sábado, 31 de janeiro de 2015

ESTUDOS de ARTE 006

AQUELE que APRENDE COMANDA o PROCESSO.
Foto colorida, da aula de  um professor russo  registrada em 1912  do fotógrafo  Sergei Mikhailovich Prokudin-Gorsky (1863-1944).
Fig. 01 – Os seres vivos buscam os meios de seu pertencimento e de sua aceitação no seu grupo, na sua etnia ou na sua cultura.  . Quanto mais complexa, antiga e elaborada, esta cultura, tanto mais demorado e difícil é este processo. Esta complexidade diversifica, ao mesmo tempo,  as concepções, as metodologias e os resultados das necessárias escolhas. No centro deste processo está a transferência, reelaboração e reprodução do acúmulo realizado por uma geração para uma nova geração que deseja conhecer, continuar e reproduzir este saber acumulado. A transmissão oral, fundada sobre códigos escritos,

Todos os sistemas de ensino centram a sua atenção sobre quem aprende. Atenção magnetizada em torno do ESTUDANTE transformado em OBJETO do seu SISTEMA. Atenção centrada na  profissionalização deste candidato a estudante num sistema onde ele necessariamente deverá ser feliz e totalmente realizado. 
Em educação isto só é possível quando alguém está dominado totalmente, anestesiado e se entrega incondicional e totalmente a quem de fato e eternamente pode propiciar estas circunstâncias absolutas. Em conclusão não existe esta realização e felicidade plena, muito menos no processo ensino-aprendizagem.   
Fig. 02 –  Apesar de toda complexidade, antiguidade e sofisticação de cultura o seu conhecimento, a sua aceitação e sua reprodução são de responsabilidade de cada ser humano. Desconhecer, transferir para outro ou se colocar na heteronomia - em face desta responsabilidade -  significa também abdicar da sanção moral, intelectual e econômica das suas ações e obras. Algo inaceitável para a autonomia de um autêntico artista.
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Isto é completamente distinto de transformar o estudante em SUJEITO de sua APRENDIZAGEM e capaz de deliberar e decidir sobre as suas competências e os seus limites.
O ESTUDANTE como OBJETO do SISTEMA é a norma da ESCOLA na ESCOLA INDUSTRIAL SUBMETIDA ao RELÓGIO, a LINHA de MONTAGEM e a ACUMULAÇÃO de ESTUDANTES, de RECURSOS e  de AGENTES num ÚNICO LUGAR. Este PROCESSO e este ACÚMULO destinam-se a realizar as tarefas ditadas por uma distante e  impessoal LINHA de DESIGN. O ESTUDANTE como OBJETO do SISTEMA é reino dos  atravessadores, dos mediadores e dos marqueteiros. Estes usam o seu PODER acumulado para comandar, por cima e por fora,  OBJETO do SISTEMA. Comandam ao estilo de LINHA de MONTAGEM. Os seus  GERENTES controlam e distribuem os lucros materiais e simbólicos nos critérios dos seus interesses. Este processo inclui a OBSOLESCÊNCIA PROGRAMAD. Quando os lucros cessam desativam esta LINHA de MONTAGEM escolar deficitária economicamente.
Fig. 03 – O chão da fábrica transformada em sala de aula. O desenho das tarefas vem de cima e voltam ao seu controle no final do processo. A cada estudante é separado rigorosa e geometricamente do seu colega. As tarefas cumprem-se  em silêncio e sem comunicação sob os ponteiros implacáveis do ponteiros ou dígitos do relógio Impensável para a formação da autonomia criativa e cultivo da deliberação e decisões a partir do estudante

