-1912 ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul que:
“Os estatutos foram publicados no jornal official A Federação, em 22 de
agosto de 1908, e logo depois em edição especial, em folheto. A 28 do mesmo mez
foram elles dados á inscripção no Registro Geral de Hypothecas, tendo sido
lançados sob nº 90, a fls. do respectivo livro”[2].
Como
profissional, cultivou ideais de
cientista consciente e de alto nível que o levou a perceber a camisa de força
que significava o positivismo. No plano cultural, impôs-se uma formação a mais completa
possível como amador. Conhecimento que lhe forneceu as bases de empreendimentos
nos quais foi capaz de transmitir aos seus semelhantes valores que de fato
dominava na sua própria pessoa
[1] - “ O que
definitivamente, distinguiria a nobreza consistiria na relação peculiar do todo
com as partes, ou seja, da nobreza como grupo social, com cada nobre em
particular ”
Abreu, 1996, p.58
[2] -Olinto se orientava pelas exigências da Lei nº 173 de
10.09.1893 que regulava as associações colocadas sob a égide do Regime Republicano pelo Art. 73 §3º da
constituição de 1891 . A aprovação de uma associações, ao longo do
Regime Imperial, dependia do beneplácito
do trono.
Fig. 04 – Olympio OOLINTO de OLIVEIRA ao lado
de Carlos BARBOSA GONÇALVES[1]
numa foto do dia 20 de setembro de 1911 no momento do lançamento da pedra fundamental
do novo prédio da Faculdade de Medicina de Porto Alegre (fig. 09). Esta obra teve seu projeto original alterado e só concluída e inaugurada
no dia 31 de março de 1924[2].
Olinto historiou as iniciativas que trouxeram
ao mundo real o Instituto de Belas do Estado do Rio Grande do Sul, no seu
relatório de 1909-1912 ao Governo, ao escrever que:
“Como sabeis, lançada a idéa da
organisação do Instituto, foram largamente distribuidas por todo o Estado
listas, das quaes se encarregaram com a maior boa vontade pessoas de alto
conceito publico. Estas listas foram sendo preenchidas com grande numero de
assignaturas, muitas das quaes subscrevendo 2, 4 e até 20 contribuições. Cada
contribuição representava a quantia de 50$000, e dava direito ao diploma de
socio. Até agora já foram arrecadadas listas correspondendo a 150 socios,
faltando ainda muitas outras cuja cobrança será feita com mais vagar,
principalmente nas do interior”
Assim ele reproduz em si o que depois Arendt escreveu
(1983, p.
288).
“O supremo
critério para governar aos outros é, segundo Platão, como em toda tradição
aristotélica do Ocidente, a capacidade de governar a si mesmo. Assim como
rei-filósofo conduz a cidade, a alma conduz o corpo, a razão e as paixões”
Sua liderança progrediu para muito além
de uma estreita e amadora doutrina
pessoal, mesmo quando deve discordar do filosofo Aristóteles em artigo publicado[3] em
05.11.1898:
“O que
não posso admitir de modo algum é a alienação do meu próprio juízo, levado ao ponto de acreditar sempre
nas afirmações dos gênios, mesmo quando eles parecem incompreensíveis,
absurdos ou contraditórios releve-me
discordar do gênio de Aristóteles quando este profundo moralista justifica a
escravidão pela degradação nativa de um parte da humanidade”
A amplidão de sua formação, das suas
iniciativas profissionais e culturais, permitiram-lhe retornar ao núcleo de sua competência e as
suas motivações existenciais. Isto ele deixou evidente num artigo publicado[4] em
20.10.1898:
“Já por
índole, já por temperamento, conservo-me sempre afastado das cogitações da
política militante, da qual me arredam ainda mais as minhas ocupações
favoritas: o estudo das ciências que cultivo e das artes que me seduzem”
[1] Carlos Barbosa como médico
tentou sanar “Os desentendimentos entre os
médicos formados e os setores que se diziam partidários dos positivistas foram
uma constante enquanto duraram no poder governos com princípios comtianos.
Entretanto, em certos momentos o conflito parece amainar, como no governo de
Carlos Barbosa, de 1908 a 1913. Médico formado pela Faculdade do Rio de Janeiro
em 1875, tendo-se especializado em oftalmologia em Paris, Carlos Barbosa
conseguiu mudar a orientação que o governo havia adotado sobre a faculdade em
1907, amparando-a financeiramente nesse período e doando, em parceria com a
Intendência Municipal, um terreno no Campo da Redenção para a faculdade
construir um novo prédio” http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59701999000100003
[2] Dados do prédio da Faculdade de Medicina da UFRGS https://pt.wikipedia.org/wiki/Faculdade_de_Medicina_da_Universidade_Federal_do_Rio_Grande_do_Sul
[3] Olinto de
Oliveira, Correio do Povo, 05.11.1898
(micro-filme Museu Hipólito da Costa)
[4] Olinto de
Oliveira, Correio do Povo, 20.10.1898
(micro-filme Museu Hipólito da Costa)
OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA de pé com toga vermelha no
mural de Aldo Locatelli para o CINQUENTENÀIO do INSTITUTO de ARTES do Rio
Grande do Sul pintado, em 1958, na Sala do Conselho Universitário da UFRGS
Fig. 05 – O mural que preside as sessões
do Conselho Universitário da UFRGS foi encomendada pelo médico e reitor Eliseu
PAGLIOLI que aparece trajado como médico no lado esquerdo de quem olha a obra. Sentado
ao centro está Manuel ANDRÉ DA ROCHA primeiro reitor de Universidade, membro da
COMISSÂO CENTRAL do IBA-RS , seu vice e Presidente eleito. Em 1958 o Instituto
era uma unidade autônoma e fora da UFRGS
4 – Olympio
Olinto de OLIVEIRA afirma o
seu PENSAMENTO e cria uma instituição de
arte no contexto republicano apesar das fragilidades, resistências
e desistências
Olympio
nasceu em Porto Alegre no dia 05 de janeiro de 1866[1].
A sua formação médica foi feita, entre os anos de 1881 até 1886[2],
na sede da corte. Retornou à província natal logo após a defesa da sua tese de
doutorado intitulada ‘Das paralisias na
infância’ em no dia 05 de janeiro de 1887[3].
Em Porto Alegre, onde é considerado como o primeiro pediatra com doutorado profissionalizado
na sua especialidade. Mas, para o médico, a sedução eram as artes, não para um
gozo egoísta, mas compartilhadas, para todo Estado, através de uma generosa
socialização.
A sociedade de Porto Alegre confiou duas
tarefas básicas ao jovem médico. Uma de cuidar da saúde da sua infância e a de
consolidar essa profissão. Outra era a de dar orientação cultural, consolidar e
possibilitar a sua reprodução através de instituições. Como profissional da
saúde[4]
não se limitou a uma estreita atividade conformada e imediatista. Planta,
através de sua associação, as condições para que outros profissionais pudessem
continuar a sua tarefa.
[1] - Martins (1978: 407) indica
as datas de Olinto como sendo a de 05.01.1865 e da morte a de 26.05. 1956
[2] - Os dados biográficos mais
precisos estão em ROCHA ALMEIDA, Gen. Antônio da. - «Professor Dr. Olímpio Olinto de Oliveira» in Vultos da Pátria. Porto Alegre : 1964, vol.II, pp.233/39
[3] - Gonçalves Vianna, 1945, p.