Se a mesa e a gastronomia forem tomadas como índices significativos da cultura humana o fenômeno da industrialização, sua distribuição e consumo foram profundamente afetados pela era e os métodos da linha de montagem. Os produtos servidos nos fast-food, nos Mcdonalds foram modelados pelas receitas de  Frederick Winslow TAYLOR. A personalização dos produtos está fora de questão. O mesmo fenômeno ocorreu na Arquitetura na qual a era industrial tornou impossível personalizar, residências, aeroportos, prédios de fábricas sob pena de ficarem a margem do mercado imobiliário padronizado. Porém todos os produtos da era industrial carregam - profundamente no seu DNA - o processo da obsolescência programada. Os produtos da era industrial dependem desta obsolescência pois não seria possível surpreender o cliente com a moda da próxima estação.
Na medida em que as instituições escolares aderem a esta era industrial caminham para a concorrência e para surpreender os seus clientes com “produtos novos, diferenciados e originais”. O estudante é mero detalhe e só estorva esta lógica na medida em que desejar ser sujeito deste processo. Joseph Beuys deve ser esquecido,  considerado com falha e rejeito desta linha de montagem artística.
Fig. 04 –  A aprendizagem coletiva da ARTE, apesar de ser um momento altamente pessoal, encontra estímulo positivo no pertencimento a um grupo que trabalha no mesmo sentido. O único a compreender este esforço é o concorrente que trabalha lado a lado com este aprendiz e capaz de distinguir aquilo que diferencia os resultados finais de cada participante destes grupos.
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A aprendizagem das artes não escapou a este paradigma unívoco e linear. Os que não se enquadram são os naturais rejeitos ou sobras desta linha de montagem industrial.  O modelo das teses de Taylor (1980), a bem da verdade, nunca foram aplicadas de forma ortodoxa e canônica no processo ensino-aprendizagem das artes. Grandes e expressivos artistas contornaram a escola formal e coletiva.
Karl Wilhelm  STRECKFUSS (1817-1896) - Atelier de artista – 1860 - aquarela
Fig. 05 –  A condição do artista visual permite a sua concentração no processo da criação individual e garantir as condições da  permanência física da sua obra.    Este espaço individual situa-se entre o SER do ARTISTA e o MUNDO EXTERNO a qual o artista criador destina a sua criação. Na concepção da era industrial é o LABORATÒRIO EXPERIMENTAL entre a mente criadora da cientista e a aplicação TECNOLÓGICA nas linhas de montagem da fábrica. Assim uma das primeiras providência de quem quer estudara arte é ter o seu ATELIER.

Com a ERA PÓS-INDUSTRIAL é possível retomar as experiência da aprendizagem das artes a partir das provocações de um Joseph BEUYS ou as experiências ao modelo da ESCOLA de BARBIANA. Esta escola ou estética prepara a criatura humana para ser  capaz de lidar com diversos contraditórios e paradigmas.
Com o final da era industrial e as novas estruturas familiares, diminuição significativa o de filhos nos núcleos familiares. Externamente os processos de acompanhamento decorrentes da era digital, das descobertas e aplicações genéticas geraram novas circunstâncias nos processos de ensino-aprendizagem.
Fig. 06 –  A mitificação de uma obra de arte e o seu uso na pós-modernidade mostra o papel do observador, do trabalho e da fortuna das instituições e dos seus agentes profissionais. É o espaço da indústria do ócio e do lazer.  A potência da obra consiste neste peregrinar através do ESPAÇO (Weltgeist)  e do TEMPO (Zeitgeist) levando os seus múltiplos significados e os distribuindo para os mais diversos repertórios dos públicos(Volksgeist) que encontra no seu caminho.
  
Os programas de pós-graduação e os seus processos que orbitam ao redor do núcleo “orientando-orientador” mostram na prática estas novas circunstâncias.
O confronto com sistemas antagônicos abre possibilidades para as deliberações e decisões. Evidente que em qualquer sistema de ensino-aprendizagem sempre cabe o conhecimento pleno das possibilidades e os limites de diversos sistemas Conhecimento imensamente facilitados pela logística, estratégias e táticas provenientes das atuais de informações e tempo real.
Fig. 07 –  O taylorismo  é levado ao extremo no ensino de arte na atual China que une a era industrial de forma eclética com a pós-modernidade. Uma cultura que mitifica a obra de arte e seu uso reduz-se a treino de técnicas e valores estereotipados pelo marketing e propaganda de massa e ideologias.  Neste caso o MITO da ARTE como obra manual de um GÊNIO é NATURALIZADO pela sua produção em série industrial sob o comando da era digital. O estudante de arte, submetida a estas condições ecléticas, não pode esperar mais do que assimilar treinamentos técnicos.