21
[4] - “Pedalando a sua linda bicicleta em uniforme adequado atendia a sua
clientela” Gonçalves Vianna, 1945,
p. 21
Sala do Desenho da Escola de Artes do Instituto de Belas Artes do Rio
Grande do Sul
Fig. 06 – Após adquirir o prédio próprio
para o IBARS Olympio Olinto de Oliveira determinou
o acréscimo de um andar. Uma sala com luz zenital foi a primeira sala publica
específica para de Artes Visuais de
Porto Alegre.. Os moldes de gesso eram modelos
para o desenho dos moldes de gesso. Eram partes do corpo humano e que
convergiam para as figuras inteiras comas estátuas do Apolo e Vênus que estavam
na entrada do IBARS. Estes gessos foram moldados por Giuseppe GAUDENZI da
Técnica Parobé e por Eduardo Sá da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de
Janeiro
Com a ajuda de Pedro Porto conseguiu
concretizar o primeiro lugar público permanente para a exposição das obras dos
artistas plásticos - na Rua da Praia[1],
em 1893 - da capital do Rio Grande do Sul destinado. Essas obras foram objeto
do primeiro cronista do Correio do Povo,
que ajudou fundar em 01 de outubro de 1895, onde fluíram as suas crônicas sob o pseudônimo Maurício Bœhm[2].
Por meio
destes recursos públicos - e coerentes com a primeira ERA INDUSTRAIL – Olinto conseguiu
levar, ao grande público do Rio Grande do Sul, o que existiu, na época, de
melhor no teatro, na música e nas artes visuais na capital do Estado.
[1] - “Em 1893,por
sugestão e empenho seu. Inaugura-se nas Ruas dos Andradas, em amplo
compartimento envidraçado do bazar O Preço Fixo, de propriedade de Pedro Porto,
a primeira Galeria de Artes Plásticas de Porto Alegre, destinada a expor peças
s de pintura e escultura de autores famosos” Damasceno, 1971,
p. 448 Loja “AO
PREÇO FIXO PORTO ALEGRE” depois LOJAS AMERICANAS
https://www.flickr.com/photos/fotosantigasrs/11014513845 + http://prati.com.br/fotosantigas/fotos-antigas-porto-alegre/199?page_number_0=34
[2] - “Na seção de crítica de arte do nosso Correio do Povo, onde Olinto, sob
o temido pseudônimo de Maurício Bœhm, durante algum tempo revelou a sua
extraordinária cultura musical” Gonçalves Vianna, 1945, p. 20
Fig. 07 – O prédio da primeira Faculdade
de Medicina de Porto Alegre está sendo ocupado e usado pelo Departamento de
Arte Dramática (DAD) do Instituto de
Artes da UFRGS. Prédio no qual o médico
pediatra Olympio
Olinto de Oliveira foi diretor. O local é próximo ao Hospital da
santa Casa. Sob a iniciativa de
Olinto de Oliveiro foi lançado o projeto do novo Prédio na atual Rua Sarmento
Leite. A convite de Olinto de Oliveira, este titular, do nome desta rua, também pertenceu e atuou na Comissão Central
do IBA-RS
Nas
Ciências Médicas foi um dos fundadores
da primeira Faculdade de Medicina do Rio Grande do Sul da qual tornou-se
diretor[1]
acumulando esta função com a direção do Instituto de Belas Artes. Constatou e
procurou sanar as deficiências do apoio logístico da profissão através da
criação dos Institutos Pasteur e Oswaldo Cruz. O associativismo o fascinou na
medida em que pode estender as sua benéfica ação humanitária. Assim integra a
Diretoria da Associação Protetora da Infância[2].
Atento ao seu campo, não admite que os seus colegas se dobrem as doutrinas pseudocientíficas
e aos compromissos políticos estranhos e comprometedores da autonomia
profissional.
Fig. 08 – Os fortes antagonismos fazem
parte da índole do sul-rio-grandense. Assim não é de estranhar as diferenças
entre o pensamento de Protásio Antônio Alves
e o pensamento do
médico pediatra Olympio Olinto
de Oliveira. Estas diferenças são mais evidentes se comparamos as lideranças de
Carlos BARBOSA GONÇALVES, em cuja política cultural Olinto seguia e o “eterno” Antônio Borges de
Medeiros cuja política econômica era o ambiente propício para Protásio Alves.
Olinto preferiu o ambiente da capital federal quando Borges de Medeiros foi
reeleito pela 4ª vez, em 1918. Borges consegiui se reeleger em 1922 pagando
alto preço com a REVOLUÇÂO dos MARAGATOS que incendiou e ensanguentou as plagas
sul-rio-grandenses.
Entrou em
confronto direto com Protásio Antônio Alves[1],
seu colega de profissão e escola, que depois irá ser figura de relevo na
administração de Borges de Medeiros. No ano de 1898 Olinto entrou em confronto
direto e simultâneo com o positivismo castilhista, com A Federação e com Protásio Alves[2].
Em dois artigos publicados no Correio do Povo[3]ele
deixou claro, sem pseudônimo, as suas desconfianças e as suas descrenças
naqueles que desejavam transformar o positivismo em seita dogmática comportando-se
como discípulos de província. Ele
escreveu e publicou em 20.10.1896[4]
que:
“ Dou-me por feliz, eminente patrício, de ter minha
boa estrela me preservado sempre das imposições dogmáticas de quem quer que
seja, assim como do espírito de seita, uma das causas mais funestas, no dizer
de Turgot dos desvirtuamentos a que podem sucumbir as melhores inteligências e
os melhores caracteres”
[1] - PROTASIO ANTONIO ALVES (1858-1933) https://pt.wikipedia.org/wiki/Protásio_Antônio_Alves
[2] CONFLITO os médicos
PROTÀSIO ANTÒNUI ALVES e OLYMPIO
OLINTO de OLVEIRA
Fig. 09 – O projeto original da Faculdade
de Medicina no Campo da Redenção lançado no dia 20 de setembro
de 1911 na administração do médico
pediatra Olympio Olinto de Oliveira em terreno
cedido por CARLOS BARBOSA presidente do
Estado Projeto concebido no meio da polêmica
na classe médica que se debatia entre o livre exercício da profissão defendida
pelos positivistas ortodoxos contra a severa formação profissional com o
controle do exercício rigoroso regulado por normas consensuais e oficiais .
No meio da
polêmica na classe médica Olinto distinguiu claramente o comtismo do
positivismo no contexto de duas escolas filosóficas. Como dono de uma
inteligência em plena autonomia distinguiu o pensamento original do seu uso teórico
e nas práticas realizadas por prosélitos[1] pois:
“A palavra positivismo tem evoluído e já não
se apoia somente no ponto de vista exclusivo de Augusto Comte. Ela abrange os
esforços de todas as escolas empíricas modernas, em contraposição as do
idealismo e forma com esta a dupla corrente das especulações filosóficas moderna,
cuja tendência convergente se torna cada vez mais acentuada apesar da aparente
oposição em que se acham”
Esses
dois artigos, e o contexto que os geraram, no âmbito do CONFLITO
os médicos PROTÁSIO ANTÔNIO ALVES e
OLYMPIO OLINTO de OLVEIRA, foram analisados amplamente pelo seu
discípulo, cunhado, médico e confrade na Comissão Central no Instituto, o doutor Gonçalves Vianna[2].
A pessoa e
a memória de Olympio Olinto de Oliveira - fundador do Instituto de Belas Artes
do Rio Grande do SU - foi descrito por
Fábio de Barros[3]
como “Olinto
de Oliveira é um desses homens felizes. Fez da sua própria vida o seu próprio
monumento” Fábio era médico,
jornalista, membro da Comissão Central do Instituto e primeiro professor
nomeado para reger a cadeira de História das Artes Visuais.
Fig. 10 – O antigo prédio da Loja Maçônica de Carlos von KOZERITZ (1830-1890) Sociedade
Beneficente Zur Eintracht foi construído pelo
arquiteto Julius Weise Na sua reforma Olympio Olinto de Oliveira aproveitou
o salão das sessões para auditório . Nas laterais do palco são visíveis ainda as colunas da loja maçônica. O Auditório Tasso Corrêa do IA-UFRGS ocupa o mesmo lugar,
transpões tipologia semelhante cuidando
de tratamento acústico adequado ao uso musical
5 –
Leituras e narrativas estilísticas
de
Olympio Olinto de OLIVEIRA em diversas manifestações da ARTE.
Olympio Olinto de OLIVEIRA em diversas manifestações da ARTE.
Como orientador cultural, esse pediatra
polemista e com as credenciais de profissional realizada, circulou tanto na música, nas letras e nas artes
visuais, nas quais deixou marcas
indeléveis. Ele poderia ser apontado, nesta função, como o iniciador da ‘Kunstliteratur’ sul-rio-grandense[1].
O pensamento de Olinto é responsável pela emergência da primeira expressão
escrita do pensamento da nossa literatura artística no Estado.
Não é um
pensamento ineficaz, vazio de conteúdo e de sentido. O mundo material. O
suporte deste pensamento de Olinto atuante e comprometido foi o jornalismo. Por
meio da palavra escrita e impressa ele conseguiu transpor para a ação e para a
prática as concepções estéticas vigente no seu tempo, lugar e sociedade.
Comprometimento e eficácia, deste pensamento de Olinto. foi levado a tal ponto,
que criou, conferiu suporte e continuidade na emergência de uma série de
instituições agregadoras da sociedade sul-rio-grandense. Sociedades e
instituições comprometidas e comprometedoras da continuidade do processo
civilizatório da cultura e da arte.
Como cronista registrou e comentou os eventos
culturais mais significativos na cidade de Porto Alegre do primeiro período
republicano. Como um dos fundadores do Correio do Povo, fez desse veículo, a
sua tribuna para apontar jovens talentos emergentes na cidade, ou registrar a
passagem meteórica de artistas internacionais pela cidade[2].
[1] - O pensamento e as crônicas
de Olímpio Olinto de Oliveira estão sendo resgatados e sistematizados pela pesquisadora Cláudia
Maria Gonçalves, do programa de pós-graduação de Música do Instituto de Artes
da UFRGS sob a orientação da Profª Drª Maria Elizabeth Lucas.
[2] - A maioria dos artigos do Correio do Povo, assinados por Maurício Bœhm, tem por tema a
Música. Entre as crônicas relativas as artes visuais, recuperadas pela
pesquisadora Cláudia Maria Rodrigues, podem ser citados ‘Romualdo Prati’(12.07.1896) ‘Litran’(20.11.1896),
‘Libindo Ferrás’(13.02.1897, ‘Bellas Artes – Pedro Weingärtner’(
Domingo 03.07.1898) e ‘Pedro Weingärtner’
(11.12.1898). Uma noticia sobre uma escola e uma pinacoteca em Curitiba sob o
título ‘Bellas Artes, Escola de Bellas
Artes e Industriais do Paraná e Pinacotheca’ se, não escrito por Olinto, o
deve ter motivado para a criação do Instituto de Belas Artes. (Correio
do Povo, ano 3 , no 191, em 24.08.1898). Para Maurício Bœhm ver Damasceno 1971, p.239
Fig. 11 A entrada o prédio
próprio para o IBARS recebeu, em 1910,
duas copias de estátuas moldadas diretamente sobre as originais. A encomenda
foi deOlympio Olinto de Oliveira assessorado pelo Conservador do Instituto na
pessoa de Libindo Ferras o primeiro e único diretor da Escola de Artes do
IBA-RS e o seu professor. As duas figuras eram a culminância dos
desenhos dos moldes de gesso de partes do corpo humano
6 – O
profissionalismo, a projeção e permanência
do PENSAMENTO de Olympio
Olinto de OLIVEIRA..
Como verdadeiro líder não pediu favores, nem
se queixou das adversidades do seu caminho. Neste caminho foi o articulador de
iniciativas e eventos para torná-los favoráveis à emergência da arte na
política cultural do estado. Tinha a consciência de que devia representar, da
forma mais eficiente possível, uma das atividades superiores do ser humano. Um
índice dessas convicções políticas culturais de Olinto, foi aquele explicitado e
publicado[1],
em 22 de abril de 1908, no dia da fundação do Instituto de Belas Artes :“Essa
nobre atitude, entretanto, não tem preservado, as prestigiosas pessoas dos
governantes de, pelos eficazes meios indiretos a seu alcance, prover a
viabilidade das nossas academias”
Com essas suas convicções e, no intuito de
transformá-las numa política cultural, Olinto conseguiu superar todas as
barreiras. Levou, essa política ao refinamento de uma obra de arte vivida. Contatos,
contratos e realizações decorriam como algo natural e sem deixar, nos
documentos, o menor registro de onipotência, onisciência ou marketing
personalista na constituição da vida inicial e infantil do Instituto.
Fig. 12 – O quarteirão no qual Olympio
Olinto de Oliveira alugou e depois comprou o prédio nº 58( depois 248) da Rua
Senhor dos Passos abrigava a loja maçônica, a igreja Luterana ( no angulo
esquerdo da foto acima), a capela da Santa
Casa era próxima da e, mais tarde,. a Igreja São José também não distante. O prédio original do IBA-RS sofreu
um acréscimo entre 1914 e 15 para abrigar a Sala de Desenho da Escola de Artes.
O porão foi adaptado e foi sala de aulas de Modelagem e de Escultura de
Fernando Corona. Este projetou o prédio atual do IA-UFRGS.
O pediatra
médico voltou a encontrar-se face às primeiras necessidades e vagidos de nova
instituição que havia assumido o papel de fundador, de orientador e de
administrador. Todas essas credenciais
fizeram de Olinto de Oliveira o líder natural do grupo que idealizou trazer
para a realidade concreta o Instituto de Belas Artes. Olinto escreve no seu
relatório de 1909-1912 ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul que:
“As
carreiras artisticas não são ainda bastante remuneradas no nosso meio, para que
as procurem espontaneamente os alumnos. Por outro lado são muitas vezes os mais
bem dotados intellectualmente aquelles a quem escasseam os meios para
empreenderem a sua propria cultura. Escolas de arte não podem, pois aqui, como aliás em toda a parte dos
interessados. E como são de grande alcance social a educação artistica do povo,
de outro, fazer a selecção dos talentos de elite que hão de ser amanhã os
fautores da arte nacional”,
-
Parece que
Olinto de Oliveira foi a resposta ao que Almeida Prado registrou ao estudar
Tomas Ender, como a maior carência do campo da arte no Brasil ou seja “Lider é o regente frente a orquestra de
competentes professores é capaz de
transformar os conflitos em estímulos para a idealização e a solidariedade”.[1].
Olinto de Oliveira, apesar de não ser
profissional na área, conseguiu reger com as suas habilidades e ideias
superiores tanto profissionais da Música com das artes visuais. Depois de sua experiência, como um dos
redatores do estatuto da fundação, em
1896, do Instituto Musical de Porto Alegre[2].
A ideia era precoce para a época e local. Diante da eminência de um fracasso,
conseguiu transformá-lo, por sua intervenção, em 1897, o Instituto no Clube
Haydn[3].