As concepções socráticas ao redor dos conceitos e praticas da MAIÊUTICA foram continuadas na etimologia de “E-DUCERE” latina. O processo exige trazer algo do MUNDO interior ao MUNDO externo. Portanto é da competência de quem é sujeito deste parto ou nascimento
A História da Arte permite ao estudante contemplar o campo estético e perceber o que já foi realizado, o que é caduco e não é mais possível criar. 
Fig. 08 –  A individualização a projeção do repertório pessoal resultante da acultura de consumo  e acumulações compulsivas gerou estereótipos de instalações com as quais as concepções de Marcel Duchamp (1991) pouca tem a ver. A meia cultura adotou estas concepções mal digeridas e apressadamente  reproduziu no fazer inclusive em  escolas. Resultaram trapalhadas e acumulações, desta pressa no FAZER,  que não ultrapassam o mundo empírico além de serem realizados em ambientes canônicos de outros tempos.

 Os longos e subliminares hábitos sociais, políticos e econômicos precedem, evidentemente, estas deliberações e decisões dos estudantes. Nestes ambientes o MITO torna-se necessário nas concepções de Rollo May (1992)
Na educação - conduzida no âmbito da era pós-industrial - o principiante enfrenta um complexo acúmulo das informações, de diferentes testemunhos presentes nos meios numéricos digitais.  Para enfrentar se mover e construí a sua formação nestas circunstâncias o historiador Carlo Ginzburg alerta para a  necessidade de um projeto, pessoal e coletivo, para este:

A qualidade do fenômeno não é nova. O que importa é como lidar com a quantidade de informação disponível na Internet. Em primeiro lugar, há o problema de não ser esmagado pela imensidão dos dados e, em segundo lugar, de como lidar com as informações, fazendo perguntas relevantes e evitando as superficiais antes de se encontrar as respostas já criadas[1]

Torna-se penosa e temerária a ruptura com os padrões vigentes em culturas periféricas e com pouca tradição de uma sólida e experimentada  liderança cultural, simbólica e econômica. De outra parte nestas frágeis culturas e sem respaldo conceitual é temerário e arriscado qualquer discordância ou conflito com o modo de pensar do senso comum. Nelas é necessário ler e aplicar as concepções de Nietzsche (2000) que pede aos seus leitores muita atenção no que está assimilando, não o misture o OUTRO com o se próprio repertório pessoal e não os transforme logo, e de forma impulsiva, em projetos do FAZER.



[1]GINZBURG historiador analisa impactos da Internet: “Na rede, há o problema de não ser esmagado pela imensidão de dados”. In CORREIO do POVO ANO 116 Nº 61 - PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 30 DE NOVEMBRO DE 2010 p.18 Geral

http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=116&Numero=61&Caderno=0&Noticia=228609




Fig. 09 –  As condições da democracia na concepção de Joseph Beuys, estampadas numa sacola de supermercado. Certamente a DEMOCRACIA NÂO EXISTE. Ela existe e toma corpo nas suas expressões como deste artista.    As EXPRESSÔES de DEMOCRACIA se evidenciam nas medida em que enfrenta o contraditório da NÃO DEMOCRACIA .

Mary Parker Follet afirmou (in Carvalho, 1979) que no  Conflito Construtivo as divergências são extremamente importantes porque revelam uma diferença de opinião que cedo ou tarde se manifestará, de forma danosa ou não. Na educação ela enfatiza a importância e a responsabilidade de que cada ser humano seja competente para REPRESENTAR em SI MESMO o TODO a que PERTENCE. Uma obra de arte, por mais hermética, inútil ou pessoal que seja ela é portadora, no mínimo de sua forma, do máximo do seu TEMPO, LUGAR e seu AUTOR. Traz a força de uma célula viva na concepção de Maturana (1996). É da competência deste organismo vivo  interagir por meio da membrana formal, selecionar aquilo que é da sua natureza intrínseca e eliminar aquilo que não é.
Fig. 10 –   Francisco Brilhante (1901-1987), depois de sua formação na Escola de Arte do IBA-RS e uma rápida passagem pelo Rio de Janeiro,  enfrentou solitário a ação de praticar a sua arte a vista de todos. Democratizou esta ação em  Porto Alegre transferindo o seu atelier para onde estava o povo.  Rompeu com o mito do ARTISTA GÊNIO ou SAGRADO, contudo não renunciou a estar vestido como para uma festa.  Estava livre de patrões, de mediadores e de atravessadores, afirmando assim a sua autonomia.