[1] - “Lider é o
regente frente a orquestra de competentes professores é capaz de transformar os conflitos em estímulos para
a idealização e a solidariedade”.Almeida Prado, 1955, p.367
[2] - Corte Real, 1980, pp.
27-30
[3] - O Clube Haydn sobreviveu,
com vida brilhante, até a década de 1960 integrado na SOGIPA (Turnebund). (Ver
Corte Real, 1980, pp. 31-40 e Silva, 1997)
[F2.012.1]
Fig. 13 – Antes de criar o IBA-RS Olympio Olinto de Oliveira estimulou e incentivou os músicos
de Porto Alegre a se reunirem, em 1897, no Clube Haydn,. Este conjunto musical se abrigou depois na atual Sociedade e Ginástica
de Porto Alegre (SOGIPA) onde funcionou
até o ano de 1967.
As letras
sul-rio-grandenses foram as que conseguiram projetar melhor a criação sulina em
todo Brasil. O instrumento e a seiva que circula nesse campo é a palavra, que
nomeia e distingue a vida. Nelas a iniciativa de Olinto se fez sentir pela
fundação no dia 01 de dezembro de 1901, da Academia Rio Grandense de Letras[1],
quatro anos depois da Academia de Machado de Assis.
Com esse
lastro de experiências, tanto na formação de uma escola superior, como de
instituições voltadas para arte cultura,
planejou, em 1908, a fundação do Instituto de Belas Artes. O Instituto foi a
sua última obra institucional em Porto Alegre e qual dedicou todas as suas
energias, assumindo a sua presidência entre 1908 até a sua aposentadoria em
Porto Alegre em1919.
7 – Etapas
da transição do PENSAMENTO de Olympio
Olinto de OLIVEIRA para o mundo prático e empírico.
Olympio Olinto, conhecedor do mundo
artístico sul-rio-grandense, soube avaliar as carências e potencialidades do
meio social, econômico e político ao longo da sua presidência no Instituto. Potencialidades
ainda latentes e carências que são ainda atuais após um século da ação de
Olinto e que continuam a assolar a
sociedade, a economia e a política educacional sul-rio-grandense e brasileira.
No meio
destas carências e destas potencialidades Olinto optou, inicialmente, por uma
rígida e sólida estrutura jurídica e econômica, capaz de suportar os primeiros
impactos deste meio adverso brasileiro e sul-rio-grandense, em particular. Para
tanto formou uma sólida pirâmide com vértice na presidência, com um vice, um
secretário, um tesoureiro e conservador geral, que eram cargos não remunerados.
Na base incluiu geograficamente todo o estado, articulando e cimentando-o através do partido no poder
respeitando e modelando a nova instituição ao sistema republicano brasileiro
vigente. Essa estrutura, regada por um orçamento sob o seu controle, procurou
se alimentar das necessidades superiores do meio.
[1] - ELVO CLEMENTE « 95 anos de
Academia» in Correio do Povo. Porto
Alegre, ano 102, no 66, p.4, dia 05.12.1996
Fig. 14 – O arquivo do Instituto de Artes
é depositário não só do pensamento de Olympio Olinto de Oliveira. Os documentou originais, deste espaço
institucional criado por sua iniciativa, guardam a memória de um feito
dificílimo a ser concretizado no Rio Grande do Sul e vitorioso num ambiente no
qual predomina a inércia e a importação de pensamento alheio. Este acervo é um suporte
logístico de uma pesquisa que se rebela contra o colonialismo mental,
oferecendo recursos para perceber e tomar consciência do que é possível
realizar, de próprio e de original, neste ambiente adverso.
Para não se
perder neste esforço, nem repetir e poder avaliar documentalmente o caminho
institucional uma das primeiras providências do fundador, deste Instituto, foi
equipar de instrumentos da memória dos atos, dos gestos e dos pensamentos que
ali se praticasse. Assim no relatório 1912 anotou que
A Secretaria do Instituto foi organisada pelo nosso
consocio secretario, o Dr. E. Ubatuba. Funcciona ella em uma das salas do
Conservatorio, provida dos moveis e material de expediente indispensavel. Foi
já installado o respectivo archivo
e trata-se de instituir os livros necessarios.
Contratou
pessoalmente diretores[1]
e professores[2]
proporcionais ao ingresso das matriculas e mensalidades pagas pelos alunos.
No dia 01 de maio de 1909 assinou o
aluguel por 150$000 mensais, da casa nº
58 (atual nº 248) da rua Senhor dos Passos[3].
[1] - “Art. 28 – Os diretores das Escolas serão nomeados pelo Presidente do
Instituto.
§ 1º Cada Diretor servirá
enquanto preencher satisfatoriamente as suas funções e merecer a confiança da
casa”
Estatuto, 1908
[2] - “Art. 29 – Providos ou não por concurso os lugares de professores, as
respectivas nomeações serão feitas pelo
Presidente..”
Estatuto, 1908
[3] - Documento avulso doa
Arquivo do IA , com a assinatura de Engelbert
Hobbling procurador de do proprietário Willy Klappert {002DOC}
Fig. 15 – O precoce desaparecimento de
José ARAÚJO VIANNA (1872-1916) - ao longo da administração de Olympio
Olinto de Oliveira – retirou de cena o Diretor do Conservatório do IBA-RS.. Este músico sul-rio-grandense fez carreira local e nacional e possui uma pesquisa e produção musical
original que continuam sendo reconhecidos. Asa honrosas incumbências, as
crônicas musicais e as criticas
favoráveis de Olinto de Oliveira foram constantes ao longo desta curta
existência física.
No dia 05
de julho de 1909, Olímpio abriu solenemente o Conservatório de Música. Araújo
Vianna, foi nomeado o seu diretor e sobre cuja competência Olímpio havia feito
os mais francos elogios[1]. No dia 02 de março de 1910 colocou em
movimento a Escola de Artes, aprovada no dia 10 de fevereiro de 1910, e a
confiou à direção de outro membro da Comissão Central fundador, que era Libindo
Ferrás. A respeito de Libindo Olinto também
já se havia pronunciado elogiosamente no mesmo artigo dedicado Araújo Vianna no
dia 13.02.1897. Reuniu os dois no mesmo Instituto que fundara. Mas mantém os
dois absolutamente autônomos entre si. Em 1913 Olímpio adquiriu a casa onde
iniciara o Instituto. No final desse ano
apresentou um projeto da reforma do prédio. Essa reforma foi entregue ao
controle de Benito Elejalde, na época, um dos membros mais ativos da Comissão
Central. Em 1915 editou um prospecto no qual é visível o acréscimo do andar no
qual funcionava a Escola de Artes com entrada lateral independente.
Fig. 16 – Após o seu Relatório do Ano de
1912 o prospecto do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul do ano de
1915 são iniciativas de Olympio
Olinto de Oliveira que espelham e materializam, em duas narrativas, o pensamento do
médico pediatra no
terreno concreto das Artes institucionalizadas e possíveis nesta sociedade, lugar e tempo.. São narrativas elaboradas e escritas com um rigoroso e preciso
referencial científico. Narrativas que
envolveram e expuseram, esta
instituição artística, com os mesmos cuidados que o pediatra dispensava aos
seus pacientes infantis. .
A terceira gestão de Olinto de Oliveira
foi usada para consolidar o pequeno mundo das artes do Instituto. Isso ele de fato conseguiu nas
condições locais. Quando se aposentou em 1919, o Instituto Livre de Belas Artes
do Rio Grande do Sul estava consolidado e o entregou em perfeito funcionamento
ao seu vice-presidente Victor Bastian.
O médico-pediatra Olympio Olinto de
Oliveira foi eleito para o cargo de Presidente na noite da fundação do
Instituto em 22 de abril de 1908 e prolongou-se oficialmente até o dia 30 de
abril de 1920. Durante esse período foi reconduzido ao cargo no dia 12 de
novembro de 1912 e reeleito, no dia 09 de setembro de 1918 para o período 1918-1922.
Com a sua transferência ao Rio de Janeiro renunciou, no meio do mandato,
repassando o seu cargo a Victor Bastian. A personalidade e as iniciativas de
Olinto de Oliveira permaneceram e se projetaram , por tempo indeterminado, no
seio da cultura sul-rio-grandense e brasileira.
Convém
observar a regularidade dos períodos administrativos conforme o estatuto do
IBA-RS[1]. Os motivos da irregularidade da data da
eleição, no dia 22 de abril[2],
são provenientes des episódios externos ao Instituto que as acompanharam.
Atribui-se a primeira data de eleição ao final do mandato do governo de Carlos
Barbosa e o retorno da austera figura de Borges de Medeiros menos favorável ao
mundo simbólico. O período 1912-18 inclui a época da Iª Guerra Mundial e a
reeleição do médico-pediatra se dá as vésperas do flagelo da Gripe Espanhola e
durante a qual os médicos praticam atos heroicos.
Porém este longo mandato presidencial serviu
para Olinto seduzir - também para as artes e por meio do seu exemplo pessoal - grandes nomes da medicina de Porto Alegre.
Além do médico João Birnfeld que, estava ao seu lado, no momento da fundação do
Instituto, o seu exemplo conseguiu levar para o Instituto o diretor da
Faculdade de Medicina Sarmento Leite. O seu cunhado Raimundo Gonçalves Vianna,
Fábio Barros e Mário Totta são outros médicos que seguiram o seu exemplo e
dedicaram os seus melhores momentos à Comissão Central do Instituto. Isso sem
falar do médico que era presidente do estado na época da fundação.
[1] No Estatuto do IBA – aprovado em 14.08.1908 - constava o mandato de 4 quatro anos pelo Art. 17º - A Directoria, composta de Presidente, Vice-Presidente, Secretário, Thesoureiro e Conservador-geral, será eleita de 4 em 4 anos, pela Commissão Central, dentre os seus membros effectivos, na ultima sessão ordinaria do anno social em que a Directoria anterior termina o seu mandato, de modo a poder a nova ser empossada na sessão de aniversário do Instituto.
[2] - Se houvesse uma
regularidade nessas eleições, segundo a Art. 17 do Estatuto{007Estat} que
determinava um período de mandato de quatro anos, a 1 a deveria ter ocorrida no dia 22 de abril de
1912, a 2ª em 22. 4.1916 e a 3ª em
22.04.1920.
Fig. 17 – Olinta Braga foi uma das três
presenças femininas na Comissão Central do Instituto de Belas Artes do Rio
Grande do Sul. Cantora e, depois, professora do Conservatório do IBA-RS[1],
interpretava as criações musicais do seu namorado e noivo José ARAÚJO VIANNA.
Antes do desaparecimento deste compositor estes laços emotivos foram desfeitos.
Porém permaneceu fiel ao seu primeiro amor pelo resta da sua vida[2].
8
- A permanência do potencial do
PENSAMENTO de Olympio Olinto de OLIVEIRA
apesar da ausência física
Mas o seu raio de ação não se limitou à sua
profissão. Através da arte e da cultura conseguiu estabelecer uma verdadeira
massa crítica que antecedeu a universidade brasileira para todo o território
nacional. Assim no próprio momento da fundação do Instituto possui ao seu lado
membros das outras escolas superiores. Os mais conhecidos são Rodolfo Ahrons da
Escola de Engenharia e Plínio Alvim e Ezequiel Ubatuba da Faculdade Livre de
Direito. Essa interação dos diversos a saberes, no interior do Instituto de
Artes, reproduziu-se depois da administração de Olinto. Assim um dos seus mais
ativos participantes e que irá tornar-se o primeiro reitor de uma universidade
o Rio Grande do Sul. O Desembargador André da Rocha, sentiu-se à vontade no
Instituto ao lado dos mais ativos lideres do movimento da transformação dos
cursos superiores locais na Universidade de Porto Alegre. Com tantos líderes e
com esse ideal, o Instituto não poderia faltar nesse projeto. A luta para
manter essa massa crítica, presente e ativa no Instituto, deve-se, em grande
parte, a visão estrutural de Olinto de Oliveira. Através dessa visão, de que a
instituição de arte, necessitava da universidade, para o pleno desenvolvimento
das potencialidades da existência do campo das artes. Pode-se seguramente
afirmar que Olinto de Oliveira representou o papel de um proto-reitor em Porto
Alegre. Um dos índices dessa visão ampla está nas pesquisas de opinião
promovida entre 1927 e 1928 pela
Associação Brasileira de Educação (ABE) [3],
nas quais um dos entrevistados foi Olinto de Oliveira. O historiador da
Educação Superior no Brasil, Souza Campos[4],
resumiu essa participação na pesquisa, promovida pela ABE, do fundador do
Instituto na formulação da Universidade no Brasil na sua ‘História da Educação Superior no Brasil’ (1940: 287/8) e na ‘História
da USP’ (1954: 85) ressaltando a sua
preocupação com o estudante.
[1] - Instalação do
Conservatório da Música do IBAR-RS e ação de Olinta Braga e Araújo Vianna
[2] O namoro Olinta e Araújo Vianna em vídeo https://www.youtube.com/watch?v=ewtd1WzPnNI
[4] - Souza Campos, 1940: pp.287 e 1954p. 85
Fig.18 - Quando se projetou, construiu e inaugurou o prédio do Ministério da Saúde Pública e Educação o médico e pediatra Olympio Olinto de Oliveira estava numa das diretorias deste ministério. Avesso a qualquer propaganda ou marketing pessoal o seu pensamento fluía e se propagava silenciosamente e sem alarde neste ambiente arquitetônico. O monumento de Bruno Giorgio na entrada do prédio constitui um hino plástico á SAUDE da NOVA GERAÇÂO [1] que era o centro das atenções deste pediatra e materializa o lema clássico da “MENTE SADIA NUM CORPO SADIO”. O Ministério da Saúde ganhou o estatuto de ministério em 1953
[1] - Monumento à Juventude de Bruno Giorgio na entrada do
prédio do MESP http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.160/4877
09 –
O pensamento de OLINTO MUDA de endereço
físico para ampliar o seu potencial
Quando o regime republicano brasileiro
completou seus 30 anos, e, Olinto 30 anos de intenso trabalho em Porto Alegre,
ele pediu aposentadoria e foi gozá-la na capital federal, local de sua formação
acadêmica. Deixava para trás Porto Alegre, onde já contribuíra com a sua parte
na política cultural para dar corpo às instituições voltadas para a ciência, às
letras e às artes e onde o Instituto possuía uma vida autônoma. Mas não entrou na inatividade. Colocou toda a sua
experiência á disposição da associação médica local e nacional, participou
ativamente do projeto de universidade brasileira. Quando Getúlio Vargas
empolgou o poder em 1930 convocou o conterrâneo para criar e presidir o ‘Instituto de Profilaxia Infantil’ depois ‘Departamento Nacional da Criança’[1]
diretoria do recém criado Ministério de Educação e Saúde Pública (MESP)[2].