O exercício e os trabalhos do processo ensino aprendizagem necessitam afastar-se tanto da MITIFICAÇÃO com da NATURALIZAÇÃO. Esta MITIFICAÇÃO é terreno fértil de ideologias. Ideologia que é império  dos  atravessadores, dos mediadores e dos marqueteiros que prometem o que não conseguem concretizar e entregar ao estudante. Enquanto a NATURALIZAÇÃO é o retorno ao mundo da entropia, do caos primordial e a barbárie do mais forte ou esperto.
O ARTISTA de RUA em AÇÂO em PORTO ALEGRE no dia  04.04.2014
Fig. 11 –  Os continuadores da obra de Francisco Brilhante em ação na Rua da Paria de Porto Alegre. O artista sabe que ele precisa estar onde está o povo numa concepção democrática.  Com este gesto rompe o mito do ARTISTA GÊNIO ou SAGRADO.  Este afirma a sua autonomia Na medida em que ele estiver consciente em praticar esta ação, e não se deixar corromper pelo aplauso ou deixar se abater pela desconsideração. Evidente qu esta autonomia resulta de sua formação e do convívio e interação com os demais artistas. Porto Alegre contava, em 2014, com um time de 12 praticantes desta autonomia.

Superado o surto da  MITIFICAÇÃO do NOME do ARTISTA não é possível a sua  NATURALIZAÇÃO que é reino do “ECLETISMO refúgio de todas as covardias”  na concepção de Mario de Andrade (1955).
Ainda que o artista disponha das técnicas manuais, os recursos da produção industrial e o acúmulo das informações da era pós-industrial nada o livra da INTEGRIDADE INTELECTUAL, ESTÉTICA  e ECONÔMICA.  A sanção moral, intelectual e material dos seus atos e obras o impulsiona a fazer o caminho ainda que “não haja caminhos” nas trilhas do poeta Antônio Machado (1995).

FONTES BIBLIOGRÁFICAS.
ANDRADE, Mário.  Curso de Filosofia e História da Arte. São Paulo: Centro de Estudos Folclóricos,1955. 119 f.

CARVALHO, Maria Lúcia R.D.  Escola e Democracia. Subsídios para um Modelo de Administração segundo as Ideias de Mary Parker. Follet (1869-1933).  São Paulo: E.P.U. Campinas, 1979. 102p.
MATURANA R., Humberto (1928-) e VARELA. Francisco(1946-).El árbol del          conocimiento: las bases biológicas del conocimiento humano. Madrid: Unigraf. 1996, 219p.

DUCHAMP, Marcel, «L’artiste doit-il aller a l‘université?» in Duchamp du signe. Paris:  Flammarion 1991
GINZBURG, Carlo  “historiador analisa impactos da Internet: “na rede, há o problema de não ser esmagado pela imensidão de dados”. In CORREIO do POVO ANO 116 Nº 61 - PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 30 DE NOVEMBRO DE 2010 p.18 Geral
http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=116&Numero=61&Caderno=0&Noticia=228609
MACHADO, Antonio. «De Campos de Castilla» in .Antología poética. Madrid: Alianza. 1995.  pp.31 – 70.

MAY, Rollo.  La necesidad del mito: la influencia de los modelos culturales en el mundo  contemporáneo. Barcelona: Paidos Contextos, 1992. 297p.

NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900) Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.      

TAYLOR , Frederick Winslow (1856-1915).  Princípios de administração científica.           7. ed.  São Paulo: Atlas, 1980, 134 p.

FONTES NUMÉRICO-DIGITAIS.
A ARTE e CRIANÇA conforme Herbert READ (1893-1968)

ARTE e POBREZA

ESCOLA de BARBIANA

ENSINO MÚTUO – Escolas

DECLINIO da ARTE na GRÃ BRETANHA?

FABRICA de ARTISTAS

GORSKY –   Sergei Mikhailovich Prokudin-Gorsky (1863-1944).  fotos cor 1912

IMAGENS UNIVERSITÁRIAS

MAIÊUTICA

Mary Parker. Follet(1869-1933). 

POSSIVEL INOVAR  por meio de TRADIÇÂO ALHEIA ?