Durante os
trinta e seis anos, nos quais viveu no Rio de Janeiro, envolveu-se no trabalho
de sua clínica particular, na atividade classista na qual Olinto pregava a ética médica
conforme registrou Gonçalves Vianna(1945,p.101),
“É um tal
de avaliar e orçar e comparar e cumular
e enfileirar e cifras lucros, que não lhe escapam nem a própria vida humana, já
posta em equação monetária; nem as sua atividades, o trabalho taylorizado, as
aptidões regradas a uma teoria estreita, os sentimentos tarifados a tanto por
cento, e até o amor, com cartaz de preços sotoposto “a lei da oferta e da
procura”.
Entre os seus pequenos pacientes foi possível
localizar alguns. Um deles foi Érico Veríssimo que ele atendeu em sua casa,
viajando de Porto Alegre até Cruza Alta. Outro foi o cronista de arte Aldo
Obino (1913-2007) que se lembrava, no final de sua vida, dos fortes cheiros dos unguentos e das apertadas
faixas que o pediatra lhe aplicou na infância.
O Dr. Olinto atendia os seus pequenos pacientes deslocando de bicicleta de casa em casa. Estava consciente e praticava lema clássico da “MENTE SADIA num CORPO SADIO”, ou “QUANDO o CORPO NÃO AJUDA, a CABEÇA SOFRE”, invertendo o ditado popular. A saúde dos dois intelectuais sul-rio-grandenses constitui uma pequena amostra da verdade e preocupação deste pediatra de escol.
O Dr. Olinto atendia os seus pequenos pacientes deslocando de bicicleta de casa em casa. Estava consciente e praticava lema clássico da “MENTE SADIA num CORPO SADIO”, ou “QUANDO o CORPO NÃO AJUDA, a CABEÇA SOFRE”, invertendo o ditado popular. A saúde dos dois intelectuais sul-rio-grandenses constitui uma pequena amostra da verdade e preocupação deste pediatra de escol.
Como médico não ficou indiferente à força
moralizadora que os seus conterrâneos empreendem a partir 1930. Participou na
área de sua competência e a Academia
Brasileira de Medicina conferiu-lhe a titularidade de uma das suas cadeiras[3].
A
sua opção pelo Rio de Janeiro, como lugar de sua aposentadoria, foi mais uma
forma de exílio voluntário, do qual jamais voltou. Essa sua inarredável decisão
de não voltar a Porto Alegre, apesar de todos os convites, também é índice do
homem incômodo que ele se havia transformado na província para os instalados,
como Athos Damasceno (1971: 446) registra nas palavras de seu irmão, Plínio
Olinto de OLIVEIRA[4]
que: “[Olympio Olinto de Oliveira] sofreu
pelos preconceitos de uma sociedade de Provinciana. Não era bem que um doutor
gostasse de poesia, não era bem que um médico fosse músico, não era bem que um
clínico praticasse esportes. Mas, a tudo ele resistiu”[5] .
As agressivas e contundentes
iniciativas de Olinto jogaram muito além dos costumes, hábitos e tabus do seu
tempo. Essas iniciativas e denúncias iam muito além da propaganda da adoção de
uma simples taylorização na qual a modernidade industrial estava se apegando e
transformando o cuidado com a vida em algo anacrônico, mesmo no exercício da
medicina. Olinto descreveu numa das suas conferências (in Gonçalves Vianna, 1945, p.
100) uma acida crítica à
sua própria profissão: “a moda é cousa tirânica, e a
medicina é mulher. Como tal, ela tem medo louco a duas coisas – perecer velha e
ridícula, vestindo uma roupa velha e não ter automóvel”.
Contudo, no final do século XX, em Porto
Alegre, são três instituições em atividade ainda: o Instituto de Artes, a Faculdade de Medicina
e a Academia Sul-Rio-Grandense de Letras. A memória de Olinto confunde-se nelas
com as suas próprias origens. No Instituto, ainda em vida do seu
fundador, o cultivo de sua memória, gerou um movimento que passou para as
páginas das atas da Comissão Central. O sistema de ensino público atribuiu o
nome de Olinto de Oliveira uma unidade da rede (Ferreira Filho,1977) situada na Rua da República, na capital do estado.
[1] - Gonçalves Vianna, 1945, p.156 – in Boletim do MESP ano 1, n°s 1 e 2, capa final,
jun.1931
[2] PREDIO
do MESP http://www.archdaily.com.br/br/786960/avancam-os-trabalhos-de-restauro-do-palacio-gustavo-capanema/572cc135e58ece52960000eb-avancam-os-trabalhos-de-restauro-do-palacio-gustavo-capanema-foto
O MINISTÉRIO da SAUDE separou-se em 1953 do MES
http://www.anm.org.br/conteudo_view.asp?id=2227Essa cadeira seria ocupada, a partir de 1999, por Mário
Rigatto (1930 – 17.01.2000)[3], outro
médico sul-rio-grandense de grande autonomia no seu agir ético e profissional.
[4] Plinio OLINTO de OLIVEIRA (1896-1956) https://pt.wikipedia.org/wiki/Plínio_Olinto
Irmão
de OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA
[5] - Ver também in Webster, 1983, p.14.
Fig. 19 – O nome do Grupo Escolar Olympio Olinto de Oliveira de Porto
Alegre presta uma homenagem ao médico pediatra motivado pelas Ciências e pelas Artes. Esta instituição escolar, voltado
para a educação da infância, continua e materializa o pensamento e as
preocupações deste pediatra.
A cidade de
Porto Alegre dedicou o nome de Olinto de Oliveira a um logradouro público.
Retrato de OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA de autoria de Francis PELICHEK
(1896-1937) inaugurado no 05.07.1928 no IBA-RS
Fig. 20 – A vontade da Comissão Central do
Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul de destacar e homenagear Olympio Olinto de Oliveira (1866-1956) foi continuado.. Aos olhos e inteligência dos membros desta mantenedora cresciam
apareciam e se acumulavam os resultados educacionais, culturais e
estéticos das sementes plantadas com mão firme e segura em hora oportuna pelo presidente do
Instituto entre 1908 até 1920. Vinte anos após a fundação dc Instituto o
artista tcheco Francis Pelichek foi encarregado passar para tela e tinta os traços fisionômicos do fundador.
Esta pintura foi e exposta em lugar nobre e solenemente inaugurada pela
Comissão Central no dia 05 de julho de 1928.
O
presidente do IBA-RS, José Coelho Parreira, prometeu, no dia 15 de dezembro de
1926, inaugurar o retrato de Olinto de
Oliveira, numa das salas do Instituto no início do ano escolar de 1927,[1].
Em 15 de julho de 1927 o presidente comunicou que o retrato já havia sido
colocado[2].
Contudo ainda faltava uma ocasião, no 11 de agosto do mesmo ano, para a homenagem, fato que em 18 de maio de
1928, também não tinha ocorrido. Diante de tantas postergações, o Dr. Carlos
Ferreira de Azevedo, vice-presidente do Instituto, não querendo mais compactuar
com as sucessivas procrastinações da homenagem pública a Olinto de Oliveira,
enviou um telegrama à Comissão Central, renunciando ao seu cargo[3].
Os membros da Comissão Central não aceitaram a renúncia e no dia 05 de julho de
1928 é finalmente programada uma homenagem digna ao fundador e por sugestão do
próprio Carlos de Azevedo[4].
De sua parte, Olinto de Oliveira, jamais esqueceu o Instituto. Manteve ativos e
constantes contatos epistolares
[1] - Livro nº I das Atas do
CCIBA, f. 39v
[2] - Livro nº I das Atas do CCIBA, f.42f
[3] - Livro nº II das Atas do CCIBA, f.7f
[4] - “Se equiparasse o Dr. Olinto de Oliveira aos membros beneméritos já
existentes, reformando-se para tal fim, oportunamente, os estatutos, nesse
particular”
Livro nº II das atas do CCIBA f .9f.
Estavam, na categoria, na qual se desejava incluir Olinto de Oliveira,
apenas os dois governadores do estado, Carlos Barbosa Gonçalves e Antônio
Borges de Medeiros. Para incluir o nome, desse
último, a Comissão Central havia
reformulado no final de 1927 os estatutos
Fig. 21 – Victor Bastian- vice presidente e sucessor de Olympio
Olinto de Oliveira – lê o texto da carta do fundador do IBA-RS-RS, no dia 14 de
novembro de 1941, véspera do DIA da REPÚBLICA, no ato da colocação solene da
pedra fundamental do novo prédio construído em menos de dois anos sendo
inaugurado, em pleno funcionamento, no dia 01 de agosto de 1943. Este prédio foi construído ao longo
da II GUERRA MUNDIAL e simultaneamente com o novo prédio do MESP. Uma massa de
2.000 legionário, vindos de todo o Brasil foram solidários e colaboraram para
materializar este projeto audacioso para o este tempo, lugar e sociedade. O
pensamento de Olinto de Oliveira mostrava
o seu vigor, de novo, e o acerto de sua persistência...
No
lançamento da pedra fundamental do novo prédio em 1941 ele delega a sua representação e a sua
fala ao seu antigo Vice Presidente e seu sucessor Victor Bastian. Na
mensagem enviada para os festejos do cinquentenário da Faculdade de Medicina,
ele inicia as recordações com as mais
elogiosas referências ao Instituto[1].
Fig. 22 – A campanha para a novo prédio do
IBSA-RS continuo e expandiu e materializou o pensamento do médico pediatra Olympio Olinto de Oliveira. Prédio
construído no mesmo terreno - por ele
havia adquirido – aproveitava, expandia
e multiplicava o espaço para as Artes. Prédio
erguido pelo IBA-RS na autonomia - como havia sido criado em 1956 - mobilizou
toda a classe artística e cultural sul-rio-grandense e brasileira numa legião
de 2.000 contribuintes locais e nacionais Olinto de Oliveira mandou uma carta aos seus
sucessores na direção do IBA-RS e lida publicamente no momento da colocação da
pedra fundamental da nova edificação (fig.21).
10 – O PENSAMENTO de Olympio Olinto de OLIVEIRA e o
seu legado institucional.
Olinto dedicou a sua existência, como médico
e pediatra, aos cuidados com a vida. Mas
através da arte conseguiu transcender aquilo que é fatalmente é consumido pela
natureza. A competência profissional, arduamente conquistada, permitiu-lhe
usar, no meio social, a liberdade para defender, tanto a ciência como a arte.
Esse combate foi comandado pela ética. Essa ética tornou-se lúcida por uma
consciência dos limites que foram dilatados na saúde, educação, letras e arte.
Conseguiu transformar o ensino em educação. O seu pensamento ganhou forma e
observadores, através da linguagem escrita manejada, por ele, com precisão cirúrgica. Essa precisão retornou ao
seu autor que tornou capaz de exercer uma reflexão e avaliação que o
autorizavam a intervir no lugar, tempo e na forma exata. Se aceitarmos o
democrata como ‘o cidadão que é capaz de
representar, em si mesmo o todo no qual vive,’ Olinto de Oliveira teve,
durante toda sua ação pública, essa visão ampliadora do mundo no qual vivia.
Criou o Instituto como uma obra que o iria transcender consciente de estar
representando uma parcela significativa do todo cultural no qual vivia. Com
esse objetivo tenta vencer a fatalidade e a contingência da vida transformando
o seu tempo, sua vida, sua ações em objetos da História não só como objetos
dignos de serem preservado, mas capazes de revelar a verdade da qual nasceram.
Fig. 23 – A vida, a obra e o pensamento do médico pediatra Olympio Olinto de Oliveira (1866-1956) responderam e foram coerentes com o seu
tempo, lugar e sociedade. Nesta deslizar através do TEMPO
(diacronia) e coerente com estava acontecendo nos seu PRESENTE (sincronia) Olinto
soube escolher, evidenciar e praticar aquilo que o seu juízo, sua razão e seus
limites lhe ditavam. Este ENTE - que respondia pelo nome do OLYMPIO OLINTO de
OLIVEIRA - não deixava escapar de suas mãos
as menores oportunidades para
EXPRESSAR a sua AUTONOMIA. Expressões realizadas, no âmbito dos seus evidentes limites e desta dupla competência
do seu TEMPO e do seu PRESENTE.
[Clique
sobre o gráfico para poder ler]
Resumindo, podemos afirmar que Olinto foi
capaz de exercer as suas variadas competências dentro dos limites nos quais
viveu. Com tal ele estava na autonomia e, sua obra, ainda continua sendo cultivada como
valor que deve ser-lhe atribuída
conforme registra
Arendt (1983, p.273).
“É elemento
indispensável para a nobreza humana acreditar que a individualidade do homem, o
sujeito ultrapassa em grandeza e em importância tudo aquilo que ele pode fazer
ou produzir. O que salva os grandes talentos, é que as pessoas que carregam os
fardos permanecem superiores a aquilo que fazem, ao menos enquanto a fonte
criadora permanecer viva, pois essa fonte brota de que eles são, ela é exterior
ao processo da obra, e independente do papel que eles cumprem”
Estamos de novo face ao horizonte traçado
por Aristóteles (1973,
p.343 114a 10 ) para a arte “toda a arte visa a geração e se
ocupa em inventar ...e cuja origem está no
que produz, e não no que é produzido”. O mesmo poderia ser dito do grupo que esteve sob a sua liderança. Pois
o conjunto do Instituto pode ser examinado como um núcleo de competências que
foi plasmado por esse grupo fundador. Esses reais valores permaneceram no tempo
e se reproduziram, mantendo o seu significado original. A rigidez dos limites
da estrutura adotada por esses mesmos cidadãos e colocada acima das suas
personalidades individuais, para proteger essa fraca vida institucional numa
possível anomia das leis que eles
criaram e inspiradas na ampla visão do Olinto de Oliveira, continuou, mesmo
para além da Comissão Central e o seu espaço. Esse espaço gerado por essa
Comissão, prevendo a anomia na oposição entre a instituição e a arte, foi
ocupado pelos docentes. Esse novo grupo foi desafiado a mostrar efetivamente a
sua competência para assumir todo esse espaço e os limites do Instituto que
Olinto de Oliveira havia traçado e representado.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS relativas a OLINTO de
OLIVEIRA
Anais da Faculdade de Medicina de Porto
Alegre. Porto Alegre:
Globo Jan. dez, 1948 66 p. il. Fotos
Boletim do Ministério de educação e Saúde
Pública. Rio de Janeiro Ano i
nºs 1 e 2 jan-jun
1931 – última capa externa
Correio do Povo. Porto Alegre. 1895-1920: destaque para dia
20.10.1898 05.11.1898 (distingue
positivismo de comtismo)[1]
CORTE REAL, Antônio. «O
Instituto de Artes na Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (1908-1962)»
in Subsídios para a História da Música
no Rio Grande do Sul. 2.ed. Porto Alegre: Movimento, 1984. pp.234-289.
DAMASCENO, Athos. Artes plásticas no Rio Grande do Sul.
Porto Alegre: Globo. 1971, pp. 444/9.