PRÁTICA DEMOCRÁTICA na ESCOLA
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Referências para Círio SIMON








quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

ESTUDOS de ARTE 005

ESCULTORES do RIO GRANDE do SUL
SABEM FAZER a SUA HORA
Fig. 01 – O simpático, acessível e democrático CENTRO CULTURAL ÉRICO VERÍSSIMO  acolhe uma formação grupal de artistas da Associação de Escultores do Rio Grande do Sul. O objetivo deste evento é mostrar o potencial destes artistas para cumprir a Lei Municipal de nº 10.036 de 08 de agosto de 2006. . As obras são propostas tridimensionais com potencial para  integrarem em espaços e prédios públicos e particulares.

Os escultores do Rio Grande do Sul estão contrariando velhos hábitos, dependências e mesquinharias provinciais. Enumeram-se aqui dez razões e contradições que os escultores no Rio Grande do Sul transformam em complementariedades. Complementariedades arduamente construídas por este grupo com o objetivo de que suas obras tridimensionais. A exposição oportuniza conhecimento recíproco, visitas e juízos do público, dos empreendedores e das autoridades. Visitas, apreciações e compreensão das suas ações, projetos e realizações. Uma nova geração emergente sem medo do veredito e nem mesmo teme o contraditório. Só assim será possível uma memória coletiva de acertos e que comprovem materialmente a sua atuação do que, a seguir,  se afirma em dez tópicos.
Fig. 02 – Os artistas da Associação de Escultores do Rio Grande do Sul possuem qualificações para interagiram positivamente com a Arquitetura e Urbanismo. O cumprimento da  Lei Municipal de nº 10.036 de 08 de agosto de 2006  é possível em Porto Alegre. . Se a Lei precede o fato é na medida e no sentido formal em que todas as civilizações são artificiais. A Arte acrescenta -  aos espaços e prédios públicos e particulares - o sentido pela qual a existência humana ganha plenitude e permanência. A Arte é  a expressão maior das interações sociais, econômicas e culturais e uma vida justa, verdadeira e bela.

Em primeiro lugar trabalham em grupos, sabem delegar funções e trabalhar com mente, vontade e coração. Isto não significa que contornam excomunhões reciprocas. Como bons sul-rio-grandenses não temem confrontos herdados da escultura missioneira contra a importação da escultura, de mentalidade e estátuas não coerentes com o seu tempo e lugar. Na prática da escultura no Rio Grande do Sul quando alguém é imperial pode esperar chumbo dos farroupilhas. Maragatos e chimangos não se perdoam entre si. Trabalham em bandos tendo - ou não - um líder paradigmático, centralizador e consagrado.
Lucas STREY 1986- O que há entre o positivo e negativo -2010  Resina, fibra de vidro e gesso
Fig. 03 – O referencial da figura humana ainda não encontrou limite A era pós-industrial possui ao seu dispor formas, temas e motivações das quais o artista pode-se valer livremente. Se de um lado o meio é a mensagem do outro esta mensagem pode informar, modificar e se comunicar sem barreiras e patrulhamentos estéticos. Os limites da Lei Municipal de nº 10.036 de 08 de agosto de 2006 não é contraditório com a liberdade do artista. Na medida em que este for competente e com um repertório seguro e com técnica experimentada e dominada ele transforma esta aparente contradição em complementariedade e em comunicação eficiente e segura na qual o espectador se sente a vontade.

Em segundo lugar o trabalho e a criação precedem, para os escultores do Rio Grande do Sul, aos reconhecimentos, prêmios e encomendas. Não desprezam eventos, publicidade e boa circulação das suas obras. Mas não invertem e colocam o carro diante dos bois. Não confundem propaganda, marketing, eventos com a publicidade da obra de arte que precede qualquer comunicação. O melhor e duradouro marketing é a obra que dispensa a presença física do seu autor após a sua criação, Esta obra ganha, no mínimo de sua forma, vida própria, materializa sentimentos e é portadora da mensagem do seu autor, tempo e lugar.
Ana HOMRICH 1946 -sem título -  2010 - dobragem de aço
Fig. 04 – A tridimensionalidade e a luz estão presentes tanto no mundo físico como no mundo criado pela criatura humana. Na medida em que são acessíveis, tanto ao artista como ao seu observador, constituem uma fonte permanente de interações e sugestões formais. Perpassados pela luz modificam-se constantemente mesmo estando fixos e imóveis..

Em terceiro lugar os escultores do Rio Grande do Sul sabem das suas competências e seus limites. Circulam por todas as civilizações e tempos. Com esta circulação atualizam a sua INTELIGÊNCIA. Porém a sua PESQUISA a CRIAÇÃO  dão-se em outra realidade, tempo e lugar. Sabem que qualquer heteronomia da sensibilidade, vontade e saber alheio lhes tiraria qualquer mérito e sanção das suas obras como únicas. Seriam meros prosélitos e prolongamento de outras civilizações para o qual produziriam “algo já consumido” e que estas culturas superiores olhariam com pena e não colocariam nas suas narrativas. É necessário estudar, entender e até treinar as técnicas alheias. Mas o a História da Arte serve basicamente para não fazer o que outros já fizeram ou são mais competentes para fazer.
Mário CLADERA 1958 - sem título  2014 ferro - solda.
Fig. 05 – As obras dos  Escultores do Rio Grande do Sul mostram o experimentalismo, a abundância de materiais tridimensionais e o domínio das técnicas colocadas à disposição dos seus  projetos. As diversas técnicas destas obras dialogam, diferenciam  e permitem as mais variadas propostas tridimensionais na sua integração  em  espaços e prédios públicos e particulares. 

Em quarto lugar os escultores do Rio Grande do Sul aprovisionam a sua logística material com que é do seu lugar e tempo. Com as suas circunstâncias criam documentos e índices da sua sensibilidade. As caras e sofisticadas técnicas e materiais podem induzir a um cuidado formal a um artesanato primoroso. Porém não pode ser o túmulo da ideia, da sensibilidade e ser a razão da paralisia da mão do artista. Picasso valia-se das tintas industriais e do material que estivesse ao seu alcance e sobre o qual deixava a sua sensibilidade, ideia e vontade criativa.
Mariza FISCHER 1955  Despontar   2014 terra cota e pintura a frio
Fig. 06 – A disciplina formal num espaço físico limitado - antes de ser um limite - é uma oportunidade de exploração formal. Por menor que seja este espaço físico ele sempre é um contínuo.  Leonardo da Vinci afirmava “todo contínuo pode ser dividido em infinitas partes”.  O domínio deste contínuo  incentiva e gera  propostas tridimensionais com potencial para integrarem e interagirem com os espaços contínuos dos prédios públicos e particulares.

Em quinto lugar não renunciam ao fato de que a “arte está em quem a faz”, por mais humilde para o leigo, imperceptível ao público e coerente para o erudito seja a sua linguagem tridimensional.  Seguem a sadia norma psicológica buscando serem os melhores nos infinitos e ainda inexplorados caminhos da arte em três dimensões num pais e na cultura onde tudo está para ser feito.
Maril ARAÚJO 1956 -Espaço arte  2015 chapa  de aço e pintura automotiva
Fig. 07 – O movimento sugerido pelo percurso visual aberto dispensa as molduras, os limites e se aventuras plásticas que buscam o infinito externo do espeço. Obras com este tendência estética  são propostas tridimensionais para interagir com espaços e prédios públicos e particulares.

Em sexto lugar os escultores do Rio Grande do Sul não se autonomeiam “artistas”. Sabem que há muita dúvida se as Esculturas Missioneiras eram “arte”,  mesmo passados três séculos de sua criação. As suas obras ocas inclusive serviram de cochos para servir o sal ao gado nas primitivas fazendas do Rio Grande do Sul. As obras de escultura irão afirmar-se como índices dos se tempo e lugar. Esta afirmação e sobrevivência virão no teste do TEMPO com o trânsito em LUGARES diferentes nos quais serão portadores do máximo de seu conteúdo no mínimo e na fragilidade de suas formas físicas.
Henrique RADOMSKY 1946 - Bailarinas  - 2003 alumínio fundido
Fig. 08 – As formas plásticas tridimensionais colocadas entre a figuração, o sonho e a fantasia ganham aliados nos materiais e nas técnicas contemporâneas. Técnicas, materiais  e sonhos contrariam o mundo cartesiano da rigorosa e onipresente  moldura geométrica  dos prédios públicos e particulares.  No seu contraste conferem destaque aos  espaços tridimensionais dominados pela era e perla lógica da máquina e da era industrial..