ELVO CLEMENTE « 95 anos de Academia» in Correio do Povo. Porto Alegre, ano 102, no 66, p.4, dia 05.12.1996
FIGUEIREDO, Gastão de,
et alii. Olinto de Oliveira: poliantéia. Rio de Janeiro: IBGE,.1953.
110p.
GONÇALVES
VIANNA (Raymundo).Olinto
de Oliveira. Porto Alegre: Globo,1945. 161p.
MARTINS, Ari. Escritores do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre: UFRGS,1978. 636 p.
OLIVEIRA, Olinto de. Relatórios de 1909 a 1912 do
Instituto de Bellas Artes do Rio Grande
SuL apresentados pelo Presidente Dr. Olinto de
Oliveira. Porto Alegre: Globo, 1912. 41 p. + estatísticas.
REIS GARCIA, Rose Marie. Educação musical e o Instituto
de Belas Artes. Porto
Alegre: IA – UFRGS 1988 (mimeografado sem paginação).
ROCHA ALMEIDA, Gen. Antônio
da. - «Professor Dr. Olímpio Olinto de
Oliveira» in Vultos da Pátria.
Porto Alegre : 1964, vol.II, pp.233/39
RODRIGUES, Cláudia Maria Leal. Institucionalizando
o ofício de ensinar: um estudo
histórico sobre a educação musical em Porto Alegre (1877-1918). Porto Alegre: Departamento de Música
IA-UFRGS, dissertação, 2000. 236 fls[2]
SOUZA NEVES, Carlos de. Ensino
superior no Brasil. Rio de
Janeiro : MEC-INEP 4v. 1969.
SOUZA CAMPOS, Ernesto. Educação Superior no Brasil: esboço de um quadro histórico de
1549-1939. Rio de Janeiro: Ministério de Educação, 1940. 611p.
____. História da Universidade de São Paulo. São Paulo: USP, 1954. 582p.
WEBSTER, Maria Helena et alii Do
passado ao presente: as artes
plásticas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Cambona, s/d. 83p.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS TEÓRICAS CITADAS
ARENDT, Hannah (1907-1975) Condition
de l’homme moderne. Londres: Calmann-Lévy 1983. 369 p. https://fr.wikipedia.org/wiki/Condition_de_l%27homme_moderne
ALMEIDA PRADO, J. F. Tomas Ender. São Paulo:
Melhoramentos, 1955. p.383.
ARISTÓTELES
(384-322).
Ética
a Nicômano. São Paulo: Abril Cultural1973. 329p
NAGLE, Jorge. Educação e sociedade na Primeira República.
São Paulo: EPU 1976. 400p.
SILVA, Hiake Roselaine Kleber de. -SOGIPA: uma trajetória de 130 anos. Porto
Alegre:Sogipa, 1997. 100p.
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA DIRETOR da FACULDADE de
MEDICINA de PORTO ALEGRE
CORREIO do
POVO - ANO 115 Nº 299 - PORTO ALEGRE, SEGUNDA-FEIRA, 26 DE JULHO DE 2010 Há um
século no Correio do Povo
INSTITUTO PASTEUR e OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA
Correio do Povo ANO 115 Nº 313 - PORTO ALEGRE, SEGUNDA-FEIRA, 9 DE AGOSTO
DE 2010 Há um século
CONFLITO
os médicos PROTÀSIO ANTÒNUI ALVES e OLYMPIO OLINTO de OLVEIRA
José
ARAÙJO VIANNA (1871-1916) por Carlos Roberto da COSTA LEITE
http://coletiva.net/artigos/2017/07/araujo-viana-1871-1916-talento-e-pioneirismo-nos-pampas/
OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA na ACADEMIA BRASILEIRA de MEDICINA
INQUÉRITO da A B E sobre a UNIVERSIDADE no BRASIL - 1928
- INQUÉRITO LABORIAU
OLINTO de
OLIVEIRA é um dos 48 depoentes para este inquérito
PUERICULTURA no BRASIL e
OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA
http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1297124293_ARQUIVO_ANPUHNAC11IPPMG.pdf
Mário OLINTO de OLIVEIRA (1898- 1976 )
foi Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria em 1930 e 1934 e foi
homenageado por ela, ao ser indicado Patrono da Cadeira 23 da Academia
Brasileira de Pediatria.
Plinio OLINTO de OLIVEIRA (1896-1956) https://pt.wikipedia.org/wiki/Plínio_Olinto
Irmão de OLYMPIO OLINTO de OLIVEIRA
JOÂO OLINTO de OLIVEIRA (1843 - ) Pai de Olímpio e de Plínio Olinto de
OLIVEIRA
Loja “AO
PREÇO FIXO PORTO ALEGRE”
Instalação
do Conservatório da Música do IBAR-RS e ação de Olinta Braga e Araújo Vianna
ORIGENS do
INSTITUTO de ARTES da UFRGS
SIMON, Cirio - Origens do Instituto de Artes da UFRGS:
etapas entre 1908-1962 e contribuições nas constituição de expressões de
autonomia dos sistema de artes visuais no Rio Grande do Sul Porto
Alegre : Orientação KERN, Maria Lúcia Bastos .PUC - RS, 2003—570 p..- versão
2012. em DVD Disponível digitalmente: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/2632/000323582.pdf?sequence=1
DOMÍNIO PÚBLICO http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp000043.pdf
[1] A maioria dos artigos do Correio do Povo, assinados por Maurício
Bœhm, tem por tema a Música. Entre as crônicas relativas as artes visuais,
recuperadas pela pesquisadora Cláudia Maria Rodrigues, podem ser citados ‘Romualdo Prati’(12.07.1896) ‘Litran’(20.11.1896), ‘Libindo Ferrás’(13.02.1897, ‘Bellas Artes – Pedro Weingärtner’(
Domingo 03.07.1898) e ‘Pedro Weingärtner’
(11.12.1898). Uma noticia sobre uma escola e uma pinacoteca em Curitiba sob o
título ‘Bellas Artes, Escola de Bellas
Artes e Industriais do Paraná e Pinacotheca’ se, não escrito por Olinto, o
deve ter motivado para a criação do Instituto de Belas Artes. (Correio
do Povo, ano 3 , no 191, em 24.08.1898). Para Maurício Bœhm ver Damasceno 1971, p.239
[2] O pensamento e as crônicas de Olímpio Olinto de
Oliveira estão sendo resgatados e
sistematizados pela pesquisadora Cláudia Maria Gonçalves, do programa de
pós-graduação de Música do Instituto de Artes da UFRGS sob a orientação da
Profª Drª Maria Elizabeth Lucas.
Este
material possui uso restrito ao apoio do processo continuado de
ensino-aprendizagem
Não há pretensão de lucro ou de apoio
financeiro nem ao autor e nem aos seus eventuais usuários
Este material é
editado e divulgado em língua nacional brasileira e respeita a formação
histórica deste idioma.
NORMAS
do CREATIVE COMMONS
ASSISTÊNCIA TÉCNICA e DIGITAL de CÌRIO JOSÉ SIMON
Referências para Círio SIMON
E-MAIL
SITE desde 2008
DISSERTAÇÃO: A Prática Democrática
TESE: Origens do Instituto de Artes da
UFRGS
FACE- BOOK
BLOG de ARTE
BLOG de FAMÌLIA
BLOG “ NÃO FOI no GRITO” - CORREIO BRAZILENSE 1808-1822
BLOG PODER ORIGINÁRIO 01
BLOG PODER ORIGINÁRIO 02 ARQUIVO
VÌDEO
CURRICULO LATTES