Em sétimo lugar os escultores do Rio Grande do Sul evitam o alfinete nas costas ao modo dos insetos raros. Nomes de escultores  organizados em vistosas vitrines que é prenuncio de morte, impotência e heteronomia do entomologista estético. Entomologista que se quer e se percebe por cima e por fora e cujo projeto está longe de ser incluído com um alfinete nas costas e exposto nos seus quadros.
 
 Rogério LIVI 1945 -coluna sem fim  - 2000 - madeira
Fig. 09 – A madeira das florestas brasileiras empresta seu material orgânico para compensar as rígidas formas e ângulos retos e os fios das quinas  geométricas. Nesta obra Rogério Livi se avizinha da linguagem não figurativa do Padrão Infinito islâmico este sentido. Esta linguagem  interage com os espaços tridimensionais e prédios públicos e particulares. Os seus observadores encontram  repertórios os mais variados conformados com estado emocional, intelectual e etário.

Em oitavo lugar este pequeno grupo de escultores do Rio Grande do Sul - que expõe em pleno verão mês de janeiro em Porto Alegre - desafia e contradiz todo o calendário cultural que busca o pós carnaval, o reinício das aulas e o outono mais favorável para a socialização das suas obras.
Antônio Augusto BUENO 1972 -s. título  2010 - ferro cerâmica arame
Fig. 10 – O espaço vazio - marcado com raras e poéticas formas repetidas e com os vestígios das manipulações - é marca registrada de Antônio Augusto Buenos. Ele as vem seguindo esta marca de um projeto defendido dentro no Instituto de Artes da UFRGS e os cultiva com coerência e continuidade. Este projeto e proposta tridimensional possui pleno potencial para interagir com espaços e prédios públicos e particulares.

Em nono lugar esta postagem evita citar nomes que levariam a fatais comparações. Toda comparação é odiosa. Assim este texto apenas comunica e  torna publico para registrar o fato e que cada expectador ou concorrente possa verificar este fenômeno da escultura no Rio Grande do Sul no seu estágio, potencialidade e limites atuais.
Tânia RRESMINI 1951 - sem título -  2012 – cerâmica.
Fig. 11 – A argila está onipresente foi usada abundantemente, em todos os tempos e lugares,  como material de suporte das mais variadas concepções e projetos das civilizações mais primitivas até as mais sofisticadas e complexas.  . A argila não perdeu o seu lugar na civilização pós-industrial. Ao contrário,: o seu uso ganhou sentido, técnicas e continua a ser a base material  obras tridimensionais que integrarem em espaços e prédios públicos e particulares.

Em décimo lugar no novo milênio e no início do século XXI está surgindo uma nova geração de escultores que possui outra realidade e motivações diferentes daqueles dos ícones da Escultura do Rio Grande do Sul do século XX. A era pós industrial contornou os “gênios” as personalidade da propaganda, marketing e um mercado acomodado que - antes de mais nada - quer investir em “valores seguros” decorrentes de uma acumulação, seleção e circulação de retornos financeiros da obra de arte. Assim tanto produtores, público e mercado de arte necessitam adequar-se a este TEMPO e LUGAR. Certamente isto é difícil para que não sabe, ou não consegue, praticar rupturas epistêmicas, estéticas e de valores cristalizados.
Fig. 12 – A Escultura se materializa na tridimensionalidade e necessita que seu observador se desloque e a aprecie em obras em 360º paras entender, apreciar e forme um juízo adequado à sua natureza estética. Não há barreiras físicas para este deslocamento do observado colher o ponto de vista e a luz  adequada. A Lei Municipal de Porto Alegre dee nº 10.036 de 08 de agosto de 2006 ira ajudar esta múltipla apreciação nos ambientes públicos como nos prédios públicos e particulares.

A clássica bibliografia consagratória - impressa na maquina indústria linear - deu espaço para o mundo numérico digital e de múltiplas entradas e saídas. Proliferam sites, blogs, e a comunicação quotidiana das redes sociais dos escultores e grupos pontuais e eventuais. Porém a ERA PÓS_IDUSTRIAL possui a competência de incorporar tudo o que se produziu na ERA INDUSTRIAL Para a cultura do Rio Grande dos Sul são incontáveis as pesquisas, as obras escritas e impressas de Armindo Trevisan na sua pesquisa da Escultura Missioneira n e os escultores da ativos em Porto Alegre na década de 1980. O Dicionário de Renato Rosa e Décio Prestes perfila os nomes, e o registro o sentido privado da fortuna mercadológica e jornalística de escultores que não acorreram ao evento de 2015. José Francisco Alves enfoca o sentido público da produção escultórica em Porto Alegre em todos os tempos e de cuja motivação esta amostra é um índice.  
Fig. 13 – O acessível CENTRO CULTURAL ÉRICO VERÌSSIMO  encontra-se ao nível do chão da Rua da Praia. Centro criado no início do século XXI e com  intenso acompanhamento do CONSELHO ESTADUAL de CULTUR está responde centavo a centavo o que foi autorizado pela Lei de Incentivos à Cultura (LIC).  Contando com  qualificado grupo de profissionais sabe manter com intensa e coerente programação.

Agentes do poder publico  sabem que a nossa civilização é uma criação artificial. A lei precede os fatos e atos com o objetivo de dar corpo, consistência e coerência a esta criação artificial a que se praticam ou evitam no âmbito da civilização. As narrativas escritas e visuais perfilam-se nesta criação artificial desta civilização. Os estudiosos do fenômeno da expressão humana trabalham para codificar e tornar legível e comunicável as expressões artísticas.
Em resumo toda esta produção da expressão humana exposta na presente postagem já pertence ao Terceiro Milênio e realizada no território do Rio Grande do Sul. Toda esta atualidade,  energia e competência não podiam deixar indiferentes os agentes do poder publico e nem pesquisadores continuadores destas manifestações.
Resta reforçar a experiência física das obras apresentadas sobre a própria Associação dos Escultores do Rio Grande do Sul impõem. Cada artista deste grupo extrai sentido e motivação  desta experiência física do evento  e de cada obra de seus colegas. Ao grupo de fora - dos observadores -  será de uma riqueza ímpar acompanhar a evolução de cada escultor desta associação. A escolha e a atenção e os juízos dos observadores ao acompanhar a experiência física e os desdobramentos da produção de o currículo um dos seus membros irá criar um forte vínculo, uma memória positiva e vontade de pertencimento a esta esfera simbólica. Vínculo que reforça o sentido civilizatório deste projeto positivo e  altamente compensador de tantas experiências negativas e malogradas a que todos os humanos estão sujeitos. O leitor da presente postagem possui pleno direito e autoridade para contradizer as concepções, texto e conclusões do autor desta narrativa.  
Fig. 14 – Os artistas da Associação de Escultores do Rio Grande do Sul foram   motivados pelo destaque para a Lei Municipal de Porto Alegre - que recebeu o nº 10.036 de 08 de agosto de 2006.  Com esta exposição  eles se dizem presentes na capital sul-rio-grandense e pedem passagem. Os seus argumentos são o seu currículo, as suas obras e a união da categoria.  Não estão só pensando que OUTRO MUNDO É POSSIVEL, Mostram e materializam - com suas obras e sua vontade coletiva -  que este MUNDO pensado e materializado pela  ARTE já esta acontecendo no  CENTRO CULTURAL ÉRICO VERÌSSIMO  e pleno VERÂO de 2015

FONTES BIBLIOGRÁFICAS
ALVES de Almeida, José Francisco (1964).  A Escultura pública de Porto Alegre – História, contexto e significado – Porto Alegre: Artfólio, 2004  246 p.
--------------STOCKINGER – Vida e obra . Porto Alegre : MultiArte 2012 - 308 p. il

ROSA, Renato et PRESSER, Décio.  Dicionário de Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. (2a ed) Porto Alegre : Editora da Universidade/ UFRGS, 2000,  527 p.

TREVISAN, Armindo. A escultura dos Sete Povos. Porto Alegre:  Movimento, 1978, 112 p.
__________. Escultores contemporâneos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre : UFRGS, 1983 , 
        160 p. il color.

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
DIMENSÃO PÚBLICA – Exposição de Esculturas - CEEE 13.01.2015

AEEGRS

Lei nº 10.036 de 08.08.2006
Proposta do Vereado RAUL CARRION e ASSINADA pelo prefeito  JOSÈ FOGAÇA

VIEIRA Vinicius : curador da MOSTRA
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Referências para Círio SIMON